terça-feira, 25 de março de 2025

4ª Terça-feira da Grande Quaresma

25 de Março de 2025 (CC) / 12 de Março (CE)
São Teófanes, o Confessor de Sigriana, monge († 817); 
São Gregório “Dialogador” , Patriarca de Roma (604 dC); 
Venerável Simeão, o Novo Teólogo (1022 dC)
Jejum Quaresmal
Tom 6



São Teófanes cresceu na corte do imperador Constantino V. Seu pai morreu quando ele ainda era muito jovem deixando-lhe por herança uma grande propriedade e à nomeação do imperador como seu tutor. Mais tarde, foi obrigado a se casar, mas por consentimento mútuo, o casal manteve a castidade, separando-se e retirando-se para a solidão. 
Consta que Teófanes tenha construído dois monastérios, um em Monte Sigriana, próximo de Cyzicus, e outro na Ilha de Kalonymos, que era parte de sua herança. Lá estabeleceu a sua residência, permanecendo por seis anos. Mais tarde,  retornou para o Monte Sigriana, onde exerceu o ofício de abade. No ano 787, Teófanes participou no Concílio de Nicéia que sancionou o restabelecimento do uso e  da veneração das imagens sagradas. Mais tarde, em 814, Leão, o armênio, tentou anular a decisão de seus predecessores e pediu para suprimir novamente o culto às imagens. Reconhecendo, no entanto, a reputação e  autoridade de São Teófanes, tentou conquistá-lo mediante cordiais e astutas cartas, mas o santo estava bem armado contra todas as artimanhas que pudessem ser utilizadas para ludibriá-lo. Aos 50 anos, começou a sofrer de graves  doenças, mas quando o imperador o chamou para Constantinopla, mesmo estando muito enfermo, obedeceu. Às ameaçadoras mensagens de Leão, o armênio, o santo respondeu desta maneira: 
«A minha avançada idade, a debilitação de minha saúde e a fraqueza de meu corpo já não me deixam inclinar-me para estas coisas que eu desprezei, pela graça de Deus, na minha juventude. Se pensas assustar-me ou seduzir-me para conseguir minha complacência, como acontece com uma criança a quem é mostrado o relho, perdes teu tempo». 
O imperador enviou ao seu encontro  vários emissários para tentar persuadi-lo, mas ele se  manteve inflexível. Foi condenado a receber 300 chicotadas e enviado depois, por dois anos, para um calabouço fedorento e solitário, onde recebia apenas o necessário para manter-se vivo. Sua doença se agravou e, quando ele finalmente foi libertado e deportado para a ilha de Samotrácia, morreu em 12 de março de 817, dezessete dias após sua chegada. Deixou uma Cronografia, ou seja, uma breve história do mundo até o ano 813, a partir de 284 dC, data em que terminava uma história escrita por seu amigo George Syncellus, auxiliar do Patriarca São Xarasius. 
São Gregório “Dialogador”, Patriarca de Roma 
São Gregório foi papa entre 3 de setembro de 590 e sua morte, em 12 de março de 604. Ele é conhecido principalmente por suas obras, mais numerosas que as de seus predecessores. Gregório é também conhecido  na Ortodoxia como Gregório, o Dialogador, por causa de seus "Diálogos" e é por isso que seu nome aparece em algumas obras listado como "Gregório Diálogo". 

Foi o primeiro papa a ter sido monge antes do pontificado. Gregório é reconhecido como um Doutor da Igreja e um dos Padres latinos. Foi canonizado assim que morreu por aclamação popular, como era o costume. Credita-se a Gregório a compilação da Divina Liturgia dos Dons Pré-santificados.
São Simeão, o Novo Teólogo

O Monge Simeão, o Novo Teólogo, nasceu no ano 946 na cidade de Galata (Paphlagonia), e recebeu a educação secular básica em Constantinopla. Seu pai o preparou para uma carreira na corte e, durante certo tempo, o jovem ocupou uma posição elevada na corte imperial. Mas aos 25 anos sentiu atraído pela vida monástica, e, então, fugiu de sua casa e retirou-se para o mosteiro Studita, onde se submeteu à orientação do conhecido Simeão, o Reverente. A ação ascética básica do monge foi a incessante Oração de Jesus em sua forma curta: "Senhor, tem piedade!" Para uma maior concentração da oração, ele constantemente buscava a solidão, e mesmo na liturgia, ficava separado dos irmãos, e geralmente permanecia sozinho à noite na igreja. A fim de se acostumar a atenção sobre a morte, passava noites no cemitério. O fruto de seu fervor era uma condição especial de êxtase: nesses momentos, o Espírito Santo, sob a forma de uma nuvem luminosa, descia sobre ele e o tornava inconsciente de sua visão ao redor. Com o tempo, ele alcançou uma constante consciência espiritual elevada, o que ficou especialmente evidente quando celebrava a Liturgia. Por volta do ano de 980, o Monge Simeão foi constituído higúmeno do mosteiro de São Mamant e nesta dignidade permaneceu por 25 anos. Ele corrigiu a gestão negligente que havia no mosteiro e restaurou a ordem na igreja.

