sexta-feira, 29 de agosto de 2014

12ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

29 de Agosto de 2014 (CC) / 16 de Agosto (CE)
Trasladação de Edessa para Constantinopla da imagem “ Aquiropita” do Nosso Senhor
 Jesus Cristo (944); S. Diomedes, mártir (início do séc. IV).


Segundo a tradição, o primeiro ícone de Jesus Cristo surgiu durante sua vida terrena. Faz-se referência a esta imagem como a «Sagrada Face», ou melhor, «O ícone não feito por mãos humanas». A tradição relata que, durante o tempo do Salvador, Abgar, o governante de Edessa, sofria de lepra. Embora nunca tenha visto o Salvador, Abgar acreditava em Jesus como o Filho de Deus por ter ouvido falar sobre os grandes milagres realizados por ele, e lhe teria escrito uma carta pedindo para que fosse curá-lo, a qual enviou à Palestina através do seu próprio retratista e pintor Ananias, tendo lhe encomendado também um retrato (pintura) do Divino Mestre.  No entanto, quando Ananias chegou a Jerusalém e viu o Senhor, lhe foi impossível aproximar-se dele devido à grande multidão que o cercava. Ao vê-lo, Jesus lhe chamou pelo nome, entregando-lhe uma carta para Abgar na qual fazia elogios à sua grande fé e prometia enviar um de seus discípulos para curá-lo a lepra e guiá-lo à salvação.  O Senhor, em seguida, pediu um lenço e água. Lavou o seu rosto e o enxugou com o lenço, e seu divino semblante ficou plasmado no lenço. Ananias levou a Edessa este lenço e a carta do Salvador. Com muita reverência Abgar recebeu o que Jesus lhe havia enviado e a sua cura foi imediata; apenas um pequeno vestígio da sua terrível aflição permaneceu em seu rosto até a chegada do discípulo prometida pelo Senhor. Este discípulo foi São Tadeu (21 de agosto) um dos dos Setenta Discípulos, que lhe anunciou o Evangelho, batizou o devoto Abgar e todas as pessoas de Edessa.  Esta é, portanto, a tradição sobre a imagem que hoje se venera, como a «Imagem não feita por mãos humanas», a «Sagrada Face»



2 Coríntios 7:10-16

10 Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. 11 Pois vêde quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes nesse negócio. 12 Portanto, ainda que vos escrevi, não foi por causa do que fez o mal, nem por causa do que o sofreu, mas para que fosse manifesto, diante de Deus, o vosso grande cuidado por nós. 13 Por isso temos sido consolados. E em nossa consolação nos alegramos ainda muito mais pela alegria de Tito, porque o seu espírito tem sido recreado por vós todos. 14 Porque, se em alguma coisa me gloriei de vós para com ele, não fiquei envergonhado; mas como vos dissemos tudo com verdade, assim também o louvor que de vós fizemos a Tito se achou verdadeiro. 15 E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor. 16 Regozijo-me porque em tudo tenho confiança em vós.

Marcos 2:18-22

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar; 20 dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar. 21 Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura. 22 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.  


REFLEXÃO

Quando é que os discípulos de Cristo devem jejuar? Quando o Noivo estiver ausente. Embora realmente presente em Espírito entre nós, já por dois mil anos ausente fisicamente. O Noivo nos foi retirado, embora não nos tenha deixado órfãos.

O jejum, conforme ensina a Santa Tradição, além de simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados cometidos, também é um exercício de privação do apetite, dos desejos por saciedade e do prazer oral. Esta privação não é um exercício “de dor pela dor”, mas um treinamento de fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos do corpo, fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha enfraquecida pelo pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da carne, ou seja, é um combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada para Deus. Não é meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta em que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na imagem (semelhança), do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).

Como deve ser praticado o jejum? Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos jejuando.

Em segundo lugar praticando-o, conforme as nossas forças e de acordo com as circunstâncias. Existem três tipos de jejuns: o rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum rigoroso diz respeito a uma total abstinência de comida e bebida, inclusive água. O jejum estrito corresponde à abstinência total de comidas e bebidas, podendo, no entanto, beber água.  E, por fim, o jejum moderado, que consiste numa abstinência de ingestão de produtos animais (carnes, lacticínios e derivados) como também de bebida forte.

