segunda-feira, 24 de março de 2025

4ª Segunda-feira da Grande Quaresma

24 de Março de 2025 (CC) / 11 de Março (CE)
Ícone Cipriota da Mãe de Deus, Comemorado no 1º domingo da Grande Quaresma e 9 de julho
São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (†638)
Euthymius, Bispo de Novgorod (1458)
Jejum Quaresmal
Tom 6


Nascido em Damasco, Sofrônio dedicava-se tão intensamente aos estudos que por pouco não perdeu a visão. Aprofundou-se de tal modo na filosofia grega que recebeu o sobrenome de «o Sofista»  Com seu amigo, o célebre ermitão João Mosco, viajou pela Síria, Ásia Menor e Egito, onde recebeu as vestes monásticas no ano 580. Seu amigos o acompanharam, vivendo em comunidade com ele por vários anos na «Lavra» de São Savas e no monastério de São Teodósio, localizado próximo a Jerusalém. Seu desejo de santidade, mortificação, o levou a visitar os famosos ermitãos do Egito. 
Depois, com seus amigos, foi a Alexandria, onde o Patriarca São João, o Esmoleiro, lhes pediu que ficassem por dois anos em sua diocese para auxiliá-lo na reforma e combate às heresias. Foi lá que João Mosco escreveu sua obra «Prado Espiritual» que a dedicou a São Sofrônio. João faleceu no ano 620, em Roma, para onde havia viajado em peregrinação. Sofrônio retornou à Palestina e foi eleito Patriarca de Jerusalém, por sua sabedoria, piedade e ortodoxia de sua fé. Tomando posse da Sé de Jerusalém, convocou um sínodo dos bispos do Patriarcado para condenar a heresia monotelita e escreveu uma carta sinodal na que expunha e defendia a doutrina ortodoxa. Esta carta foi, posteriormente, ratificada pelo Sexto Concílio Ecumênico, chegando às mãos do Papa Honório e do Patriarca Sérgio de Constantinopla que havia aconselhado ao Papa que escrevesse em termos evasivos acerca da questão das duas vontades de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Ao que parece, Honório não se pronunciou nunca sobre o problema; seu silêncio deu a impressão de que o Papa estava de acordo com os hereges. Sofrônio, percebendo que o imperador e muitos prelados do Oriente atacavam a verdadeira doutrina, sentiu-se chamado a defendê-la com maior zelo que nunca. Levou consigo Estêvão, bispo de dor, ao Monte Calvário, e lá jurou pela Crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelas contas que deveria prestar a Deus no Dia do Juízo de «ir à Sé Apostólica, base de toda doutrina revelada, e importunar ao Papa até que se decidisse a examinar e condenar a nova doutrina». Estêvão obedeceu e permaneceu em Roma por dez anos, até que o Papa São Martim I condenou a heresia monotelita no Concílio de Latrão, no ano 649. Logo São Sofrônio teve de enfrentar-se com outras dificuldades. Os sarracenos indiram a Síria e a Palestina; Damasco havia caído em seu poder em 636; e Jerusalém em 638. O santo Patriarca fez o quanto pode para consolar e ajudar sua grei, arriscando para isso sua própria vida. Quando os muçulmanos sitiaram a cidade, São Sofrônio teve de pregar em Jerusalém seu sermão da Natividade já que lhe foi impossível ir a Belém naquelas circunstâncias. O santo fugiu depois da queda da cidade e, segundo parece, morreu pouco tempo depois, provavelmente em Alexandria. 
Comemoração de Santo Euthymius de Novgorod
Ele nasceu em Veliky Novgorod em uma piedosa família cristã. Os pais do santo não tiveram filhos por muito tempo e oraram fervorosamente a Deus e à Santíssima Theotokos para resolver sua infertilidade. Após o nascimento do bebê, que recebeu o nome de João no batismo, os pais fizeram uma promessa na igreja diante do ícone da Mãe de Deus de dedicar a criança ao serviço de Deus.
Entregue à instrução, o jovem João estudou com sucesso as Escrituras Divinas, não se envolvendo em nenhuma outra atividade, exceto aquelas que o levassem a refletir sobre assuntos divinos. Aos quinze anos, ele desejou aceitar a ordem monástica, que aceitou por disposição da Divina Providência no mosteiro Vyazhitsky de São Nicolau, o Milagroso. O monge Eutímio demonstrou estrita obediência em tudo e, sendo jovem, possuía a mente de um homem de muitos anos e, antes de atingir a idade adulta, o santo se tornou um líder na vida monástica.
O arcebispo Simeão também soube de Santo Eutímio e, tendo-o convocado, nomeou-o para o cargo de administrador da casa do arcebispo. Após a morte do arcebispo, o monge retirou-se para o Mosteiro de Khutyn e, depois de algum tempo, foi nomeado abade do mosteiro da Natividade da Santíssima Theotokos na Montanha da Raposa. Logo o santo foi eleito Arcebispo de Novgorod. Após aceitar a alta patente, Santo Eutímio dedicou-se às façanhas do serviço com zelo ainda maior, cuidando agora não apenas da salvação de sua alma, mas também das almas do rebanho que lhe foi confiado pelo Senhor. O santo morreu em idade avançada em 1458.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

