05 de Novembro de 2024 (CC) / 23 de Outubro (CE)
S. Tiago, "irmão" do Senhor, Bispo de Jerusalém, Apóstolo [dos 70], mártir († 62);
Jacó de Nóvgorod, Taumaturgo; Inácio, Patriarca de Constantinopla.
Tom 5
Antes de tudo, é necessário que se distinga São Tiago, irmão do Senhor, do apóstolo Tiago, filho de Alfeu, um dos Doze, cuja memória a Igreja celebra em 9 de outubro. São Tiago, cuja festa comemoramos no dia de hoje, é o que nos mencionado em (Mt 13,15) e (Mc 6,3) como um dos 4 irmãos do Senhor. Os outros três são: José, Simão e Judas.Acerca da relação entre estes «irmãos» com o Senhor Jesus Cristo, eles eram filhos de José de um casamento anterior, já que José era viúvo quando ficou noivo de Maria. Ao que parece, nenhum dos «irmãos» creram n’Ele logo de início, conforme menciona claramente São João, o Teólgo (João 7:1-5). Mas, o que foi que transformou São Tiago a ponto de se apresentar, em sua carta como o «Servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo» (cf. carta a ele atribuída, Tg 1:1). Não o sabemos com certeza, mas o Santo Apóstolo Paulo cita em sua primeira epístola aos Coríntios que Jesus se manifestou a São Tiago depois da sua ressurreição (1Cor 15:7). Dos textos bíblicos, sabemos que Tiago foi um dos representantes mais destacados da Igreja de Jerusalém. São Paulo, em sua carta aos Gálatas (Gl 1:19-2,9) faz menção a ele como um dos três«pilares» da Igreja nesta cidade.
Também em Atos dos Apóstolos, quando os Apóstolos se reuniram com os anciãos para decidirem se os gentios convertidos deveriam aceitar a circuncisão ou não, São Tiago falou como «cabeça» da comunidade de Jerusalém, e foi ele quem proclamou o parecer do conselho. A São Tiago é atribuída a primeira das sete cartas pastorais (que não é dirigida a uma determinada cidade ou pessoa) que fazem parte do Novo Testamento. De acordo com os exegetas, a carta de Tiago foi escrita entre os anos 50 e 60 (d.C).
Esta carta contém uma coleção de ensinamentos e instruções sobre a conduta cristã e a vida pastoral: A paciência na tribulação, a fé, o amor ao trabalho, o controle da língua, o perigo do dinheiro entre outras coisas. Isto é o que nos informa o Novo Testamento sobre Tiago.
A tradição, porém, nos faz também menção a ele, entre estas, que Tiago era conhecido, em vida, como «o Justo»; que desde a sua infância havia sido separado para Deus; que nunca se alimentava de manteiga, nem provava vinho; que seu cabelo «não conhecia a tesoura» (em sinal de sua separação para Deus); que permaneceu casto durante toda a sua vida; que seus joelhos ficaram endurecidos como pedra pelas prostrações excessivas para a oração. Os Apóstolos o elegeram por unanimidade como o primeiro bispo de Jerusalém, e assim permaneceu durante 30 anos, atraindo durante este tempo, muitos judeus e gentios à fé em Jesus Cristo. Certa vez foi visto pregando do telhado de uma casa, ou mesmo no templo, e dizia:
"O Filho do homem está sentado à direita do Todo-Poderoso, e virá sobre as nuvens para julgar o mundo com bondade".
E, enquanto o povo aclamava: «Hosana ao Filho de Davi», os fariseus e os fanáticos dos judeus empurravam para baixo o Justo, apedrejando-o em seguida. Um deles bateu violentamente com um pau em sua cabeça, com o que se consumou o seu martírio, e se lhe abriram as portas da vida. Suas virtudes, conhecidas de todos, fez com que os judeus mais eminentes atribuíssem o cerco e destruição de Jerusalém em 70 dC. ao assassinato de São Tiago.
