sábado, 31 de agosto de 2024

10º Sábado Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
31 de Agosto de 2024 (CC) / 18 de Agosto (CE)
Santos Mártires Florus e Laurus († Sé. II).
Tom 8



Os Santos Mártires Florus e Laurus eram irmãos gêmeos e muito unidos pela fé e amor a Cristo. Naturais de Bizâncio, tinham como mestre e pai espiritual comum São Proklo. 
Depois da morte de São Proklo, Florus e Laurus saíram de Iliria e foram morar na cidade de Ulpiana, onde exerceram a profissão de construtores e, na medida de suas possibilidades, pregavam o Evangelho. Nesta cidade encontrava-se um sacerdote idólatra de nome Meratios. Seu filho, Atanásio, desde muito pequeno, havia perdido a visão de um de seus olhos, sem que tivessem encontrado uma solução nas ciências médicas de seu tempo. Este pai, desesperado, aproximou-se certo dia dos irmãos artesãos e eles, com uma única invocação do Nome de Deus, alcançaram a graça de ver restaurada a visão desta criança. 
Depois disso, tanto o sacerdote como o seu filho, se converteram à fé cristã. Ao tomar conhecimento do fato, o prefeito Liko ordenou que os irmãos fossem aprisionados e, depois de serem duramente golpeados, foram jogados num poço onde entregaram suas almas a Deus.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Romanos 15:30-33

Fragmento 119 - Irmãos, eu vos imploro, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus, para que eu seja livre dos rebeldes que estão na Judéia, e que este meu ministério em Jerusalém seja aceitável aos santos; a fim de que, pela vontade de Deus, eu chegue até vós com alegria, e possa entre vós recobrar as forças. E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.

Mateus 17:24-18:4

Fragmento 73 - Naquela época, tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso Mestre não paga as didracmas? Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? Dos seus filhos, ou dos alheios? Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e entregue a ele por Mim e por ti. Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?  Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus.

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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

10ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
30 de Agosto de 2024 (CC) / 17 de Agosto (CE)
Santo Mártir Miron, de Cyzicuz († 250)
Jejum (Pão, frutas e vegetais)
Tom 8



Miron era um padre na cidade de Achaia. Era de origem rica e proeminente, porém, muito gentil e humilde por natureza - um amante de Deus e do homem.

Durante o reinado do Imperador Décio, na Festa da Natividade de Cristo, pagãos invadiram a igreja durante a liturgia, e arrastando Miron para fora, o torturaram pelo fogo. Durante esta tortura, um anjo lhe apareceu e o encorajou. Os pagãos, então, começaram a descascar sua pele em tiras, da cabeça aos pés. O mártir agarrou uma tira de sua pele, e com esta bateu na face do seu algoz e juiz. Como que possesso, Antipater, o juiz, pegou uma espada e matou-se. 
Finalmente, os pagãos levaram Miron para a cidade de Cyzicus, e ali o mataram à espada, no ano de 250 d.C.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 1:12-20

Fragmento 169 - Irmãos, a nossa glória é esta: O testemunho da nossa consciência, de que em santidade e sinceridade de Deus, não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e mormente em relação a vós. Pois outra coisa não vos escrevemos, senão as que ledes, ou mesmo reconheceis; e espero que também até o fim as reconhecereis; como também já em parte nos reconhecestes, que somos a vossa glória, assim vós sereis a nossa no dia do Senhor Jesus. E nesta confiança quis primeiro ir ter convosco, para que recebêsseis um segundo benefício; e por vós passar à Macedônia, e da Macedônia voltar a vós, e ser por vosso intermédio encaminhado à Judéia. Ora, deliberando isto, usei porventura de leviandade? Ou o que delibero, faço-o segundo a carne, para que haja comigo o sim, sim e o não, não? Antes, como Deus é fiel, a nossa palavra a vós não é sim e não, porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim. Pois, tantas quantas forem as promessas de Deus, n’Ele está o sim; portanto é por Ele o amém, para glória de Deus por nosso intermédio.

Mateus 22:23-33

Fragmento 91 - Naquela época, chegaram junto d’Ele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e O interrogaram, dizendo: Mestre, Moisés disse:

“Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão”.

Ora, houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão. Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo; Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram? Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem se casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo:

“Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?” 

Ora, Deus não É Deus dos mortos, mas dos vivos. E, as turbas, ouvindo isto, ficaram maravilhadas da Sua doutrina.

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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

10ª Quinta-feira Depois de Pentecostes




PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
29 de Agosto de 2024 (CC) / 16 de Agosto (CE)
Trasladação de Edessa para Constantinopla 
da imagem “ Aquiropita” do Nosso Senhor Jesus Cristo (944); 
S. Diomedes, mártir († 298 d.C.)
Tom 8



Segundo a tradição, o primeiro ícone de Jesus Cristo surgiu durante sua vida terrena. Faz-se referência a esta imagem como a «Santa Face», ou melhor, «O ícone não feito por mãos humanas». 
A tradição relata que, durante o tempo do Salvador, Abgar, o Governante de Edessa, sofria de lepra. Embora nunca tenha visto o Salvador, Abgar acreditava em Jesus como o Filho de Deus por ter ouvido falar sobre os grandes milagres realizados por Ele, e Lhe teria escrito uma carta pedindo para que fosse curá-lo, a qual enviou à Palestina através do seu próprio retratista e pintor Ananias, tendo lhe encomendado também um retrato (pintura) do Divino Mestre. 
No entanto, quando Ananias chegou a Jerusalém e viu o Senhor, lhe foi impossível aproximar-se dele devido à grande multidão que o cercava. Ao vê-lo, Jesus lhe chamou pelo nome, entregando-lhe uma carta para Abgar na qual fazia elogios à sua grande fé e prometia enviar um de seus discípulos para curá-lo a lepra e guiá-lo à salvação. O Senhor, em seguida, pediu um lenço e água. Lavou o seu rosto e o enxugou com o lenço, e seu divino semblante ficou plasmado no lenço. Ananias levou a Edessa este lenço e a carta do Salvador. Com muita reverência Abgar recebeu o que Jesus lhe havia enviado e a sua cura foi imediata; apenas um pequeno vestígio da sua terrível aflição permaneceu em seu rosto até a chegada do discípulo prometida pelo Senhor. Este discípulo foi São Tadeu (21 de agosto) um dos Setenta Discípulos, que lhe anunciou o Evangelho, batizou o devoto Abgar e todas as pessoas de Edessa. 
 Esta é, portanto, a tradição sobre a imagem que hoje se venera, como a «Imagem não feita por mãos humanas», a «Santa Face» 
Leituras Comemorativas 
Colossenses 1:12-18
Lucas 9:51-56; 10:22-24  
Santo Mártir Diomedes  
Diomedes era um proeminente médico, nascido em Tarso. 
Curando as pessoas, Diomedes ensinou-lhes a fé cristã. O Imperador Diocleciano ordenou que ele fosse decapitado em Nicéia, no ano 298 d.C. 
Aqueles que o decapitou e trouxeram a cabeça para o Imperador ficaram cegos. Então, eles devolveram a cabeça ao corpo, e ofereceram uma oração de arrependimento, e foram curados. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 1:1-7

Fragmento 167A - Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acáia: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as aflições de Cristo transbordam para conosco, assim também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos; e a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.

Mateus 21:43-46

Fragmento 88 - O Senhor disse aos judeus que foram ter com Ele: O Reino de Deus vos será tirado e dado ao povo que dá os seus frutos; e quem cair sobre esta Pedra será despedaçado; e sobre quem Ela cair, se tornará pó. E tendo ouvido Suas parábolas, os principais sacerdotes e fariseus entenderam que Ele estava falando sobre eles, e pretendiam prendê-Lo, mas eles tinham medo do povo, visto que Ele era considerado um profeta.

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COMENTÁRIO 

“Ai da Alma Na Qual Não Habita Cristo!”


Assim como Deus em outro tempo, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém à afronta de seus inimigos e seus adversários os submeteram, de maneira que já não restaram nela nem festas nem sacrifícios; assim também agora, encolerizado contra a alma que viola os seus mandatos, a entrega em poder dos mesmos inimigos que a seduziram até torná-la feia.

E da mesma forma que uma casa, se não habita nela seu dono, se cobre de trevas, de ignomínia e de afronta, e fica toda cheia de sujeira e imundície; assim também a alma, privada de seu Senhor e da presença alegre de seus anjos, fica repleta das trevas do pecado, da fealdade das paixões e de todo tipo de desonra.

Ai do caminho pelo qual ninguém passa, e no qual não se ouve nenhuma voz humana, porque se torna asilo de animais! Ai da alma pela qual o Senhor não caminha, nem afugenta dela com a sua voz as bestas espirituais da maldade! Ai da casa na qual não habita o seu dono! Ai da terra privada de colono que a cultive! Ai do barco privado de piloto, porque, acometido pelas ondas e tempestades do mar, acaba por naufragar! Ai da alma que não traz em si o verdadeiro piloto, Cristo, porque, colocada em um cruel mar de trevas, sacudida pelas ondas de suas paixões e atacada pelos espíritos malignos como por uma tempestade de inverno, acabará naufragando!

Ai da alma privada do cultivo dedicado de Cristo, que é aquele que lhe faz produzir os bons frutos do Espírito, porque, encontrando-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada e cheia dos maus odores de suas paixões, torna-se hospedagem de todos os vícios!

Assim como o colono, quando se dispõe a cultivar a terra, necessita dos instrumentos e vestes apropriados, assim também Cristo, o rei celestial e verdadeiro agricultor, ao visitar a humanidade desolada pelo pecado, tendo-se revestido de um corpo humano e levando a cruz como instrumento, cultivou a alma abandonada, arrancou dela os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extraiu a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva má; e, tendo-a assim trabalhado incansavelmente com o madeiro da cruz, plantou nela o belíssimo horto do Espírito: horto que produz para Deus, seu Senhor, um fruto agradável e suavíssimo.

São Macário, o Grande (séc. IV) 

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Festa Da Dormição Da Santíssima Mãe De Deus


10ª Quarta-feira Depois de Pentecostes
28 de Agosto 2024 (CC) / 15 de Agosto (CE)
Tom 8



Eis o que a Igreja recebeu da antiga tradição patrística, em relação à Dormição da Toda Santa Mãe de Deus:

Chegado o tempo em que era agradável a Nosso Senhor conduzir para junto de Si sua divina Mãe, Ele anuncia-lhe, através ao Arcanjo Gabriel, três dias antes, de sua passagem desta vida transitória à vida eterna e bem-aventurada. Ouvindo a mensagem, a Virgem dirigiu-se ao monte das Oliveiras para orar e agradecer a Deus. Depois retorna à sua casa e prepara o necessário ao seu enterro. Entretanto, os Apóstolos, avisados pelo Espírito Santo e transportados em nuvens luminosas, reúnem-se na casa da Santa Virgem, vindos das mais diferentes extremidades da terra, onde se encontravam, dispersos, a pregar o Evangelho. Ela lhes explica, então, a razão daquele chamado tão inesperado, os consola maternalmente e depois levanta as mãos aos céus, ora pela paz no mundo, abençoa os Apóstolos e, subindo ao leito, cruza os braços e rende assim sua alma toda santa às mãos de seu Filho e seu Deus.

Os Apóstolos conduzem o seu santo Corpo e o enterram no Getsêmani. Porém, três dias mais tarde, durante uma reunião onde, segundo o hábito, partiam o pão em nome de Jesus, a Virgem lhes aparece no Céu e lhes diz: “Salve!” Eles assim ficam sabendo que ela subira aos céus com o seu corpo.

A festa de hoje tem por origem o aniversário da dedicação de um Santuário da Virgem, situado entre Jerusalém e Belém, que comemorava, talvez, uma hospedaria, onde, segundo as tradições, a Virgem Maria, fatigada da viagem, teria repousado antes de chegar a Belém para dar à luz à criança.

A celebração dessa solenidade no dia 15 de agosto foi fixada com um edito do Imperador do Oriente, Maurício (582-602), confirmando uma tradição, sem dúvida, mais antiga.

A primeira evidência clara acerca dessa festa remonta à época do 3° Concílio Ecumênico em Éfeso (431). No entanto, essa evidência refere-se a uma festa pré-existente da Dormição de Maria. No início do 5° século, por exemplo, uma antologia armênia chama o 15 de agosto “o Dia de Maria, a Mãe de Deus.” Porém, festas desse tipo, tanto no Oriente quanto no Ocidente, eram dedicadas à memória de Maria em geral, e não à sua Dormição em particular. Gradualmente, entretanto, essas festas começam à convergir para o dia presumível de sua morte, 15 de agosto, talvez como resultado indireto da construção, no Getsêmani, de uma igreja em sua honra, que incluía seu próprio túmulo, segundo a Tradição. Ao final do século VI, no entanto, a festa de Dormição foi estendida a todo Império Bizantino, pelo Imperador Maurício. No Ocidente, a festa foi introduzida, juntamente com outras três festas marianas, pelo papa Sérgio I, coincidindo as datas de sua celebração.

A Festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus, “Kóimésis” em grego e “Uspénie” em eslavo eclesiástico, palavras que aludem justamente ao ato de dormir, tem como tradicional representação iconográfica a Virgem estendida no leito de morte, rodeada pelos Apóstolos para o último sono vindos prodigiosamente dos lugares onde pregavam o evangelho, tendo ao centro Jesus Cristo que acolhe a sua alma, representada como uma menina envolta em faixas e por Ele sustentada.

A partir do dia 1º de agosto, a Igreja prepara-se para a festa com um jejum (do qual também fala São Teodoro Estudita, morto no ano 826); e dado que, além da pré-festa do dia 14 de agosto, os textos litúrgicos falam do trânsito de Maria Santíssima ao céu até o dia 23 de agosto, pode-se afirmar que este é o mês mariano dos Fiéis Ortodoxos.

A Igreja Ortodoxa não comunga do "dogma" romano da Assunção de Maria. Até o meado do séc. XX a Igreja Romana também não professava essa doutrina. Foi o Papa Pio XII que definiu solenemente o dogma da Assunção no dia 1 de novembro de 1950 por meio da Constituição “Munificentissimus Deus”.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS

Lucas 1:39-49, 56

Fragmento 4 - Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel. Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, e exclamou em alta voz: 

“Bendita és tu entre as mulheres, 
e Bendito é o Fruto do teu ventre! 

E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.  Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.”

Disse então Maria: 

“A minha alma engrandece ao Senhor, 
e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador; 
porque atentou na condição humilde de sua serva. 
Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
 porque o Poderoso me fez grandes coisas; 
e Santo é o Seu Nome”. 

E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.

LITURGIA

Tropárion, Tom 1
Em tua maternidade conservaste a virgindade / e em tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. / Foste levada para a vida sendo a Mãe da Vida, // e por tuas orações resgatas nossas almas da morte. 

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Kondákion, Tom 2
Nem o túmulo nem a morte prevaleceram sobre a Mãe de Deus, / que, sem cessar, reza por nós e permanece firme esperança de intercessão. / Com efeito, aquele que habitou um seio sempre virgem // assumiu para a vida aquela que é a Mãe da Vida.

Prokímenon Tom 3

Minha alma glorifica o Senhor
e meu Espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador. (Lc 1:46,47)

Porque voltou os olhos para a humildade de sua serva, doravante, todas as gerações me chamarão Bem-aventurada. Lc 1:48)

Filipenses 2:5-11

Fragmento 240 - Irmãos, tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o Qual, sendo a Imagem de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que Se devia aferrar, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus O exaltou soberanamente, e Lhe deu o Nome que é sobre todo nome; para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo É Senhor, para glória de Deus Pai.

Aleluia, Tom 2

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Levanta-Te, Senhor, para vir ao Teu repouso,
Tu e a Arca de Tua Majestade.

Jurou o Senhor uma verdade a Davi /e não deixará de cumpri-la: / “Do fruto de Tuas entranhas porei sobre o Teu Trono”.

Lucas 10:38-42; 11:27-28

Fragmento 54 - Naquela época, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, O recebeu em Sua casa.  Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a Sua palavra. Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se Te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. Ora, enquanto Ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que Te trouxe e os peitos em que Te amamentaste. Mas Ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.

Megalinárion

Refrão - tom 1 matinal: Os Anjos, enquanto olhando a Dormição da Virgem / ficaram espantados, / vendo como a Virgem subiu da terra para o Céu.

Irmos: Em Ti, ó Virgem Pura, as leis da criação foram ultrapassadas; / tua Maternidade permanece virginal, / e tua morte anuncia a vida. / Ó Mãe de Deus, virgem depois do parto, / e viva após a morte, // salva e protege para sempre a tua Herança.

Canto da Comunhão

Tomarei o Cálice da salvação / e invocarei o Nome do Senhor. / Aleluia, aleluia, aleluia!


† † †

HOMILIA



«...Eis aquela cuja festa celebramos hoje em sua santa e divina Dormição.»


Acorrei, pois, e subamos a montanha mística. Ultrapassando as imagens da vida presente e da matéria, penetrando na treva divina e incompreensível, ingressando na luz de Deus, celebremos o seu infinito poder. Aquele que, de Sua transcendência superessencial e imaterial, desceu ao seio virgíneo para ser concebido e Se encarnar, sem deixar o seio do Pai; aquele que através da Paixão marchou voluntariamente para a morte, conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai; como não pôde ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a carne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que fora um verdadeiro céu sobre a terra?

Hoje a escada espiritual e viva, pela qual o Altíssimo desceu, se fez visível e conversou entre os homens (Baruc 3:38): ei-la que sobe, pelos degraus da morte, da terra ao céu.

Hoje a mesa terrestre que sem núpcias trouxera o Pão Celeste da Vida e a Brasa da Divindade, foi levada da terra aos céus; e para a Porta oriental - para a Porta de Deus - se ergueram as portas do céu.

Hoje, da Jerusalém terrestre, a Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do Alto; aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem habitar na Igreja das primícias (Hb 12, 23); a Arca do Senhor, viva e racional, é transportada ao repouso de seu Filho (Sl 132:8).

As portas do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de Deus, onde germinou a Árvore da Vida Eterna, redentora da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão. É o Cristo, causa da vida universal, quem recebe a gruta escondida, a montanha não trabalhada, donde se destacou, sem intervenção humana, a pedra que enche a terra.

Aquela que foi o leito nupcial onde se deu a Divina encarnação do Verbo, veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamo nupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpcias celestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus, deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo sobre a terra. Lugar de núpcias, esse túmulo? Sim, e o mais esplendoroso de todos, a refulgir não por revérberos de ouro, de prata ou de gemas, porém pela Divina Luz, irradiação de Espírito Santo. Proporciona, não uma união conjugal aos esposes da terra, mas a vida santa às almas que se prendem pelos laços do Espírito, proporciona uma condição junto de Deus, melhor e mais suave que outra qualquer.

Seu túmulo é mais gracioso do que o Éden: neste, sem querermos repetir tudo o que lá se passou, houve a sedução do inimigo, sua mentira apresentada como conselho amigo, a fraqueza de Eva, sua credulidade, o engodo - doce e amargo - ao qual seu espírito se deixou prender e pelo qual em seguida aliciou o marido; a desobediência, a expulsão, a morte, mas - para não trazermos com tais lembranças assunto de tristeza à nossa festa - houve o túmulo que elevou ao céu o corpo de um mortal, ao contrário daquele primeiro jardim, que derrubou do céu nosso primeiro pai. Pois não foi ali que o homem, feito à imagem Divina, ouviu a sentença: «Tu és terra e em terra te hás de tornar?» (Gn 3, 19)

O túmulo de Maria, mais precioso que o antigo tabernáculo, encerrou o candelabro espiritual e vivo, brilhante de Divina luz, a Mesa Portadora de Vida, que recebeu, não os pães da proposição, mas o pão celeste, não o fogo material mas o fogo imaterial da Divindade.

Esse túmulo é mais feliz que a arca mosaica, pois teve por partilha a verdade, já não as sombras e as figuras; acolheu a urna áurea do maná celeste, a mesa viva do Verbo encarnado por obra do Espírito Santo, dedo onipotente de Deus, Verbo subsistente; acolheu o altar dos perfumes, a brasa divina que aromatizou toda a Criação.

Fujam portanto os demônios, gemam os míseros nestorianos - como outrora os egípcios - com seu chefe, o novo faraó, o cruel flagelo, o tirano, pois foram engolidos pelo abismo da blasfêmia. Nós, porém, salvos, que atravessamos a pé enxuto o mar da impiedade, cantemos à Mãe de Deus o canto do Êxodo. Miriam, que é a Igreja, tome nas mãos o tamborim e entoe o hino de festa; saiam as jovens do Israel espiritual com tamborins e coros (Ex 15, 20), exultando de alegria! Que os reis da terra, os juízes e os príncipes, os jovens e as virgens, os velhos e as crianças, celebrem a Mãe de Deus! Que reuniões e discursos de toda espécie, raças e povos na diversidade de suas línguas, componham um cântico novo! Que o ar ressoe de flautas e trombetas espirituais, inaugurando com brilho de fogos o dia da salvação! Alegrai-vos, ó céus, e vós, nuvens, fazei chover a alegria! Saltai, novilhos do rebanho eleito, apóstolos divinos que, como montanhas altas e sublimes, aspirais às mais altas contemplações; e vós, também, ó cordeiros de Deus, povo santo, filhos da Igreja, que pelo desejo vos alçais como colinas até as altas montanhas!...

...Eis a Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus: por causa de Adão entrega seu corpo à terra, mas por causa de seu Filho eleva a alma aos tabernáculos celestes! Santificada seja a Cidade santa, que acolhe mais essa bênção eterna!

Que os anjos precedam a passagem da divina morada e preparem seu túmulo, que o fulgor do Espírito a decore! Preparai aromas para embalsamar o corpo imaculado e repleto de delicioso perfume! Desça uma onda pura a fim de haurir a bênção da fonte imaculada da bênção!

Alegre-se a terra de receber o corpo e exulte o espaço pela ascensão do espírito! Soprem as brisas, suaves como o orvalho e cheias de graça! Que toda a criação celebre a subida da Mãe de Deus:

Os grupos de jovens em sua alegria, a boca dos oradores em seus panegíricos, o coração dos sábios em suas dissertações sobre essa maravilha, os velhos de veneráveis cãs em suas contemplações. Que todas as criaturas se associem nessa homenagem, que ainda assim não seria suficiente.

Todos, pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que dele parte. Sim, todos, pelo fervor do coração, desçamos com a que desce à sepultura e ali nos coloquemos. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem nas palavras: «Rejubila-te, cheia de graça, o Senhor é contigo!»

Permanece na alegria, tu que foste predestinada a ser Mãe de Deus.

Permanece na alegria, tu que foste eleita antes dos séculos por um desígnio de Deus, germe divino da terra, habitação do fogo celeste, obra-prima do Espírito Santo, fonte de água viva, paraíso da Árvore da Vida, ramo vivo que portas o Divino fruto, donde fluem o néctar e a ambrosia, rio de aromas do Espírito, terra produtora da Divina espiga, rosa resplandecente da virgindade, donde emana o perfume da graça, lírio da veste real, ovelha que geras o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, instrumento de nossa salvação, superior às potências angélicas, serva e Mãe!...”

Trechos da Homilia de São João Damasceno 

terça-feira, 27 de agosto de 2024

10ª Terça-feira Depois de Pentecostes

PRÉ-FESTA DA DORMIÇÃO DA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS
27 de Agosto 2024 (CC) / 14 de Agosto (CE)
S. Miquéias, profeta (séc. VIII a.C.).
Jejum da Dormição da Santíssima Mãe de Deus
Tom 8



Natural de Moreset-Gat em Hebron, um pequeno povoado ao sul de Jerusalém, Miquéias foi um profeta bíblico que profetizou durante os reinados de Joatão, de Acaz e de Ezequias, reis de Judá, sendo assim contemporâneo de Isaías, outro profeta bíblico. Tendo vivido na época das invasões assírias sobre os reinos da Samaria e de Judá, os seus vaticínios são dirigidos contra ambos os reinos, aos quais ameaça com o castigo por intermédio dos assírios.

Sobre Miquéias há referências no livro do profeta Jeremias (Jr 26, 18), quando quiseram matar Jeremias por causa de suas previsões sobre a destruição de Jerusalém. Alguns líderes o defenderam alegando que Miquéias previra o mesmo no tempo do rei Ezequias sem que, por isso, tenha sido perseguido. Apenas uma parte dos discursos de Miquéias foi preservada, sendo que o restante, muito provavelmente, foi destruído durante as perseguições aos profetas por Manassés.

O principal pensamento do profeta Miquéias é que o Senhor, fiel ao seu compromisso com o povo eleito, o purifica mediante os desastres e o arrependimento, e o fará entrar (e através dele também os pagãos) no Reino do Messias. O livro contém as profecias sobre a destruição da Samaria e sobre o aniquilamento de Jerusalém, as promessas de salvação a Israel através do Líder de Belém e a indicação do caminho da salvação. Miquéias defende aos pobres e desditados de seu povo e acusa de crueldade e orgulho aos ricos. 
"Desapareceram os homens piedosos da terra, não há quem seja íntegro entre os homens. Todos andam à espreita para derramar sangue, cada um arma laços ao seu irmão. Suas mãos estão prontas para o mal: o príncipe exige (um presente), o juiz cobra as suas sentenças, o grande manifesta abertamente suas cobiças, todos tramam (suas intrigas). O melhor dentre eles é como um silvedo, o mais íntegro, como uma sebe de espinhos. No dia anunciado por teus vigias, vem o castigo: eles serão completamente destruídos" (Mq 7, 2-4). 
O seu livro bíblico (Livro de Miquéias), classificado pela Bíblia Cristã como livro profético, divide-se em três seções: na primeira condena os pecados da Samaria e de Judá, principalmente as injustiças praticadas pelos ricos e poderosos que despojavam injustamente os pobres; a segunda começa com um vaticínio sobre a restauração de Jerusalém, sobre a qual virão as nações estrangeiras e das quais esta se libertará; a terceira corresponde a um processo contra Jerusalém devido às suas idolatrias.

Isto é o que o Senhor espera do homem: 
«Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus». (Mq 6, 8). O profeta termina seu livro dirigindo-se a Deus: «Qual é o Deus que, como Tu, apaga a iniqüidade e perdoa o pecado do resto de seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? Uma vez mais, tem piedade de nós! Esquece as nossas faltas e joga nossos pecados nas profundezas do mar!» (Mq 7,18-19). 
Conteúdo do livro de Miquéias: a destruição de Jerusalém e Samaria (1-2); o pecado do povo de Judá (3); o Reino do Messias (4); o nascimento de Cristo em Belém (5); o Juízo sobre os povos (6); e a misericórdia para com os fiéis (7).

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

1 Coríntios 15:29-38

Fragmento 161 - Irmãos, outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles? E por que nos expomos também nós a perigos a toda hora? Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de vós tenho em Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias. Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos. Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes. Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa. Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E com que qualidade de corpo vêm? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.
Acerca do batismo pelos mortos, muitos intérpretes entendem que era uma espécie de batismo vicário que os cristãos batizados faziam pelos catecúmenos falecidos.  Contudo, não existe na Santa Tradição nenhuma referência sobre a pratica de batismo pelos mortos nas santas Igrejas de Deus. São João Crisóstomo dizia que a referência de São Paulo a este costume, nada mais era do que um comentário irônico sobre as práticas dos hereges marcionitas. Epiphanius diz que se refere a um costume dos seguidores de Cerinthus, outro mestre gnóstico, além de Marcião. 
Como os mortos ressuscitarão? Como é o corpo da ressurreição?  O presente corpo é apenas uma semente (v. 38) do corpo que virá.

Mateus 21:23-27

Fragmento em 85 - Naquele tempo, Jesus entrara no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se d’Ele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes Tu estas coisas? E quem Te deu tal autoridade? Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se me responderes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João, donde era? Do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, Ele nos dirá: Então por que não o crestes? Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe Ele: Nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
Como Cristo não era um sacerdote levítico, os principais sacerdotes, os anciãos O inquirem sobre Sua autoridade para purificar o templo. Como Cristo tem o cuidado de não se revelar àqueles farsantes, Ele os confunde com uma pergunta sobre a autoridade de João Batista. Tanto a pergunta dos anciãos quanto a pergunta de Cristo exigem a mesma resposta e, portanto, levariam uma pessoa a confessar que Jesus veio do céu. Ao não responder diretamente a eles, Cristo ensina que não devemos responder às pessoas que trazem perguntas sobre coisas santas com intenção maliciosa.


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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

10ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

CONCLUSÃO DA FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO
26 de Agosto 2024 (CC) / 13 de Agosto (CE)
Trasladação das relíquias de S. Máximo, o Confessor (c.680);
S. Tikhon, Bispo Voronezh, o Prodigioso de Zadonsk e de Toda Russia (1783).
Jejum da Dormição (Pão, vegetais e frutas)
Tom 8

O Monge Máximo, o Confessor, nasceu em Constantinopla por volta do ano 580 e foi criado em uma família cristã piedosa. Em sua juventude, ele recebeu uma educação muito diversificada: estudou filosofia, gramática, retórica, foi culto nos autores da antiguidade e dominou com perfeição a dialética teológica. Quando São Máximo entrou para o serviço governamental, o alcance de seu aprendizado e sua conscienciosidade permitiram que ele se tornasse o primeiro secretário do Imperador Heráclio (611-641). Mas a vida na corte o aborreceu e ele se retirou para o mosteiro de Crisopoleia (na margem oposta do Bósforo - agora Skutari), onde aceitou a tonsura monástica. Pela humildade de sua sabedoria, ele logo conquistou o amor dos irmãos e foi eleito Higúmeno do mosteiro, mas mesmo nesta dignidade, em suas próprias palavras, ele "permaneceu um simples monge". Mas em 633, a pedido de um teólogo, o futuro Patriarca de Jerusalém, São Sofrônio (Com. 11 de março), o Monge Máximos deixou o mosteiro e partiu para Alexandria.

São Sofrônio era conhecido nesses tempos como um antagonista implacável contra a heresia monotelita. O Quarto Concílio Ecumênico (451) havia condenado a heresia monofisista, que confessou no Senhor Jesus Cristo apenas uma natureza (a natureza divina, mas não humana, de Cristo). Influenciados por essa tendência errônea de pensamento, os hereges monotelitas introduziram o conceito de que em Cristo havia apenas "uma vontade divina" ("thelema") e apenas "uma efetivação ou energia divina" ("energia"), - que buscava conduzir de volta por outro caminho para a heresia monofisista repudiada. O monotelismo encontrou numerosos adeptos na Armênia, Síria, Egito. A heresia, alimentada também por animosidades nacionalistas, tornou-se uma séria ameaça à unidade da Igreja no Oriente. A luta da Ortodoxia com as heresias foi particularmente complicada pelo fato de que no ano de 630 três dos tronos Patriarcais do Oriente Ortodoxo foram ocupados por Monotelitas: em Constantinopla - por Sérgio, em Antioquia - por Atanásio, e em Alexandria - por Ciro. O caminho do Monge Máximo de Constantinopla a Alexandria passou por Creta, onde de fato ele começou sua atividade de pregação. Ele entrou em confronto com um bispo, que aderiu às opiniões heréticas de Severo e Nestório. Em Alexandria e arredores, o monge passou cerca de 6 anos. Em 638, o imperador Heráclio, junto com o Patriarca Sérgio, tentou minimizar as discrepâncias na confissão de fé, e emitiu um edito: o chamado "Ecthesis" ("Ekthesis tes pisteos" - "Exposição de Fé), - que decretava que fosse definitivamente confessado o ensinamento sobre "uma vontade" ("mono-thelema") operativa sob as duas naturezas do Salvador. Ao defender a Ortodoxia contra esta "ectese", o Monge Máximo recorreu a pessoas de várias vocações e posições, e essas conversas tiveram sucesso. "Não apenas o clero e todos os bispos, mas também o povo, e todos os funcionários seculares sentiram dentro de si uma espécie de atração invisível por ele, - testemunha sua Vita.

No final de 638, o Patriarca Sérgio morreu, e em 641 - o Imperador Heráclio também morreu. O trono imperial passou a ser ocupado pelo cruel e rude Constante II (642-668), adepto declarado dos monotelitas. Os ataques dos hereges contra a Ortodoxia se intensificaram. O Monge Máximos foi para Cartago e pregou lá e em seus arredores por cerca de 5 anos. Quando o sucessor do Patriarca Sérgio, o Patriarca Pirro, lá chegou, abandonando Constantinopla por causa de intrigas da corte, e sendo por persuasão um monotelita, ocorreu entre ele e o Monge Máximo uma disputa aberta em junho de 645. O resultado disso foi que Pirro reconheceu publicamente seu erro e até queria escrever ao Papa Teodoro o repúdio de seu erro. O Monge Máximo, juntamente com Pirro, partiram para Roma, onde o Papa Teodoro aceitou o arrependimento do ex-patriarca e o restaurou à sua dignidade.

No ano de 647 o Monge Máximos voltou para a África. E lá, em um concílio de bispos, o monotelismo foi condenado como uma heresia. No ano de 648, no lugar da "Ectese", foi emitido um novo edital, encomendado por Constante e compilado pelo patriarca Paulo de Constantinopla, o "Typus" ("Tupos tes pisteos" - "Modelo da Fé"), o que de modo geral proibia quaisquer outras deliberações, seja sobre "uma vontade" ou sobre "duas vontades", no que se refere às reconhecidas "duas naturezas" do Senhor Jesus Cristo. O Monge Máximo então se voltou para o sucessor do Papa Romano Teodoro, o Papa Martinho I (649-654), com um pedido para examinar a questão do Monotelismo em uma consideração conciliar por toda a Igreja. Em outubro de 649 foi convocado o Concílio de Latrão, no qual estiveram presentes 150 bispos ocidentais e 37 representantes do Oriente Ortodoxo, entre os quais estava também o Monge Máximos, o Confessor. O Concílio condenou o monotelismo, e seus defensores - os patriarcas de Constantinopla Sérgio, Paulo e Pirro, foram condenados ao anátema.

Quando Constante II recebeu as determinações do Concílio, deu ordens para prender o Papa Martinho e o Monge Máximo. Essa intimação levou 5 anos para ser cumprida, no ano de 654. Eles acusaram o Monge Máximo de traição ao reino e o trancaram na prisão. Em 656, ele foi enviado para a Trácia e, mais tarde, novamente levado de volta a uma prisão de Constantinopla. O monge, junto com dois de seus alunos, foi submetido aos tormentos mais cruéis: cortaram a língua e cortaram a mão direita de todos eles. Em seguida, eles foram enviados para a Cólquida. Mas aqui o Senhor operou um milagre inexplicável: todos os três encontraram a habilidade de falar e escrever. O Monge Máximo realmente predisse seu próprio fim (+13 de agosto de 662). No Prólogo dos Santos Gregos (Calendário), 13 de agosto indica a Transferência das Relíquias de São Máximo para Constantinopla, mas possivelmente pode se aplicar à morte do santo. Ou então, o estabelecimento de sua memória em 21 de janeiro pode estar relacionado com isto - que 13 de agosto se celebra a conclusão da Festa da Transfiguração do Senhor. Sobre o túmulo do Monge Máximo brilhavam três luzes que apareciam milagrosamente e ocorriam muitas curas.

O Monge Máximos deixou para a Igreja um grande legado teológico. Suas obras exegéticas contêm explicações de narrativas difíceis dentro da Sagrada Escritura; também Comentário sobre a Oração do Senhor e sobre o Salmo 59; várias "scholia" ("marginalia" ou comentários de margem do texto) sobre os tratados do Sacerdote-Mártir Dionísio, o Areopagita (+96, Com. 3 de outubro) e São Gregório, o Teólogo (+389, Com. 25 de janeiro). Às obras exegéticas de São Máximo pertence igualmente a sua explicação dos serviços divinos, intitulada "Mystagogia" ("Introdução sobre o mistério").

Às obras dogmáticas do Monge Máximo pertencem: a Exposição sobre sua disputa com Pirro, e vários folhetos e cartas a várias pessoas. Neles estão contidas exposições do ensino ortodoxo da Essência Divina e sobre Pessoas-Hipostáticas da Santíssima Trindade, sobre a Encarnação de Deus e sobre a "theósis" ("deificação", "obozhenie") da natureza humana. 
“Nada na theósis é produto da natureza humana, - escreve o Monge Maximos em uma carta a seu amigo Thalássios, - visto que a natureza não pode compreender Deus. Só a misericórdia de Deus tem a capacidade de dotar theósis aos existentes. Na theósis o homem (imagem de Deus) torna-se semelhante a Deus, ele se alegra em toda a plenitude que lhe pertence por natureza, porque a graça do Espírito triunfa nele e porque Deus age nele” (Carta 22).

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

1 Coríntios 15:12-19

Fragmento 159 - Irmãos, se Cristo é pregado como Aquele que foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos? Mas se não há ressurreição de mortos, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, porque temos testificado que Ele ressuscitou a Cristo, ao Qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados. Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.

Mateus 21:18-22

Fragmento 84A - Naquela manhã, ao voltar à cidade, teve fome; e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela Se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?  Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito; e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.

COMENTÁRIO

A figueira, um símbolo de prosperidade e paz, murcha, porque é infrutífera. Este é um ato profético dirigido para os judeus, uma vez que depois de três anos de pregação, ensino e cura de Cristo, tanto os líderes e as multidões eram destituídas de fruto espiritual. Ele amaldiçoa a árvore também para advertir àqueles em todas as gerações do que vai acontecer a qualquer um que não consegue ouvir a Sua mensagem.

Embora não esteja registrado que um apóstolo literalmente moveu uma montanha, os Padres são claros de que eles tinham essa autoridade se a necessidade surgisse (certos santos fizeram aparecer fendas nas montanhas). Além disso, nem tudo o que os apóstolos realizaram ficou documentado. Além do significado literal, esta promessa também é uma ilustração do poder da fé e da oração em todas as áreas da vida.

"Tudo o que pedimos, sem hesitação e crendo no poder de Deus, receberemos, desde peçamos benefícios espirituais que nos sejam úteis” (Theoph).

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