segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

30ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

 
PÓS-FESTA DA NATIVIDADE 
10 de Janeiro de 2022 (CC) 28 de Dezembro de 2021 (CE)
Ss. 20.000 Mártires de Nicomédia († 303);
Venerável Simão, o Exalador de Mirra; Nicanor, Apóstolo dos 70
Tom 4


No século IV, quando governava Diocleciano e Máximos, havia muitos cristãos na cidade de Nicomédia. O bispo da cidade era Antimos, homem digno  que incansavelmente, noite e dia, rezava pelas almas dos fiéis. Este número expressivo de cristãos  fez aumentar a inveja dos idólatras que desejavam eliminar as igrejas cristãs, principalmente as maiores e as centrais da cidade.  
Planejaram então na festa da Natividade fazer uma matança de cristãos. Os cristãos como nada sabiam, reuniram-se para celebrar o Nascimento de Cristo, normalmente. O bispo Antimos, ao saber que estavam rodeados por um exército e idólatras armados, ordenou que se celebrasse rapidamente o Sacramento da Eucaristia. Batizou os catecúmenos para lhes assegurar a salvação. Os idólatras atearam fogo na Igreja onde morreram cerca de 20.000 cristãos. Este trágico fato, no entanto, não diminuiu o número de membros da Igreja, pelo contrário, mais pessoas abraçaram a fé. Esta situação recorda as palavras de Jesus Cristo que disse: 
«Edificarei a minha igrejas e as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16,18).  
Venerável Simão, o Exalador de Mirra  
Simão foi o fundador do Mosteiro Simonospetra na Montanha Sagrada. Ele foi glorificado por causa de seu ascetismo, visões e milagres, e entrou pacificamente no descanso de Cristo no ano 1257. 
 
Oração Antes de Ler as Escrituras  
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 8:7-13

Irmãos, se a primeira aliança não tivesse falhas, nunca se teria buscado lugar para a segunda. Porque, repreendendo-os, lhes diz: 

“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança; não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito. Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo. E não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais.”

Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar.

Marcos 10:46-52

No momento em que Jesus deixava Jericó, e com ele estavam seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

ENSINO DOS SANTOS PADRES


“Está evidente que este cego é todo o gênero humano”

Nosso Redentor, conhecendo que os corações de seus discípulos haviam de ser gravemente perturbados em sua sagrada paixão, muito antes que essa acontecesse, deu-lhes notícia sobre ela e da ressurreição: para que ao verem-lhe morrer, como ele tinha dito, estivessem certos de que haveria de ressuscitar. Porém, sabendo o Senhor que os discípulos enquanto carnais não podiam compreender as palavras deste mistério, quis realizar em sua presença um milagre, e então deu visão para um cego, para levá-los à firmeza da fé com obras extraordinárias, já que não conseguiam compreender bem as palavras. Mas os milagres de nosso Redentor devem se ouvir de modo que creiais que aconteceram assim como são referidos, e juntamente com isso haveis de crer que possuem em seu interior outro simbolismo. Suas obras são tão cheias de surpresas, que por uma parte mostram exteriormente seu maravilhoso poder, e por outra encerram interiormente um mistério divino.

Não sabemos, na verdade, quem era este cego, porém sabemos no mistério a quem representa. Está evidente que este cego é todo o gênero humano: o qual em nosso primeiro pai foi lançado das alegrias do paraíso, e sendo ignorante e privado da claridade da luz soberana, padece as trevas à qual foi condenado; porém, é iluminado com a presença do Salvador, para que ao menos dentro da alma sinta luz para desejar o bem, e com este desejo comece a caminhar pelo caminho das boas obras para alcançar-lhe.

Mas haveis de notar que o cego é iluminado quando Jesus Cristo nosso Salvador chega a Jericó: Jericó em nossa língua quer dizer “lua”! A lua na Sagrada Escritura denota a deficiência da natureza humana, porque, alterando-se e diminuindo-se de hora em hora, assinala os defeitos e mudanças que em nós se encontram. Chegando, pois, nosso Senhor a Jericó, o cego recupera a vista, porque é manifesto que, quando Deus uniu consigo a fraqueza de nossa humanidade a linhagem humana recobrou a vista que tinha perdido: porque abaixando-se Deus a sofrer coisas de homem, foi elevado o homem a degustar coisas de Deus.

