
DOMINGO DA VENERAÇÃO DA CRUZ
24 de Março de 2025 (CC) / 11 de Março (CE)
São Quadratus de Coríntio e e com ele, Cipriano, Dionísio, Anectus, Paulo, Crescens, Dionísio (o outro), Victorinus, Victor, Nicéforo, Cláudio, Diodoro, Serapião, Papias, Leonidas, Chariessa, Nunechia, Basilissa, Agradável, Galla, Galina, Theodora, e outros em Corinto (†258).
Jejum Quaresmal
Tom 6
Os pais de São Quadratus eram cristãos gregos e viviam na cidade de Corinto. Ambos morreram quando o menino era ainda bem pequeno. Quadratus nasceu no deserto, para onde sua mãe havia fugido para escapar da perseguição de Décio. Ali sua mãe morreu e Quadratus cresceu sendo alimentado por uma cerva. As roupas que vestia, quando sua mãe ainda era viva, cresceram com ele. Quadratus retornou mais tarde para a cidade e estudou medicina, atraindo muitos discípulos que viviam como anacoretas. Sob os imperadores Décio e Valeriano, e Jason, prefeito da Grécia, recebeu a ordem de executar os cruéis editos de perseguição aos cristãos.
Quadrados foi ao encontro de Jason que tentou antes persuadi-lo de seu dever de oferecer sacrifícios aos deuses para escapar às punições. Este servo de Deus, que participava da reunião com cinco de seus discípulos, respondeu que ele preferia a salvação eterna à vida temporal. Em vez de se defender, fez um resumo da Bíblia, desde a criação até a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jason reagiu com desdém rejeitando a idéia de que Deus pudesse ter-se feito homem e sofrido por nós. Depois de tentar convencer Quadratus percebendo então que nada parecia funcionar, ordenou que fosse açoitado. Em seguida, tentou convencer Cipriano, que era ainda um menino, dizendo que ele era muito jovem ainda, mas Quadratus gritava exortando a seus companheiros a permanecerem firmes em sua fé cristã. Todos foram submetidos a terríveis torturas e, finalmente lançados às feras, mas estas não lhes fizeram mal algum. Então foram levados para fora da cidade e decapitados. Isto aconteceu no ano 258 dC. Os nomes dos outros mártires eram: Dionísio, Anecto, Paulo e Crescêncio.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (X)
João 21:1-14
Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
Pela Cruz venceste a morte / e abriste o Paraíso ao ladrão arrependido. / Converteste em alegria a lamentação das mirróforas / e ordenaste aos Teus Apóstolos anunciar / a Tua Ressurreição, ó Cristo Nosso Deus // Tu que concedes ao mundo a Tua infinita misericórdia.
Tropárion Tom 1
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o maligno // e guarda o Teu povo pela Tua Cruz.
Kondákion da Ressurreição
O poder da morte não é mais suficientemente forte / para manter presos os homens mortais. / Pois Cristo desceu, despedaçando e destruindo esse poder. / O inferno agora esta atado e os profetas rejubilam dizendo: / “O Salvador veio para aqueles em fé // ide todos vós fiéis para Sua Ressurreição.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Kondákion Próprio Tom 7
A espada flamejante não mais guarda a porta do Éden, / pois, foi maravilhosamente apagada pela Árvore da Cruz. / Os grilhões da morte foram destruídos, / e a vitória dos infernos aniquilada. / E aos que estavam no Hades, ó meu Salvador, apareceste dizendo: // Entrai novamente no Paraíso.
Triságion
Diante da Tua Cruz nos prostramos, Ó Mestre
E Tua Santa Ressurreição glorificamos. (3x)
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
E Tua Santa Ressurreição glorificamos.
Diante da Tua Cruz nos prostramos, Ó Mestre
E Tua Santa Ressurreição glorificamos.
