sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

29ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

14 de Dezembro de 2017 (CC) / 01 de Dezembro (CE)
Ss Profeta Naum (séc. VII a.C.); 
Filaret, o Misericordioso; Teocleto de Lacedemonia
Jejum da Natividade
Modo 3


Também chamado de Elcosiano (em hebraico “elgoshi”) o que provavelmente indica o nome de seu pai. A família de Naum era originária de uma aldeia que mais tarde recebeu o nome do profeta, em sua homenagem. No Evangelho, Cafarnaum é mencionada para designar a aldeia de Naum, na parte norte do Lago da Galiléia. Depois da destruição do Reino de Israel pelos assírios (722 a.C) os descendentes de Naum se mudaram para Judá, onde iniciou seu serviço profético, no inicio do século VII a.C. 
No terceiro capitulo de seu Livro, Naum fala principalmente do castigo de Nínive, a capital da Assíria. No passado, Nínive sentiu o peso da mão de Deus, pelo castigo, para que o povo hebreu voltasse a razão. Por isso Isaias chamava a Assiria: 
“Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos (Is 10-5,15).  
Naum descreve em imagens muito reais o castigo dos hebreu pelos assírios: 
«O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Ele repreende ao mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e o Carmelo, e a flor do Líbano murcha. Os montes tremem perante Ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam. Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas. O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele» (Na 1:3-7).  
Duzentos anos antes, na época do Profeta Jonas, Nínive, a capital da Assíria, foi perdoada por Deus, mediante a penitência e o arrependimento de seu povo. Depois disso, a Assíria começou a crescer e a progredir rapidamente. Embriagados por suas conquistas, os assírios tornaram-se muito arrogantes e cruéis com os povos vizinhos. Em seu livro, Naum descreve a situação moral da Nínive contemporânea como uma cidade de sangue e traição. No futuro castigo, o profeta prediz o que a cidade iria sofrer como conseqüência de todo sangue derramado. Até então a Nínive invencível, foi submetida pelo Imperador Nabopolasar da Babilônia, no ano de 612 a.C. Sua destruição e aniquilamento foram escritos por Heródoto, Dióscoro da Sicilia e outros escritores gregos. 
Assim, como profetizou Naum, Nínive, depois de sua destruição desapareceu da face da terra. O profeta surpreso pergunta:  
«Onde está agora o covil dos leões, e as pastagens dos leõezinhos, onde passeava o leão velho, e o filhote do leão, sem haver ninguém que os espantasse? O leão arrebatava o que bastava para os seus filhotes, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e os seus covis de rapina» (Na 2, 11-12).  
Efetivamente, durante 2 mil anos a cidade de Nínive foi esquecida, não se sabendo o local exato onde estava situada. Somente, no século XIX, foram encontrados sítios arqueológicos de Nínive pelas escavações feitas por Rawlinson e outros arqueólogos. Tais descobertas arqueológicas testificam a verdade e a surpreendente exatidão das profecias de Naum.

Tropárion do Santo Profeta Naum Modo II
Celebramos, Senhor, a memória do Teu profeta Naum
e por ele nos aproximamos de Ti para suplicar-Te:
Salve as nossas almas!

