segunda-feira, 4 de novembro de 2024

20ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

  
04 de Novembro de 2024 (CC) / 22 de Outubro (CE)
Milagroso Ícone da Mãe de Deus de Kazan
Santo Abércio, bispo de Hierápolis († c. 170)
Santos Sete Jovens Dormentes de Éfeso († 250)
Tom 2


O Ícone de Nossa Senhora de Kazan, em estilo grego, teria sido escrito, segundo os especialistas, em Constantinopla, no século XIII. A obra apresenta a imagem de meio corpo da Virgem carregando o Menino Jesus, que se encontra quase de pé numa atitude de benção para com sua mãe, para quem Ele ergue Sua mão direita. 
O ícone encontra-se recoberto com uma lâmina de prata que cobre a figura e as vestimentas, deixando visíveis apenas os rostos da Mãe e do Filho. Sob a cobertura está o desenho e as cores se conservam perfeitamente, o que se leva a considerá-lo não unicamente como uma peça de altíssimo valor religioso, mas também uma verdadeira obra de arte. 
A lâmina que recobre a imagem data do século XVII e contém incrustações de diamantes, esmeraldas, rubis, safiras e pérolas, a maior parte dos quais foram acumuladas por diversos doadores que deste modo quiseram expressar sua devoção à Sagrada Imagem. 
No dia 1 de outubro de 1552, festa da «Proteção da Virgem» o exército do Czar Ivan, o Terrível, assaltou as muralhas da cidade de Kazan, até então capital do Reino Tártaro. O Czar, em ação de graças pela vitória obtida, ordena a construção de uma grande basílica em honra da Mãe de Deus, dedicando-a ao mistério da Anunciação. 
No ano de 1579 Kazan foi assolada por um violento incêndio que destruiu a metade da cidade. Enquanto a população se recuperava da tragédia, a Virgem aparece a uma menina de nove anos. Manda-lhe escavar as ruínas porque ali encontraria o Sagrado Ícone. 
No dia 8 de julho de 1579, é encontrada entre as cinzas a imagem de Nossa Senhora de Kazan. Trasladada até a Catedral da Anunciação de Kazan, começa a ser objeto de grande devoção religiosa, sendo-lhe atribuídos inúmeros milagres. Ali permaneceu até por volta do ano de 1612 quando é transportada para a cidade de Moscou. 
Em 1790 o Czar Pedro, o Grande, a invoca como «Protetora e Estandarte»na batalha de Poltava, contra Carlos XII da Suécia. Após a vitória russa o ícone é entronizado na Catedral de Moscou, sendo em seguida transferido para São Petersburgo e colocado num santuário a ele especialmente dedicado. 
Na noite de 29 de junho de 1904, durante uma revolta popular, desaparece junto a outros tesouros do Santuário. Em 1970, cerca de sessenta anos depois, reaparece numa exposição de arte nos Estados Unidos. Neste contexto, foi comprado pelo «Centro Russo Católico de Nossa Senhora de Fátima» organização católica de devoção à Virgem de Fátima. Prosseguindo sua caminhada foi entronizado na Capela Bizantina, em Fátima, Portugal e, em 1993, foi entregue ao Papa por esta organização. 
O bispo de Roma conservou o ícone na capela de seu apartamento, esperando a oportunidade de encontrar-se com o Patriarca Alexis II para devolvê-lo, pois este, enquanto chefe atual da Igreja Ortodoxa Russa, era considerado seu legítimo proprietário.  
Em 28 de agosto de 2004, o Papa João Paulo II, manifestando o desejo de promover as relações fraternas com a Igreja Ortodoxa Russa, devolveu ao Patriarcado de Moscou este que é um dos ícones mais venerados pelos Ortodoxos através da história. 


Tropária e Kondákia

Tom 4: Ó Mãe do Senhor Altíssimo, e fervorosa intercessora, / por todos intercedei ao teu Filho, Cristo nosso Deus, / intentando a salvação de todos os que recorrem à tua poderosa proteção. / Ó Soberana Senhora e Rainha, ajude-nos e defenda a todos nós / que nas angústias, provações e dores, sobrecarregados de muitos pecados, / estamos diante do teu puríssimo Ícone na tua presença, / e a ti oramos com compunção de alma, / contrição de coração, e com lágrimas, / e que inabalavelmente esperamos em ti. / Conceda-nos, a todos, o que é bom para nós, / libertando-nos de todo o mal, / e salva-nos a todos, ó Virgem Theotókos, // pois tu és uma Divina Proteção para os teus filhos.

