sábado, 22 de dezembro de 2018

30º Sábado Depois de Pentecostes

22 de Dezembro de 2018 (CC) 09 de Dezembro (CE)
Festa da Concepção de Santa Anna, Mãe da Theotókos,
e da Santa Profetisa Ana, mãe do Profeta Samuel;
Santo Ícone da Mãe de Deus de Súbita Alegria 

Jejum da Natividade  
Modo 4



Não se faz referências sobre a mãe da Santíssima Virgem Maria, nem nos Evangelhos, nem nos outros escritos do Novo Testamento. O que se sabe a respeito de Santa Anna nos vem dos escritos apócrifos. Segundo estas narrativas, que coincidem com a Tradição da Santa Igreja, o sacerdote Matthan, que residia em Belém, teve três filhas: Maria, Sobi e Ana. Maria, após casar-se em Belém, deu à luz Isabel, mãe de João Batista. Ana se casou com Joaquim da Galiléia; após muitos anos de casados, geraram a Santíssima Virgem Maria. A Tradição nos relata que seus pais a consagraram ao serviço do Templo de Jerusalém. Quando Maria Santíssima contava com apenas três anos de idade, seus pais faleceram. Santa Anna era uma mulher honrada desde muito cedo, como se conclui pelos escritos dos Santos Padres da Igreja, hinos sacros e antigos escritos em honra à mãe da Virgem Maria. Também existem referências apontando que no ano de 550, o Imperador Justiniano consagrou um templo em Constantinopla em seu nome. Peçamos, pois, a intercessão de Santa Anna pela salvação de nossas almas. 
Tropárion Modo 4
Hoje se desatam os laços da esterilidade,
Deus ouve as preces de Joaquim e Ana
e lhes promete claramente que, contra toda esperança,
darão à luz a filha de Deus,
da qual nasceu Ele próprio, o Onipotente,
quando se fez homem, ordenando ao Anjo saudá-la:
«Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo!»

Kondákion Modo 4
Hoje o universo festeja
a concepção de Sant’Ana, permitida por Deus;
pois ela concebeu aquela que gerou o Verbo,
de um modo que não pode se expressar por palavras.
Os Anjos de Deus a louvam, clamando:
«Esta é o tabernáculo celeste!»

Leituras da Festa
Gl 4:22-27; Lc 8:16-21

Santa Anna, Mãe do Profeta Samuel 


Anna era a esposa de Elcana de Ramataim Zofim ou Arimatéia (1 Samuel 1:1-2). Anna não tinha dado à luz filhos, porque era estéril, e isso a levou a chorar e clamar amargamente. Mas o Deus Misericordioso mostrou piedade dela e retirou sua esterilidade por causa de seus suspiros e orações incessantes. Anna deu à luz um filho, Samuel, e dedicou-o a Deus desde a sua infância. Samuel foi um grande líder da nação de Israel e um profeta, que ungiu dois reis, Saul e Davi. Anna cantou um hino de ação de graças a Deus, um hino maravilhoso - tanto por sua sabedoria como por sua beleza - o qual, até hoje, é nos serviços da Igreja (1 Samuel 2:1).

O Santo Ícone "Mãe de Deus de Súbita Alegria". 

O Ícone da Mãe de Deus, chamado "Alegria Súbita" (Nechayannaya Radost '), assim está escrito*: No alto de uma sala, está um ícone da Mãe de Deus, e um jovem chamado Beneathe, ajoelhado em oração. A Tradição relata a cura de alguns jovens de seus males físicos através deste ícone sagrado, conforme está registrado no livro de São Dimitrii de Rostov, "O Velo de Oração" ("Runo Oroshennoe"). O jovem - como de costume - estava rezando diante da imagem da Virgem Toda-Pura, quando de repente viu que a imagem estava viva, e as feridas do Senhor Jesus expostas e sangrando. Em pânico, o Jovem exclamou: "Ó Senhora, quem é que fez isso?" Ao que lhe respondera a Mãe de Deus respondeu: "Tu e outros pecadores com vossos pecados estão crucificando meu filho de novo". Então, o abismo da sua pecaminosidade de repente se lhe torna consciente, e por um longo tempo em lágrimas orou à Mãe de Deus e ao Salvador implorando por misericórdia. Ao final de sua oração, foi tomado de uma súbita alegria como resposta à sua súplica e o perdão dos pecados lhe fora dado.
* Os Santos Ícones reproduzem em tela os textos das Sagradas Escrituras, por isto a arte de os desenhar e pintar, é chamada de "escrever em imagem (ícone)".



