domingo, 22 de março de 2015

Domingo de São João Clímaco

4º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
22 de Março de 2015 (CC) / 09 de Março (CE)
Santos Quarenta Mártires de Sebaste, na Armênia († 322)
8º Modo



MENOLOGION 
(SANTORAL)

São João Clímaco nasceu por volta de 579 e morreu no Egito, no ano 649. Aos 60 anos foi eleito abade do Mosteiro do Sinai. Seu nome "Clímaco" é um codinome derivado da obra escrita em grego, intitulada "Klimax tou Paradeisou". Sua obra ficou tão afamada que rapidamente o autor era referido como "João da Escada" ou, "João Clímaco".

Escreveu esta obra quando ainda era abade. Em 30 capítulos ou 30 degraus, como preferia chamar, explicava quais os vícios perigosos para os monges e quais as grandes virtudes que os distinguiam. O próprio João Clímaco comparava sua obra à escada de Jacó ou também aos 30 anos da vida de Jesus.

A obra encontrou aceitação e rápida divulgação: atesta-se a existência de 33 manuscritos gregos, muitas traduções latinas, siríacas, armênias, eslavas e árabes. Junto à obra, como apêndice, está um importante documento que orienta os abades a exercer santamente sua autoridade dentro do monastério.

Para São João Clímaco, o ideal monástico é uma vida hesycasta onde trava-se uma guerra invisível e constante contra os maus pensamentos para que eles não atrapalhem a vida de oração do monge. Ele era um bom conhecedor dos Antigos Padres - dos solitários do deserto egípcio aos Padres da Palestina. Considerava a vida monástica como necessária para a vida da Igreja, não só como um apostolado, mas como exemplo de vida a ser seguida.

Para João Clímaco, os monges devem influenciar a Igreja por viverem uma vida angelical, embora ainda possuíssem um corpo material e corruptível. Dizia que o chamado à vida monástica é para poucos e não para todos.

Após termos vivido as riquezas da celebração do "Domingo da Venerável e Vivificante Cruz", o domingo posterior nos convida a descobrir os valores da oração, do sacrifício e dos jejuns, tendo como exemplo São João Clímaco. Não é difícil encontrarmos cristãos que pensem que a prática da oração constante e do jejum seja um dever exclusivamente daqueles que abraçaram a vida religiosa.

Parece que num mundo tão materializado, a prática da oração e do jejum são relegados ao esquecimento. A Igreja enfatiza que tais práticas são extensivas a todos os cristãos, pois através delas encontraremos caminhos que nos levam à santidade. Embora a vida monástica não seja para todos, como dizia São João Clímaco, alguns exemplos porém, devem ser seguidos . Entre eles estão a oração e o jejum. Assim dizia a respeito:

«A Oração é o jejum da mente, pois quando rezamos afastamos dela pensamentos mundanos para nos elevar até Deus. O Jejum e a abstinência de certos alimentos é a oração do corpo, pois educamos nossa vontade corporal para se chegar à perfeição espiritual. O jejum refreia a tagarelice. Ele nos fará misericordiosos e dispostos a obedecer; destrói os pensamentos maus e elimina a insensibilidade do coração.O jejum é uma maneira de exprimir o amor e a generosidade; através dele, sacrificam-se os prazeres da terra, para obter as alegrias do céu».

No jejum, o homem fundamenta sua vida em Deus e não em si mesmo. Através de um corpo educado pela vontade, buscamos a Deus Uno e Trino, verdadeiro alimento e verdadeira água viva.

São João Clímaco definia a oração como uma profunda amizade com Deus. O amigo sente necessidade de estar com o seu amigo. Desta forma a saudade de se estar com Deus é amenizada pela oração. A oração é o oxigênio da alma. É o hálito do Espírito Santo que perpassa todo o interior da pessoa.

«Orai sem cessar», dizia São Paulo. Este conselho paulino não pode ser entendido como o afastamento completo de nossas responsabilidades nem como escusa no cumprimento de nossos compromissos. Devemos rezar em nossos momentos de trabalho. Fazer do nosso trabalho um ato de louvor ao Criador é um ideal.

Grandes monges de longa experiência de vida em oração, nos dão algumas orientações para que possamos chegar ao amadurecimento espiritual. Para iniciarmos uma vida de oração são necessários alguns cuidados: devemos esforçar para evitar tudo o que agita o nosso coração, tudo que é causa de falta de atenção, de super excitação, tudo o que desperta as paixões ou nos torna ansiosos. Na medida do possível, devemos nos libertar do barulho, da agitação e da inquietação. Basta termos certeza que a graça de Deus nos é suficiente e a Ele nos entregar.

