segunda-feira, 7 de setembro de 2015

15ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

07 de Setembro de 2015 (CC) / 25 de Agosto (CE)
São Tito, Bispo de Creta (apóstolo dos 70 – séc. I)
Retorno das relíquias do apóstolo Bartolomeu de Anastasiopolis para Lipari




Tito, cujo nome é de origem latina, era grego e pagão (cf. Gl 2, 3). Ainda jovem se converteu ao cristianismo, foi batizado pelo Apóstolo São Paulo e se tornou companheiro e inestimável colaborador do apóstolo. Quando Paulo disse a Tito: «Isto deves ensinar, recomendar e reprovar com toda autoridade», fez surgir um outro grande evangelizador, que permaneceu trabalhando ao seu lado. Encarregado pelo apóstolo para executar importantes missões, foi uma vez a Jerusalém para entregar a importância duma coleta em favor dos cristãos pobres. «Meu companheiro e colaborador», como escreveu o apóstolo na segunda carta aos Corintos. Companheiro dos momentos importantes, como a famosa reunião do concílio de Jerusalém, que tratou da necessidade de renovação e diversificação dos ritos devido a evangelização no mundo pagão. Tito, porém, foi também um mediador persuasivo, e entusiasmou Paulo resolvendo uma grave crise entre ele e os Corintos. Enviado por São Paulo a Corinto com a tarefa de reconduzir aquela indócil comunidade à obediência, Tito restabeleceu a paz entre a Igreja de Corinto e o Apóstolo, que lhe escreveu nestes termos: «Deus, porém, que consola os humildes, consolou-nos com a chegada de Tito, e não só com a sua chegada mas também com a consolação que ele tinha recebido de vós. Contou-nos ele o vosso vivo desejo, a vossa aflição, a vossa solicitude por mim… Foi por isso que ficamos consolados» (2 Cor 7, 6-7.13). 
Entre os anos 64 e 65, tendo sido libertado da prisão romana o apóstolo Paulo foi com ele para a ilha de Creta, onde fundou uma comunidade cristã, que confiou a Tito. Mais tarde, visitou a Paulo em Nicópolis. Voltou novamente à Ilha de Creta, onde recebeu uma carta do próprio mestre, Paulo, que figura entre os livros sagrados. Depois, retornou à Roma para se avistar com o apóstolo que o mandou provavelmente evangelizar a Dalmácia, onde seu culto ainda hoje é intenso. Segundo a tradição mais antiga, Tito permaneceu como bispo de Creta até sua morte, que ocorreu em idade avançada, por causa natural e não por martírio, em Creta no ano 105 depois de Cristo. Ele teria conservado a virgindade até a morte. São Paulo o chama repetidamente «meu companheiro e colaborador», e na segunda carta aos Corintos, num momento de especial amargura, diz: «Deus me consolou com a chegada de Tito».



LITURGIA

Tropário da Ressurreição 
Fiéis, cantemos e adoremos
o Verbo Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo,
nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria,
pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz
para dar a vida a todos os mortos,
pela Sua gloriosa Ressurreição.

Tropárion Modo III
Ó Santos Apóstolos
suplicai ao Deus misericordioso
que Ele conceda às nossas almas
a remissão das transgressões.

Kondákion da Ressurreição 
Tu, ó meu Salvador, desceste ao Inferno,
e partiste em pedaços os portões, como Todo-Poderoso,
e como Criador, ressuscitaste os mortos,
e destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte,
e libertou Adão da maldição, ó Tu Que amas a humanidade.
Por isso, nós todos clamamos:
Salva- nos, ó Senhor.

Kondáquion do Apóstolo Tito Modo II
Revelado como um companheiro de Paulo,
ó sempre memorável Apóstolo Tito,
tu encontraste os Mistérios Sagrados,
e com ele anunciaste para nós as palavras da graça Divina.
Por isso, clamamos a ti:
Nunca cesse de orar por todos nós!

Kondáquion do Apóstolo Bartolomeu Modo IV
Tu apareceste para a Igreja como um grande sol,
ó Bartolomeu, Apóstolo do Senhor,
iluminando com o resplendor dos teus ensinamentos
e com impressionantes maravilhas/ aqueles que te entoam hinos.

Kondakion Modo III
Como quem compartilha o trono dos Apóstolos
e o adorno dos santos Hierarcas,
assim, ó Eutíquio, foste glorificado no martírio,
brilhaste como o sol, iluminando tudo,
e dissipando a profunda noite da impiedade,
Portanto, nós te honramos como alguém verdadeiramente iniciado

nos Divinos mistérios de Cristo.

Prokímenon

Tu nos guardas, Senhor,
E nos livras da vingança eterna. (Sl. 11:8)

Salva-nos, Senhor, pois não  mais santos. (Sl. 11:1)

Gálatas 2:11-16

Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência. E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.

ALELUIA

Aleluia, aleluia, aleluia!
Eu cantarei eternamente as Tuas misericórdias, Senhor;
anunciarei a Tua verdade de geração em geração. 


Aleluia, aleluia, aleluia!
Pois disseste: «A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno 

e nos céus a Tua verdade será solidamente estabelecida».


Aleluia, aleluia, aleluia!

Marcos 5:24-34

24 Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. 25 Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, 26 e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior, 27 tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto; 28 porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada. 29 E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. 30 E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? 31 Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou? 32 Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. 33 Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. 34 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.