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Efésios 5:1-8

1 Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados; 2 e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. 3 Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, 4 nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. 5 Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. 6 Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. 7 Portanto não sejais participantes com eles; 8 pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.   

Lucas 13:18-29

18 Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? 19 É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. 20 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? 21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada. 22 Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém. 23 E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: 24 Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. 25 Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; 26 então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; 27 e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. 28 Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. 29 Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.

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O ENSINO DOS SANTOS PADRES DA IGREJA


“Cristo é o grão que dissipou as trevas e renovou a Igreja”

Existe algo maior que o Reino dos Céus e menor que um grão de mostarda? Como Cristo pode comparar a imensidade do Reino dos Céus com esta pequeníssima semente tão fácil de medir? Mas se examinamos bem as propriedades do grão de mostarda, concluiremos que a comparação é perfeita e muito apropriada.

O que é o Reino dos Céus a não ser Cristo em pessoa? De fato, Cristo diz referindo-se a si mesmo: Pois o Reino de Deus está dentro de vós. E existe algo maior que Cristo segundo a sua divindade, a tal ponto que ouvimos o profeta dizer: Ele é o nosso Deus e não existe nenhum outro: investigou o caminho do saber e se deu ao seu filho Jacó, ao seu amado Israel. Depois apareceu no mundo e viveu entre os homens?

Mas, da mesma forma, existe algo menor que Cristo segundo a economia da encarnação, que se fez inferior aos anjos e aos homens? Escuta a Davi explicar em que se fez menor que os anjos: O que é o homem para que te recordes dele, o “ser humano, para dar-lhe poder? O fizeste pouco abaixo dos anjos. E que Davi disse isto de Cristo, Paulo o interpreta para ti quando diz: Ao que Deus fez pouco abaixo dos anjos, a Jesus, o vemos agora coroado de honra e glória por sua paixão e morte.

Como se fez ao mesmo tempo Reino dos Céus e grão? Como pode ser o mesmo o pequeno e o grande? Porque, em virtude de sua imensa misericórdia para com a sua criatura, colocou-se a serviço de todos a fim de ganhar a todos. Por sua própria natureza era Deus, o é e será, e se fez homem pela nossa salvação. Ó grão por quem foi feito o mundo, por quem foram dissipadas as trevas e renovada a Igreja! Este grão, suspenso na cruz, teve tal eficácia que, mesmo estando cravado, somente com sua palavra raptou o ladrão do madeiro e o transladou às delícias do paraíso; este grão, ferido pela lança no seu lado, destilou para os sedentos uma bebida de imortalidade; este grão de mostarda, descido do madeiro e depositado no horto, cobriu toda a terra com os seus ramos; este grão, depositado no horto, plantou suas “raízes até o inferno, e, tomando consigo as almas que ali jaziam, em três dias as levou para o céu.

Portanto, o Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e o semeou em seu horto. Semeia este grão de mostarda no horto de tua alma. Se tiveres este grão de mostarda no horto de tua alma, o profeta também dirá a ti: Serás um horto bem regado, um manancial de águas cuja veia nunca seca.

E se quiséssemos discutir mais a fundo este tema, descobriríamos que a parábola compete ao próprio Salvador. De fato, ele é o pequeno em aparência, de uma breve vida neste mundo, porém grande no céu. Ele é o Filho do homem e Deus, porque é Filho de Deus; supera toda medida; é eterno, invisível, celestial, que é comido unicamente pelos crentes; foi triturado e depois de sua paixão se tornou tão branco como o leite; este é mais alto que todas as hortaliças; ele é o invisível Verbo do Pai; este é quem os pássaros do céu, ou seja, os profetas, os apóstolos e quantos foram chamados podem abrigar-se; este é quem, com o seu próprio “campo, ou seja, no mundo, ofereceu ao Pai todos quantos criam nele.

Ó semente de vida semeada na terra por Deus Pai! Ó gérmen de imortalidade que reconcilias com Deus aos mesmos que tu alimentas! Diverte-te sob esta árvore e dança com os anjos, glorificando ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (Séc. V)

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