O Monge Simeão combinava a bondade com o rigor e a firme observância das exigências do Evangelho.

Assim, por exemplo, quando seu discípulo favorito Arsênio matou corvos que estavam picando pão úmido, o Igumeno o fez amarrar os pássaros mortos a uma corda e usá-la como "colar" no pescoço. Também, um dia, ele foi procurado por certo bispo de Roma, que estava perturbado por não conseguir se arrepender de ter assassinado seu jovem sobrinho, e o Monge Simeão, paciente e exitosamente o ajudou.

A rigorosa disciplina monástica praticada por Simeão, provocou uma forte insatisfação entre os seus irmãos monges. Uma vez após a liturgia, alguns deles estavam tão irritados, que se precipitaram sobre ele e quase o mataram. Quando o Patriarca de Constantinopla os expulsou do mosteiro e quis entregá-los às autoridades da cidade, Simeão conseguiu que eles fossem perdoados e os ajudou a encontrarem trabalho na vida secular.

Cerca do ano 1005, o Monge Simeão entregou seu cargo de higumeno a Arsenios, e foi morar próximo ao mosteiro. Lá compôs suas obras teológicas, cujos fragmentos constam no 5º volume da "Filokalia" ("Dobrotoliubie"). O principal tema de suas obras é a atividade oculta de um aperfeiçoamento espiritual na luta contra as paixões e os pensamentos pecaminosos.

Ele também deixou alguns tratados direcionados aos monges: "Capítulos Teológicos Práticos", "Um Trato Sobre Três Formas de Orações" e "Um trato na fé". Além disso, o Monge Simeão era um excelente poeta da Igreja. A ele pertencem os "Hinos do Amor Divino”, no qual constam cerca de 70 poemas, cheios de profundas reflexões sobre a oração.

Os ensinamentos do Monge Simeão sobre o novo homem e sobre a "divinização da carne", com os quais ele queria substituir os ensinamentos sobre a "mortificação da carne" (pelo que também o chamaram de "Novo Teólogo"), eram de difícil assimilação para os seus contemporâneos. Muitos de seus ensinamentos pareciam inaceitáveis ​​e estranhos. Isso levou a conflitos com as autoridades da igreja de Constantinopla, e o Monge Simeão foi submetido ao exílio. Ele se retirou para as costas do Bósforo e fundou lá o mosteiro de Santa Marina.

O santo repousou pacificamente em Deus no ano 1021. Ainda em vida, ele foi agraciado com o dom de operar prodígios. Numerosos milagres ocorreram também após a sua morte. Um deles foi a descoberta milagrosa desceu ícone. Sua Vida foi escrita por seu secretário e discípulo, o Monge Nikita Stethatos.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!


HORA SEXTA
(Meio Dia - 12h)

Isaías 25:1-10

1 Ó Senhor Deus, glorificar-te-ei, cantarei ao teu nome, pois fizeste coisas maravilhosas! Tens formado um conselho antigo e fiel. Amém.
2 Porquanto tens transformado cidades num montão de ruínas, cidades fortes cujas fundações não poderiam desabar. A cidade dos homens ímpios não deverá permanecer para sempre.
3 Por este motivo os pobres te abençoarão, a cidade dos homens oprimidos te abençoará,
4 porque tens sido um ajudante para cada cidade humilde, e um abrigo para os que estavam desanimados por causa da pobreza; tu os livrarás dos homens perversos. Tens sido um refúgio para os sedentos, e uma brisa refrescante para os que estão feridos.
5 Éramos como homens ressecados e assustados em Sião, por causa dos homens ímpios a quem nos entregaste.
6 Todavia, o Senhor dos Exércitos fará uma festa para todas as nações. Neste monte beberão alegria, beberão vinho;
7 ungir-se-ão com óleo nesta montanha. Proclama todas estas coisas para as nações, pois esse é o conselho de Deus sobre todas elas.
8 A morte prevaleceu e os homens foram engolidos; porém, mais uma vez, o Senhor Deus tirou toda lágrima de cada rosto. Ele mesmo tirou o opróbrio do seu povo em toda a terra; porque a boca do Senhor o disse.
9 E dirão, naquele dia: Eis o nosso Deus, em quem temos confiança. Ele nos salvará. Este é o Senhor; nós esperamos nele, por isto temos exultado e nos alegraremos pela nossa salvação.
10 Deus dará descanso neste monte; entretanto, o país de Moabe será trilhado, tal como eles trilham o chão com os seus carros.

