sábado, 16 de dezembro de 2023

28º Sábado Depois de Pentecostes



16 de Dezembro de 2023 (CC) / 03 de Dezembro (CE)
Ss. Sofonias, profeta (séc. VII a.C); 
Sabas de Zvenigorodsk e Ângelo, o Jovem
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 2



Durante o longo reinado do ímpio rei Manassés (698-643 a.C), quase todos os profetas de Judá foram aniquilados ou viveram na clandestinidade. É possível afirmar que Sofonias tenha sido o primeiro profeta que levantou sua voz após meio século de silêncio dos enviados divinos. Sofonias pregou durante o reinado do piedoso Josias, rei de Judá (640-609 a. C.), vinte anos antes da destruição de Jerusalém. Os antepassados de Sofonias eram de origem nobre. Supõem-se que, induzido pelo profeta, o rei iniciou, aos poucos, uma difícil reforma religiosa, cujas bases foram lançadas na época do rei Manassás. Sofonias observava com dor o crescente esmorecimento espiritual do povo e sua adesão às crenças pagãs. O profeta acusava severamente os dirigentes da vida pública (príncipes, juízes e sacerdotes) de serem maus exemplos: 
«Ai da cidade rebelde, contaminada e opressora! Não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no Senhor; nem se aproximou do seu Deus. Os seus príncipes são leões que rugem no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos para a manhã. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei. O SENHOR é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha» (Sf, 3,1-5). 
Sem duvida, o objetivo destas severas censuras era prevenir das desgraças que ameaçavam o povo judeu. Sofonias predisse o castigo que Deus impetrou aos povos vizinhos, não para aniquilá-los, mas para que voltassem à fé no Deus único: aos moabitas e amonitas, ao leste e ao norte os assírios e ao sul os etíopes. Termina Sofonias seu livro com a descrição dos tempos messiânicos e a regeneração espiritual do mundo. 
"Naquele tempo então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR, para que o sirvam com um mesmo consenso" (sf 3,9). 
O conteúdo de seu livro se resume neste esquema: Juízo divino sobre Jerusalém (1, 2-3 e 3,1-8); Juízo sobre os povos vizinhos (2,4-15); o Messias e a salvação do mundo ( 3,9-20). 
O Monge Sabas de Storozhevsk e Zvenigorodsk em sua juventude, deixou o mundo, aceitando a tonsura sob o Monge Sergei de Radonezh, para o qual ele foi um dos primeiros discípulos e co-ascetas. 
Sabas de Zvenigorodsk  
O Monge Sabas adorava a vida tranquila, evitava conversar com as pessoas e vivia em constante labor, lamentando a pobreza da sua alma e lembrando-se do julgamento de Deus. Ele era um modelo de simplicidade e humildade, e alcançou uma profundidade de sabedoria espiritual tal que "no mosteiro do Monge Sergei ele o confessor espiritual de todos os irmãos, um venerável ancião e extremamente instruido". 
Quando o Grande Príncipe Dimitrii Donskoy, em gratidão pela vitória sobre Mamai, construiu o mosteiro da Dormição da Mãe de Deus, no Rio Dubenka, Sabas tornou-se seu hegúmeno, com a bênção do Monge Sergei. Preservando a maneira simples de seu estilo de vida ascético, se alimentava apenas de plantas, usava roupas grosseiras e dormia no chão. 
Em 1392, os irmãos da Lavra Sergiev, com a partida de sua hegúmen Nikon no deserto, rogaram ao monge Sabas que aceitasse ser hegúmeno do mosteiro. Aqui Ele "cuidou bem do rebanho que o confiou, como ele podia e como as orações de seu pai espiritual, o Beato Sérgio, o ajudou". A tradição atribui ao seu tempo como hegúmeno a descoberta de uma fonte de água para além das paredes de Lavra. 
Um afilhado do Monge Sergei, o Príncipe Yurii Dimitrievich Zvenigorodsky, considerava o monge Sabas com grande amor e estima. Ele escolheu o monge Sabas como seu pai espiritual e suplicou-lhe para vir e conceder a bênção sobre toda a sua casa. O monge tinha a esperança de voltar para o seu mosteiro, mas o príncipe prevaleceu sobre ele para permanecer e colocar no lugar um novo mosteiro, "em sua pátria, perto de Zvenigorod, onde o lugar era chamado Storozh". Lutando pela vida solitária e silenciosa, o Monge Sabas aceitou a oferta do Príncipe Zvenigorod Yurii Dimitrievich, e com lágrimas diante de um ícone da Mãe de Deus suplicou sua proteção para o lugar selvagem. Nas alturas de Storozhevsk, onde anteriormente estava acampado um sentinela, protegendo Moscou dos inimigos, ele montou uma pequena igreja de madeira da Natividade da mãe MostHoly de Deus, e não muito longe dela fez uma pequena cela para si mesmo. E aqui, no ano de 1399, o monge estabeleceu um mosteiro, aceitando com carinho tudo o que veio para a vida de solidão. O monge trabalhou muito no edifício de seu mosteiro. Ele mesmo escavou um poço abaixo da Colina, do qual sobre seus ombros carregava sua própria água; ele cercou o mosteiro com uma palisade de madeira, e acima dela, em um oco, cavou para si uma cela para uma vida de solidão. 
Em 1399, O Monge Sabas abençoou seu filho espiritual, o príncipe Yurii, para ir em uma campanha militar, e ele previu a vitória sobre o inimigo. Através das orações do santo ancião, as forças do Príncipe receberam uma vitória rápida. Através dos esforços do Monge Sabas, uma igreja de Pedra da Natividade da mãe MostHoly de Deus também foi construída. 
Santa Savva morreu em 3 de dezembro de 1406. 
A veneração do Monge pela população local começou imediatamente após a sua morte. O poder curativo milagroso, que saiu do túmulo do monge, e suas numerosas aparições, convenceram a todos que hegúmeno Sabas "é, na verdade, uma estrela-radiante da Luz Divina, iluminando todos os seus milagres". Em uma carta de 1539 O Monge Sabas é chamado de Miraculoso. O Tsar Alexei Mikhailovich tinha uma estima particular por ele, repetidamente indo a pé para venerar no mosteiro do Monge Sabas. A tradição preservou-nos um relato notável de como o monge Sabas o tinha salvo de um urso feroz. 
A Vida do Monge Savva, compilado no Século XVI, relata como, no final do Século XV (anos 1480-1490), o santo apareceu para o hegúmeno Dionysii do mosteiro Savvinsk e disse-lhe: 
"Dionysii! Acorda e escreve o meu rosto sobre um ícone". 
À pergunta de Dionísio, sobre quem era, veio a resposta: 
"Eu sou Sabas, o fundador deste lugar". 
Um velho ancião do mosteiro chamado Avvakum, tendo em sua juventude visto o monge Sabas, descreveu a aparência exterior do Santo. E foi precisamente como o Santo apareceu ao hegúmeno Dionísio, que cumpriu o comando e escreveu o ícone do Monge Sabas. 
Em 19 de janeiro de 1652, as relíquias incorruptas do santo foram descobertas.

Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Efésios 1:16-23

Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.

Lucas 12:32-40 

Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais.

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COMENTÁRIO


Eis aqui mais uma vez um desses grandes mandamentos do Senhor, que arranca aos discípulos do Verbo da nuvem opaca que os envolvia, e os leva ao céu com um grande impulso. Ele nos exorta a vencer o sono, a buscar a vida do alto, a ter nosso espírito acordado constantemente, a tirar de nossos olhos o entorpecimento das coisas enganadoras e mentirosas. Falo desse entorpecimento e desse sono, que fixam aos homens no erro, e lhes tecem imagens de sonhos: honras, riquezas, poder, grandezas, prazeres, êxito, vantagens, notoriedade, objetivos ruins que perseguem aturdidamente uma raiva e teimosice ridículas. Esses pretendidos bens, tão fugitivos como o tempo, não têm mais que fachada de realidade, e a própria ilusão se desmorona rapidamente: parece que nascem para nada mais que morrer, como as ondas que as águas levantam; inchadas por uma rajada de vento erguem por um instante a crista que o ar tinha levantado; depois voltam a cair com ele, e então o olhar não vê nada mais que o tranquilo espelho do mar.

Para aniquilar tais sonhos, o Senhor nos pede para superar este pesado sono. Assim já não deixaremos escapar a firmeza das realidades perseguindo freneticamente o nada. O Senhor nos compromete a velar nestes termos: Tenham a cintura cingida e as lâmpadas acesas. A luz que ilumina o nosso olhar lança de nossos olhos o sono; o cinto que aperta os nossos rins mantém os nossos corpos alertas, expressa um esforço que não tolera nenhuma preguiça. Que claro é o sentido desta imagem! Cingir os rins da temperança é viver à luz de uma consciência pura; a lâmpada da sinceridade ilumina a vida, faz resplandecer a verdade, tem a alma em vigilância, a torna impermeável a ilusão, estranha a futilidade de todas essas pobres fantasias. Vivemos segundo as exigências do Verbo? Então entraremos numa vida semelhante à dos anjos... 

