segunda-feira, 27 de maio de 2024

4ª Segunda-feira de Páscoa

27 de Maio de 2024 (CC) / 14 de Maio (CE)
Santo Mártir Isidoro, de Chios († 251);
Santo Isidoro, o Falante, Tolo Por Causa de Cristo, o Prodigioso de Rostov (1474)
Tom 3






«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»

 

Santo Isidoro era marinheiro de frota, na época do Imperador Décio, e natural de Alexandria. Num certo dia, estando sua frota ancorada na ilha de Quios, o santo foi denunciado ao almirante Numério, porque era cristão. Este, sem perder tempo, chamou Santo Isidoro e perguntou-lhe se era verdade. Tendo recebido sua resposta afirmativa, ordenou que o levassem à prisão. Ao tomar conhecimento do fato, o pai viajou imediatamente a Quios, muito entristecido porque seu filho havia abandonado a idolatria. Chegando a Quios, encontrou-o no cárcere e abraçou-o amorosamente, mas entristecido pelo momento que estavam atravessando. Santo Isidoro, porém, disse-lhe que deveria estar contente por ver a luz que Jesus Cristo lhe concedeu. Então o pai lhe pede encarecidamente que retorne à idolatria. O santo, porém, segue inamovível em sua fé. Muito aborrecido, o pai o maldiz e pede a Numério que o mate. E, de fato, Santo Isidoro, depois de padecer vários tipos de tortura, é finalmente decapitado.  
Assim, pois, cumpre-se o que está escrito: 
«Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão. E sereis odiados de todos por causa do meu Nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo». Mt 10:21-22 

 

Santo Isidoro, o Falante, Tolo Por Causa de Cristo
Santo Isidoro Tverdislo (o Falante), fazendo-se Louco, por amor a Cristo, e que operou grandes milagres na cidade de Rostv; nasceu na Alemanha, de pais ricos, e tendo levado, desde a juventude" teve, uma vida imaculada e uma compreensão compassiva, deixou a casa paterna, "desejando o Reino de Deus". Santo Isidoro distribuiu suas riquezas aos pobres, e com o cajado de um errante percorreu muitas terras e cidades (não se sabe onde aceitou a santa fé ortodoxa - uma vez que fôra criado no catolicismo Romano). Finalmente, ele chegou à Rússia e escolheu o local de sua residência, Rostov. Aqui Santo Isidor, "na sujeira e na neve e na chuva e no frio" e "suportando todos os ultrajes", instalou-se em uma raquítica cabana de madeira que ele mesmo havia feito. Ele escolheu "um modo de vida miserável e tolo como na Epístola (1 Cor. 4: 10-13)" por causa de Cristo.
 
Santo Isidor passou todo o seu tempo em oração incessante, não se entregando a "sonolências sem fim" e "descanso". "Ele ficou em vigília e louvor a noite toda" para entregar seu corpo "eternamente a Deus". De dia o bem-aventurado percorria a cidade, fazendo seu ato como um tolo. "Semelhante ao antigo Jó na paciência", o Beato Isidor na expressão da Santa Igreja em vida era "como um anjo terreno e um homem celestial". "Tendo uma alma compassiva e pura de pensamento, e coração vigilante e fé inatacável, e amor verdadeiro sem pretensão", ele foi glorificado durante sua vida para fazer milagres. Santo Isidor repousou no ano de 1474. Só souberam de sua morte ao passar por sua cabana sentiram uma fragrância especial. No local de seu enterro na cidade de Rostov foi construída a igreja da Ascensão do Senhor, na qual até o presente suas relíquias repousam em uma cripta como fonte de milagres. O Beato Isidor é chamado de "Tverdislov" ("Constante da Palavra"), pois falava constantemente. [trad. nota: o título "Tverdislov" parece exclusivo de Santo Isidor; este relato suplementar dele é do Bulgakov NaStol'naya Kniga de 1900.]

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 10: 1-16

Fragmento 24 - Naqueles dias, havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana, piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus. Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus; agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Este está hospedado com um certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço. E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope. E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se ao céu.

João 6:56-69

Fragmento 24 – Disse o Senhor aos judeus que vieram ter com ele: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. Ele disse estas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que Tu És o Cristo, o Filho do Deus vivente.

† † 

ENSINOS DOS SANTOS PADRES


“Pela Carne Estar Unida Ao Verbo Vivificador, Ela Se Tornou Toda Vivificante”

O espírito é que vivifica; a carne de nada serve. Não foi com absoluta falta de inteligência que atribuístes à carne a incapacidade de vivificar; porque, quando se considera somente a natureza da carne em si mesma, evidentemente que não é vivificadora, já que não vivificará de jeito nenhum a coisa alguma das que existem, antes ela tem necessidade de quem a possa vivificar. Mas examinando com empenho o mistério da encarnação e aprendendo, então, quem é que habita nesta carne, estareis inteiramente em disposição de aceitar, a não ser que queirais contradizer ao próprio Espírito Santo que pode vivificar, ainda que por si a carne de nada sirva.

Pois, por ela (a carne) estar unida ao Verbo vivificador, tornou-se toda vivificante, elevada à potência daquele que é superior; porque ela não forçou a vir ao seu próprio nível ao que não pode ser vencido (Verbo). E assim, por mais que a natureza da carne seja impotente – no que a ela diz respeito – para vivificar, porém, realizará isto tendo ao Verbo vivificador e levando em si toda a potência do Verbo. Portanto, é corpo daquele que é por natureza Vida, e não de qualquer um dos homens, a respeito do qual com razão valeria aquilo: A carne de nada serve. Porque isto não realizará em nós a carne de Paulo, por exemplo, nem a de Pedro, ou a de qualquer outro; a única exceção é a carne de Cristo, nosso Salvador, no qual habitou corporalmente toda a plenitude da divindade.

É certo que seria a coisa mais absurda que por um lado o mel colocasse sua própria qualidade no que por natureza não é doce e pudesse transformar em si aquilo com o qual se mistura, e pensar, por outro lado, que a natureza vivificante do Verbo não exalta a sua própria bondade ao corpo no qual habitou. Por conseguinte, de todos os outros é verdade o de que a carne de nada serve; falhará somente em Cristo, porque naquela carne habita a vida, a saber: o Unigênito.

E se chama a si mesmo espírito: Porque Deus é espírito; e segundo o bem-aventurado Paulo: Porque o Senhor é o Espírito. E não dizemos isto por negar que o Espírito Santo tenha subsistência própria, mas como se chama a si mesmo Filho do homem por ter-se feito homem, assim agora se nomeia por seu próprio espírito. Porque seu Espírito não lhe é indiferente.

As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Todo seu corpo está pleno com a potência vivificadora do Espírito. E assim já chama “espírito” a sua carne, não porque se desfaça do que é carne, mas porque ela está extremamente unida a ele, e por revestir toda sua força vivificante dele, devendo já ser chamada também espírito. E nada de estranho tem isto, nem há por que te escandalizes disso, pois se aquele que adere ao Senhor torna-se um só espírito com ele, como o próprio corpo dele não há de ser, com maior razão, declarado um com ele?

Portanto, com o que antecede quer significar isto: Por vossas reflexões percebo – ele diz; estais sem entender porque andais discutindo o que de mim tenha saído ou dito sobre o que é o corpo terreno por sua natureza vivificadora; contudo, não é esse o fim para onde se dirigem as minhas palavras, porque toda a explicação que eu vos fazia versava a respeito do Espírito divino e sobre a vida eterna. Pois não é a natureza da carne que torna vivificador ao espírito, mas a força do Espírito que torna ao corpo vivificador. Por isso as palavras que vos tenho dito são espírito, ou seja, espirituais e que tratam sobre o Espírito; e são vida, porque é vivificante e a respeito da vida por natureza.

E ele não diz isto por destruir a sua própria carne, mas ensinando-nos o que é a verdade. Assim, o que há pouco dissemos, o voltaremos a repetir pela utilidade que existe nisso: a natureza da carne, ela por si, não poderia vivificar; pois o que mais teria naquele que é por natureza Deus? Porém, não há de entender-se que em Cristo (a carne) está só e em si mesma; está unida ao Verbo, o qual é por natureza vida. Por isso, quando Cristo a chama vivificante, não atribui a ela o poder vivificar tanto como a si mesmo ou ao seu próprio Espírito. Porque por ele o seu próprio corpo é também vivificador, já que o transformou elevando-o a sua própria eficácia; porém a forma nem é compreensível para a mente nem pode expressá-lo a língua, mas somente deve ser honrado com silêncio e com fé, que excede à razão.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)

† † 

Nenhum comentário:

Postar um comentário