domingo, 6 de março de 2022

Domingo do Perdão

DOMINGO DA ABSTINÊNCIA DE QUEIJO
06 de Março de 2022 (CC) / 22 de Fevereiro (CE)
Santo Timóteo de Symboleia, na Bitínia (795); Estácio, Arcebispo de Antioquia (337);
George Bispo de Amastris, no Mar Negro (805); 
João Escolástico, Patriarca de Constantinopla (577); 
Zacarias, Patriarca de Jerusalém (633); Santo Ícone da Mãe de Deus Kozelenskaya.
Tom 4



São Timóteo de Symbola, era de ascendência italiana. Tornou-se monge ainda jovem e procurou o ascetismo em um mosteiro chamado "Symbola", na Ásia Menor, perto do Monte Olimpo. Naquela época Teoctisto era o arquimandrita do mosteiro. São Timóteo foi discípulo de Teoctisto e também de São Platão do Mosteiro de Studion (5 de abril). Atingindo um alto grau de perfeição espiritual, recebeu de Deus o dom de curar os doentes e expulsar os espíritos imundos. Passou muitos anos como eremita, vagando pelo deserto, montanhas e florestas, de dia e de noite, oferecendo orações ao Senhor Deus. Faleceu bem idoso, no ano de 795.  
Comemoração de São George, Bispo de Amastris 
No início do século IX, habitava em chromma, próximo a Amastris, às margens do Mar negro,  o casal Teodósio e Mageta. Casados já há muito tempo, ainda não havia sido agraciados com filhos. Rezavam a pedindo a Deus para que lhes enviasse um. Deus escutou as orações do casal e, quando nasceu um menino, puseram-lhe o nome de George. Aos três anos de idade, o menino caiu em uma fogueira e ficando entre a vida e a morte. Mesmo salvo, as queimaduras lhe deixaram cicatrizes nas mãos e num dos pés. George era de uma bondade extraordinária, o que surpreendia a todos. Completou seus estudos eclesiais e, em sua ordenação sacerdotal muitas pessoas que o viram crescer ou que o conheciam sua fama estiveram presentes. O jovem sacerdote sentiu-se chamado a viver de forma mais despreendida das coisas do mundo e foi para o deserto no Monte Sirik, onde  encontrou um ancião anacoreta que lhe iniciou na vida eremitica. Juntos permaneceram até a morte de seu pai espiritual que havia lhe pedido que, após sua morte, para que não ficasse sozinho, fosse morar no monastério de Bonissa. George,  ainda que desconhecido, foi aceito pelos monges que o tratavam como um velho amigo. No entanto, o povo de Amastris não havia ainda se esquecido de George. 
Quando o bispo local faleceu, George foi eleito para sucedê-lo, e o povo foi ao monastério onde vivia para lhe comunicar sobre sua eleição. Como George se negasse a aceitar o cargo, a comitiva o convenceu a ir a Constantinopla para ser apresentado ao Patriarca Tarásios. O Patriarca recordou-se de George  pois alguns anos antes, em Constantinopla, havia participado de alguns ofícios, cantando no coro. Era costume do Patriarca dar aos cantores, após o oficio, uma pequena espórtula, e George negou-se a recebê-la, o que impressionou muito o Patriarca Tarásios. O Patriarca mostrou-se decidido a consagrar George bispo, ainda que o imperador tivesse um outro candidato para ocupar o trono em Amastris. Por ter sido eleito pelo povo, o Patriarca resolveu então proceder uma nova eleição entre os dois candidatos. George novamente foi eleito e foi consagrado pelo Patriarca e recebido pelo povo com grande alegria. O novo bispo foi um pai para o seu povo, e sua prudência não superou sua piedade. Naquela época, a região era freqüentemente atacada pelos sarracenos.  Sabendo disso que isso era iminente, o bispo avisou aos camponeses para que se refugiassem dentro das muralhas da cidade. Não acreditando no perigo, negavam-se a sair de suas casas. O bispo George, então, foi de casa em casa para convencer os moradores a irem para dentro  dos muros da cidade. Os camponeses obedeceram seu bispo e os inimigos, ao chegar, decidiram retirar-se ao ver que a cidade estava preparada para expulsá-los. 
 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (IV)

Lucas 24:1-12

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. 12 Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // concedendo ao mundo a Sua infinita misericórdia”.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Ó Santo Apóstolo Mateus, / interceda por nós / junto ao Bondoso Deus: / Que Ele nos conceda o perdão / e às nossas almas salvação.