HORA SEXTA

Isaías 14:24-32

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Como eu já disse, assim será; conforme determinei, assim a questão deverá se estabelecer, a fim de destruir os assírios sobre a minha terra e nas minhas montanhas; pois eles serão para pisoteio. Seu jugo será tirado do meio deles, e a sua glória removida de seus ombros. Este é o propósito que o Senhor tem determinado sobre toda a terra, e esta a mão que está levantada contra todas as nações. Pois o que o Santo Deus propôs quem poderá frustrar? e quem fará voltar a sua mão erguida? Veio esta palavra no ano em que morreu o rei Acaz: Não vos regozijeis, todos vós, filisteus, por estar quebrado o jugo daquele que vos feria; pois da semente da serpente procederão jovens víboras. Os seus filhotes sairão voando como serpentes. Os necessitados serão alimentados por ele, e os homens pobres descansarão em paz; todavia, ele destruirá a tua semente com a fome, e arruinará o teu remanescente. Uivai, ó portas das cidades! Que as cidades sejam perturbadas e chorem, com todos os filisteus, pois fumo está vindo do norte, e não há possibilidade de sobreviver. O que irão dizer disso os reis das nações? Que o Senhor fundou a Sião, e, por ele, os pobres do povo serão salvos.

VÉSPERAS

Gênesis 8:21-9:7

E o Senhor Deus aspirou um aroma agradável. Então o Senhor Deus considerou, e disse: Não irei amaldiçoar mais a terra por causa das obras dos homens, porque a imaginação do homem está intencionalmente posta nas coisas malignas, desde a sua juventude. Não irei mais ferir todos os seres vivos, como já fiz. Por todos os dias da terra sementes e colheita, frio e calor, verão e primavera, dia e noite não cessarão mais. Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, dizendo-lhes: Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai sobre ela. O pavor e o medo de vós estarão sobre todos os animais selvagens da terra, sobre todas as aves do céu, sobre tudo o que se desloca na terra e sobre todos os peixes do mar. Eu os coloquei debaixo do vosso poder. Todo réptil que vive vos servirá para alimento. Tenho vos dado tudo, assim como a erva verde. Somente a carne com o sangue da vida não devereis comer. Porque o próprio sangue de vossas vidas eu o requererei da mão de todos os animais selvagens, e cobrarei a vida do homem da mão do homem seu irmão. Aquele que derrama o sangue do homem, no lugar daquele sangue deverá ser derramado o seu próprio sangue; pois na imagem de Deus eu fiz o homem. Todavia, crescei e multiplicai-vos; enchei a terra e multiplicai-vos sobre ela.

Provérbios 11:19-12:6

Um filho justo nasce para a vida, todavia aquilo que buscam os ímpios termina em morte. Maneiras perversas são abomináveis ao Senhor; entretanto, todos os que são inocentes em seus caminhos parecem aceitáveis para ele. Aquele que injustamente abate mãos não ficará impune, mas o que semeia justiça receberá uma recompensa certa. Como um ornamento em focinho de porco, assim é a beleza de uma mulher mal-intencionada. Todo o desejo dos justos é bom, mas a esperança dos ímpios perecerá. Alguns há que espalham as suas posses e ainda as aumentam; e outros há, ainda, que ajuntam mas possuem menos. Toda alma sincera é abençoada; o homem passional, entretanto, é desprovido de graça. Que aquele que acumula o trigo deixe-o para a nação, porquanto bênçãos há sobre a cabeça daquele que o entrega. O que prepara bons conselho procura o bom favor; todavia, quanto ao que busca o mal, este o ultrapassará. Aquele que confia nas riquezas cairá; porém, o que ajuda os justos levantar-se-á. O que não lida graciosamente com a sua própria casa herdará o vento, e o insensato será servo do sábio. Do fruto da justiça cresce a árvore da vida; as almas dos prevaricadores, no entanto, são cortadas antes do tempo. Se o justo com dificuldade se salva, para onde irá o ímpio pecador? O que ama a instrução ama o bom-senso, mas o que odeia a repreensão é insensato. Aquele que tem achado graça com o Senhor se faz melhor, porém o transgressor não será reconhecido. Nenhum homem prosperará por sua maldade; as raízes dos justos, entretanto, não serão arrancadas. A mulher virtuosa é a coroa do seu marido; contudo, como um verme na madeira a mulher má o destrói. Os pensamentos do justo são juízos verdadeiros, mas os ímpios inventam mentiras. As palavras dos ímpios são astutas, entretanto a boca dos retos os livrará.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


O Mistério da Nossa Vida Nova

O bem-aventurado Jó, como figura da santa Igreja, ora fala em nome do corpo, ora em nome da cabeça. Mas, às vezes, ocorre que, quando fala dos membros, toma subitamente as palavras da cabeça. Eis por que diz: Sofri tudo isso, embora não haja violência em minhas mãos e minha oração seja pura(Jó 16,17). Sem haver violência alguma em suas mãos, teve também que sofrer aquele que não cometeu pecado e em cuja boca não se encontrou falsidade; no entanto, pela nossa salvação, suportou o tormento da cruz. Foi ele o único que elevou a Deus uma oração pura, pois mesmo em meio aos sofrimentos da paixão orou por seus perseguidores, dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34).

