segunda-feira, 11 de agosto de 2014

10ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

11 de Agosto de 2014 (CC) / 29 de Julho (CE)
Santos kalinico e Teódota, mártires (início do séc. IV).



Kalinico nasceu em Kalikía. Com particular eloquência e muito fervor ensinava o evangelho. Quando chegou para o Egito, fanáticos e idólatras se levantaram contra ele, o prenderam e conduziram-no ao rei Sakérdona. Este, fingindo simpatia, manifestou pesar e, pretendendo  enfraquecer a autoestima de Kalinico, citou alguns casos em que valentes cristãos, após terem sido submetidos a cruéis torturas, acabaram por renegar sua fé. Kalinico, dando-se conta da hipocrisia do monarca, disse-lhe sorrindo:

«Já não é necessário postergar, majestade, mas experimenta a força com a qual Cristo arma aqueles que n’Ele creem verdadeiramente. Prepara logo todos os teus instrumentos infernais de tortura: o fogo, as espadas, as rodas, as lâminas, os chicotes, e quaisquer outros que disponhas. Essas e as outras eu as desejo por amor a Cristo». 

O monarca então o açoitou com violência. Cortou seu corpo com unhas metálicas e, estando já desfalecendo, prendeu-o com cordas atrás de num cavalo selvagem que saiu arrastando seu corpo por muitos quilômetros. Tal era o ódio do monarca que, antes mesmo que Kalinico desse o seu último suspiro o atirou ainda ao fogo. Assim que Kalinico recebeu com glória a coroa da vitória.




1 Coríntios 15:12-19

12 Ora, se se prega que Cristo foi ressucitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? 13 Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. 14 E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. 15 E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados. 16 Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. 17 E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados.    18 Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. 19 Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.  

Mateus 21:18-22


18 Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; 19 e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. 20 Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?  21 Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;    22 e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.










A FÉ REALIZA OBRAS QUE SUPERAM AS FORÇAS HUMANAS

A fé, embora por seu nome seja una, possui duas realidades distintas. Existe, de fato, uma fé pela qual se crê nos dogmas e que exige que o espírito examine e a vontade concorde com determinadas verdades; esta fé é útil para a alma, como afirma o próprio Senhor:

“Quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não será julgado.”

E acrescenta:

“Aquele que crê no Filho não está condenado, mas passou da morte para a vida.”

Ó grande bondade de Deus para com os homens! Os antigos justos certamente conseguiram agradar a Deus empregando para este fim os longos anos de sua vida; mas o que eles conseguiram com o seu dedicado e generoso serviço de muitos anos, isso mesmo Jesus concede a ti realizá-lo em um só instante. Se realmente crês que Jesus Cristo é o Senhor e que Deus o ressuscitou dentre os mortos, alcançarás a salvação e serás levado ao paraíso por aquele mesmo que recebeu em seu reino ao bom ladrão. Não desconfies nem duvide se isso vai ser possível ou não: aquele que no Gólgota salvou o ladrão por causa de uma única hora de fé, ele mesmo salvará também a ti se creres.

A outra categoria de fé é aquela que Cristo concede a alguns como dom gratuito:

Um recebe do Espírito falar com sabedoria; outro, o falar com inteligência conforme o mesmo Espírito. Há quem, pelo mesmo Espírito, recebe o dom da fé; e outro, o dom de curar, pelo mesmo Espírito.

Esta graça de fé que o Espírito concede não consiste somente em uma fé dogmática, mas também naquela outra fé capaz de realizar obras que superam toda possibilidade humana. Quem tem esta fé poderia dizer a uma montanha que viesse até aqui e viria. Quando alguém, guiado por esta fé, diz isto e crê sem duvidar em seu coração que aquilo que diz se realizará, então ele recebeu o dom desta fé.

É desta fé da qual se afirma: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda”. Porque assim como o grão de mostarda, mesmo que pequeno no tamanho, está dotado de uma força semelhante a do fogo e, plantado ainda que seja em um lugar pequeno, produz ramos tão grandes que as aves do céu podem se abrigar neles; assim também a fé quando enraíza na alma, em poucos instantes realiza grandes maravilhas. De fato, a alma iluminada por esta fé consegue conceber em sua imaginação uma imagem de Deus, e chega até mesmo a contemplar o próprio Deus na medida em que isso é possível; lhe é dado percorrer os limites do universo e ver, antes do fim do mundo, o juízo futuro e a realização dos bens prometidos.

Procura, portanto, chegar àquela fé que de ti depende e que conduz ao Senhor a quem a possuir, e assim o Senhor também te dará aquela outra que atua acima das forças humanas.

São Cirilo de Jerusalém (séc. IV)
Catequese sobre a fé e o símbolo.


Fonte: Lecionário Patrístico

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