11ª Segunda-feira Depois de Pentecostes
Transfiguração de Nosso Senhor, Deus e
Salvador Jesus Cristo
Para a igreja Ortodoxa, a
festa da «Transfiguração (Metamórphosis) de nosso grande Deus e Salvador
Jesus Cristo» é uma das 12 solenidades do calendário litúrgico. Isso traduz
toda a teologia da divinização do homem. A teologia oriental insiste sobre a
graça incriada, participação na luz que envolveu o Cristo no Tabor, «Graça
deificante, emanação do Espírito Santo que vem a iluminar a Esposa para
torná-la nupcialmente conforme ao Esposo», como escreve C. Andronikov,
acrescentando:
«A Transfiguração, festa
teleológica por excelência, nos permite aguardar a Páscoa e prever o porvir
para além da parusia.»
A referida festa parece ter
surgido como comemoração de dedicação das basílicas do monte Tabor. É posterior
à festa da Exaltação da Cruz, da qual, no entanto, depende quanto à fixação de
sua data. Com efeito, segundo uma tradição, a Transfiguração de Jesus tinha
acontecido 40 dias antes da crucifixão. A solenidade tinha-se, pois, fixado no
dia 6 de Agosto, isto é, 40 dias antes da Exaltação da Cruz, que é celebrada no
dia 14 de Setembro. A relação entre uma e outra festa sublinha-se, igualmente,
pelo fato de que no dia 6 de Agosto começam a cantar-se os hinos (catavasias)
da Cruz. Neste dia é costume que os fiéis tragam frutas para a Igreja para que
sejam abençoadas, como se fazia, antes, oferecendo as primícias para o Templo,
conforme a lei.
MATINAS
Lucas
9:28-36
28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus
consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar. 29
Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se
branca e resplandecente. 30 E eis que estavam falando com ele dois
varões, que eram Moisés e Elias, 31 os quais apareceram com
glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
32 Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo
sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com
ele. 33 E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus:
Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma
para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. 34
Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao
entrarem na nuvem. 35 E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o
meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. 36 Ao soar esta voz, Jesus
foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a
ninguém nada do que tinham visto.
LITURGIA
Tropárion
Modo 7
Ó
Cristo, nosso Deus,
que te
transfiguraste sobre o Monte Tabor,
mostrando
aos teus discípulos a tua glória
tanto
quanto lhes era possível contemplá-la,
faze
brilhar também sobre nós a tua luz eterna,
pelas
orações da Mãe de Deus.
Ó
Doador da Luz, glória a Ti!
Kondakion
Modo 7
Tu te
transfiguraste sobre o Monte, ó Cristo, nosso Deus,
revelando
a tua glória aos teus discípulos,
tanto
quanto lhes era possível contemplá-la,
a fim
de que, quando te vissem crucificado,
compreendessem
que aceitaste livremente a tua Paixão,
e
anunciassem ao mundo que és, em verdade, o Esplendor do Pai.
Prokimenon
Modo 4
Quão
magníficas são as tuas obras, ó Senhor,
fizeste
com sabedoria todas as coisas!
Bendize
ó minha alma o Senhor,
Senhor,
como és grandioso. (Sl 104,24-1)
2 Pedro
1:10-19
10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e
eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. 11 Porque
assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. 12 Pelo que estarei sempre pronto para vos
lembrar estas coisas, ainda que as saibais, e estejais confirmados na verdade
que já está convosco. 13 E tendo por justo, enquanto ainda estou
neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, 14 sabendo que
brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, assim como nosso Senhor Jesus
Cristo já mo revelou. 15 Mas procurarei diligentemente que também
em toda ocasião depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas.
16 Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder
e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares
da sua majestade. 17 Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e
glória, quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo; 18 e essa voz, dirigida do
céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele no monte santo. 19 E
temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos,
como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela
da alva surja em vossos corações...
Irmãos,
como pode o homem mortal ter parte na natureza de Deus? Como pode a eternidade
ser companheira de tempo e de glória com o que é sem glória, o incorruptível
com o corruptível, o puro com o impuro? Simplesmente não podem, a não ser em
condições particulares, e essas condições o Apóstolo Pedro menciona - uma
condição da parte de Deus e a outra por parte dos homens.
Como
condição da parte de Deus, o apóstolo diz:
"Conforme o
seu divino poder nos deu todas as coisas que dizem respeito à vida e à
piedade" (2
Pedro 1:3).
Como
condição por parte do homem:
"...havendo
escapado da corrupção que há no mundo das paixões" (2 Pedro 1:4).
Deus
cumpriu a sua condição e nos deu o Seu poder. "Através do conhecimento
daquele que nos chamou para a glória e virtude" (2 Pedro 1:3). Agora é a
vez do homem cumprir a sua condição, ou seja, conhecer a Cristo como Senhor
para escapar dos desejos corporais deste mundo.
O
Senhor Jesus Cristo abriu o céu e todos os tesouros do céu e, em seguida,
chamou a humanidade a se aproximar dele para receber esses tesouros. Como Ele
os convida? Apenas por palavras? Em palavras, mas não só palavras, mas também
"nos chamou para a glória e virtude"; glória, isto é, pela Sua
ressurreição gloriosa; virtude, isto é, pela Sua obra miraculosa e sofrimento.
Por isso Ele nos convidou para receber as promessas grandíssimas que, por eles,
podemos participam na natureza de Deus. Mas, para que possamos conhecer a
Cristo e ouvir o Seu convite, devemos primeiro escapar de todos os desejos
físicos do mundo. Se não escapar, então vamos permanecer cegos diante d'Ele,
antes de Sua glória e virtude e surdo ao seu convite!