Quem poderá dizer ou pensar uma oração mais pura do que esta em que se pede misericórdia por aqueles mesmos que infligem a dor? Por isso, o sangue de nosso Redentor, derramado pela crueldade dos perseguidores, se transformou depois em bebida de salvação para os que nele acreditariam e o proclamariam Filho de Deus. Acerca deste sangue, continua com razão o texto sagrado: Ó terra, não cubras o meu sangue, nem sufoques o meu clamor (Jó 16,18). E ao homem pecador foi dito: És pó e ao pó hás de voltar (Gn 3,19).

A terra, de fato, não ocultou o sangue de nosso Redentor, pois qualquer pecador, ao beber o preço de sua redenção, o proclama e louva e, como pode, o manifesta aos outros.A terra não cobriu também o seu sangue porque a santa Igreja já anunciou em todas as partes do mundo o mistério de sua redenção. Notemos no que se diz a seguir: Nem sufoques meu clamor. O próprio sangue da redenção, por nós bebido, é o clamor de nosso Redentor. Por isso diz também Paulo: Vós vos aproximastes da aspersão do sangue mais eloqüente que o de Abel (Hb 12,24). E do sangue de Abel fora dito: A voz do sangue de teu irmão está clamando da terra por mim (Gn 4,10). O sangue de Jesus é mais eloqüente que o de Abel, porque o sangue de Abel pedia a morte do irmão fratricida, ao passo que o sangue do Senhor obteve a vida para seus perseguidores.

Assim, para que não nos seja inútil o sacramento da paixão do Senhor, devemos imitar aquilo que recebemos e anunciar aos outros o que veneramos. O clamor de Cristo fica sufocado em nós, se a língua não proclama aquilo em que o coração acredita. Para que esse clamor não seja sufocado em nós, é preciso que, na medida de suas possibilidades, cada um manifeste aos outros o mistério de sua vida nova".O bem-aventurado Jó, como figura da santa Igreja, ora fala em nome do corpo, ora em nome da cabeça. Mas, às vezes, ocorre que, quando fala dos membros, toma subitamente as palavras da cabeça. Eis por que diz: Sofri tudo isso, embora não haja violência em minhas mãos e minha oração seja pura(Jó 16,17). Sem haver violência alguma em suas mãos, teve também que sofrer aquele que não cometeu pecado e em cuja boca não se encontrou falsidade; no entanto, pela nossa salvação, suportou o tormento da cruz. Foi ele o único que elevou a Deus uma oração pura, pois mesmo em meio aos sofrimentos da paixão orou por seus perseguidores, dizendo: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34).Quem poderá dizer ou pensar uma oração mais pura do que esta em que se pede misericórdia por aqueles mesmos que infligem a dor? Por isso, o sangue de nosso Redentor, derramado pela crueldade dos perseguidores, se transformou depois em bebida de salvação para os que nele acreditariam e o proclamariam Filho de Deus. Acerca deste sangue, continua com razão o texto sagrado: Ó terra, não cubras o meu sangue, nem sufoques o meu clamor (Jó 16,18). E ao homem pecador foi dito: És pó e ao pó hás de voltar (Gn 3,19). A terra, de fato, não ocultou o sangue de nosso Redentor, pois qualquer pecador, ao beber o preço de sua redenção, o proclama e louva e, como pode, o manifesta aos outros.A terra não cobriu também o seu sangue porque a santa Igreja já anunciou em todas as partes do mundo o mistério de sua redenção. Notemos no que se diz a seguir: Nem sufoques meu clamor. O próprio sangue da redenção, por nós bebido, é o clamor de nosso Redentor. Por isso diz também Paulo: Vós vos aproximastes da aspersão do sangue mais eloqüente que o de Abel (Hb 12,24). E do sangue de Abel fora dito: A voz do sangue de teu irmão está clamando da terra por mim (Gn 4,10). O sangue de Jesus é mais eloqüente que o de Abel, porque o sangue de Abel pedia a morte do irmão fratricida, ao passo que o sangue do Senhor obteve a vida para seus perseguidores.Assim, para que não nos seja inútil o sacramento da paixão do Senhor, devemos imitar aquilo que recebemos e anunciar aos outros o que veneramos. O clamor de Cristo fica sufocado em nós, se a língua não proclama aquilo em que o coração acredita. Para que esse clamor não seja sufocado em nós, é preciso que, na medida de suas possibilidades, cada um manifeste aos outros o mistério de sua vida nova".

São Gregório, o Grande, Patriarca de Roma (Séc. VI)

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