Apóstolo, Bispo, Mártir e irmão do Senhor, interceda junto de Deus por todos nós. Amém!
Comemoração de São TiagoTropárion de São Tiago, o Irmão do Senhor, Tom 2: Como discípulo do Senhor, recebeste o Evangelho, ó Justo; / como mártir, possuis O Infinito; / como irmão de Deus, tens ousadia diante d'Ele; / e como Hierarca, podes interceder .// Suplica a Cristo Deus, que salve as nossas almas.Kondákion, Tom 4: O Verbo de Deus e Unigênito do Pai, / Que veio a nós nos últimos tempos, / revelou-te que és o primeiro pastor e mestre do povo de Jerusalém, / e fiel servidor dos mistérios do Espírito, Ó piedoso Tiago. // Por isto, todos nós te honramos, Ó Apóstolo.
Leituras ComemorativasGálatas 1:11-19Mateus 13:54-58
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Filipenses 2:16-23
Fragmento 242 - Irmãos, retende a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão. Contudo, ainda que a minha vida esteja sendo derramada como oferta juntamente com o sacrifício e o serviço provenientes da vossa fé, alegro-me e me congratulo com todos vós. E, pelo mesmo motivo, alegrai-vos e acompanhai-me neste júbilo. Tenho esperança no Senhor Jesus de que, em breve, vos poderei enviar Timóteo, para que eu também me anime, recebendo notícias vossas. Pois não tenho ninguém que tenha esse mesmo sentimento, que sinceramente zele por vosso bem-estar. Porquanto, todos procuram cuidar apenas de seus próprios interesses, e não se dedicam ao que é de Cristo Jesus. Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi aprovado porque serviu comigo na ministração do Evangelho, como um filho cooperando com seu pai. Portanto, é ele quem espero vos enviar, tão logo tenha certeza sobre minha situação.
Lucas 11:1-10
Seria digno de observar se no Antigo Testamento se encontra uma oração na qual alguém invoca a Deus como Pai, porque nós, até o presente, não a temos encontrado, apesar de tê-la buscado com interesse. E não dizemos que Deus não foi chamado com o título de Pai, ou que aqueles que nele têm crido não foram chamados filhos de Deus; mas que em nenhuma parte encontramos em uma oração essa confiança proclamada pelo Salvador de invocar a Deus como Pai.
Além disso, que Deus é chamado Pai e, de filhos, os que se ativeram à palavra divina, pode-se constatar em muitas passagens veterotestamentárias. Assim:
"Deixaste ao Deus que te gerou, e deste ouvido ao Deus que te alimentou?"
E ainda na mesma passagem:
"São filhos sem fidelidade alguma".
E em Isaías:
"Eu criei filhos e os tenho enaltecido, porém eles me têm desprezado";
e em Malaquias:
"O filho honrará ao seu pai e o servo ao seu Senhor. Porque se eu sou pai, onde está a minha honra?"
Ainda que em todos estes textos Deus seja chamado de Pai, e filhos aqueles que foram gerados pela palavra da fé nEle, não se encontra, contudo, na Antiguidade uma afirmação clara e infalível desta filiação. Desta forma os mesmos lugares citados mostram que eram realmente súditos aqueles que se chamavam filhos. Já que, segundo o apóstolo, enquanto o herdeiro é menor, sendo o Senhor de tudo, não difere do servo; mas está sob tutores e encarregados até a data assinalada pelo pai.
Mas a plenitude dos tempos chegou com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, quando pode se receber livremente a adoção, como ensina São Paulo, afirmando que "tendes recebido o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Abbá, Pai!"
E no Evangelho de São João lemos:
"Mas a todos os que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que creem em seu nome."
E por este espírito de adoção de filhos sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, porque a semente de Deus está nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.
Por tudo isto, se entendêssemos o que escreve São Lucas ao dizer: "Quando orardes, dizei: Pai", nos envergonharíamos de invocá-lo sob esse título se não somos filhos legítimos. Porque seria triste que, junto aos nossos outros pecados, acrescentássemos o crime de impiedade.