São eles, na verdade, que esperam o Senhor no regresso das núpcias e que se sentam às portas do céu com os olhos bem abertos, a fim de que o rei da glória possa aí passar de novo, quando voltar das núpcias e regressar à beatitude que está acima dos céus. Saindo de lá como um esposo sai da câmara nupcial, de acordo com o texto do saltério, ele uniu a si, como uma virgem, pela regeneração sacramental, a nossa natureza que se tinha prostituído com os ídolos, restituindo-lhe a sua incorruptibilidade virginal.

Tendo já acabado as núpcias, uma vez que a Igreja foi desposada pelo Verbo... e introduzida na câmara dos mistérios, os anjos esperavam o regresso do rei da glória à beatitude que é própria da sua natureza. É por isso que o texto diz que a nossa vida deve ser semelhante à dos anjos, para que, tal como eles, vivamos longe do vício e da ilusão, para estarmos prontos para acolher a parusia do Senhor e, vigiando também nós as portas das nossas moradas, estejamos prontos a obedecer quando ele voltar e bater à porta.

São Gregório de Nissa (séc. IV)

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Digna-te Acender Tu Mesmo Nossas Lâmpadas

Quão venturosos são os servos a quem o Senhor, ao chegar, os encontre vigiando! Feliz aquela vigília na qual se espera ao próprio Deus e Criador do universo, que supera tudo e tudo preenche. Oxalá se dignasse o Senhor despertar-me do sono de minha indolência, a mim que, mesmo sendo desprezível, sou seu servo! Oxalá me inflamasse no desejo de seu amor incomensurável e me incendiasse com o fogo de sua divina caridade! Resplandecente com ela, brilharia mais que os astros, e todo o meu interior arderia continuamente com este fogo divino! 

Oxalá meus méritos fossem tão abundantes que minha lâmpada ardesse sem cessar durante a noite, no templo de meu Senhor e iluminasse a todos que entram na casa de meu Deus! Concede-me, Senhor, suplico-te em nome de Jesus Cristo, teu Filho e meu Deus, um amor que nunca diminua, para que com ele minha lâmpada sempre brilhe e não se apague nunca, e suas chamas sejam para mim fogo ardente e para os demais luz brilhante. 

Senhor Jesus Cristo, dulcíssimo Salvador nosso, digna-te acender tu mesmo nossas lâmpadas, para que brilhem sem cessar em teu templo e de ti, que és a luz perene, elas recebam a luz perfeita com a qual se ilumine a nossa obscuridade, e se afastem de nós as trevas do mundo. 

Peço-te, meu Jesus, que acendas tão intensamente a minha lâmpada com teu esplendor que, à luz de uma claridade tão intensa, possa contemplar o santo dos santos que está no interior daquele grande templo, no qual tu, pontífice eterno dos bens eternos, penetraste; que ali, Senhor, eu te contemple continuamente e possa assim desejar-te, amar-te e querer-te somente a ti, para que a minha lâmpada, em tua presença, esteja sempre flamejante e ardente. 

Peço-te, Salvador amantíssimo, que te manifestes a nós, que chamamos a tua porta, para que, conhecendo-te, amemos somente a ti e unicamente a ti; que tu seja nosso único desejo, que dia e noite meditemos somente em ti, e em ti unicamente pensemos. Alumia em nós um imenso amor para contigo, que corresponde à caridade com a qual Deus deve ser amado e querido; que esta nossa dileção para ti invada todo o nosso interior e nos penetre totalmente, inunde todos os nossos sentimentos a tal ponto, que já não possamos amar nada fora de ti, o único eterno. Assim, por muitas que sejam as águas da terra e do firmamento, nunca chegarão a extinguir em nós a caridade, segundo aquilo que diz a Escritura: As águas torrenciais não poderão apagar o amor. 

Que isto chegue a realizar-se, ao menos parcialmente, por teu dom, Senhor Jesus Cristo, a quem pertence à glória pelos séculos dos séculos. Amém.” 

São Columbano (séc. VII)

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