domingo, 31 de dezembro de 2023

Domingo Anterior À Natividade De Nosso Deus E Salvador Jesus Cristo

 

 
31 de Dezembro de 2023 (CC) 18 de Dezembro (CE)
DOMINGO DOS SANTOS PAIS
São Sebastião e seus companheiros, mártires († 288)
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 5



Os dois últimos domingos (semanas) do Jejum da Natividade são chamados de Semana dos Santos Antepassados ​​​​e Semana dos Santos Padres . A celebração da Semana dos Santos Antepassados ​​acontece no penúltimo domingo antes da Natividade de Cristo. Neste dia, a Igreja celebra a memória dos santos Antepassados ​​​​- os justos do Antigo Testamento que esperaram pelo Salvador, começando pelo primeiro homem - Adão, e incluindo Sete, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Rei David e outros . Esses povos antigos estão separados de nós por milhares de anos, mas têm o relacionamento mais direto e próximo conosco, os Cristãos Ortodoxos de hoje.

Qual é a conexão entre nós e eles? A Igreja geralmente nos lembra deles agora, antes da Natividade de Cristo, por causa de sua fé - fé na promessa feita por Deus a Adão quando ele foi expulso do paraíso, de que no fim dos tempos o Salvador virá para o mundo, que redimirá a humanidade do pecado dos nossos antepassados.

Todos os antepassados ​​que estiveram na terra muito antes do nascimento do Senhor viveram e arderam com esta fé, nunca se afastando dela. Eles são um exemplo brilhante para nós que vivemos após a encarnação terrena do Salvador. Como os povos antigos, nós também não O víamos realmente; eles apenas sabiam que Ele estaria na terra, e nós apenas sabemos que Ele estava na terra. Mas eles creram firmemente na Sua vinda e a sua fé foi justificada. 
Nasceu em Milão, na Itália, entre os anos 250 e 256. De família distinta, foi agraciado pelo imperador Carinos com a nomeação para um cargo militar. Posteriormente, Diocleciano o promoveu à guarda pretoriana. Possuía um coração generoso e, em seu posto, foi frequentemente protetor dos pobres e de cristãos em geral, ajudando também a suprir as necessidades da Igreja de Roma. Por causa disso, o Papa Gaio de Roma (283-296) o nomeou defensor da igreja. 
Ao ter início as perseguições aos cristãos, foram presos um grupo de crentes. Ao saber do disso, Sebastião foi até eles para apoiá-los espiritualmente e, no momento em que eram julgados e condenados à morte, para surpresa de todos, Sebastião declarou sua fé em Cristo. Diocleciano, então, o condenou à morte. E logo começaram a torturá-lo, golpeando com lanças o seu peito. Seu corpo, que já consideravam sem vida, foi recebido por Luciana que, notando que ainda respirava, depois de tratar cuidadosamente de suas feridas, recuperou a saúde. Ciente do restabelecimento de Sebastião, o imperador Diocleciano ordenou sua prisão, tendo lá sido açoitado até a morte.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (8)

João 20:11-18

Mas Maria ficou parada e chorando do lado de fora da sepultura, e, enquanto ela chorava, curvou-se, e olhou dentro do sepulcro, e viu dois anjos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que tu choras? Ela lhes disse: eles levaram o meu Senhor, e eu não sei onde o puseram. E ela, tendo dito isso, voltou-se para trás, e vê Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que tu choras? A quem procuras? Ela, supondo que fosse o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde tu o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria. Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer, Mestre. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas porque eu ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com meus irmãos, e dize-lhes: Eu subo para meu Pai, e vosso Pai; e para meu Deus, e vosso Deus. Maria Madalena foi e contou aos discípulos que ela vira o Senhor, e que ele lhe falara essas coisas.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição 
Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo / Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação da sempre Virgem Maria; / pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz / para dar a vida a todos os mortos, // pela Sua gloriosa Ressurreição.

