2º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
08 de Março de 2015 (CC) - 23 de Fevereiro (CE)
São Policarpo, bispo de Esmirna, hieromártir (†155)
6º Modo
Policarpo teve a felicidade de conhecer e abraçar a fé cristã ainda menino, tendo sido instruído pelos próprios apóstolos, em particular, por São João, o Teólogo quem, mais tarde, o nomeou Bispo de Esmirna, cidade da Ásia Menor. Acredita-se que dele fala Nosso Senhor Jesus Cristo no segundo capítulo do Livro do Apocalipse, quando disse ao anjo: «Eu sei que padeces e que és muito pobre; contudo, és muito rico, pois és objeto de murmuração daqueles que se chamam judeus, e não os são, pois formam a sinagoga de satanás; não temas, pois, que que tens a padecer. Sê fiel até a morte que te darei a coroa da vida»
Policarpo governou a Igreja de Esmirna por quarenta anos. O resplendor de suas virtudes o projetava como a cabeça e primeiro de todos os bispos da Ásia; era ainda venerado por todos os fiéis a ponto de não deixarem ele mesmo tirar seus sapados ou sandálias, apressando por fazê-lo para ter o privilégio de tocá-lo. Policarpo conquistou e formou muitos discípulos, do mesmo modo como ele próprio havia sido tratado pelos apóstolos. Santo Irineu, bispo de Lião, na França, foi um deles. Diz o santo: «Tenho ainda muito presente a sobriedade de seus passos, a majestade de seu semblante, a pureza de sua vida e suas santas exortações com as quais alimentava seu povo. Parece-me ainda hoje escutá-lo dizer como havia conversado com São João, e com outros que também tinham visto Nosso Senhor Jesus Cristo, as palavras que ouviu e as particularidades que haviam lhe ensinado sobre os milagres e a doutrina deste divino Salvador». Tudo o que dizia era perfeitamente de acordo com as Sagradas Escrituras, como referido pelos que haviam sido testemunhas oculares do Verbo, e da Palavra de Vida.Seu zelo pela pureza da fé era tal, segundo afirma o mesmo Santo Irineu, que quando algum erro era dito em sua presença, tapava seus ouvidos e dizia: «Para que tempo me reservaste?» E fugia imediatamente.
Após o martírio de São Germânico e de outros mártires, o povo de Esmirna começou a reagir com irritação: «Que os ímpios sejam exterminados! Que tragam Policarpo!» – Haviam escondido o santo bispo numa casa de campo, mas os que o buscavam conseguiram encontrá-lo. O santo encontrava-se num aposento, no alto, e teria conseguido se salvar se quisesse, mas se recusou, reagindo com estas palavras: «Faça-se a vontade de Deus». Os soldados, vendo sua idade e firmeza, não se atreviam a cumprir a missão. O santo então pediu para que lhe preparassem a ceia e que lhe dessem uma hora para rezar em liberdade. Tendo sido concedido, cheio da graça de Deus orou de pé por duas horas pedindo por todos os seus conhecidos e encomendando a Deus a sua Igreja.
Assim que chegaram à cidade, apresentaram-no ao governador da província que lhe interrogou se era mesmo Policarpo. Ele respondeu que sim. O magistrado então o instou a que renunciasse sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Policarpo lhe respondeu: «Eu já o sirvo há oitenta e seis anos, e nunca me fez nenhum algum. Como poderia blasfemar contra meu Rei que me salvou? » O pró cônsul continuava a lhe escutar: «Ao que parece, dissimulas conhecer-me? Disse-lhe Policarpo. «Pois eu te declaro que sou cristão e, se queres instruir-te na doutrina dos cristãos, diga-me quando podes ouvir-me, e eu te ensinarei». O pró cônsul reagiu: «Enganas o povo». Disse-lhe Policarpo: «Pelo que te cabe, é justo responder-te: porque temos apreendido a respeitar os magistrados e a prestar às potestades estabelecidas por Deus a devida honra. Pois veja este povo que não merece que eu me justifique em sua presença». O pró cônsul o ameaçou de ordenar que fosse jogado às feras. A resposta de São Policarpo foi que, a ele seria de mais vantagem passar dos suplícios à perfeita justiça. «Pois, já que não temes as feras, ordenarei que sejas queimado vivo por tua desobediência». O santo lhe respondeu: «Ameaças com um fogo que, em algum momento, se apagará porque não conheces o fogo eterno que está reservado aos ímpios. Mas, o que te detém? Faça logo o que queres». Irritado, o pró cônsul o condenou que fosse atirado ao fogo. Policarpo então desnudou-se a si mesmo e, como quisessem amarrá-lo a um poste, disse: «Deixe-me que assim terei mais força para padecer no fogo e a graça de deixará permanecer imóvel sobre a fogueira, sem necessidade dos cravos». Contentaram-se, pois, com amarrar-lhe as mãos às suas costas. Assim, elevou os olhos aos céus, deu graças à Santíssima Trindade pela honra de ser um dos mártires por Nosso Senhor Jesus Cristo, e lhe suplicou que o recebesse qual sacrifício de agradável aroma. Terminada sua oração, acenderam o fogo; mas, ao invés de as chamas consumirem seu corpo, o rodearam formando como que uma muralha de proteção, e de seu corpo exalava um suave perfume. Ainda mais irritados por este milagre, os pagãos o partiram com uma espada. O sangue que verteu do ferimento foi suficiente para apagar o fogo. Assim, São Policarpo chegou ao fim de seu sacrifício e de sua vida terrena.
