11 de Dezembro de 2018 (CC) / 28 de Novembro (CE)
Santo Mártir Estevão, o Novo Confessor, monge († 764); Mártir Irenarco e 7 mulheres Mártires
Jejum da Natividade
Modo 3
Um dos mais célebres mártires da perseguição iconoclasta, Santo Estevão, o Jovem, nasceu em Constantinopla. Aos 15 anos foi confiado por seus pais aos monges do Monastério de Santo Auxêncio, não muito distante de Calcedônia. Lá recebeu o ofício de comprar as provisões para o monastério. Quando seu pai faleceu, Estevão precisou ir à Constantinopla. Lá, aproveitou para vender todas as suas posses, repartindo com os pobres o dinheiro resultante da venda. Uma de suas irmãs já era religiosa. A outra partiu para Bitínia com sua mãe, retirando-se, ambas, num monastério. Ao morrer o abade João. Estêvão, com apenas 30 anos, foi eleito para sucedê-lo em seu posto. O monastério era constituído por uma série de celas isoladas, espalhadas pela montanha. O novo abade se estabeleceu numa caverna localizada em seu topo. Ali, uniu trabalho e oração, ocupando-se em copiar livros e confeccionar redes. Alguns anos mais tarde, Estevão renunciou ao cargo e, num lugar ainda mais retirado construiu uma cela tão pequena que, sequer podia estar de pé em seu interior nem se deitar sem se encostar em suas paredes. Encerrou-se nesta espécie de sepulcro até seus 42 anos de idade.
O Imperador Constantino Coprônimo, seguiu com as perseguições que se pai Leo havia declarado às imagens. Como já era de se esperar, encontrou nos monastérios a oposição mais forte que podia esperar, e contra eles, portanto, adotou as medidas mais rigorosas. O Imperador estava tentando assinar o decreto promulgado pelos bispos no sínodo iconoclasta de 754 dC. Patrício Calixto fez uma tentativa de convencer o santo a assiná-lo, mas fracassou na empresa. Constantino, furioso ao ver a assinatura de Santo Estêvão, enviou Calixto com um grupo de soldados para que arrancassem o santo de sua cela e o conduzisse à prisão. Estêvão achava-se já tão exausto, que os soldados tiveram de carrega-lo até o topo da montanha. Algumas testemunhas acusaram Santo Estêvão de ter vivido com sua filha espiritual, a santa viúva Anna. Anna protestou, afirmando sua inocência e, tendo negado a testemunhar contra o santo, como lhe pedia o Imperador, foi encarcerada num monastério onde morreu pouco depois em decorrência dos maus tratos sofridos.
O Imperador, que buscava um novo pretexto para condenar Estêvão à morte, surpreendeu-lhe quando conferia o hábito a um noviço, o que estava proibido. Imediatamente os soldados dispersaram os monges e incendiaram o monastério e a igreja. Santo Estêvão foi aprisionado e conduzido num navio a um monastério de Crisópolis onde foi julgado por Calixto e alguns outros bispos. No início, foi tratado com cordialidade, não tardando, porém, a ser maltratado com brutalidade. O santo lhes perguntou como se atreviam qualificar de ecumênico um concílio não aprovado por outros patriarcas, defendendo com coragem e firmeza a veneração das imagens sagradas. Por isso, foi desterrado para a Ilha de Proconeso de Propôntide. Dois anos mais tarde, Constantino Coprônimo mandou que fosse transferido para uma prisão em Constantinpla. Alguns dias depois Santo Estêvão comparecia diante do Imperador que lhe perguntou se acreditava mesmo que pisotear uma imagem era o mesmo que pisotear Cristo. Estevão respondeu:
«Claro que não!»E tomando uma moeda perguntou ao Imperador que castigo merecia o que pisoteasse a imagem do Imperador que havia nela. Só pensar num crime desta natureza provocou visível indignação no Imperador. Então, Estêvão voltou a perguntá-lo:
«De modo que, é crime insultar a imagem do rei da terra, mas não o é atear fogo às imagens do Rei do Céu?»O Imperador então ordenou que Estêvão fosse açoitado, o que seus carrascos cumpriram com violência extrema. Sabendo que Estêvão não tinha morrido no suplício, Constantino exclamou:
«Será que não existe quem seja capaz de me livrar desse monge?»Imediatamente um dos que estavam presentes correu ao cárcere e arrastou o santo pelas ruas da cidade, sendo apedrejado e açoitado pela multidão, até que um homem atingiu sua cabeça, destrocando-a mortalmente.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse:Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar:Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência, determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações. Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.
