quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

30ª Quinta-feira Depois de Pentecoste

 
APODOSIS (CONCLUSÃO) DA FESTA DA NATIVIDADE
13 de Janeiro de 2022 (CC) 31 de Dezembro de 2021 (CE)
Ss Melânia, a Romana (†410) e Vital, Orfanotrófos.
Tom 4



Melânia (a avó de Melania, a jovem) foi uma patriota, casada com Valério Máximo, prefeito de Roma no ano de 362. Aos 22 anos de idade ficou viúva e mudou-se para a Palestina, deixando seu filho Publicola aos cuidados de tutores. Na Palestina, fundou um monastério em Jerusalém com 50 moças que se consagraram ao serviço de Deus. No monastério, Melania se entregou a uma vida austera, de orações e de caridade. Tempos depois seu filho Publicola chegou a ocupar um posto no senado romano e se casou com Albina, uma cristã, filha de Albino, um sacerdote pagão. Do casamento de Albina com o filho de Melânia, Senador Publicola, nasceu Melania, a jovem, criada e educada na fé cristã por sua mãe, na luxuosa residência do senador Publicola, cristão também, mas demasiado ambicioso para ocupar-se de sua fé. Desejando ter um herdeiro varão a quem pudesse deixar toda a sua fortuna e para que perpetuasse o aristocrático nome de sua família, Publicola prometeu sua filha, a jovem Melania, em casamento a Valério Piniano, um parente seu que era filho de Valério Severo. Porém, a jovem Melania desejava conservar sua virgindade para consagrar-se por inteiro a Deus. Quando seus pais souberam desse desejo de Melania, se opuseram veementemente e trataram de apressar seu casamento. Assim, no ano de 397, quando Melania, a jovem, acabava de completar 14 anos de idade, casou-se com Piniano que, então, tinha 17 anos. A jovem, casada contra sua vontade e descontente com o ambiente licencioso e libertino que reinava em torno de si, suplicou ao seu marido que levasse uma vida de completa continência. Porém, Piniano não aceitou seu pedido e, tempos depois, veio ao mundo seu primeiro filho: uma menina que morreu depois de um ano de idade. 
Mesmo tendo já passado algum tempo, o desejo de Melania de consagrar-se inteiramente a Deus não tinha mudado e, corajosamente, pediu para que de desincumbir de seu casamento. Seu pai então tomou medidas severas, proibindo os contatos de pessoas religiosas com a filha, para evitar que fomentassem nela o desejo de afastar-se da vida social luxuosa que sua filha desfrutava. Nas vésperas da festa de São Lourenço do ano 399, o senador proibiu que sua filha fosse a Basílica, pois estava grávida. Mesmo assim, Melania permaneceu durante toda a noite em oração, ajoelhada em seu quarto. Pela manhã, assistiu a missa na Igreja de São Lourenço e ao regressar para a sua casa, com grandes dificuldades deu à luz a um menino prematuro que veio a falecer no dia seguinte. Melania esteve durante muito tempo entre a vida e a morte. Seu esposo Piniano, que a amava sinceramente, fez um juramento: se ela se salvasse, deixaria em absoluta liberdade para servir a Deus, assim como sempre quis. Pouco depois, Melancia curou-se e seu marido cumpriu então a promessa. No entanto, seu pai Publicola se opunha a isso. Melania viveu ainda mais 5 anos naquela condição de casada, que tanto lhe desagradava. Publicola caiu gravemente enfermo e, antes de entrar na agonia da morte, deixou todos os seus bens a sua filha Melania, não sem antes pedir-lhe perdão por ter se oposto à vocação celestial de sua filha. Albina, a mãe de Melania, a jovem, e Piniano, seu marido, não apenas aceitaram a nova vida de Melania, como a ajudaram. Os três abandonaram Roma e foram morar em uma casa de campo, longe da cidade. Piniano não estava plenamente convertido e durante muito tempo insistiu em vestir os ricos trajes que estava acostumado em Roma.  
O hagiógrafo da santa deixou um relato comovente sobre os métodos empregados por Melania para convencer seu marido a renunciar ao luxo e adotar um vida mais modesta, e que para usasse roupas mais simples, confeccionadas por ela mesma. A família tinha levado consigo numerosos escravos que eram bem tratados. Em pouco tempo, muitas jovens, viúvas e outras 30 famílias estabeleceram-se ao redor da casa de campo de Melania, formando assim um pequeno povoado. A vila chegou a ser um centro de hospitalidade, de caridade e de vida religiosa. Melania era muito rica e seus terrenos estendiam-se a todos os pontos do império romano, mas sentia-se oprimida pela quantidade de bens terrenos. Sabia que abundância de posses fazia falta ao seus vizinhos pobres, famintos e desnudos. Estava certa de que “quando um rico dá esmola a algum pobre, na verdade está lhe pagando uma dívida” (Santo Ambrósio). Solicitou então, e obteve o consentimento de Piniano para vender algumas de suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados. Ao saber disso, os parentes a quem muito tempo não a viam, trataram de aproveitar-se daquela situação. Por exemplo, Severo, o irmão de Piniano subornou por algumas moedas alguns colonos e escravos que moravam em terrenos de Piniano, para que no momento da venda das terras se rebelassem e não reconhecessem outro senhor que não o próprio Severo. Foram tantas as dificuldades que surgiram que houve a necessidade de fazer uma apelação ao imperador Honório para que restabelecesse a ordem. Santa Melania, vestida de maneira muito simples, com uma túnica de lã e um véu na cabeça, apresentou-se a Serena, sogra do imperador, pedindo para que ela intercedesse por eles junto a Honório. Serena muito impressionada com a atitude e as palavras de Melania pediu ao imperador que a venda das terras fossem tuteladas pelo Estado, assegurando que todos os procedimento fossem legais e a distribuição do dinheiro fosse feita justamente aos pobres, aos enfermos, aos cativos, aos peregrinos, às igrejas e monastérios. 