Fonte: Ecclesia
MATINAS (VI)
Lucas 24:36-53
36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. 37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. 38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações? 39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer? 42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado, 43 o qual ele tomou e comeu diante deles. 44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; 47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois testemunhas destas coisas. 49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. 50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou. 51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu. 52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém; 53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição
Enquanto Maria estava diante do sepulcro
à procura de Teu imaculado Corpo,
os anjos apareceram em teu túmulo
e as sentinelas desfaleceram.
Sem ser vencido pela morte,
submeteste ao Teu domínio o reino dos mortos,
e vieste ao encontro da Virgem revelando a vida.
Senhor que ressurgistes dos mortos, glória a Ti!
Kondáquion da Ressurreição
Levantando com Sua vivificante mão
todos os mortos dos vales tenebrosos,
Cristo Deus, Doador da vida,
quis conceder a Ressurreição ao gênero humano;
pois Ele é o Salvador, a Ressurreição, a Vida e o Deus de todos.
Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos...
Tropárion Próprio (Modo 4 Plagal)
Luminar da Ortodoxia, pilar e doutor da Igreja,
ornamento dos monges e campeão irrefutável dos teólogos,
ó São Gregório taumaturgo, glória de Tessalônica e pregador da Graça,
roga sem cessar pela salvação de nossas almas!
Glória ao Pai † e ao Filho e ao Espírito Santo...
Kondakion Próprio
Os Mártires de Cristo mortificaram pela temperança
a rebelião das paixões e desejos abrasados;
por causa disto receberam o dom de curar os doentes
e de fazer milagres durante a vida e depois da morte.
Que maravilha realmente prodigiosa:
de ossos descarnados jorram as curas!
Glória, pois, ao nosso único Deus!
Theotokion
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Clamando com a Tua bendita Mãe,
voluntariamente, viste padecer, irradiando na cruz,
desejaste encontrar Adão, dizendo aos anjos:
Alegrem-se comigo, porque foi encontrado o dracma perdido,
Deus nosso, que com sabedoria tudo consolidaste, glória a Ti!
Prokímenon
Salva, Senhor, o teu povo
e abençoa a Tua herança. (Sl 28, 9)
Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo
presta ouvido aos meus rogos. (Sl 28, 1)
EPÍSTOLA (HEBREUS) 1:10-2:3
10 e: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; 11 eles perecerão, mas tu permaneces; e todos eles, como roupa, envelhecerão, 12 e qual um manto os enrolarás, e como roupa se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 Mas a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação? 1 Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2 Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, 3 como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi- nos depois confirmada pelos que a ouviram...
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo
e vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 91, 1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção,
sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 91, 2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Marcos 2:1-12
1 Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa. 2 Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra. 3 Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; 4 e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5 E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. 6 Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7 Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? 8 Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? 9 Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? 10 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), 11 a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. 12 Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.
O DOMINGO DE SÃO GREGÓRIO PALAMÁS
Ou Domingo das Santas Relíquias
O segundo domingo da Grande Quaresma é chamado “Domingo de Gregório Palamas” em honra a São Gregório Palamas (1296 — 1359) que foi um monge do Monte Athos, Grécia, e, posteriormente, arcebispo de Salônica, conhecido como o preeminente mestre do Hesicasmo e alguns de seus escritos são encontrados na Filocalia.
Palamas foi, a princípio, requisitado pelos seus colegas monges do Monte Athos a defendê-los das acusações de Barlaão de Seminara. Barlaão acreditava que os filósofos tinham maior conhecimento acerca de Deus do que os místicos, além de valorizar mais a educação e aprendizado do que orações meditativas (como a Oração de Jesus, muito utilizada pelos hesicastas). Dessa forma, ele acreditava que os monges de Monte Athos estariam perdendo seu tempo meditando enquanto deveriam estar estudando. Gregório dizia que os profetas tinham sim maior conhecimento acerca de Deus, uma vez que eles já O haviam visto ou ouvido.