Tropárion dos Santos Padres, Tom 2
Grandes são as conquistas da fé! / Tanto na fonte da chama, bem como na água refrescante, / os Três Santos Filhos se alegraram. / E o profeta Daniel mostrou-se pastor de leões bem como de ovelhas. // Por suas orações, ó Cristo Deus, salva as nossas almas.

Kondákion da Ressurreição
Tu, ó meu Salvador, desceste ao Inferno, / e despedaçaste os portões, como Todo-Poderoso, / e como Сriador, ressuscitaste os mortos, / e destruíste, Ó Cristo, o aguilhão da morte, / e libertou Adão da maldição, Ó Tu Que amas a humanidade. / Por isso, nós todos clamamos: // Salva- nos, Ó Senhor.

Kondákion de São José, Tom 3: Hoje o divino Davi está cheio de alegria, / e junto com Tiago, José oferece louvor; / porque eles se alegram em receber uma coroa como parentes de Cristo, / e eles louvam Àquele que é inefavelmente nascido na terra e clamam: // Ó Compassivo, salva aqueles que Te honram.

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos! Amém.

Kondákion, Tom 6: A uma imagem esculpida, vós não adoraríeis, ó três vezes benditos; / mas, armados com a Essência Indescritível, / fostes glorificados em vossa provação pelo fogo. / Permanecendo no meio da chama irresistível, / invocastes a Deus: / Apronta-Te, ó Compassivo, / e apressa-te, em Tua misericórdia, a vir em nosso auxílio, // pois Tu És capaz, se assim o desejares.

Prokímenon, no 4º Tom

R. Bendito És Tu, Ó Senhor, o Deus de nossos pais,
e louvado e glorificado é o Teu Nome pelos séculos. (Daniel 3:26)

V. Pois justo És Tu, em tudo o que fizeste por nós. (Daniel 3:27)

Hebreus 11:9-10;17-23;32-40

Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus. Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou. Pela fé Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras. Pela fé Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou encostado à ponta do seu bordão. Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos. Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.

Aleluia, no 4º Tom:

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Ó Deus, com os nossos ouvidos ouvimos, 
porque nossos pais nos disseram. (Sl 43:1)

Tu nos salvaste dos que nos afligem, 
e os que nos odeiam envergonhaste. (Sl 43:8)

Mateus 1:1-25

Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão; E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa; E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias; E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias; E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias; E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para babilônia. E, depois da deportação para a babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel; E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor; E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde; E Eliúde gerou a Eleazar; e Eleazar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.

Canto da Comunhão

Louvai ao Senhor nos Céus,
Louvai-O nas alturas.

Regozijai-vos no Senhor. ó Justos;
Aos retos convém o louvor.

Aleluia, aleluia, aleluia!

† † †

HOMILIA



Em poucas palavras, porém cheias de realismo, o evangelista São Mateus descreve o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pelo qual o Filho de Deus, eterno antes do tempo, apareceu no tempo como Filho do homem. Conduzindo o evangelista à sucessão genealógica, partindo de Abraão até chegar a José, o esposo de Maria, e enumerar – conforme o modo costumeiro de narrar às gerações humanas – a totalidade seja dos genitores como dos gerados, e dispondo-se a falar do nascimento de Cristo ressaltou a enorme diferença que existe entre ele e os demais nascimentos: os outros nascimentos ocorrem através da união normal do homem e da mulher, enquanto que ele, por ser o Filho de Deus, veio ao mundo através de uma Virgem. E era conveniente sob todos os aspectos que Deus, ao decidir tornar-se homem para salvar os homens, não nascesse senão de uma virgem, pois era impensável que uma virgem não gerasse a nenhum outro, senão a um que, sendo Deus, ela o gerasse como Filho.