Os dois primeiros tipos de jejuns são altamente impróprios para as pessoas desacostumadas a esta pratica, principalmente àquelas que habitam os grandes centros urbanos e necessitam empreender trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão. Estes dois tipos de jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de jejum - quando tiver de ser realizado por um longo período (tal como os períodos Quaresmais), deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente. As pessoas com problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de jejuar, pois afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda perante Deus (1 Cor. 8:8; Col. 2:16).

A Santa Tradição prescreve a todos os Cristãos Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões especiais e próprias) duas vezes por semana (às quartas-feiras e às sextas-feiras); além de um jejum parcial a partir da meia noite do sábado até o final da Divina Liturgia (a qual é celebrada aos domingos pela manhã), a fim de que os preciosos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as primícias de nossa alimentação.

Padre Mateus (Antonio Eça)


«Então jejuarão»

«Dias virão em que o Esposo lhes será retirado; então jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de tristeza e de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos homens; a graça escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo na mão dos seus carrascos, perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos vivos (Is 53, 2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver. Felizes dos que, antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença, interrogá-Lo como queriam e escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos agora ao cumprimento daquilo que Ele disse: «dias virão em que desejareis apenas ver um dos dias do Filho do homem, mas não o vereis» (Luc 17,22)...

Quem não diria com o rei profeta:

«As minhas lágrimas tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde está o teu Deus?"» (Sl 41,4).

Cremos n' Ele, sem dúvida, sentado já à direita do Pai, mas enquanto estivermos neste corpo, estamos longe d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua existência e, mesmo quem a nega dizendo: «Onde está o teu Deus?»...

«Um pouco mais de tempo ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a hora acerca da qual Ele disse: «Vós estareis na tristeza, mas o mundo estará na alegria»... Mas, acrescenta ele, «voltarei a ver-vos e o vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A esperança que nos dá assim, Aquele que É fiel nas suas promessas não nos deixa, desde agora, sem nenhuma alegria – até que venha a alegria sobreabundaste do dia em que nos tornaremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo 3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz (diz Nosso Senhor), sofre, porque chegou a sua hora, mas quando o filho nasce, experimenta uma grande alegria, porque um ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que ninguém poderá tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da concepção presente da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque estamos ainda no dia do parto.

Agostinho, Bispo de Hipona.



ORAÇÃO

Como a corça suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus? As lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o dia: “Onde está o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite cantarei uma prece a Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha alma, e gemes dentro de mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da minha face e meu Deus!”.
Salmo 41(42): 2-4,9,12





17 S. Miro, mártir († c. 250) S. Elias de Enna (it.gr. † 903).
18 Ss. Floro e Lauro, mártires (séc. II).
19 Ss. André, tribuno militar e cc., mártires (fim do séc. III) S. Bartolomeu de Semeri
 († 1130).
20 S. Samuel, profeta (c. 1.010 a.C.).
21 S. Bassa e filhos, mártires (início do séc. IV) S. Tadeu, apóstolo [dos 70] (séc. I).
22 Ss. Agatônico, Zófico e cc., mártires
23 Conclusão da festa da Dorniíção da Mãe de Deus S. Lopo, mártir (séc. IV).
24 S. Eutiques, hieromártir (séc. I).
25 Trasladação das relíquias de S. Bartolomeu, apóstolo (séc. VI) S. Tito, apóstolo [dos 70]
 (séc. I).
26 Ss. Adriano e Natália, sua mulher, mártires (fim do séc. III).
27 S. Pímen, anacoreta († c. 450).
28 S. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV).
29 Degolação de S. João Batista, o Precursor (jejum).
30 Ss. Alexandre († 337), João II († 518) e Paulo († 784), arcebs. de Constantinopla
31 Deposição da preciosa cintura da SS. Mãe de Deus em Xalcopratia (séc. VI).

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