Discorrendo acerca da questão de como é possível para humanos terem conhecimento de um transcendental e irreconhecível Deus, ele desenvolveu uma distinção entre conhecê-Lo em sua essência (em grego, ousia) de conhecê-Lo em suas energias (no grego, energeiai), apesar de obras ou atividades serem melhores traduções ao português, uma vez que evitam a conotação esotérica que a palavra energias adquiriu com o tempo. Ele sustentava a doutrina ortodoxa que é impossível conhecer Deus em Sua essência (saber quem é Deus, de facto), mas é possível conhecê-Lo em Suas energias (saber o que Deus faz e quem Ele é em relação à criação e ao homem), uma vez que é a forma pela qual Ele se revela à humanidade. Assim sendo, ele faz referências aos Padres Capadócios e outros escritores cristãos e Pais da Igreja.
Palamas ainda defende que quando Pedro, Tiago e João testemunharam a Transfiguração de Jesus no Monte Tabor, eles estavam, na verdade, vendo a luz de Deus (chamada, por isso, de Luz de Tabor) e que é possível a outros o direito a ver a mesma luz com o auxílio de certas disciplinas espirituais e meditações, ainda que não seja uma maneira mecânica ou automática.
A veneração às relíquias de santos cristãos teve inicio no culto aos mártires do inicio do cristianismo que eram vistos como símbolo do sofrimento, da morte e da vitória do Cristo. No santo mártir, a fé por Cristo ganhava forma; era uma realidade próxima, possível de ser imitada. Por isso restos dos corpos desses mártires e objetos que lhes pertenciam eram venerados com respeito e devoção pelos cristãos da Igreja perseguida, pois, não negando a fé no Ressuscitado, derramaram seu sangue por Ele, O testemunhavam com sua vida.
Após o Edito de Milão, quando a Igreja deixou de ser perseguida, essas relíquias dos primeiros santos mártires eram colocadas em altares para veneração. Tempos depois as relíquias eram incrustadas no Altar principal, onde se celebrava a Sagrada Liturgia.
O Altar é o símbolo do Cristo, Pedra Vida e Pedra Fundamental da Igreja . Da mesma forma que as relíquias estavam unidas ao Altar, o mártir estava unido ao Corpo Místico de Cristo de modo inseparável, pelo martírio e pela santidade de vida.
Na cerimônia Litúrgica de Consagração de uma nova Igreja ou de um novo Altar, as relíquias de um santo são colocadas naquela Igreja para veneração dos fiéis, lembrando também o primitivo costume da celebração eucarística nas catacumbas, na época da Igreja perseguida.
Neste Segundo Domingo da Quaresma, após venerarmos os santos Ícones, a Igreja do Oriente dá às santas relíquias, a mesma dignidade, honra, devoção e respeito. Os santos ícones unidos às santas relíquias são venerados pela Igreja pois são vistos pelos cristãos como testemunhas vivas da sua fé.
A devoção aos santos ícones e às santas relíquias são pois, um convite para que vivamos a Quaresma santificando nossa vida. Ela é vista como um estímulo, um convite insistente para que não esqueçamos de nossa vocação primeira: sermos santos como nosso Pai é Santo.
Encontramos relatos extraordinários de curas e milagres graças à intercessão de um santo cujas relíquias foram tocadas. As relíquias dos santos na Igreja são testemunhas do possível: a santidade nos é possível. Venerar relíquias de pessoas que viveram santamente a sua fé nos dá coragem e ânimo.
A Quaresma nos convida, através das santas relíquias, a trilharmos o caminho da caridade, do amor e do perdão. Hoje são veneradas as relíquias não só de mártires mas de todos os que amaram a Cristo em sua vida cotidiana. Ser santo é viver sua fé de maneira simples mas verdadeira. A sinceridade de nossa vida rumo à santidade nos encaminha à perfeição. A perfeição de uma vida vivida na caridade, no desapego, na solidariedade e filantropia é causa de admiração e imitação.
Muitos são os que viajam para lugares distantes para ver e, se possível, tocar as relíquias em algum lugar sagrado. As peregrinações a estes lugares já são registradas desde o inicio do cristianismo, principalmente em Jerusalém.
Nós fiéis acreditamos que ao venerarmos estas relíquias estamos testemunhando a presença do Cristo na história dos homens e mulheres simples. O santo arrasta atrás de si milhares de pessoas, e em alguns casos, não só após a morte, mas já durante sua vida..
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