Eis que, disse o profeta, a Virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel (que significa “Deus conosco”). O nome que o profeta dá ao Salvador, “Deus conosco”, indica a dupla natureza de sua única pessoa. Na verdade, aquele que é Deus nascido do Pai antes de todos os séculos, é o mesmo que, na plenitude dos tempos, tornou-se, no seio materno, no Emanuel, isto é, em “Deus conosco”, porque se dignou assumir a fragilidade de nossa natureza na unidade de sua pessoa, quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós, isto é, quando de modo admirável começou a ser o que nós somos, sem deixar de ser o que era, assumindo de tal forma nossa natureza que não ficasse obrigado a deixar de ser o que ele era.

Maria deu à luz, pois, a seu filho primogênito, isto é, ao filho de sua própria carne. Deu à luz aquele que, antes da criação, nasceu Deus de Deus, e na humanidade, na qual foi criado, superava superabundantemente a toda criatura. E ele lhe pôs, diz, o nome de Jesus. Jesus é o nome do filho que nasceu da Virgem; nome que significa – conforme a explicação angélica – que ele salvaria o seu povo dos seus pecados. E aquele que salva dos pecados salvará da mesma forma das corruptelas da alma e do corpo, que são sequela do pecado.

A palavra “Cristo” designa a dignidade sacerdotal ou régia. Na lei, tanto os sacerdotes como os reis eram chamados “cristos” pela crisma, isto é, pela unção com o óleo sagrado: Eram um sinal de alguém que, ao manifestar-se no mundo como verdadeiro Rei e Pontífice, foi ungido com o óleo de júbilo entre todos os seus companheiros.

Devido a esta unção ou crisma, é chamado Cristo; aos que participam desta unção, ou seja, desta graça espiritual, são chamados de “cristãos”. Que ele, por ser nosso Salvador, nos salve de nossos pecados; enquanto Pontífice nos reconcilie com Deus Pai; na sua qualidade de Rei, digne-se conceder-nos o reino eterno de seu Pai, Jesus nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina e é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

São Beda, o Venerável (Séc. VIII)



HOMILIA DO DOMINGO ANTERIOR À NATIVIDADE DE CRISTO, SANTOS PAIS
Metropolita Vladimir (Ikim)

O Novo Testamento começa com a genealogia terrena do Filho de Deus. Mas que origem poderia ter a Causa Primeira de tudo o que existe, o Criador dos mundos espiritual e material? O parentesco com o “pó e poeira” humano é concebível para o Senhor do Universo, o Espírito Incompreensível e Todo-Abrangente? De quais ancestrais podemos falar em relação ao Senhor Eterno, estando acima do tempo do Rei Eterno? Porém: o início da Revelação do amor Divino é uma série de gerações que conduz a uma família pobre na qual nasceu um Menino chamado Jesus, que significa Salvador. Esta genealogia é um documento que testemunha o mistério da nossa salvação: o Filho de Deus tornou-se Filho do Homem.

A genealogia de Jesus Cristo é simplesmente uma lista de nomes, que parece seca e até enfadonha aos olhos não iluminados. Alguns dos antepassados ​​do Filho do Homem brilham como luzes brilhantes nas páginas da Bíblia. A maioria dos nomes são semi-familiares para nós ou nem um pouco: o Único Senhor sabe como era a vida dessas pessoas. Mas nesta lista simples pode-se ouvir a harmonia secreta de milênios, por trás dela pode-se ver a majestosa obra da Providência de Deus, que construiu um templo de “pedras vivas” para a encarnação do Todo-Poderoso. Aqui, cada destino, cada golpe tem um significado oculto, por vezes inacessível para nós, por vezes servindo de grande lição durante a nossa jornada terrena.