VÉSPERAS

Gênesis 9:8-17

8 E falou Deus, ainda, com Noé e seus filhos que estavam com ele, dizendo-lhes: 
9 Eis que estabeleci a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois de vós, 
10 e com todas as criaturas que estão convosco, dos pássaros e dos animais, e com todos os animais selvagens da terra que estão convosco, de todos os que saíram da arca. 
11 Estabelecerei a minha aliança convosco, e não mais deverá acontecer de toda a carne perecer pelas águas do dilúvio; não haverá mais um dilúvio de águas para destruir toda a terra. 
12 O Senhor Deus disse mais a Noé: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre mim e toda criatura vivente que está convosco, por gerações perpétuas: 
13 Eis que coloco nas nuvens o meu arco, e será ele um sinal da aliança entre mim e a terra.
14 Porquanto virá a suceder, quando eu reunir as nuvens sobre a terra, que o meu arco será visto nas nuvens. 
15 Lembrar-me-ei, então, do meu pacto, o qual existe entre mim e vós, e entre mim e todo o ser vivente em toda a carne; e não haverá mais água para um dilúvio, de modo a exterminar toda a carne. 
16 Meu arco estará nas nuvens e eu irei olhá-lo para lembrar-me da aliança eterna entre mim e a terra, entre mim e toda a alma vivente de toda a carne que está sobre a terra. 
17 E Deus disse para Noé: Este é o sinal da aliança que tenho feito entre mim e toda a carne que está sobre a terra. 

Provérbios 12:8-22

8 A boca de um homem de entendimento é louvada por outro homem; aquele que é lerdo de coração, no entanto, é tido em escárnio.
9 Melhor é o homem em desonra servindo a si mesmo do que alguém que honra a si mesmo e tem falta de pão.
10 O justo se compadece pela vida de seu gado, mas as entranhas dos ímpios são impiedosas.
11 O que lavra a sua terra fartar-se-á de pão, porém, aqueles que perseguem vaidades são faltos de entendimento. 
11a O que se deleita em banquetes de vinho deverá semear desonra em suas próprias fortalezas.
12 Os desejos dos ímpios são maus, mas as raízes dos piedosos estão firmemente estabelecidas.
13 Pelo pecado de seus lábios um pecador cai na armadilha; o justo, todavia, escapa dela. 
13a Aquele cujo olhar é suave receberá compaixão; o que contende nas portas, porém, afligirá almas.
14 A alma de um homem será preenchida com o bem dos frutos da sua boca, e a recompensa dos seus lábios lhe será dada.
15 Os caminhos dos tolos são retos aos seus próprios olhos, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos.
16 O idiota declara a sua ira no mesmo instante, todavia o prudente oculta a própria desgraça.
17 O justo declara a verdade abertamente, mas uma testemunha injusta é enganosa.
18 Alguns há que ferem como espadas quando falam, contudo a língua dos sábios traz a cura.
19 Lábios verdadeiros estabelecem o testemunho; a testemunha mentirosa, entretanto, tem uma língua injusta.
20 Há fraude no coração daquele que imagina o mal, mas os que amam a paz se alegrarão.
21 Nenhuma injustiça agradará a um homem justo; os ímpios, por sua vez, serão cheios de males.
22 Os lábios mentirosos são uma abominação ao Senhor; todavia, aquele que lida com fidelidade é aceito por ele.

† † †



HOMILIA

São Nikolai Velimirovich

Sobre A Fraqueza do Homem Diante da Majestade De Deus

"E quando o vi, caí a seus pés como morto" (Apocalipse 1:17).

Foi São João que caiu como morto quando viu o Senhor Jesus em glória. São João - o discípulo amado de Jesus, o evangelista, o casto, aquele que amava o Senhor, o zelote da santidade - não podia nem ficar de pé nem se recompor quando viu seu Mestre em Sua glória celestial e poder! Em vez disso, ele caiu, como se estivesse morto. 

Portanto, como é que os que pecam contra Ele, se levantam contra Ele, ridicularizar Seu Nome, desprezam o Seu amor e sacrifício, zombam de Sua cruz, desprezam os Seus mandamentos, perseguem Sua Igreja, envergonha Seus sacerdotes, e matam Seus fiéis, suportarão a presença do Senhor e os Seus olhos como chama de fogo? O que irá acontecer com eles diante da Face do Senhor, se o próprio São João caiu como morto, quando ele O avistou? 

O que acontecerá com os homens que ensinam os outros a serem corruptos? O que acontecerá com os professores que destruíram a fé nas jovens almas? O que vai acontecer aos céticos que, pela sua dúvida envenenaram as mentes dos homens? O que acontecerá com os ladrões e assaltantes, ao imoral e aos assassinos de crianças? O que acontecerá com os inimigos de Cristo, se o amigo de Jesus cai, como se estivesse morto, ante à Sua indescritível e refulgente (brilhante) glória?

Esta é a glória, poder, autoridade, beleza, senhorio, luz e majestade do Senhor Jesus, ressuscitado e assunto aos céus, que seus companheiros mais próximos, os quais durante três anos na terra contemplaram Seu rosto sem medo, agora caem como se estivessem mortos quando eles veem Seu rosto nos céus após Sua paixão, morte e vitória! 

Ó Senhor Todo-Glorioso e Todo-Poderoso, ilumina-nos e anima-nos com o Teu poder e glória.

A Ti seja a glória e louvor para sempre. Amém!

Fonte: Prólogo de Ohrid

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