COMENTÁRIO

A Lei estigmatizava a mulher na qual houvesse fluxo de sangue desordenado, classificando-a como “imunda” (Lv. 15:25) e condenava também à imundície todo objeto que fosse tocado por ela: a cama onde dormia, a cadeira onde se sentava, etc; mas, não somente os objetos, também qualquer pessoa que os tocasse se tornaria imunda (Lv. 15:26) Assim, uma mulher que padecia de um mal hemorrágico sofria quase que o mesmo ostracismo dos leprosos: a diferença entre um e outro é que a hemorrágica podia disfarçar temporariamente o seu mal.

A mulher se aproveitou da multidão para se acobertar e tocar em Cristo sem que Este pudesse notar. Mas Jesus a surpreende: “Quem me tocou?”, pergunta o Mestre, distinguindo o seu toque do aperto que sofria da multidão. Ele distinguiu o toque porque sentira do Seu corpo sair poder. Quando aquilo que era “imundo” tocara O que É Santo, o Santo não se tornara imundo – como prescrevia a Lei – antes, o Santo purificou o que é imundo. No entanto, muitos corpos pecadores tocavam e até comprimiam o Corpo Santo, mas nenhum desses atraiu para si a Virtude do Santo. Só o desta mulher – que pela Lei era mais indigna do que os demais – alcançou tal graça. O que tinha este toque de distinto dos demais?

Se o corpo do Santo comunicara virtude à mulher imunda, é porque o toque da imunda comunicava ao Santo a fé que habitava no corpo imundo. E a fé é o único instrumento que atrai a Graça (Ef. 2:9). Esta fé que se apresenta quando todos os pilares da existência desmoronam. A mulher gastara todo seu dinheiro com o seu tratamento, sem obter resultado; sua dignidade e honra estavam dilaceradas pelo estigma social que a doença provocara. O tempo da enfermidade (12 anos) lhe torturara o suficiente para destruir todas as certezas ilusórias da sua vida. Algo no seu íntimo a fazia intuir que Aquele homem da Galileia era Depositário da graça que ela necessitava.

Mas Ele era um Rabi, um Homem Santo, que certamente a condenaria, visto que esta era a sentença da Lei. Por isto a estratégia de se dissimular por entre a multidão.

Sua estratégia dera certo. Ela estava curada. Uma alegria lhe toma o ser. Mas, parece que sua alegria teria duração curta. O Rabi interrompe sua caminhada e pergunta: “Quem me tocou?” Olhando em seguida para ela.

Pronto, agora fora descoberta. Seria humilhada e condenada. A cena do Éden parece se repetir. Eva tem que sair detrás da árvore e se apresentar nua perante o Seu Criador e Juiz. O que iria surpreender a mulher é que no roteiro do drama do Éden, o ato agora em cena, não era mais o da sentença de Eva, mas o da promessa: pois Quem aparece no palco do mundo é O Descendente nascido da semente da mulher que iria pisar a cabeça da serpente (e por esta ser ferido).

Podemos aqui fazer um aparte para que reflitamos na Graça que habitou na Mãe de Deus. Quando o Verbo foi Gerado em seu ventre para receber dela a sua carne, Ele teve seu Ser tocado pelos genes impuros de Eva que habitavam na Virgem, e assim como a mulher hemorrágica não pudera contaminar o Santo, antes recebendo dele a purificação da sua doença, assim também a Santa Virgem teve todo seu corpo purificado por Aquele que tudo plenifica.

Desprovida de seus disfarces, tiradas as máscaras do anonimato, desfeita a estratégia da dissimulação, a mulher se apresenta perante o Santo de Deus. Ela está prostrada perante o Santo e direciona o olhar do medo para o chão, porém os seus ouvidos não demoram a ouvir palavras de ternura:

“Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal”.


Pe. Mateus (Antonio Eça)



ORAÇÃO

Jesus dulcíssimo, glória dos apóstolos; meu Jesus, alegria dos mártires; Senhor onipotente, Jesus, meu Salvador, Jesus belíssimo, salva-me a mim que recorro a Ti. Salvador Jesus, tem piedade de mim, pela intercessão daquela que te trouxe ao mundo, e de todos, ó Jesus, os teus santos, e de todos os profetas; meu Salvador Jesus, torna-me também digno das delícias do paraíso, ó Jesus amigo dos homens.

Jesus dulcíssimo, orgulho dos monges; Jesus longânime, alimento e beleza dos ascetas, Jesus, salva-me; Jesus meu Salvador, Jesus meu boníssimo, arranca-me da mão do dragão, Salvador Jesus, e livra-me de seus laços, Salvador Jesus; e libertando-me do abismo, ó meu Salvador Jesus, faze-me sentar à tua direita com as outras ovelhas.

Senhor, Cristo Deus, que com a tua paixão curaste as minhas paixões e com as tuas feridas medicaste as minhas chagas, dá-me a mim, mísero pecador, lágrimas de compunção. Perfuma o meu corpo com a fragrância do teu corpo vivificante e oferece a doce bebida do teu precioso sangue para refazer-me da amargura com que o inimigo deu de beber à minha alma.

Ergue a Ti a minha mente atraída pelas baixezas terrenas e levanta-me do abismo da perdição. Ofusquei a minha mente com afeições terrenas e não consigo erguer os olhos para Ti; nem aquecer com lágrimas o meu amor por Ti.

Mas tu, Mestre, meu Senhor Jesus Cristo, tesouro de todos os bens, concede-me contrição perfeita e ardente desejo de lançar-me à tua procura. Dá-me a tua graça e renova em mim as feições da tua imagem. Eu te abandonei, não me pagues com o abandono. Vem em busca de mim, reconduze-me ao teu redil, e faze-me nutrir-me da relva dos divinos mistérios.

Pela intercessão da tua puríssima Mãe e de todos os teus santos. Amém.


Cânon A Jesus Dulcíssimo,
Teostericto, Monge - (séc. IX)





Nenhum comentário:

Postar um comentário