O outrora patético orgulho levou as pessoas à construção de uma torre sem precedentes - sem Deus e contra Deus. Uma tábua de argila descoberta por arqueólogos na Mesopotâmia diz: “Quando esta torre real, como uma tempestade, levantar a sua voz, o céu tremerá. Seu terrível brilho se estenderá no céu, seu grande horror esmagará a terra. O nome dela chamará países dos confins do céu.” Este era o plano dos antigos “maçons livres”. O Senhor Todo-Poderoso destruiu as tentativas dos lutadores de Deus - a estrutura desabou e os construtores, tendo perdido uma linguagem comum, fugiram para diferentes confins da terra. Este lugar em si era chamado de Babilônia - “mistura”.

O Todo-Poderoso ficou satisfeito com um tipo diferente de construção – não a construção de uma torre de tijolos cozidos, mas a criação invisível da verdade de Deus nas almas humanas. Este ato sagrado foi realizado durante séculos, transmitido de geração em geração - os antigos justos tornaram-se degraus vivos da escada que levava às alturas espirituais. “Eles se esforçaram pelo melhor, isto é, pelo Celestial; por isso Deus não se envergonha deles, chamando-se a si mesmo seu Deus” ( Hebreus 11:16 ). E a escada do espírito humano realmente alcançou o Céu, pois ao longo dela o Único Sem Pecado desceu ao mundo caído.

Tendo-nos habituado ao mal e à abominação que nos rodeia, por vezes não compreendemos quão terrivelmente este mundo foi distorcido pela queda da raça humana. Só podemos admirar reflexos da beleza primordial do universo criada por Deus. Mas o pecado e a morte - a mentira satânica de duas faces reina aqui. A busca pelos doces terrenos: os prazeres impuros do corpo, as bugigangas da riqueza, as bugigangas da fama - tudo isso leva ao abismo. A terra está cheia de cinzas de gerações mortas, os rios estão cheios de água e o próprio ar respira morte. E, no entanto, este mundo é belo: porque podemos superá-lo nas asas da fé, da esperança e do amor cristão. Somos salvos - pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e já aqui podemos celebrar a vitória sobre o pecado e a morte, desfrutar da premonição de uma eternidade feliz.

Como era o mundo antes de Cristo? Uma vida amaldiçoada em uma terra amaldiçoada. “Cardos e espinhos” foram cultivados numa terra privada da bênção de Deus. “Cardos e espinhos” cresceram nas almas das pessoas que haviam esquecido seu Pai Celestial.

O mundo pagão violou as próprias leis da natureza. Os vis vícios de Sodoma e Gomorra deixaram sua marca em toda a sociedade antiga. A Grécia “culta” e a Roma “civilizada” entregavam-se à devassidão desenfreada, a Índia “sábia” e o Egito adoravam a morte. Os idólatras realizaram sacrifícios humanos. Arqueólogos encontram esqueletos de bebês murados nas paredes e fundações de habitações antigas: eram pais satanistas que sacrificaram seus próprios filhos. A violência brutal reinou em todos os lugares, a zombaria dos fracos e o desejo de tirar os bens terrenos de sua própria espécie. Os governantes agradaram seu orgulho com cruel derramamento de sangue; os conquistadores que conseguiram empilhar montanhas de cadáveres foram considerados “grandes”. O mundo, que se tornou presa de Satanás, jazia no mal.

Parecia que tal mundo não tinha o direito de existir, não poderia trazer nada ao Criador Todo-Perfeito - e deveria ser destruído. Mas mesmo nas antigas trevas, os justos brilhavam como luzes solitárias. Foi por causa deles que o Senhor Todo-Misericordioso poupou a humanidade caída. E quando chegou a “plenitude dos tempos”, por causa deles o Filho de Deus apareceu para salvar os pecadores arrependidos. O Salvador desceu a um mundo tão terrível que não havia lugar melhor para o Divino Infante do que um comedouro de gado, e o Sol da Verdade teve que nascer em uma caverna miserável. Mas era assim exteriormente, pois as melhores pessoas do Antigo Testamento, por sua façanha, já haviam construído um templo digno Dele para o Salvador. Esta casa do Altíssimo foi a verdadeira coroa da criação - incomparável na beleza e pureza de Sua alma, “O Querubim Mais Honesto e o Serafim Mais Glorioso”, a Noiva de Deus e a Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria .

Em direção à Natividade do Único Imaculado da Santíssima Virgem, uma série de gerações de buscadores da verdade de Deus, impressa na genealogia de Cristo, foi liderada. Vemos aqui os patriarcas israelenses e os reis de Judá, mas entre eles já está a filha de outro povo - a moabita Rute, a arauto do triunfo mundial do Evangelho Divino. A façanha de Ruth é uma façanha de amor. Por uma questão de devoção à sogra, que substituiu a mãe, Rute disse: “Teu povo será meu povo, e teu Deus meu Deus” ( Rute. 1:16 ), e ela se tornou uma das pessoas do Salvador. ancestrais.

Na genealogia sagrada vemos também pessoas pecadoras, exemplos de quedas humanas. Assim caiu o mais sábio dos sábios, o rei Salomão. O Universo ficou maravilhado com sua mente, ele compreendeu os segredos da terra e do céu, mas foi incapaz de lidar com as paixões baixas, embora soubesse o que a traição do Pai Celestial ameaçava para ele. O destino de Salomão é uma lição estrita para aqueles que confiam demais em sua mente terrena e se orgulham dos talentos que Deus lhes deu.

A revelação do Antigo Testamento não esconde as enfermidades da raça eleita, que, apesar da sua fraqueza, conseguiu ascender das antigas trevas à Luz Divina. Foi um caminho do velho homem que perecia para o novo, salvo pela graça de Deus. É impossível compreender de uma só vez os marcos deste caminho secular, mas observemos mais de perto pelo menos alguns deles.

“A genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão” ( Mateus 1:1 ) - esta é a primeira linha do Novo Testamento, como uma ponte que o liga ao Antigo Testamento. Os justos Abraão e São David - não é por acaso que estes dois são especialmente destacados entre os antepassados ​​do Filho do Homem; não é por acaso que ambos receberam as promessas de Deus sobre a salvação futura.

O patriarca Abraão foi o maior buscador de Deus. Quando a humanidade, presa no atoleiro dos tempos, já havia perdido o conceito do Pai Celestial, Abraão recusou-se a curvar-se a qualquer criatura e com todas as forças de sua alma apelou ao Criador Todo-Poderoso. O Todo-Poderoso ouviu o chamado de Sua criação. O justo Abraão tornou-se o “pai dos que crêem” ( Romanos 4:11 ), o ancestral espiritual de todos os fiéis. Para servir ao Senhor, Abraão deixou sua terra natal; ele se sentiu como um estranho neste mundo pecaminoso, “pois procurava uma cidade que tem fundamentos, cujo criador e construtor é Deus” ( Hb 11:10 ). . Por uma questão de lealdade a Deus, Abraão estava pronto a desistir de seu único filho amado, em quem residiam todas as suas esperanças, até mesmo a esperança de uma redenção futura. O sacrifício de Abraão foi um exemplo do mais elevado Sacrifício Divino. O pai terreno estava se preparando para matar seu filho por obediência ao Todo-Poderoso - Deus não permitiu que o justo sofresse tal coisa. Mas na hora do Gólgota, o próprio Pai Celestial entregou Seu Filho Unigênito para o massacre - para o bem da salvação da raça humana, para o bem da nossa salvação.