Kondákion da Ressurreição
Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascidos na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion do Domingo do Queijo, Tom 6
Ó Senhor, que És o guia para a sabedoria, o Doador da prudência, o instrutor do insensato e o protetor dos pobres: fortalece e ilumina meu coração. Dá-me o dom de saber me expressar, ó Tu que És a Palavra do Pai; porque eis que não impedirás os meus lábios de clamar a Ti, ó Misericordioso Senhor: tem piedade de mim que tenho caído.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hino À Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós, junto de Deus, // tu que defendes sempre aqueles que te veneram.

Prokímenon, no 8º Tom

R. Fazei votos, e pagai-os
ao Senhor vosso Deus. (Sl. 75:11)

V. Conhecido É Deus em Judá, 
Grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

Romanos 13:11-14:4 

E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícia e dissoluções, não em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Cinge a Tua espada, com majestade e esplendor,
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 

Amaste a justiça e detestaste a iniquidade,
por isso Deus Te ungiu com o óleo da alegria.

Mateus 6:14-21

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 

 † † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES 



“Jejuamos por nossos pecados, pois vamos aproximar-nos dos sagrados mistérios”

Por que jejuamos durante estes quarenta dias? No passado, muitos se aproximavam dos sagrados mistérios temerariamente e sem nenhuma preparação, especialmente nestes dias em que Cristo entregou-se a si próprio. Por esse motivo, os Padres, conscientes do prejuízo que podia se derivar dessa aproximação irresponsável aos mistérios, julgaram oportuno prescrever quarenta dias de jejum, de orações, de escuta da Palavra de Deus e de assembleias, para que todos, diligentemente purificados pela oração, a esmola, o jejum, as vigílias, as lágrimas, a confissão e demais obras, possamos aproximar-nos dos sagrados mistérios com a consciência limpa, conforme nossa capacidade receptiva. A experiência nos diz que, com esta decisão unânime, asseguraram, inclusive para os tempos vindouros, algo grandioso e maravilhoso, conseguindo fazer-nos chegar à habitual observância do jejum.

De fato, ainda que durante o ano todo nós não nos cansamos de pregar e proclamar o jejum, ninguém presta atenção às nossas palavras. Por outro lado, apenas anunciando a Quaresma, ainda que ninguém incentive, ainda que ninguém exorte, até o mais negligente se reanima e acolhe as exortações e os estímulos que nos faz este mesmo tempo quaresmal.

Portanto, se alguém te pergunta por que jejuas, não digas que é pela Páscoa, nem sequer que é pela cruz. De fato, não jejuamos nem pela Páscoa nem pela cruz, mas por causa de nossos pecados, pois vamos aproximar-nos dos sagrados mistérios. Ademais, a Páscoa não é motivo de jejum ou de luto, mas de alegria e de júbilo.

Finalmente, a cruz tomou sobre si o pecado, foi expiação pelo mundo inteiro e reconciliação de um ódio entranhado, abriu às portas do céu, devolveu a amizade aos que antes eram inimigos, nos fez subir ao céu, colocou a nossa natureza à direita do trono, e nos concedeu outros bens inumeráveis. Por isso não devemos chorar e afligir-nos por todas estas coisas, mas sim rejubilar-nos e alegrar-nos. O próprio São Paulo disse: Deus me livre de gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. E novamente: A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores.

Neste mesmo sentido se expressa claramente São João: Deus tanto amou o mundo. Como o amou? Recusando-se perder todas as outras coisas, ergueu uma cruz. Depois de ter dito: Deus tanto amou o mundo, acrescentou: que entregou a seu Filho único para que o crucificassem, para que não pereça nenhum dos que creem nele, mas tenham a vida eterna. Portanto, se a cruz é motivo de amor e de glorificação, não digamos que nos afligimos por ela. Nunca, jamais choremos pela cruz, mas por nossos pecados. Por isso é que jejuamos.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (Séc. V) 

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