Kontákion do Profeta Naum Modo II
Teu coração puro, iluminado pelo Espírito
tornou-se a habitação da mais esplendorosa profecia;
pelo que enxergastes eventos ainda longínquos como se já fossem próximos
Por isto nós te honramos, ó mui abençoado e glorioso Profeta Naum. 
† † †  
São Filaret, o Misericordioso   
Filaret era da aldeia de Amnia, em Paphlagonia. Logo cedo, Filaret tornou-se um homem muito rico, mas, de tanto dar esmolas aos pobres, ele mesmo ficou extremamente pobre. No entanto, não tinha medo da pobreza, e, não dando ouvidos às reclamações de sua esposa e filhos, continuava suas obras de caridade com esperança em Deus, que disse: 
«Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia» (Mateus 5: 7). 
Uma vez, enquanto estava arando no campo, um homem veio até ele e se queixou de que um dos seus bois tivesse morrido no chicote e que ele era incapaz de arar com apenas um boi. Filaret, então, pegou um de seus bois e o deu ao homem. Fez o mesmo com o cavalo que lhe havia restado, doando a um homem que foi convocado para ir à guerra. Também doou o bezerro de sua última vaca, e quando viu como a vaca sofria com a falta do bezerro, e o bezerro sofria por não estar com a vaca, chamou o homem e lhe deu a vaca também. E, assim, Filaret foi ficando sem comida em uma casa vazia. Mas ele orou a Deus e colocou sua esperança Nele. E Deus não deixa o justo ser envergonhado em sua esperança. 
Naquela época, a Imperatriz Irene reinava com seu filho, Constantino. De acordo com o costume da época, a Imperatriz enviava homens por todo o império para procurar a melhor e mais ilustre donzela a quem ela poderia casar com seu filho, o Imperador. Pela providência de Deus, estes homens passaram a noite na casa de Filaret, e viram a sua mais linda e modesta neta Maria, a filha de sua filha Hypatia, e a levou para Constantinopla. O Imperador dela se agradou, e se casou com ela; então, Filaret e toda a sua família se mudaram para a capital, onde receberam grandes honrarias e riquezas. Filaret não se tornou orgulhoso como um resultado desta boa fortuna inesperada, mas, graças a Deus, ele continuou a realizar boas obras ainda mais do que antes, e, assim, continuou até sua morte. 
Com a idade de noventa anos, convocou seus filhos, os abençoou, e os instruiu a se apegarem a Deus e à lei de Deus, e com o seu espírito clarividente profetizou a todos, revelando-lhes como eles iriam viver esta vida, tal como uma vez o fizera Jacó com seus filhos. Depois, foi para o Mosteiro Rodolfia e entregou a alma a Deus. Na sua morte, seu rosto resplandecia como o sol, e após sua morte, uma fragrância doce incomum saía de seu corpo e milagres aconteceram em suas relíquias. Este homem justo entrou no descanso Divino no ano 797 dC. Sua esposa, Theosevia, e todos os seus filhos e netos viveram uma vida agradável a Deus e repousaram no Senhor. 

Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Hebreus 7:18-25

Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus. E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque, de tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Lucas 20:19-26 

E os principais dos sacerdotes e os escribas procuravam lançar mão dele naquela mesma hora; mas temeram o povo; porque entenderam que contra eles dissera esta parábola. E, observando-o, mandaram   espias, que se fingissem justos, para o apanharem nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente. E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não? E, entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais? Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, maravilhados da sua resposta, calaram-se.

† † †

COMENTÁRIOS


“O Que Deus Te Pede? Sua imagem”

Buscas a imagem de Deus? Você a tem em si mesmo; o artífice não pode fazer a imagem de Deus, mas Deus pode fazer uma imagem de si mesmo. Não fez outro distinto de ti mesmo, mas que te fez a ti a sua imagem. Adorando, pois, a imagem de homem que o artífice fez, profana a imagem de Deus, que Deus imprimiu em ti mesmo. Portanto, quando te chama para que voltes, quer devolver-te aquela imagem que tu, esfregando-a em certo modo com a ambição terrena, perdeste e obscureceste.

Daqui procede, irmãos, que Deus busque a sua imagem em nós. Isto foi o que recordou àqueles judeus que lhe apresentaram uma moeda. Quando lhe disseram: Senhor, é lícito pagar tributo a César?, sua primeira intenção era tentar-lhe; se dizia “é lícito”, seria acusado de querer que Israel vivesse sob maldição, ao querer que estivesse submetido a tributo, que estivesse sob o jugo de outro rei e pagasse impostos; se, porém, dizia “não é lícito pagar tributo”, lhe acusariam de ordenar algo contra o César e de ser o causante de que não pagassem os impostos devidos enquanto povo submetido.