Desejando nosso Senhor e Salvador que cheguemos às alegrias do reino celestial, ensinou-nos a pedir-lhe estas mesmas alegrias e prometeu de concedê-las a nós se o pedimos: Pedi – diz ele – e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto. Devemos refletir seriamente e com a máxima atenção, caríssimos irmãos, sobre a mensagem de que são portadoras estas palavras do Senhor, visto que nos asseguram que o Reino dos Céus não é patrimônio de ociosos e desocupados, mas que se dará, será encontrado e se abrirá para aqueles que o peçam, o procurem e chamem às suas portas.
Desta forma, a entrada no reino temos de pedi-la orando, temos de procurá-la vivendo honradamente e temos de chamar às suas portas perseverando. Porque não é suficiente limitar-se a pedi-lo de palavra, mas devemos indagar diligentemente qual há de ser a nossa conduta para merecer alcançar o que pedimos, segundo a afirmação daquele que afirma: Nem todo o que me diz Senhor entrará no Reino dos Céus, mas aquele que cumpra a vontade de meu Pai que está no céu: esse entrará no Reino dos Céus.
Portanto, é necessário, meus irmãos, que peçamos assiduamente, que oremos constantemente, que nos prostremos por terra, bendizendo ao Senhor, nosso Criador. E para que mereçamos ser escutados, consideremos solicitamente como ele quer que vivamos, que é cumprir o que nosso Criador nos ordenou. Recorramos ao Senhor e ao seu poder, busquemos continuamente a sua face. E para que mereçamos achá-lo e contemplá-lo, limpemo-nos de toda sujidade de corpo ou de espírito, pois no dia da ressurreição somente subirão ao céu aqueles que tenham conservado a castidade do corpo, unicamente os puros de coração poderão contemplar a glória da divina Majestade.
E se desejamos saber o que ele quer que peçamos, escutemos aquilo do Evangelho: Buscai o Reino de Deus e sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Buscar o Reino de Deus e sua justiça significa desejar os dons da pátria celestial, significa indagar incessantemente qual é o comportamento adequado para alcançá-los, não ocorra que cheguemos a nos desviar do caminho que a isso nos conduz, nos vejamos impossibilitados de alcançar a meta à qual nos tínhamos proposto. Estes são, caríssimos irmãos, os bens que principalmente temos de pedir a Deus, esta é a justiça do reino que preferencialmente temos de buscar, ou seja, a fé, a esperança e a caridade, porque está escrito: O justo viverá por sua fé; o que confia no Senhor, a misericórdia o cerca; e amar é cumprir a lei inteira; porque toda a lei se concentra nesta frase: amarás ao próximo como a ti mesmo.
Por isso o Senhor amavelmente nos promete que o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que o peçam. Com o qual quer decisivamente indicar-nos que aqueles que são maus por natureza podem tornar-se bons mediante a aceitação da graça do Espírito.
Promete que o Pai dará o Espírito Santo àqueles que o pedem, porque a própria fé, a esperança e a caridade, como quaisquer outros bens celestiais que desejamos alcançar, nos são concedidos unicamente pelo dom do Espírito Santo.
Seguindo suas pegadas, na medida do possível, peçamos, amadíssimos irmãos, a Deus Pai que, pela graça de seu Espírito, nos guie pelo reto caminho da fé, uma fé ativa na prática do amor. E para que mereçamos alcançar os bens desejados, procuremos viver de tal maneira que não sejamos indignos de tão grande Pai; pelo contrário, esforcemo-nos por conservar, com corpo sempre íntegro e alma pura, o ministério do segundo nascimento, mediante o qual e no batismo nos convertemos em filhos de Deus. Porque é seguro que, se observamos os mandamentos do Pai eterno, nos remunerará com a herança de uma bênção eterna, preparada para nós desde o princípio por Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina com Deus Pai, na unidade do Espírito Santo, é Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.