Prokímenon Tom 6
R. Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança. (Sl 27:9)
V. Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo / Presta ouvido aos meus rogos. (Sl 27:1)
Hebreus 4:14-5:6
Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, podendo ele compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraqueza. E por esta razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados. Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão. assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)
Lembra-te da tua congregação, que desde o princípio compraste;
Tu resgataste a vara da tua herança; este monte Sião em que habitaste. (Sl. 73:2)
Mas Deus é nosso Rei desde a antiguidade;
Ele operou a salvação no meio da terra. (Sl. 73:12)
Marcos 8:34-9:1

E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? Ou que diria o homem em troca da sua vida? 38 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
Zadostoinik
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação./ A assembleia dos anjos e o gênero humano te glorificam, / ó templo santificado, paraíso espiritual e glória das virgens,/ na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho/ Aquele que é nosso Deus antes dos séculos./ Porque fez de teu seio um trono/ e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus. / Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!
Canto da Comunhão
Ergue, Senhor, sobre nós
a luz do Teu Rosto! (Salmo 4:7)
Aleluia, Aleluia, Aleluia!
* Em vez de "Vimos a Luz Verdadeira...", entoa-se o Tropárion da Cruz:
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
† † †
A COMEMORAÇÃO DA CRUZ
No calendário Litúrgico há duas datas nas quais veneramos a Santa Cruz, tamanha é a relevância e o simbolismo deste instrumento de morte que se transformou em instrumento de vida e salvação para os cristãos: 14 de setembro (festa principal) e no Terceiro Domingo da Quaresma.
A Santa Cruz transformou-se, no decorrer dos acontecimentos da vida da Igreja, no arquétipo da ação salvífica de Deus e no modelo de resposta do homem. Deus salva os homens pela Cruz, através de seu Filho que, obediente à vontade do Pai, a abraçou restaurando aos homens a dignidade filial perdida.
Os primeiros cristãos, conforme relata São Paulo em suas cartas, começavam a descobrir as riquezas do mistério da morte de Jesus na cruz, quando à luz da Ressurreição a vislumbravam como meio de salvação e não como instrumento de perdição. Já que o Senhor havia morrido numa cruz, em obediência à vontade do Pai, ela foi acolhida como sinal de humildade e sujeição aos desígnios de Deus. A resposta do homem ante a vontade divina passou a ser dada de maneira consistente: A fé no Ressuscitado movia os corações a uma plena compreensão do plano salvífico.
São Paulo não se limitou apenas a ensinar sobre o poder que tem a Cruz de libertar os homens do pecado, do egoísmo e da morte. Ele foi além dessas verdades estendendo o seu significado. Deu à Cruz a dimensão de Redenção, vendo nela o meio necessário para que fosse selada a Nova Aliança entre Deus e os homens.
Todo cristão, por participar do amor e da obediência de Cristo na Cruz, morre para o pecado que o impede de amar a Deus e aos homens de forma plena e livre. Santo Inácio de Antioquia (†117) e São Policarpo (†165) lembravam os sofrimentos de Cristo constantemente em suas pregações, para enfatizar a todos os cristãos que no escândalo da Cruz se ocultava o profundo amor de Deus pelos homens. Na cruz trilhava-se o caminho para se chegar à Ressurreição. Por isso, os cristãos do Oriente veneram a Cruz como símbolo da vitória sobre a morte.
Todo sofrimento, angústia, desespero e morte tornam-se secundários diante da magnitude da Ressurreição. O Cristão Ortodoxo contempla a Cruz resplandecente, mergulhado no espírito pascal: o Senhor não terminou sua missão na Cruz, mas fez dela um instrumento de passagem para se chegar à Vida.
A Cruz para um cristão que esteja imbuído deste espírito torna-se fonte de bênçãos. A loucura da Cruz de Cristo ganha a dimensão do amor infinito e totalmente oblativo. Hoje em dia são muitos os que tem dificuldade em compreender a teologia da Cruz. Parecem fugir dela por medo de sofrer. O sofrimento e a dor fazem parte da humanidade. Sofremos ao nascer, sofremos durante a vida e a morte virá com muito ou pouco sofrimento, mas virá com ele. Não podemos mudar esta realidade que nos é inerente por natureza. Como cristãos podemos mudar a compreensão que damos ao sofrimento.
