segunda-feira, 4 de agosto de 2014

9ª Segunda-feira Depois de Pentecostes




04 de Agosto de 2014 (CC) / 22 de Julho (CE)


S. Maria Madalena, “igualaosApóstolos,” mirófora (séc. I).


Maria Madalena era uma das miróforas (“portadora de mirra”,uma das mulheres que ungiram com perfumes o Corpo de Jesus em Seu sepultamento) e é considerada na Igreja como sendo “igual aos Apóstolos,” título reservado a bem poucos.

A partir do papa Gregório Magno, na Igreja latina se começou a identificar erroneamente a pessoa de Maria de Magdala com a homônima irmã de Lázaro e com a pecadora descrita pelo evangelista Lucas (7:36 50),

Os dados essenciais sobre a santa os encontramos nos evangelhos. Nascida em Magdala (na época, província da Síria) tinha sido curada por Jesus: “da qual haviam saído sete demônios” (Lc 8,2) e a gratidão para com o Salvador se manifestou numa vida nova no seguimento dele.

Em seu coração ardia tamanha fé e amor para com Jesus Cristo que nada no mundo conseguiu apaga-los. Ao seu Senhor ela entregou inteiramente o seu espírito e o seu coração. Em Jesus se concentravam todos os seus pensamentos, desejos, esperanças. Em Jesus se encerrava o tesouro do seu coração e a vida da alma. Seguindo Jesus Cristo com profunda fé, Maria O amava com ardor e desprendimento... Por Jesus era instruída sobre os mistérios do reino de Deus e o servia com os seus bens. Mesmo quando todos, abandonando-O, fugiram (Mc. 14:50), ela não se afastou do Salvador... Sem temer a fúria dos seus inimigos, desafiando a multidão que injuriava o Crucificado, ela O acompanhou até o Gólgota, aproximou se da cruz para participar do seu sofrimento, com a sua presença confortou, na medida do possível, a imensa dor da puríssima Mãe de Jesus. Quis assistir ao sepultamento e à unção com os aromas perfumados.

Em seguida é narrado o que aconteceu a Maria de Magdala após a ressurreição de Cristo. Entre os textos litúrgicos, próprios da santa, que se encontram no Minéon de julho no dia 22, eis o tropário conclusivo.

“Seguiste o Cristo, nascido para nós da Virgem,
ó venerável Maria Madalena, observando seus preceitos e suas leis;
e nós que celebramos tua santíssima memória,
esperamos, através de tuas preces, ser libertados dos pecados.”

Nas Vésperas se insiste sobre a presença da santa junto ao túmulo de Jesus e sobre o privilégio da primeira aparição do Ressuscitado:

“Preparaste aromas para o Cristo deposto no sepulcro,
para Aquele que doa a ressurreição a todos os mortos;
e tendo O visto por primeira, ó teófora Maria,
em prantos te prosternaste diante d’Ele.
Roga-Lhe para que conceda às nossas almas a paz e a graça da salvação.”

É frequente, nos textos litúrgicos, a dramatização de cenas, nas quais são colocados nos lábios dos protagonistas os seus sentimentos. Várias vezes encontramo-la também no Ofício desse dia em que, por exemplo, enquanto está junto à cruz, a santa exclama:

“Que maravilha é esta? Como pode ser entregue à morte e perecer o destruidor da morte, que por sua natureza é a Vida?” (Ode oitava).

No segundo domingo depois da Páscoa a Igreja Ortodoxa celebra as miróforas, entre as quais está Maria Madalena, nomeada sempre em primeiro lugar. Também na festa de 22 de julho se relembra a sua “compaixão, na qual, misturando suas lágrimas, preparou os aromas” para o amado Mestre.

Também para o título “igual aos Apóstolos,” encontramos textos alusivos, como neste Ikos:

“A Luz do mundo, Cristo, vendo a vigilância da tua fé
e a fidelidade do teu amor, apareceu por primeiro a ti, ressurgido do túmulo,
enquanto te apressavas em levar a Ele, o Inacessível, o miron unido às tuas lágrimas.
Por recompensa te concedeu o que o Espírito reservava aos apóstolos:
o mesmo poder e a mesma vontade;
te enviou, pois, a anunciar a boa nova da sua ressurreição
àqueles que tinham sido iniciados por Ele;
e tu intercedes pelo mundo em todo o tempo.”

Na Ode quinta do Cânon se diz de Maria Madalena:

“Após a maravilhosa ascensão do Salvador, percorreste o mundo para anunciar lhe a sua palavra sagrada, tu discípula do Verbo...”


Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.



1 Coríntios 11:31-34; 12:1-6

Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados. Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.


Mateus 18:1-11

Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido.



Para a Liturgia em Comemoração a Santa Maria Madalena, Igual aos Apóstolos

1 Coríntios 9:2-12;Lucas 8:1-3


COMENTÁRIO

"Todos nós, os cristãos, somos o corpo e os membros de Cristo, afirma o apóstolo. Ao ressuscitar Cristo, também os membros ressuscitaram com ele; e enquanto Ele passava dos infernos para a terra, nos transladou da morte para a vida. Páscoa, em hebraico, significa passagem ou partida. E que significa este mistério, senão o trânsito do mal ao bem? E que trânsito? Do pecado para a justiça, do vício para a virtude, da velhice para a infância. Falo aqui da infância no sentido de simplicidade, não de idade. Ontem, a velhice do pecado nos encaminhava para a ruína; hoje, a ressurreição de Cristo nos faz renascer para a imortalidade da juventude. A simplicidade cristã torna sua a infância. 

A criança é uma criatura que não guarda rancor, nem reconhece a fraude, nem se atreve a enganar. O cristão, como uma criança pequena, não se encoleriza se é insultado..., não se vinga se é maltratado. Mais ainda: o Senhor lhe exige que ore por seus inimigos, que deixe a túnica e o manto aos que o levam, que apresente a outra face a quem lhe esbofeteia. A infância cristã supera a dos homens. Enquanto esta ignora o pecado, aquela o detesta. Esta deve sua inocência à debilidade, aquela à virtude. A infância do cristão é digna dos maiores elogios, porque seu ódio ao mal provém da vontade, não da impotência. As virtudes são os prêmios das diversas idades. 

Contudo, a maturidade dos bons costumes pode achar-se em uma criança, e a inocência da juventude pode encontrar-se em pessoas com as costeletas brancas. A retidão faz amadurecer aos jovens: a velhice venerável – diz o profeta – não é a de muitos anos, nem se mede pelo número de dias. A prudência é a verdadeira maturidade do homem, e a verdadeira ancianidade é uma vida imaculada. Aos apóstolos, que já eram maduros em idade, lhes diz o Senhor: se não vos transformardes e vos tornardes como esta pequena criança, não entrareis no Reino dos Céus. Envia-lhes a própria fonte da vida, e lhes convida a redescobrir a infância, para que esses homens que já veem debilitarem-se suas energias, renasçam para a inocência do coração. Porque quem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino dos Céus.”

São Máximo de Turim (séc. V); Sermão 54




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