Tom 8: Acorramos, ó povos, ao porto de calmaria e pronta ajudadora, / iminente e calorosa salvação e Virgem protetora. / Apressemo-nos a nos arrepender e a orar, / pois, a puríssima Theotókos derrama sobre nós infalível misericórdia, / e depressa socorre aos servos tementes e agradáveis a Deus nas necessidades, // livrando-nos de males e catástrofes.

Leituras Comemorativas
Filipenses 2:5-11
Lucas 10:38-42; 11:27-28
Comemoração de Santo Abércio 
Abércio Marcelo viveu no segundo séclo, na Frigia Salutaris, e era Bispo de Hierópolis.  Aos setenta anos de idade realizou uma peregrinação a cidade de Roma e, retornando desta viagem, passou pela Síria, Mesopotâmia, visitando lá à cidade de Nísibis. Por todos os lugares por onde passou encontrou fervorosos cristãos que haviam sido purificados pelo batismo e se nutriam do Corpo e do Sangue de Cristo.
O santo bispo, através de sua pregação e milagres, levou tantos à conversão que lhe foi dado o título de «Igual-aos-apóstolos». Sua fama chegou aos ouvidos do Imperador Marco Aurélio que mandou que viesse à Roma, pois sua filha era vítima de possessão. Santo Abércio realizou com muito êxito o exorcismo na jovem, ordenando ao demônio que lhe atormentava que transportasse a pedra de um altar do hipódromo romano até a sua cidade episcopal, onde seria utilizada na construção de sua sepultura. O nome de Abércio figura na liturgia grega desde o século X. Seu adormecimento em Cristo aconteceu quando contava 72 anos de idade. 
Santos Maximiliano, Jâmblico, Martiniano, João, Dionísio, Constantino e Antonino. 
São Maximiliano era o filho do administrador da cidade Éfeso, e os outros seis jovens eram filhos de outros ilustres cidadãos de Éfeso. Os jovens eram amigos desde a infância, e todos estavam cumprindo juntos o serviço militar. 
Quando o imperador Décio (249-251) chegou a Éfeso, ordenou que todos os cidadãos fossem ofertar sacrifícios aos deuses pagãos, e quem não o fizesse, sofreria torturas e execução. 
Através de uma denúncia, os sete jovens de Éfeso foram convocados para responder às acusações. Em pé perante o Imperador, os sete jovens confessaram a sua fé em Cristo. Imediatamente as divisas militares dos jovens lhes foram tomadas. Décio julgava que lhes expulsando do exército, os faria abandonar a fé pelo desejo de voltarem às campanhas militares. 
No entanto, os jovens fugiram da cidade e se esconderam em uma caverna no Monte Okhlonos, onde permaneceram todo o tempo em oração, preparando-se para o martírio. O mais novo deles, São Jâmblico, se vestiu com roupas de mendigo e entrou na cidade para comprar pão. 
Em uma dessas viagens para a cidade, ouviu que o Imperador estava os estava procurando para leva-los a julgamento. São Maximiliano exortou seus companheiros a sairem da caverna e bravamente aparecer no julgamento.

Contudo, ao descobrir o esconderijo dos rapazes, o Imperador deu ordens para vedar a entrada da caverna com pedras, para que os rapazes morressem de fome e de sede. 
Pela obra de dois cristãos desconhecidos (muitos viviam a ocultar a sua fé, para escapar do martírio), no desejo de preservar a memória dos santos, instalou entre as pedras um recipiente lacrado, no qual foram localizados dois feixes de estanho. Nelas estavam inscritos os nomes dos sete jovens e os detalhes do seu sofrimento e morte. Mas o Senhor submeteu os jovens a uma especie de adormecimento milagroso, que os fez dormir por quase dois séculos. 
Após esse tempo as perseguições contra os cristãos tinham cessado. No entanto, durante o reinado do Santo imperador Teodósio , o Jovem (408-450), surgiram hereges que rejeitavam a crença na ressurreição dos mortos e na Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Alguns deles diziam:  
"Como pode haver uma ressurreição dos mortos, quando não há mais nem alma, nem o corpo, uma vez que foram desintegrados?" 
Outros afirmavam:  
"Somente as almas poderiam ser restauradas, uma vez que é impossível para corpos ressurgir e viver depois de mil anos, pois até mesmo a poeira deles não existe mais". 
O Senhor, portanto, revelou o mistério da Ressurreição dos Mortos e da vida futura através dos seus sete jovens de Éfeso. Um mestre de obras que trabalhava nas proximidades do monte Okhlonos, descobriu a construção de pedra e os seus trabalhadores abriram as passagens para a caverna. O Senhor havia mantido vivo os jovens, e eles como que se despertassem de seu sono habitual, não suspeitavam que haviam adormecido por quase 200 anos! Seus corpos e roupas estavam intactos, sem qualquer sinal da passagem do tempo!

Preparando-se para aceitar a tortura, os jovens confiaram a São Jâmblico a ida novamente a cidade para comprar pão para que eles pudessem se apresentar para o martírio com boa disposição física. 
No caminho para a cidade, o jovem foi surpreendido ao ver a Santa Cruz gravada nos portões das casas. E ouviu o nome de Jesus ser pronunciado livremente pelas pessoas nas ruas, e nisso começou a duvidar de que ele estava se aproximando de sua própria cidade. 
Ao comprar o pão, o jovem deu uma moeda ao padeiro com a imagem do imperador Décio gravada nela. Naquele tempo havia uma horda de criminosos, usando dinheiro velho para enganar comerciantes. E nisso São Jâmblico foi detido como suspeito de fazer parte do grupo de falsários, e foi levado ao administrador da cidade, que naquele momento era o Bispo de Éfeso.

Ao ouvir as respostas desconcertantes do jovem (contando que era um habitante da Efeso dos tempos do imperador Décio), o Bispo percebeu que Deus estava revelando por meio daquele jovem algum tipo de mistério, e nisso partiu, junto com uma comitiva , para a tal caverna, na qual estariam os outros 6 jovens. 
Na entrada da caverna, o bispo encontrou o recipiente fechado e o abriu. Ele então leu o que estava gravado nos feixes de estanho: os nomes dos sete jovens e os detalhes da vedação da caverna sob as ordens do Imperador Décio.

Ao adentrar na caverna e ver os jovens vivos, todos da comitiva se alegraram e perceberam que o Senhor, através do despertar dos jovens, após um longo sono, estava revelando à Igreja o mistério da Ressurreição dos Mortos. Posteriormente, o próprio Imperador chegou a Éfeso e conversou com os jovens. 
Contudo, após algum tempo da revelação, os jovens santos , diante de todos, deitaram no chão e voltaram a adormecer, desta vez até a Ressurreição de todos, no Dia do Juízo. 
O Imperador desejava colocar cada um dos jovens em um caixão coberto de jóias, mas os santos apareceram ao Imperador em um sonho, pedindo que seus corpos fossem deixados na caverna. 
No século XII o peregrino russo, Higumeno Daniel, visitou a caverna na qual permaneciam adormecidos os sete jovens santos. 
Além do dia 04 de Agosto, os Sete Santos adormecidos de Éfeso são comemorados no dia 22 de Outubro. A data de Agosto se refere ao dia nos quais eles adormeceram, e Outubro se refere ao despertar dos Santos.

Os jovens santos são mencionados também no Ofício do Ano Novo Litúrgico, no dia 01 de Setembro.
Tropárion dos Sete Mártires Dormentes, Tom 4: Em seus sofrimentos, ó Senhor, / Teus mártires receberam de Ti, ó nosso Deus, coroas imperecíveis, / pois, tomados de Teu poder, / aviltaram os torturadores e esmagaram a débil ousadia dos demônios. // Por suas súplicas, salva, Senhor, as nossas almas.