No ano 406, Melânia com seu esposo e mais algumas pessoas, passaram uma temporada com São Paulino, na cidade de Nora, no campo. São Paulino desejava que Melania e seu esposo fossem seus “hóspedes para sempre”. Chamava Melania de “pequena bendida” e “alegria dos céus”.Porém, o casal regressou a sua vila, próxima de Roma, num momento inoportuno. Mal tinham chegado à vila, tiveram que abandoná-la por causa da invasão dos godos. Refugiaram-se em outra propriedade, em Mesina onde conviveram com Rufino. Depois de quase dois anos, os godos chegaram a Calábria e incendiaram a cidade de Reggio. Melania e o esposo optaram por refugiar-se em Cartago. Morando em Cartago, se dispunham de vez em quando visitar Paulino, para consolá-lo de suas atribulações por causa da invasão. Certa vez, indo visitá-lo, uma tormenta desviou a rota do navio que atracou numa ilha, provavelmente em Lipari, repleta de piratas. Para salvar-se da prisão e evitar sua morte e de seus tripulantes, Santa Melania pagou uma boa soma em moedas pelo resgate. Depois daquela aventura, o casal se instalou na cidade de Tegaste, na Numidia, causando boa impressão entre os moradores da cidade. Certa vez Piniano, ao visitar Santo Agostinho de Hipona (que os chamou de “verdadeiras luzes da Igreja”) formou-se um burburinho porque as pessoas queriam que Piniano fosse ordenado sacerdote para exercer entre eles o seu ministério. Para acalmar as pessoas Piniano prometeu que, se algum dia fosse ordenado sacerdote, iria exercer seu ministério em Hipona. Na África, Santa Melania fundou e adotou dois novos monastérios: um masculino e outro feminino. Neles recebeu especialmente as pessoas que tinham sido seus escravos. A própria Melania vivia no monastério feminino e se sobressaia entre todas por causa de sua vida austera: alimentava-se somente a cada três dias e se ocupava em copiar livros em grego e em latim. Quinhentos anos depois, seus manuscritos circulavam ainda em vários lugares. No ano 417, em companhia de sua mãe e de seu esposo partiu da África para Jerusalém, hospedando-se numa pousada para peregrinos, próximo do Santo Sepulcro. Dali formou uma expedição com Piniano para visitar os monges do Egito. Ao voltarem, fortalecidos pelos exemplos daqueles anacoretas, Melania decidiu isolar-se fora dos muros de Jerusalém, numa vida de oração e contemplação. Sua prima Paula, sobrinha de Santa Eustáquia, foi uma dia visitá-la. Paula apresentou a Melania, em Belém, um grupo cujo formador era São Jerônimo e foi recebida com beneplácito. Conta-se que a primeira vez que se encontrou com São Jerônimo, aproximou-se dele com gestos humildes e respeitosos, ajoelhando-se diante dele para pedir a bênção. 
Depois de 14 anos morando na Palestina, morreu Albina (sua mãe) e no ano seguinte Piniano (seu esposo). Melania sepultou os dois lado a lado no Monte das Oliveiras; construindo ali uma pequena cela monástica que, mais tarde, se tornou um grande convento de virgens consagradas, dirigido dor Santa Melania. Mostrou-se sempre preocupada com o bem estar e a saúde de sua congregação. Quatro anos depois da morte de seu marido, Santa Melania teve noticias de um seu tio materno chamado Volusiano que ainda era pagão e que morava em Constantinopla dirigindo uma embaixada. Decidiu então ir pessoalmente tentar convertê-lo, pois já era um ancião. Assim, viajou a Constantinopla com seu capelão e biógrafo Gerôncio a tempo de converter seu tio antes de sua morte, que aconteceu em seus braços, após o batismo. Diz-se que a vontade de Melania em converter seu tio ancião era tanta que, se fosse preciso, ela apelaria para o imperador Teodósio para intervir no assunto. Porém seu tio Volusiano disse a sua sobrinha: 
“Não deves forçar a boa e livre vontade que Deus te deu. Estou pronto e ansioso para limpar as inumeráveis manchas de minha alma. E faço isso não por mandato do imperador, pois se assim fosse, seria por obrigação e não por mérito e vontade.”  
Na véspera da Natividade de 439, Santa Melania estava em Belém, e depois da Missa da manhã, disse à Paula que sua morte estava próxima. No dia de Santo Estevão, assistiu a missa em sua basílica e, depois, estando já no convento, leu junto com suas irmãs o relato de seu martírio, no Novo Testamento. Ao terminar a leitura, todas se aproximaram de Melania para desejar-lhe felicidades, e ela respondeu: 
“O mesmo eu desejo para vós, porém, não escutareis outra vez mais de minha boca esta leitura”. 
Naquele mesmo dia, fez uma última visita a alguns monges e, já na volta, encontrava-se muito enfraquecida. Reuniu todas as irmãs e pediu que por ela orassem “porque já iria para o Senhor”. Falou brevemente que, “se alguma vez havia falado palavras severas, só o havia feito por amor” e concluiu dizendo: 
“Bem sabe Deus que não valho nada e não me atrevo a me comparar com uma boa mulher e nem com as que vivem sobre a terra. Porém, o inimigo, no juízo final, não poderá me acusar de nenhum dia ter-me deitado com rancor em meu coração". 
No domingo seguinte, bem cedo, quando o sacerdote celebrava a missa, com a voz entrecortada pelos soluços, Melania pediu que ele pronunciasse melhor as palavras rituais, pois ela não podia ouvir direito. Recebeu durante todo aquele dia muitas visitas, até que disse: “Agora, deixem-me descansar em paz”. Na hora nona, ao cair da tarde, repetindo as palavras de Jó, “como o Senhor quer, que assim seja”, morreu tranquilamente. Tinha então 56 anos de idade.
 