Ó
irmãos, quão enorme é a misericórdia de Deus para conosco! De acordo com esta
grande misericórdia, Deus oferece a nós mortais a adoção pelo Único Imortal, e
para nós pecadores, ergueu um edifício no Corpo Glorioso de Jesus. Mas, sob uma
única condição, que não é nem um jugo grande nem pesada cruz.
Ó
Senhor Jesus, em Quem se cumprem todas as promessas e Onde reside a fonte de
todo bem, curai-nos de nossa cegueira e surdez e concedei-nos poder para
escapar das paixões do mundo.
Homilia Sobre a Participação Dos Fiéis
Na Natureza De Deus
Por São Nikolai Velimirovic
Aleluia
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Teus
são os Céus e tua é a Terra
fundaste
o mundo e tudo o que ele contém.
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Feliz o
povo que tem o Senhor por seu Deus.
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Mateus
17:1-9
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste,
e os conduziu à parte a um alto monte; 2 e foi transfigurado
diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se
brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias,
falando com ele. 4 Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus:
Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti,
outra para Moisés, e outra para Elias. 5 Estando ele ainda a
falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. 6 Os
discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente
atemorizados. 7 Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse:
Levantai-vos e não temais. 8 E, erguendo eles os olhos, não viram
a ninguém senão a Jesus somente. 9 Enquanto desciam do monte,
Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja
levantado dentre os mortos.
São João de Damasco |
«Uma nuvem luminosa cobriu-os com a sua
sombra» e os
discípulos foram tomados de grande
temor vendo Jesus, o Salvador, com Moisés e Elias na nuvem. Outrora, é certo,
quando Moisés viu Deus, entrou na nuvem divina (Ex 24,18), dando assim a
compreender que a Lei era uma sombra. Escuta o que diz S. Paulo:
«Na verdade, a Lei não era mais do que
sombra dos bens futuros, não a própria realidade» (He 10,1).
Nesse tempo, Israel «não tinha podido
fixar os olhos na glória passageira do rosto de Moisés» (Col 3,7). «Mas
nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor e somos
transformados de uma glória para uma glória ainda maior, pela ação do Senhor
que é Espírito» (v. 18). É por isso que a nuvem que cobriu os discípulos
com a sua sombra não estava cheia de trevas mas de luz. Com efeito, «o
mistério escondido há séculos e através das gerações foi revelado» (Col
1,26) e a glória perpétua e eterna foi manifestada. Eis porque é que Moisés e
Elias, um de cada lado do Salvador, personificavam a Lei e os profetas. Aquele
que a Lei e os profetas anunciavam é, na verdade, Jesus, o dispensador da vida.
Moisés
representa também a assembleia dos santos que outrora adormeceram (Dt 24,5) e
Elias, a dos vivos (2R 2,11), porque Jesus transfigurado é o Senhor dos vivos e
dos mortos. E Moisés entrou finalmente na Terra Prometida porque é Jesus que aí
o conduz. Outrora, Moisés tinha visto apenas de longe a herança prometida (Dt
34,4); hoje vê-a nitidamente.
Homilia da Transfiguração do Senhor, por
São João Damasceno (c. 676-749)
Fonte: Evangelho Cotidiano
Homilia sobre a Transfiguração*
por São Cirilo, Bispo de Alexandria
(380-444).
Jesus subiu à montanha com
os três discípulos que escolheu. Depois foi transfigurado por uma luz
fulgurante e divina, a ponto de as Suas vestes parecerem brilhar como a luz.
Seguidamente, Moisés e Elias envolveram Jesus, falaram entre eles da Sua
partida, que devia acontecer em Jerusalém, quer dizer, do mistério da Sua
incarnação e da Sua Paixão salvadora, que devia concretizar-se na cruz. Porque
é verdade que a lei de Moisés e a pregação dos profetas tinham mostrado
antecipadamente o mistério de Cristo. [...] Esta presença de Moisés e de Elias
e a conversa entre eles tinha como objetivo mostrar que a Lei e os
profetas formavam como que o cortejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor que
tinham profetizado. [...] Depois de terem aparecido não se calavam, falando da
glória de que o Senhor ia ser cumulado em Jerusalém pela Sua Paixão e pela Sua
cruz e, sobretudo, pela Sua ressurreição.
Talvez o bem-aventurado São
Pedro, acreditando que tinha chegado o Reino de Deus, tenha desejado permanecer
na montanha, porque disse que deviam fazer «»três tendas». [...]. Não sabia o
que estava a dizer». Porque ainda não tinha chegado o momento do fim do
mundo e não será no tempo presente que os santos usufruirão da esperança que
lhes foi prometida. É que São Paulo afirma: «Ele transfigurará o nosso pobre corpo,
conformando-o ao Seu corpo glorioso» (Fil 3, 21).
Uma vez que o projecto da
Salvação ainda não estava completo, estando apenas no seu começo, não era
possível que Cristo, que tinha vindo ao mundo por amor, renunciasse a querer
sofrer por ele. Porque Ele manteve a natureza humana para sofrer a morte na Sua
carne, e para a destruir pela Sua ressurreição de entre os mortos.
Kinonikón
(Canto da Comunhão)
Caminharemos,
Senhor,
na luz
da glória de Tua face pelos séculos.
Aleluia,
aleluia, aleluia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário