sábado, 3 de agosto de 2024

6º Sábado Depois de Pentecostes

03 de Agosto de 2024 (CC) / 21 de Julho (CE)
Santo Profeta Ezequiel (Séc. IV a.C)
Tom 4



O Santo Profeta Ezequiel viveu no século VI antes do nascimento de Cristo. Ele nasceu na cidade de Sarir e descendia da tribo levita; era sacerdote e filho do Sacerdote Buzi. Na segunda invasão contra Jerusalém pelo imperador babilônico Nabucodonosor, aos 25 anos Ezequiel foi conduzido para a Babilônia junto com o Rei Jeconias II e muitos outros judeus.
No cativeiro, o Profeta Ezequiel viveu perto do rio Chobar. Ali, aos 30 anos de vida, em uma visão fora-lhe revelado o futuro da nação hebraica e de toda a humanidade. O profeta viu uma nuvem brilhante, no meio da qual havia uma chama, e nela - uma misteriosa semelhança de uma carruagem movendo-se pelo espírito e por bestas de quatro asas, cada uma com quatro faces: A de um homem, de um leão, de um boi e de uma águia. Sob seus rostos estava situada uma roda, enfeitada com olhos. Sobre a carruagem erguia-se como se fosse um firmamento cristalino, e sobre o firmamento - a semelhança de um trono como se fosse de safira refulgente. E sobre este trono resplandecia intensamente uma "semelhança do Homem", e sobre Ele um arco-íris (Ezequiel 1: 4-28).
De acordo com a explicação dos Padres da Igreja, a intensa resplandecência da imagem que se "assemelhava a um Homem" sobre o trono de safira refulgente, era uma prefiguração da Encarnação do Filho de Deus e da Santíssima Virgem Maria, revelada como o Trono de Deus. As quatro criaturas prefiguraram os quatro evangelistas e a roda com uma multidão de olhos - a partilha da luz com todas as nações da terra. 
Durante esta visão, o santo profeta caiu ao chão com medo, mas a voz de Deus ordenou-lhe que se levantasse e então explicou que o Senhor o estava enviando para pregar à nação de Israel. A partir dessa época começou o ministério profético de Ezequiel. O Profeta Ezequiel anuncia à nação de Israel, cativa na Babilônia, que suas tribulações era consequência do seu desvio da fé e abandono doDeus Verdadeiro. O profeta proclamou também uma época melhor para seus conterrâneos cativos e previu seu retorno da Babilônia e a restauração do Templo de Jerusalém.
Particularmente importantes são dois elementos significativos na visão do profeta - um sobre a visão do templo do Senhor, cheio de glória, - o segundo sobre os ossos no campo, aos quais o Espírito de Deus deu nova vida. A visão sobre o templo foi uma misteriosa prefiguração da libertação da raça humana da ação do inimigo e da edificação da Igreja de Cristo por meio da ação redentora do Filho de Deus, encarnado da Santíssima Virgem Maria, - chamada pelo profeta de "Portas Fechadas", através das quais entraria o Único Senhor Deus (Ezequiel 44: 2). A visão sobre os ossos secos no campo - prefigurava a ressurreição universal dos mortos e a nova vida eterna dos redimidos pela morte na Cruz do Senhor Jesus Cristo (Ez 37: 1-14).
O Santo Profeta Ezequiel recebeu do Senhor o dom de fazer maravilhas. Ele, como o Profeta Moisés, em oração a Deus dividiu as águas do rio Chobar, e os hebreus cruzaram para a margem oposta, escapando dos perseguidores caldeus. Durante uma época de fome, o profeta implorou a Deus por mais alimentos para os famintos.
Por sua denúncia da idolatria de um certo príncipe hebreu, Santo Ezequiel foi entregue à execução: amarrado a cavalos selvagens, ele foi despedaçado. Os hebreus piedosos recolheram o corpo dilacerado do profeta e enterraram-no em Maur Field, na tumba de Sim e Arthaxad, antepassados ​​de Abraão, não muito longe de Bagdá. A profecia de Ezequiel foi escrita em um livro que leva o seu nome, e está incluído na Bíblia.
São Dimitrii de Rostov chamou a atenção dos crentes para o seguinte conceito no livro do Profeta Ezequiel: "Se um homem justo, na esperança de sua própria justiça, se aventurasse a pecar e no pecado morresse, ele responderia pelo pecado e seria sujeito a julgamento; mas um pecador, se ele se arrependesse, e em arrependimento morresse, seu pecado anterior não seria lembrado diante de Deus" (Ezequiel 3:20; 18: 21-24).