Não menos importante é nos libertar das inquietações internas: nossa alma deve estar apaziguada, tranqüila e serena. Não podemos nos apresentar diante de Deus para rezar possuindo sentimentos de rancor, ódio, frieza no coração.

São João Clímaco também nos orienta que para se viver uma vida de oração verdadeira é preciso antes sermos obedientes à voz de nossa alma. Devemos obedecer à voz de nossa alma quando nosso corpo exige que se satisfaça suas vontades. A obediência é um instrumento indispensável, na luta contra a própria vontade.

"Ela é a condenação à morte dos membros do nosso corpo, em benefício da vida do espírito. Ela é ainda a sepultura da vontade própria, e a ressurreição da humildade"
(Escada, Degrau 3:3).

Por mais que façamos jejuns e ofereçamos nossa oração a Deus, é necessário termos consciência de que Deus não precisa do nosso jejum, nem tem necessidade da nossa oração. Ele é perfeito, nada lhe falta, e não pode precisar de coisa alguma que nós, suas criaturas, possamos lhe oferecer. Nada temos para lhe dar; mas, diz São João Crisóstomo, «Ele aceita que lhe apresentemos as nossas ofertas, para nossa própria santificação».

A maior oferenda que podemos apresentar ao Senhor, somos nós mesmos; e, só o poderemos fazer, entregando-lhe nossa vontade. Aprendemos isso pela obediência; e aprendemos a obedecer pela prática. Estar ciente destas verdades e ainda assim sermos pessoas de oração e de jejuns significa que o orgulho e a vaidade foram dominados.

A oração é uma das asas que nos erguem para o céu; a outra é a fé. Com uma asa só, não se pode voar: a fé sem a oração é tão vã quanto a oração sem a fé. Mas, se nossa fé for frágil demais, é bom clamarmos: "Senhor, dai-nos a fé!" . Sem a oração, não esperemos encontrar o que tanto procuramos: Deus. A vida de oração é exercitada pela prática constante. Podemos iniciar a passos lentos mas profundos. Cada passo um após o outro deverá ser sinal de progresso na vida espiritual. O tempo é o que menos conta, a qualidade de nossa oração é que faz a diferença.

Quando oramos, nosso "eu" deve calar-se. Segundo São Basílio, nossa oração deve conter quatro elementos: adoração, ação de graças, confissão dos pecados e pedido de salvação. Tanto a oração e o jejum nos auxiliam para a nossa salvação e santificação. A Igreja nos convida a prosseguir nesta caminhada de riquezas que nos fazem sentir encorajados a prosseguir rumo à perfeição. Que Deus nos ilumine e nos dirija nestes santos propósitos.


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Santos 42 Mártires de Sebaste, na Armênia († 322)

Lembramos hoje o testemunho dos quarenta Mártires que deram tão grande testemunho de fé e coragem que Santo Éfrem disse a seu respeito: “Que desculpa poderemos apresentar ao tribunal de Deus, nós, que , livres de perseguição e torturas, deixamos de amar a Deus e trabalhar na salvação de nossas almas?” 
O martírio dos Santos 40 Mártires de Sebaste é uma rica lição de fé cristã, perseverança, sacrifício e amor. A história deste martírio tem início no século 4º, quando os cristãos ainda sofriam perseguição. Em 313 os Imperadores Constantino e Licinio, assinaram o Edito de Milão, que dava a liberdade às religiões para a manifestação pública. 
Próximo ao ano 320, as tropas romanas se estabeleceram na cidade de Sebaste, na Armênia. Entre seus soldados estavam 40 cristãos oriundos da Capadócia (atualmente Turquia). O general romano Agricola os obrigava a prestar culto aos ídolos, porém estes soldados se negavam. Foram então encarcerados e levados como prisioneiros a um lado da cidade de Sebaste. Era inverno e entardecia. Tiraram suas roupas e os puseram sobre o gelo que cobria o lago. O frio imobilizou suas articulações e começaram a se congelar. Na margem do lago havia uma pequena fogueira e só poderia ir até ela para se aquecer quem abjurasse sua fé em Cristo. Durante toda a noite os soldados cristãos suportaram com coragem o frio intenso, consolando-se mutuamente e glorificando a Deus com Salmos e hinos. Quando amanheceu, um dos soldados não suportou a tortura e apressou-se sair do lago, mas antes de chegar próximo à fogueira caiu morto. Logo em seguida, o carcereiro viu que sobre os mártires brilhava uma intensa luz. Agaio, o carcereiro, ficou tão impressionado com aquele milagre que professou sua fé em Cristo. Tirou suas roupas e foi juntar-se aos outros 39 cristãos que estavam dentro do lago congelado. Logo depois, chegaram outros torturadores e observaram que os soldados cristãos não tinham morrido; resolveram então quebrar as suas pernas com martelos e depois lhes atearam fogo. 
Os ossos carbonizados foram lançados em um rio. Três dias depois, o bispo de Sebaste ficou sabendo do ocorrido com os mártires através de uma visão e ordenou que juntassem os ossos dos soldados cristãos e os sepultou solenemente. 
De acordo com registros deste martírio, os nomes dos quarenta soldados eram: Viviano, Cândido, Leôncio, Cláudio, Nicolau, Lisiníaco, Teófilo, Quirão, Donulo, Dominicano, Eunóico, Sisínio, Heráclito, Alexandre, João, Anastásio, Valente, Heliano, Ecdício, Euvico, Acácio, Hélio, Teódulo, Cirilo, Flávio, Severiano, Valério, Cuidão, Prisco, Sacerdão, Etíquio, Êutiques, Esmaragdo, Filotiman, Aécio, Xantete, Angias, Hesíquio, Caio e Gorgônio..  A memória dos 40 mártires de Sebaste  é celebrada solenemente, mesmo que revestida de simplicidade por cair no tempo da Quaresma 
Fonte: Ecclesia
† † 