E vem muito a propósito dizer que este cego estava sentado à beira do caminho e mendigando, porque a própria verdade Cristo nosso Redentor falando de si diz: Eu sou o caminho. É claro que é cego aquele que não sente em si a claridade da luz soberana; mas quando já tem o princípio, que é crer em seu Redentor, podemos dizer que está sentado junto do caminho. E se havendo crido, silencia e não pede misericórdia para ver a luz eterna, e cessa de pedir esta graça, diremos que o cego está junto ao caminho, mas que não pede esmola; mas se junto com o ato de crer pede graça a Deus, diremos que o cego está junto ao caminho, e que está pedindo.

Olhem, portanto, meus irmãos! Quem quer que conheça as trevas de sua cegueira, quem quer que entenda que lhe falta a luz soberana, arranque o clamor do coração, e com verdadeiro grito da alma diga: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. Mas, vejamos, que acontece a este cego que grita tantas vezes? Muitos o repreendiam para que se calasse. Quem pensais que são estes, que, vindo nosso Redentor, vão à frente gritando? Sabei que são os desejos carnais, e os esquadrões dos vícios, para impedir que Deus nos ouça e que o chamemos com atenção, dissipam nossos bons pensamentos, desordenam com suas tentações qualquer boa deliberação que nossa alma faz, e quando o coração quer estar mais atento na oração, ali o procuram para lhe perturbar.

Este é o artifício de nosso inimigo, que, quando queremos deixar os pecados e voltar a Deus – e para isto nos coloquemos em oração pedindo que sua majestade nos ajude –, então se declaram por sua artimanha ao nosso coração as visões assustadoras dos pecados que temos cometido, e querem ofuscar a nossa alma, confundir o nosso coração, e tirar-nos a fala. Diz, portanto, que aqueles que iam à frente o repreendiam, dizendo que se calasse: Porque, para impedir que Deus venha a nossa alma, os pecados passados interrompem os pensamentos, procurando perturbar nossa oração. Porém, saibamos o que fez o cego contra tudo isso para ser iluminado: mas ele gritava mais ainda: Filho de Davi, tem piedade de mim.

São Gregório, o Grande, Papa de Roma (Século 6)



“Amai a Cristo; desejai a luz que é Cristo”

Amai a Deus, visto que nada encontrais melhor que ele. Amais a prata porque é melhor que o ferro e o bronze; amais o ouro mais ainda, porque é melhor que a prata; amais ainda mais as pedras preciosas, porque superam até mesmo o preço do ouro; amais, por fim, esta luz que teme perder todo homem que teme a morte; amais, repito, esta mesma luz que a desejava com grande amor quem gritava atrás de Jesus: Filho de Davi, tem compaixão de mim.

Gritava o cego quando Jesus passava. Temia que ele passasse e não o curasse. Como gritava? Até o ponto de não calar, ainda que a multidão lhe ordenasse o silêncio. Venceu opondo-se a ela, e alcançou o Salvador. Ao bradar a multidão e ao proibir-lhe de gritar, Jesus parou, o chamou e lhe disse: – Que queres que eu te faça? – Senhor, lhe disse, que eu veja. – Vai, a tua fé te salvou.

Amai a Cristo; desejai a luz que é Cristo. Se aquele desejou a luz corporal, quanto mais vós deveis desejar a luz do coração! Gritemos diante dele não com a voz, mas com os costumes. Vivamos santamente, desprezemos o mundo; consideremos como nulo tudo o que é passageiro. Se vivermos assim, nos repreenderão, como se o fizessem por nosso amor, os homens mundanos, amantes da terra, apreciadores do pó, que nada trazem do céu, que não possuem mais alento vital que aquele que respiram pelo nariz, sem outro no coração.

Sem dúvida, quando nos virem desprezar estas coisas humanas e terrenas, nos recriminarão e dirão: “Por que tu sofres? Ficastes louco?” É a multidão que trata de impedir que o cego grite. E até são cristãos alguns dos que impedem de viver cristãmente. De fato, também aquela multidão caminhava ao lado de Cristo e colocava obstáculos ao homem que bradava junto a ele e desejava a luz como dádiva do próprio Cristo.

Existem cristãos assim; porém vençamo-los, vivamos santamente; seja a nossa vida nosso grito para Cristo.

Santo Agostinho, Bispo de Hipona

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