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Romanos 9:1-5

Fragmento 100 - Irmãos, falo a verdade em Cristo, não minto, minha consciência testifica-me no Espírito Santo, a grande tristeza que tenho em mim e constante tormento ao meu coração: Eu mesmo gostaria de ser excomungado de Cristo por meus irmãos, meus parentes na carne, isto é, os israelitas, a quem pertence a adoção e glória e pactos e estatutos e adoração e promessas; deles são os pais, e deles está o Cristo segundo a carne, o Qual É sobre todos, Deus bendito para sempre.

Mateus 9:18-26

Dizendo-lhes ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá. E Jesus, levantando-se, seguiu-o, ele e os seus discípulos. E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa; Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã. E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã. E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas, e o povo em alvoroço, Disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele. E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se. E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país.

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COMENTÁRIO

“Realmente, para Deus a morte é um sono”

Todas as perícopes evangélicas, caríssimos irmãos, nos oferecem os grandes bens da vida presente e da futura. Porém a leitura de hoje é um compêndio perfeito de esperança, e a exclusão de qualquer motivo de desesperação.

Porém, falemos do chefe da sinagoga, que, enquanto conduz Cristo à cabeceira de sua filha, deixa o caminho desimpedido para que a mulher se aproxime dele. A leitura evangélica de hoje começa assim: Aproximou-se um chefe da sinagoga, e ao vê-lo se lançou aos seus pés, rogando-lhe com insistência: Senhor, minha filha está nas últimas; vem, coloca as mãos sobre ela, para que seja curada e viva. Conhecedor do futuro como era, a Cristo não lhe estava oculto que haveria o encontro com a sobredita mulher: dela o chefe dos judeus haveria de aprender que a Deus não há necessidade de mudá-lo de lugar, nem levá-lo pelo caminho, nem exigir-lhe uma presença corporal, mas crer que Deus está presente em todos os lugares, integralmente e sempre; que pode fazê-lo somente com uma ordem, sem esforço; infundir ânimo, não deprimi-lo; afugentar a morte não com a mão, mas com o seu poder; prolongar a vida não com a arte, mas com o mandato.

Minha filha está nas últimas; vem. Que é como se dissesse: Ainda conserva o calor da vida, ainda se percebem sintomas de animação, ainda respira, ainda o Senhor da casa tem uma filha, ainda não desceu à região dos mortos; portanto, apressa-te, não deixes que a sua alma se vá. Em sua ignorância, creu que Cristo somente podia ressuscitar a morta se a tomasse pela mão. Esta é a razão pela qual Cristo, quando, ao chegar a casa, viu que choravam pela menina como perdida, para mover à fé aos pensamentos infiéis, disse que a menina não estava morta, mas adormecida, para infundir-lhes esperança, pensando que era mais fácil despertar do sono que da morte. A menina, disse, não está morta, mas dorme.

E realmente, para Deus a morte é um sono, pois Deus devolve mais rapidamente à vida um homem que desperta do sono (da morte) do que a um adormecido; e Deus demora menos em infundir o calor vivificante a alguns membros frios com o frio da morte do que pode tardar um homem em infundir o vigor aos corpos sepultados no sono. Escuta ao apóstolo: Em um instante, num abrir e fechar de olhos os mortos despertarão. O bem-aventurado apóstolo, ao não usar palavras capazes de expressar a velocidade da ressurreição, recorreu aos exemplos. Porque, como poderia imprimir agilidade ao discurso ali onde a potência divina se adianta inclusive a essa própria agilidade? Ou em que sentido poderia expressar-se em categorias de tempo, ali onde nos é concedido uma realidade eterna não submetida ao tempo? Assim como o tempo deu lugar para a temporalidade, assim a eternidade excluiu o tempo.

São Pedro Crisólogo (séc. V) 

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