Fragmento 242 - Irmãos, retende a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão. Contudo, ainda que a minha vida esteja sendo derramada como oferta juntamente com o sacrifício e o serviço provenientes da vossa fé, alegro-me e me congratulo com todos vós. E, pelo mesmo motivo, alegrai-vos e acompanhai-me neste júbilo. Tenho esperança no Senhor Jesus de que, em breve, vos poderei enviar Timóteo, para que eu também me anime, recebendo notícias vossas. Pois não tenho ninguém que tenha esse mesmo sentimento, que sinceramente zele por vosso bem-estar. Porquanto, todos procuram cuidar apenas de seus próprios interesses, e não se dedicam ao que é de Cristo Jesus. Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi aprovado porque serviu comigo na ministração do Evangelho, como um filho cooperando com seu pai. Portanto, é ele quem espero vos enviar, tão logo tenha certeza sobre minha situação.
Lucas 11:1-10
Fragmento 55 - Jesus estava orando em certo lugar, e quando acabou, lhe disse um dos Seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E Ele lhes disse: Quando orardes, dizei:
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu Nome; venha o Teu Reino; seja feita a Tua vontade, assim na terra, como no céu.
Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do maligno”.
Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para os dar; digo-vos que, ainda que não se levante a os dar, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que for necessário. E eu vos digo a vós: Pedi, e vos será dado; buscai e achareis; batei, e vos será aberto; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate lhe será aberto.
HOMILIAS
Sobre a Oração
Seria digno de observar se no Antigo Testamento se encontra uma oração na qual alguém invoca a Deus como Pai, porque nós, até o presente, não a temos encontrado, apesar de tê-la buscado com interesse. E não dizemos que Deus não foi chamado com o título de Pai, ou que aqueles que nele têm crido não foram chamados filhos de Deus; mas que em nenhuma parte encontramos em uma oração essa confiança proclamada pelo Salvador de invocar a Deus como Pai.
Além disso, que Deus é chamado Pai e, de filhos, os que se ativeram à palavra divina, pode-se constatar em muitas passagens veterotestamentárias. Assim:
"Deixaste ao Deus que te gerou, e deste ouvido ao Deus que te alimentou?"
E ainda na mesma passagem:
"São filhos sem fidelidade alguma".
E em Isaías:
"Eu criei filhos e os tenho enaltecido, porém eles me têm desprezado";
e em Malaquias:
"O filho honrará ao seu pai e o servo ao seu Senhor. Porque se eu sou pai, onde está a minha honra?"
Ainda que em todos estes textos Deus seja chamado de Pai, e filhos aqueles que foram gerados pela palavra da fé nEle, não se encontra, contudo, na Antiguidade uma afirmação clara e infalível desta filiação. Desta forma os mesmos lugares citados mostram que eram realmente súditos aqueles que se chamavam filhos. Já que, segundo o apóstolo, enquanto o herdeiro é menor, sendo o Senhor de tudo, não difere do servo; mas está sob tutores e encarregados até a data assinalada pelo pai.
Mas a plenitude dos tempos chegou com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, quando pode se receber livremente a adoção, como ensina São Paulo, afirmando que "tendes recebido o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Abbá, Pai!"
E no Evangelho de São João lemos:
"Mas a todos os que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que creem em seu nome."
E por este espírito de adoção de filhos sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, porque a semente de Deus está nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.
Por tudo isto, se entendêssemos o que escreve São Lucas ao dizer: "Quando orardes, dizei: Pai", nos envergonharíamos de invocá-lo sob esse título se não somos filhos legítimos. Porque seria triste que, junto aos nossos outros pecados, acrescentássemos o crime de impiedade.