São David passou no teste das mais perigosas tentações terrenas: glória e poder. O pastor, ungido para o reino, tornou-se um governante incrível - manso em meio às adversidades, misericordioso com os inimigos, sem raiva com os ofensores. A grandeza da alma do santo rei-profeta Davi ficou impressa em seus salmos, repletos de sentimentos elevados, cantados até hoje pela Igreja de Cristo. Mas este homem real também caiu um dia - sujo e terrível: da luxúria à fornicação, da fornicação ao assassinato. O diabo já estava triunfante, vendo nesta alma poderosa a sua legítima presa. Mas não! Em ardente arrependimento, São Davi ressuscitou do abismo do pecado - e subiu mais alto do que era antes da queda! “O espírito do sacrifício a Deus está quebrantado, o coração está contrito e humilde, Deus não desprezará” ( Sal. 50:19 ) - assim com o choro da alma real, órfã sem o Senhor, que havia corrigido seu orgulho , São David lavou seu grave pecado e novamente “ficou mais branco que a neve”. O arrependimento de Davi revelou a imagem dos caídos e dos ressuscitados na pessoa dos justos da humanidade.

Com o declínio do reino de Judá, os portadores da promessa divina - os filhos e filhas da família de David - parecem estar escondidos na obscuridade e na pobreza. Assim, longe do vão esplendor terreno, aconteceu a vida dos descendentes dos governantes judeus: o tranquilo carpinteiro, o justo José e a humilde Virgem, destinados à glória da Rainha dos Céus.

O Santo Evangelista Mateus, seguindo o costume judaico de estabelecer parentesco pela linha masculina, encerra a genealogia de Cristo com o nome de José, o Noivo. O marido imaginário da Virgem Maria, o justo José em carne e osso, não teve nada a ver com a Natividade do Salvador - mas seu nome está legitimamente na lista sagrada. A bondade e a sinceridade deste ancião eram tão conhecidas que os servos do templo decidiram confiar-lhe a Virgem Puríssima, em quem viram o tesouro vivo da Igreja. Tendo passado no teste da “tempestade de pensamentos duvidosos”, o justo José tornou-se interlocutor e ouvinte dos anjos. E o próprio santo ancião tornou-se verdadeiramente um anjo da guarda terrestre do Santíssimo Theotokos e da Criança Divina. Na gruta de Belém, os primeiros a adorar o Filho de Deus que desceu ao mundo foram a Virgem Mãe e o ancião guardião.

Na Santíssima Virgem Maria revela-se o auge da perfeição humana, superando a grandeza dos anjos celestiais desencarnados. A Mãe de Deus parece tecida de humildade e bondade, misericórdia e amor. Ela é toda luz, abrindo-se para a Luz Divina. A mansa Noiva de Deus “machucou a cabeça da serpente” ( Gn 3.15 ), pisoteou a astúcia do diabo, que estava conspirando para abusar da criação de Deus, pois se a criação tivesse sido coroada somente por Ela, então este mundo não teria sido criado em vão. Assim, o apelo terreno ao Céu, a escada da justiça humana conduziu ao Trono do Altíssimo. A antiga Eva, sucumbindo à tentação satânica, deu à luz o pecado e a morte. A Santíssima Virgem, obedecendo à vontade do Senhor, deu à luz a Verdade e a imortalidade para todos nós. E agora a Rainha dos Céus, criada, como nós, de carne e sangue, chama-nos à felicidade eterna, reza por nós ao Seu Filho e Senhor.

“De Maria nasceu Jesus, que se chama Cristo” ( Mateus 1:16 ) - esta é a notícia mais abençoada que nos soa seguindo a genealogia sagrada. A estrela de Belém brilhou! O Salvador do mundo apareceu! A libertação da humanidade da escravidão do assassino de almas - Satanás começou!

O que Cristo fez por nós com Seu Natal? Através da Encarnação do Filho de Deus, a própria natureza humana foi purificada, transformada e tornou-se capaz de espiritualização, de deificação! À luz da Estrela de Belém, a genealogia de Cristo surge como uma preparação para a nossa entrada no parentesco – com quem? Com o próprio Deus!

Somos dotados de grande felicidade - viver num mundo santificado pela Natividade de Cristo e redimido pelo Seu Sacrifício na Cruz. Desde então, segundo as palavras de São João Crisóstomo: “Deus está na terra, o homem está no céu, os anjos servem as pessoas, as pessoas estão em comunhão com as forças do alto”.