MATINAS (VIII)

João 20:11-18

11 Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro, 12 e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! - que quer dizer, Mestre. 17 Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. 18 E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! - e que ele lhe dissera estas coisas.   

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Desceste das alturas, ó Misericordioso,
e suportaste o sepulcro por três dias para nos libertar dos sofrimentos.
Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a Ti!

Kondáquion da Ressurreição
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos
e levantaste Adão;
Eva se regozija com a tua Ressurreição,
e exultam de alegria os confins da terra, ó Misericordioso! 

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos...

Tropárion Próprio
Pela abundância de tuas lágrimas,
o deserto estéril tornou-se fértil
e pela tua profunda compunção, 
tuas obras produziram o cêntuplo.
Tornaste-te assim, para o universo, um astro brilhante
pelos milagres, ó nosso justo pai João.
Intercede, pois, ao Cristo Deus, 
pela salvação de nossas almas.

Tropárion dos 42 Mártires Modo 1
Unidos pela Fé celebremos a  Santa Congregação,
Aos nobres Guerreiros do Mestre de todos;
os quais por Cristo Divinamente convocados
passaram pelo fogo e pela água
Àqueles que suplicam pelo refrigério das almas que exclamam: 
Glória Ao que vos fortaleceu!
Glória Àquele que vos coroou!
Glória Ao que por vós, operou grandes maravilhas, ó 42 Santos Mártires!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Kondakion de São João Clímaco
Ofereceste-nos os teus ensinamentos
como frutos sempre maduros,
que deleitam os corações
dos que os ouvem com atenção,
ó sábio e bem-aventurado!
São eles, com efeito, uma escada
que conduz para a celeste glória
as almas dos que te honram com fé.

Kondáquion dos 42 Mártires Modo 6
Vós abandonastes os exércitos terrestres,
ó Quarenta Mártires do Senhor,
clivagem do Mestre Celestial.
Depois de passar pelo fogo e pela água,
recebestes a devida glória celeste e suas muitas coroas.

Theotokion
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem,
sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte
venceste a morte, como Deus, revelando a Ressurreição;
não abandones a nós, criaturas de Tuas
mãos! Mostra a Tua bondade pela humanidade,
atende as preces da Tua Mãe, que roga por nós, ó/Misericordioso,
e salva, ó Salvador, nosso povo desolado!

Prokímenon

Deus é admirável nos Seus santos,
o Deus de Israel.

Bendizei o Senhor nas vossas assembleias,
Bendizei o Senhor, Filhos de Israel.


EPÍSTOLA (EFÉSIOS 5:9-19)

9 (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); 10 Aprovando o que é agradável ao Senhor. 11 E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. 12 Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. 13 Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. 14 Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. 15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, 16 Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. 17 Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. 18 E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; 19 Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; 

Mateus 4:25 - 5:12

25 E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.
1 E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,

cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, 

e celebremo-lo com salmos! 


Aleluia, aleluia, aleluia!

Hirmos
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação. 
A assembleia dos anjos e o gênero humano te glorificam,
ó templo santificado, paraíso espiritual e glória das virgens,
na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho
Aquele que é nosso Deus antes dos séculos.
Porque fez de teu seio um trono
e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus.
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!







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