Oração Antes de Ler as Escrituras  
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 10:35-11:7

Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que há de vir virá, e não tardará. Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Porque por ela os antigos alcançaram testemunho. Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala. Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.

Marcos 11:27-33

Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos, que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las? Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes? Mas diremos, porventura: Dos homens? - É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.

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COMENTÁRIO

O Evangelista Marcos mostra neste episódio como Jesus enfrentou o conflito mais ferrenho de sua vida: a oposição da mais alta cúpula de Israel. E este conflito não se dá no Parlamento, nem na Corte Real e muito menos no Pretório (a sede do Governador romano), mas, no Templo, o lugar da habitação do Altíssimo, a casa de oração, da elevação da alma. Jesus enfrenta a ira dos leões com astúcia. Foi assim que Ele ensinou a se comportar em meio a lobos: “sede astutos como as serpentes...”. Os que habitavam no templo rejeitavam constantemente a Deus. Eles também foram opositores de João Batista e dissimulavam (hipocrisia) esta repugnância para manterem sua popularidade.

Muitos cristãos são ingênuos e esperam contar com o respeito e a admiração das pessoas (às vezes fazendo de tudo para agradá-las a fim de receber delas a aprovação ou elogio); não entendem que o conflito é inerente à vida cristã, posto que a fé nasce e se desenvolve em terreno hostil: o mundo (1João 5:19).

Pe. Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

SENHOR, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim. Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. Porém tu, SENHOR, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Com a minha voz clamei ao SENHOR, e ouviu-me desde o seu santo monte. Eu me deitei e dormi; acordei, porque o SENHOR me sustentou. Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam. Levanta-te, SENHOR; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios. A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua bênção. 
Salmo 3

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