Os reis e profetas da antiguidade desejavam ouvir o que ouvimos - e não ouviram; os maiores justos do Antigo Testamento sonhavam em viver até esses tempos - e não viveram. Após o fim de seus dias terrestres, eles tiveram que definhar no submundo durante séculos, aguardando a vinda do Libertador.

“Aqueles de quem o mundo inteiro não era digno vagaram pelos desertos e montanhas, pelas cavernas e desfiladeiros da terra. E todos estes que testemunharam com fé não receberam o que foi prometido. Porque Deus providenciou algo melhor para nós, para que sem nós eles seriam aperfeiçoados” ( Hb 11.38-40 ).

Viver num mundo redimido, conhecer o caminho direto para o Reino do Pai, reconhecer o nosso parentesco com o Altíssimo - esta felicidade é recebida por nós gratuitamente, pela bondade de Deus. Mas como podemos aproveitar os benefícios incomparáveis ​​do Todo-Poderoso? Temos ao menos uma pálida aparência da fé de Abraão, da paciência de Jó, do fervor de Elias, da mansidão de Davi, da coragem de Daniel? Mas todas essas pessoas de alto astral só de longe, “como através de um vidro escuro”, contemplaram o mistério divino da nossa salvação - o mistério que vemos com os nossos próprios olhos.

A Revelação do Amor de Deus nos é altamente dada, mas mais profunda pode ser a nossa queda. O santo justo João de Kronstadt adverte: “Lembre-se, homem cristão, do seu relacionamento com o Filho de Deus - e resista a todo pecado, seja zeloso pela santidade em toda a sua vida.

Aquele que peca e não se arrepende de todo o coração está relacionado com o diabo assassino. O Precursor de Cristo João chamou essas pessoas de “raça de víboras”, e o Senhor disse-lhes: “Seu pai é o diabo; e queres satisfazer os desejos de teu pai” ( João 8:44 ).

Pecadores que se arrependem e que desejam diligentemente correção e renovação - tal Cristo veio para salvar e salvará. Mas para os infiéis e impenitentes, os orgulhosos, os astutos, os maus, os que vivem na impureza, os intemperantes, os de coração duro, Ele veio a julgamento: “Eu vim a julgamento neste mundo, para que aqueles que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos” ( João 9:39 ).

Inúmeros santos justificaram com as suas vidas o plano divino para a salvação da humanidade. Mas vemos que o homem moderno mergulhou completamente na sensualidade, ligou-se inteiramente às paixões mundanas, perverteu a ordem de vida indicada pelo Criador e não só não segue o plano divino de sua salvação, mas também o destrói.

Lembre-se, irmão, lembre-se, irmã: Cristo veio até nós para nos conduzir da terra ao céu, às moradas do paraíso.

Que não permitamos que o sopro corruptor “desta era” governe as nossas almas imortais. Que possamos ser inspirados pela memória dos santos antepassados ​​​​que realizaram sua façanha nas trevas do Antigo Testamento - somos realmente tão insignificantes que não seremos capazes de encontrar a salvação no esplendor do Novo Testamento, não ouviremos o chamado do Amor de Deus?

O abençoado feriado da Natividade de Cristo está se aproximando. Não conseguiremos realmente preparar nossas almas para o encontro do Menino Divino e elas permanecerão como tocas - escuras, sujas, frias? Que isso não aconteça conosco! Que todos varram de suas almas os detritos espinhosos do pecado, acendam a vela da fé, acendam a lâmpada da esperança, aqueçam seu mundo interior com amor santo - que seja adornado o templo da alma cristã, no qual o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador, está digno de nascer!

E então nos regozijaremos na mais pura alegria preparada pelos santos antepassados ​​e proclamada pelos profetas, a alegria que se tornou realidade para nós como filhos amados do Pai Celestial, pois “O Deus Altíssimo apareceu na terra e nos atrairá às alturas.” Amém.

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