Kondakion dos Sete Mártires Dormentes, Tom 4: Tendo rejeitado as coisas corruptas deste mundo / e recebendo o dom da incorruptibilidade, / pois, mesmo estando mortos, permaneceram intocados pela corrupção. / Assim, ao ressurgirem depois de muitos anos, / sepultaram toda a incredulidade dos ímpios. // Ó Fiéis, celebremos hoje os Dormentes, entoando hinos a Cristo!

Oração Antes de Ler as Escrituras  
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Filipenses 2:12-16

12 Sendo assim, meus amados, como sempre obedecestes, não somente na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa própria salvação com reverência e temor a Deus, 13 pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade. 14Fazei tudo sem murmurações nem contendas; 15 para que vos torneis puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis, vivendo em um mundo corrompido e perverso, no qual resplandeceis como grandes astros no universo, 16 retendo firmemente a Palavra da vida, para que, no dia de Cristo, eu tenha motivo de me gloriar no fato de que não foi inútil que corri e trabalhei.

Lucas 10:22-24

Fragmento 52 - 
O Senhor disse aos Seus discípulos: Tudo Me foi entregue por Meu Pai; e ninguém conhece Quem é o Filho senão o Pai, nem Quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar. E, voltando-Se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes. Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.

ENSINO DOS PADRES

“A Pregação Apostólica”

Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, por si mesmo ensinava em toda parte quem ele era, o que tinha sido eternamente, qual era o desígnio do Pai que ele realizava no mundo, qual deve ser a conduta do homem para que seja conforme a este mesmo desígnio; e algumas vezes o ensinava abertamente ao povo, outras à parte aos seus discípulos, principalmente aos doze que tinha escolhido para que estivessem junto dele, e aqueles que tinha destinado como mestre das nações.

E assim, depois da apostasia de um deles, quando estava para voltar ao Pai, após a sua ressurreição, ordenou aos outros onze que fossem pelo mundo para ensinar aos homens e batizá-los em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Os apóstolos – palavra que significa “enviado” –, depois de terem escolhido Matias lançando as sortes, para substituir a Judas e assim completar o número de doze – apoiados para isto na autoridade de uma profecia contida em um salmo de Davi –, e depois de terem obtido a força do Espírito Santo para falar e realizar milagres, como o havia prometido o Senhor, primeiramente na Judeia deram testemunho da fé em Jesus Cristo e ali instituíram Igrejas, depois foram pelo mundo para proclamar às nações os mesmos ensinamentos e a mesma fé.

De maneira semelhante continuaram fundando Igrejas em cada povoação, de forma que as demais Igrejas fundadas posteriormente, para serem verdadeiras Igrejas, tomaram e seguem tomando daquelas primeiras Igrejas o rebento de sua fé e a semente de sua doutrina. Por isto também aquelas Igrejas são consideradas apostólicas, enquanto que são descendentes das Igrejas apostólicas.

É norma geral que todo objeto deve ser referido a sua origem. E, por isto, toda a multidão de Igrejas são uma com aquela primeira Igreja fundada pelos apóstolos, da qual procedem todas as outras. Neste sentido são todas primeiras e todas apostólicas, enquanto que todas juntas formam uma só. Desta unidade são prova a comunhão e a paz que reinam entre elas, assim como sua mútua fraternidade e hospitalidade. Tudo o qual não tem outra razão de ser que sua unidade em uma mesma tradição apostólica.

A única maneira segura de saber o que foi pregado pelos apóstolos, ou seja, o que Cristo lhes revelou, é o recurso às Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos, aquelas que eles ensinaram de viva voz e, mais tarde, por carta.

O Senhor tinha dito em certa ocasião: Muitas coisas me restam por dizer-vos, porém não podeis suportá-las agora; mas acrescentou em seguida: quando “vier o Espírito da verdade, ele vos guiará até a verdade plena". Com estas palavras demonstrava que nada lhes era oculto, já que lhes prometia que o Espírito da verdade lhes daria o conhecimento da verdade plena. E cumpriu esta promessa, já que sabemos pelos Atos dos Apóstolos que o Espírito Santo realmente desceu sobre eles.

Tertuliano (séc. III)

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