Conheceu que lhe tentavam; conheceu, por assim dizer, a verdade para a falsidade e com poucas palavras deixou exposta a mentira procedente da boca dos mentirosos. Não emitiu a sentença contra eles por sua boca, mas deixou que eles mesmos a emitissem contra si, segundo o que está escrito: Por tuas palavras serás declarado justo e por elas declarado inocente. Por que me tentais, hipócritas?, ele lhes disse.

Mostrai-me a moeda. Mostraram-na para ele. De quem, disse, é a imagem e a inscrição? Responderam: De César. E ele: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Como César busca a sua imagem em sua moeda, assim Deus busca a sua em tua alma. Dai a César, disse, o que é de César. O que César te pede? Sua imagem. O que Deus te pede? Sua imagem. Porém, a do César está na moeda, a de Deus está em ti. Se alguma vez perdes uma moeda, choras porque perdeste a imagem do César; e não choras quando adoras um ídolo sabendo que fazes uma injúria à imagem de Deus que reside em ti?

“1) Santo Agostinho, bispo de Hypona (séc. V)

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“Para que Todos Levem Uma Vida Pacífica e Tranquila”

É preciso submeter-se não somente por temor do castigo, mas por consciência. O que significa isto de “não somente por temor?” Pois que além de obedecer – porque, caso contrário, te oporias a Deus e acarretarias sobre ti os castigos divinos e humanos –, deves fazê-lo porque a autoridade te é enormemente útil, já que te proporciona a paz e a administração política. A sociedade alcança inumeráveis bens graças aos seus chefes, e se desaparecessem tudo cairia. Não poderiam subsistir nem as cidades, nem as aldeias, nem mesmo as casas; nem o foro; nada se manteria de pé, tudo seria derrubado, pois os poderosos devorariam aos fracos. Portanto, mesmo que não existisse o temor ao castigo infligido ao desobediente, deverias submeter-te para não aparecer sem consciência nem gratidão para com o teu benfeitor.

Pela mesma razão, pagais impostos; os funcionários que os recolhem fazem-no como ministros de Deus. São Paulo expõe duas razões: a primeira, destinada a todos, cristãos ou gentios; a segunda, aos cristãos. Na realidade, todos os benefícios proporcionados pela autoridade, como a ordem, a paz, os serviços, as tropas, os ofícios comuns..., são assegurados e reconhecidos pagando os tributos. É necessário que o povo saiba os bens que recebe do Estado, para que contribua ao bem-estar do príncipe, e que também é justo que aqueles que dedicam sua vida a proteger a nossa estejam favorecidos decentemente por meio destas contribuições.

Expostas estas razões, úteis inclusive aos gentios, São Paulo atende aos cristãos e acrescenta outra: porque são ministros de Deus dedicados a isso. Esta é a sua vida e ocupação, que tu desfrutes da paz, e por isso em outra epístola te ordena que, além de lhes estar submetido, reze por eles, acrescentando: para que todos levem uma vida pacífica e tranquila.

Não me digas que alguns abusam de seu poder, pois o que deves observar é o bem desta constituição das coisas, e então repararás a grande sabedoria da lei que o ordenou assim desde o princípio.

Dai a cada um o que lhe é devido: seja imposto, seja taxa. Dai-lhes não somente dinheiro, mas também respeito e temor, um temor que não é medo, mas consideração. E não creias que isso te desonra, porque se o dás àquele que representa a Deus, é a Ele quem honras quando ao chegar ao príncipe te põe de pé e te descobres. E se isto o manda São Paulo tratando-se dos príncipes gentios, com muito mais cuidado há que observá-lo agora entre cristãos.

Não penses se és mais ou menos virtuoso. Não é tempo disso. Nossa vida está escondida em Cristo, em cuja aparição brilharemos todos em glória; por agora te apresenta sempre com temor diante do príncipe, pois Deus quer que este, criado por Ele, receba toda a sua fortaleza.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V)

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