quinta-feira, 22 de agosto de 2024

9ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

22 de Agosto 2024 (CC) / 09 de Agosto (CE)
Santo Apóstolo Matias (Séc. I)
Santo Mártir Antônio, de Alexandria
Jejum da Dormição
Tom 7



O Santo Apóstolo Matias era natural de Belém e um dos descendentes da tribo de Judá. Desde a sua infância em Jerusalém, dedicou-se à meditação da Lei de Deus através do estudo dos livros sagrados e, sob a orientação de São Simeão, o Receptor de Deus, foi instruído na vida e nas virtudes. Em tudo, procurava ser agradável a Deus, seguindo estritamente o caminho dos Divinos Mandamentos.

Matias foi contado entre os setenta e dois outros discípulos que «o Senhor designou e enviou, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir» (Lc 10,1), tendo antes seguido Jesus desde o começo de sua vida pública, testemunhando e vivendo  todo o drama da sua paixão, morte e ressurrreição.  Após a morte de Judas Iscariotes, o Traidor, Matias foi o escolhido para ocupar seu lugar, completando o grupo dos Doze Apóstolos. Sua Eleição foi descrita nos Atos dos Apóstolos, assim: 
«É necesário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição. Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e Matias. E fizeram esta oração: ‘Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar o lugar que Judas abandonou, no ministério do apostolado, para dirigir-se ao lugar que era o seu’ lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então contado entre os doze apóstolos» (At 1,21-26). 
Após a descida do Espírito Santo, os apóstolos fizeram a distribuição dos lugares aonde deviam levar o Evangelho. Ao apóstolo Matias coube a região da Judéia, onde percorreu cidades e povoados proclamando a boa-nova da presença do Salvador do mundo, na pessoa de Jesus Cristo. O livro do Atos dos Apóstolos relata que o apóstolo Matias pregou o Evangelho na Judéia e em Jerusalém, juntamente com os outros Apóstolos (At 6,2; 8,14).  Sua pregação não se restringiu aos judeus, alcançando também os gentios. Diz ainda a Tradição que São Matias levou o Evangelho aos habitantes da Etiópia, e lá teve de suportar muitas e diversas formas de aflições.

Ainda que sejam poucos os relatos sobre a sua vida, sabe-se que ele sofreu o martírio em Colchis, apedrejado por ordem do sumo sacerdote Ananías, e recebeu a coroa de mártir, oferecendo sua vida por amor a Cristo, no ano 63.
 
Comemoração do Santo Apóstolo Matias 
Tropárion de São Matias, Tom 3: Ó Santo Apóstolo Matias, interceda por nós / junto ao Bondoso Deus: / Que Ele nos conceda o perdão // e às nossas almas salvação. 
Kondákion do Apóstolo Matias, Tom 4: Tal como o sol tuas palavras resplandeceram por toda a terra / concedendo graciosamente a luz da Igreja a todas as nações, // Ó maravilhoso Apóstolo Matias.
Santo Mártir Antônio de Alexandria
O santo mártir Antônio era um cristão da cidade de Alexandria, e levava uma vida temente a Deus. Ele foi capturado e levado ao prefeito da cidade. Durante o interrogatório, Santo Antônio se declarou cristão e corajosamente começou a pregar sobre Cristo como o verdadeiro Deus. Por isto foi enforcado em uma árvore, e teve seu seu corpo talhado com ferramentas de ferro, mas ele não renunciou a Cristo e resistiu aos algozes, suportando pacientemente o tormento, pelo que foi condenado a ser queimado no fogo. Estando na fogueira, ele ensinou aos que estavam à frente:
"Meus amados irmãos! Sirvam, não tanto o corpo, mas mais a alma. Lembrem-se de que ela foi dada a vocês por Deus semelhantemente à das divinas Hostes  Supra-Racionais; portanto, zelem para trazê-la pura ao Senhor".
Após a morte do santo mártir, seu corpo foi encontrado sem nenhum dano. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 


1 Coríntios 14:6-19

Fragmento 155 - Irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? Da mesma sorte, se as coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara? Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como que falando ao ar. Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação. Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim. Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja. Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.

Mateus 20:17-28

Fragmento 81 - Naquela ocasião, subindo a Jerusalém, Jesus chamou à parte os Seus doze discípulos, e no caminho disse-lhes: Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e O condenarão à morte. E O entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e O açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará. Então se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-O, e fazendo-Lhe um pedido. E Ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita e outro à Tua esquerda, no Teu Reino. Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que Eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado? Dizem-Lhe eles: Podemos. E diz-lhes Ele: Na verdade bebereis o Meu cálice e sereis batizados com o batismo com que Eu Sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem Meu Pai o tem preparado. E, quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Então Jesus, chamando-os para junto de Si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos.


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COMENTÁRIO 

“Ai da Alma Na Qual Não Habita Cristo!”


Assim como Deus em outro tempo, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém à afronta de seus inimigos e seus adversários os submeteram, de maneira que já não restaram nela nem festas nem sacrifícios; assim também agora, encolerizado contra a alma que viola os seus mandatos, a entrega em poder dos mesmos inimigos que a seduziram até torná-la feia.

E da mesma forma que uma casa, se não habita nela seu dono, se cobre de trevas, de ignomínia e de afronta, e fica toda cheia de sujeira e imundície; assim também a alma, privada de seu Senhor e da presença alegre de seus anjos, fica repleta das trevas do pecado, da fealdade das paixões e de todo tipo de desonra.

Ai do caminho pelo qual ninguém passa, e no qual não se ouve nenhuma voz humana, porque se torna asilo de animais! Ai da alma pela qual o Senhor não caminha, nem afugenta dela com a sua voz as bestas espirituais da maldade! Ai da casa na qual não habita o seu dono! Ai da terra privada de colono que a cultive! Ai do barco privado de piloto, porque, acometido pelas ondas e tempestades do mar, acaba por naufragar! Ai da alma que não traz em si o verdadeiro piloto, Cristo, porque, colocada em um cruel mar de trevas, sacudida pelas ondas de suas paixões e atacada pelos espíritos malignos como por uma tempestade de inverno, acabará naufragando!

Ai da alma privada do cultivo dedicado de Cristo, que é aquele que lhe faz produzir os bons frutos do Espírito, porque, encontrando-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada, cheia de espinhos e de abrolhos, em vez de produzir fruto, acaba na fogueira! Ai da alma na qual não habita Cristo, seu Senhor, porque ao encontrar-se abandonada e cheia dos maus odores de suas paixões, torna-se hospedagem de todos os vícios!

Assim como o colono, quando se dispõe a cultivar a terra, necessita dos instrumentos e vestes apropriados, assim também Cristo, o rei celestial e verdadeiro agricultor, ao visitar a humanidade desolada pelo pecado, tendo-se revestido de um corpo humano e levando a cruz como instrumento, cultivou a alma abandonada, arrancou dela os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extraiu a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva má; e, tendo-a assim trabalhado incansavelmente com o madeiro da cruz, plantou nela o belíssimo horto do Espírito: horto que produz para Deus, seu Senhor, um fruto agradável e suavíssimo.

São Macário, o Grande (séc. IV)

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