Lucas 19:45-48
E, entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam, dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores. E todos os dias ensinava no templo; mas os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo. E não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.
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COMENTÁRIO
“Somos as pedras vivas com as quais se edifica o templo de Deus”
Com frequência temos advertido a vossa caridade que não devemos considerar os salmos como a voz isolada de um homem que canta, mas como a voz de todos aqueles que estão no Corpo de Cristo. E como no Corpo de Cristo estão todos, fala como um só homem, pois ele é ao mesmo tempo um e muitos. São muitos se considerados isoladamente; mas são um naquele que é um. Ele também é o templo de Deus do qual falou o apóstolo: O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós: todos os que creem em Cristo e, crendo, amam. Pois nisto consiste crer em Cristo: Em amar a Cristo; não como os demônios, que criam, porém não amavam. Por isso, apesar de crer, diziam: "O que nós temos contigo, Filho de Deus?" Nós, por outro lado, creiamos de tal forma que, crendo nele, lhe amemos e não digamos: o que nós temos contigo?, mas digamos melhor: “A Ti pertencemos, tu nos redimiste”.
Realmente, todos quantos assim creem são como as pedras vivas com as quais se edifica o templo de Deus, e como a madeira incorruptível com a qual se construiu aquela arca que o dilúvio não conseguiu submergir. Este é o templo – isto é, os próprios homens – em que se roga a Deus e ele escuta. Somente ao que ora no templo de Deus lhe é dado ser escutado para a vida eterna. E ora no templo de Deus o que ora na paz da Igreja, na unidade do Corpo de Cristo. Este corpo de Cristo consta de uma multidão de crentes espalhados por todo o mundo; e por isso é escutado o que ora no templo. Ora, pois, no espírito e na verdade o que ora na paz da Igreja, não naquele templo que era somente uma figura.
Em nível de imagem, o Senhor expulsou do templo aos que no templo buscavam seu próprio interesse, ou seja, os que iam ao templo para comprar e vender. Agora, se aquele templo era uma imagem, é evidente que também no Corpo de Cristo – que é o verdadeiro templo do qual o outro era uma imagem – existe uma miscelânea de compradores e vendedores, isto é, gente que busca seu interesse, e não o de Jesus Cristo. E visto que os homens são açoitados por seus próprios pecados, o Senhor fez um açoite de cordas e expulsou do templo a todos os que buscavam seus interesses, e não os de Jesus Cristo.
Pois bem, a voz deste templo é a que ressoa no salmo. Neste templo – e não no templo material – se roga a Deus, como vos disse, e Deus escuta em espírito e verdade. Aquele templo era uma sombra, imagem do que haveria de vir. Por isso aquele templo já foi destruído. Isto quer dizer que foi derrubada nossa casa de oração? De forma alguma. Pois aquele templo que foi derrubado não pode ser chamado casa de oração, e do qual se disse: Minha casa é casa de oração, e assim será chamada por todos os povos. E escutastes o que disse: Minha casa é casa de oração, e assim será chamada por todos os povos. E escutastes o que disse nosso Senhor Jesus Cristo: Está escrito: Minha casa é casa de oração para todos os povos; porém vós a convertestes em uma cova de ladrões.
Por acaso os que pretenderam converter a casa de Deus em uma cova de ladrões conseguiram destruir o templo? Da mesma maneira, os que vivem mal na Igreja Católica, naquilo que deles depende, querem converter a casa de Deus em uma cova de ladrões; porém, nem por isso destroem o templo. Mas chegará o dia em que, com o açoite trançado com seus pecados, serão precipitados fora. Pelo contrário, este templo de Deus, este Corpo de Cristo, esta assembleia de fiéis têm uma só voz, e canta no salmo como um só homem... Se queremos, é nossa voz; se queremos, com o ouvido escutamos ao cantor, e com o coração também nós cantamos. Mas, se não queremos, seremos naquele templo como os compradores e vendedores, ou seja, como os que buscam seus próprios interesses: Entramos, sim, na igreja, mas somente para fazer o que agrada aos olhos de Deus.
Santo Agostinho,
bispo de Hypona (séc. V)
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