Orígenes, Presbítero de Alexandria (séc. III)
† † †
“Estes São os Bens que Principalmente Devemos Pedir”
Desejando nosso Senhor e Salvador que cheguemos às alegrias do reino celestial, ensinou-nos a pedir-lhe estas mesmas alegrias e prometeu de concedê-las a nós se o pedimos: Pedi – diz ele – e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto. Devemos refletir seriamente e com a máxima atenção, caríssimos irmãos, sobre a mensagem de que são portadoras estas palavras do Senhor, visto que nos asseguram que o Reino dos Céus não é patrimônio de ociosos e desocupados, mas que se dará, será encontrado e se abrirá para aqueles que o peçam, o procurem e chamem às suas portas.
Desta forma, a entrada no reino temos de pedi-la orando, temos de procurá-la vivendo honradamente e temos de chamar às suas portas perseverando. Porque não é suficiente limitar-se a pedi-lo de palavra, mas devemos indagar diligentemente qual há de ser a nossa conduta para merecer alcançar o que pedimos, segundo a afirmação daquele que afirma: Nem todo o que me diz Senhor entrará no Reino dos Céus, mas aquele que cumpra a vontade de meu Pai que está no céu: esse entrará no Reino dos Céus.
Portanto, é necessário, meus irmãos, que peçamos assiduamente, que oremos constantemente, que nos prostremos por terra, bendizendo ao Senhor, nosso Criador. E para que mereçamos ser escutados, consideremos solicitamente como ele quer que vivamos, que é cumprir o que nosso Criador nos ordenou. Recorramos ao Senhor e ao seu poder, busquemos continuamente a sua face. E para que mereçamos achá-lo e contemplá-lo, limpemo-nos de toda sujidade de corpo ou de espírito, pois no dia da ressurreição somente subirão ao céu aqueles que tenham conservado a castidade do corpo, unicamente os puros de coração poderão contemplar a glória da divina Majestade.
E se desejamos saber o que ele quer que peçamos, escutemos aquilo do Evangelho: Buscai o Reino de Deus e sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Buscar o Reino de Deus e sua justiça significa desejar os dons da pátria celestial, significa indagar incessantemente qual é o comportamento adequado para alcançá-los, não ocorra que cheguemos a nos desviar do caminho que a isso nos conduz, nos vejamos impossibilitados de alcançar a meta à qual nos tínhamos proposto. Estes são, caríssimos irmãos, os bens que principalmente temos de pedir a Deus, esta é a justiça do reino que preferencialmente temos de buscar, ou seja, a fé, a esperança e a caridade, porque está escrito: O justo viverá por sua fé; o que confia no Senhor, a misericórdia o cerca; e amar é cumprir a lei inteira; porque toda a lei se concentra nesta frase: amarás ao próximo como a ti mesmo.
Por isso o Senhor amavelmente nos promete que o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que o peçam. Com o qual quer decisivamente indicar-nos que aqueles que são maus por natureza podem tornar-se bons mediante a aceitação da graça do Espírito.
Promete que o Pai dará o Espírito Santo àqueles que o pedem, porque a própria fé, a esperança e a caridade, como quaisquer outros bens celestiais que desejamos alcançar, nos são concedidos unicamente pelo dom do Espírito Santo.
Seguindo suas pegadas, na medida do possível, peçamos, amadíssimos irmãos, a Deus Pai que, pela graça de seu Espírito, nos guie pelo reto caminho da fé, uma fé ativa na prática do amor. E para que mereçamos alcançar os bens desejados, procuremos viver de tal maneira que não sejamos indignos de tão grande Pai; pelo contrário, esforcemo-nos por conservar, com corpo sempre íntegro e alma pura, o ministério do segundo nascimento, mediante o qual e no batismo nos convertemos em filhos de Deus. Porque é seguro que, se observamos os mandamentos do Pai eterno, nos remunerará com a herança de uma bênção eterna, preparada para nós desde o princípio por Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina com Deus Pai, na unidade do Espírito Santo, é Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.
São Beda o Venerável, monge (séc. VIII)
† † †
Nenhum comentário:
Postar um comentário