A Cruz, antes vista como horror e escândalo, passou a ser compreendida como instrumento de salvação. Para que cheguemos a este amadurecimento espiritual é necessário o encontro com o Senhor Crucificado que padeceu os horrores da dor, para que Ele mesmo nos conduza às alegrias da Ressurreição.
Venerar a Cruz é venerar a história humana. Contemplar a Cruz é contemplar os seres humanos nos mais diversos continentes do mundo. Venerar a Cruz gloriosa e vivificante é restabelecer à história humana sua grandeza na História da Salvação. A Cruz sem Deus revela o abandono e a morte. A Cruz com Deus é sinal de esperança e vida nova.
Neste terceiro Domingo da Quaresma a Igreja nos convida a refletir sobre a dimensão que damos à Cruz e ao sofrimento em nossas vidas. Nossa postura frente à Cruz e ao sofrimento humano deve assemelhar-se à postura de Maria e a de João, o discípulo do amor. Estavam em pé diante do Crucificado, contemplando Aquele que era a Ressurreição e a Vida. Mesmo sem entender o que estava acontecendo conservavam tudo isso no coração. Não procuravam uma explicação racional e uma lógica que os fizessem compreender o sofrimento de Jesus. A lógica que os fazia silenciar e aceitar os desígnios de Deus era a obediência e a entrega à vontade do Pai.
Quando racionalmente procuramos explicações para o sofrimento e a cruz, fatalmente cairemos em subjetivismos perigosos que nos poderão levar a erros e a desvios da Fé Apostólica. O homem por si só não pode explicar os mistérios de Deus. A lógica Divina não obedece os parâmetros racionais humanos. A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por isso, os Cristãos Ortodoxos a veneram gloriosa e vivificante, despida dos sentimentos mórbidos que poderiam ofuscar a sua magnitude. O sofrimento, as dores e a morte que o Senhor sofreu por meio dela, por mais terríveis que pudessem ser, fez dela veículo da nossa salvação.
Em recente entrevista à Revista 30 Dias, assim se expressou Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, referindo-se a relação existente entre a Igreja e a Cruz:
"A Igreja deve apoiar a sua força na sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (escândalo para os Judeus, loucura para os Gregos), e a sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e entregue cotidianamente à morte, a Igreja faz com que surjam santos, que guardam a Graça de Deus em vasos de argila, que vivem dentro da luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício."
Um cristão, à Luz da Ressurreição, carrega sua cruz subindo o Calvário para a Santidade. O madeiro que sustentou o corpo do Senhor Crucificado tornou-se Árvore da Vida, pois nele foi selado o Novo Testamento, a Nova Aliança. Deus pôs no santo Lenho da Cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse de onde viera a morte.
Durante o Rito de veneração à Santa e Vivificante Cruz, entoa-se um canto que nos convida a contemplar o madeiro sagrado que nos deu a vitória sobre o mau:
"Vinde, fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida,
no qual Cristo, o Rei da Glória,
estendeu voluntariamente, seus braços,
restaurando em nós a felicidade primitiva.
Vinde, adoremos a Cruz
que nos dá a vitória sobre o mal."
Mais forte é o significado da segunda parte deste mesmo hino que nos faz compreender a dimensão e a grandeza da Cruz de Cristo:
"Hoje, a Cruz é exaltada
e o mundo se liberta do erro.
Hoje, renova-se a Ressurreição de Cristo,
regozijam-se os confins da terra..."
Na Cruz renova-se a Ressurreição. Pela Cruz a Vida nos é possível. Pela Cruz a Santidade é uma realidade presente. Basta o encontro com o Senhor e nossa entrega total a Vontade de Deus.
O silêncio e a meditação nos auxiliarão, nesta Quaresma, a ver na Cruz e no sofrimento riquezas espirituais nunca antes vislumbradas por nós, mas já vividas pelos santos. Meditando sobre a Cruz à luz da Ressurreição, "adoramos a tua Cruz, ó Mestre e glorificamos a tua Santa ressurreição.
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