domingo, 19 de novembro de 2023

24º Domingo Depois de Pentecostes

19 de Novembro de 2023 (CC) / 06 de Novembro (CE)
São Paulo, o Confessor, Patriarca de Constantinopla († 351); Barlaam, o Milagroso de Khutyin; Venerável Lucas, do Mosteiro de Pechersk
Tom 7


Quando o Santíssimo Patriarca Alexandre jazia em seu leito de morte, os Fiéis entristecidos lhe perguntaram a quem eles deveriam ter como o principal pastor do rebanho espiritual de Cristo. Ele disse: 
«Se desejais um pastor que vos ensine e que seja ele mesmo um resplendor da virtude, escolhei a Paulo; mas se quiserdes um homem de conveniência, adornado externamente, escolhei Macedonius.» 
O povo escolheu Paulo. Infelizmente, isso não foi aceito pelos hereges arianos e pelo Imperador Constâncio II, que estava então em Antioquia. Paulo foi logo deposto e fugiu para Roma com Santo Atanásio, o Grande. 
Em Roma, o Papa Juliano e o Imperador Constante* os recebeu calorosamente, apoiando-os em sua Fé Ortodoxa. O Imperador Constante e o Papa Juliano fizeram com que o Trono Patriarcal de Paulo lhe fosse devolvido, mas quando o Imperador Constante morreu,  os arianos assumiram novamente o poder, e o Patriarca Paulo foi banido para o Cáucaso, na Armênia. Uma vez, quando Paulo estava comemorando a Divina Liturgia no exílio, ele foi atacado pelos arianos e estrangulado com o seu homophórion, no ano 351.  
Em 381, durante o reinado do Imperador Teodósio, as relíquias de Paulo foram transferidas para Constantinopla, e no ano 1236 elas foram levadas para Veneza, onde ainda repousam. Seus dois sacerdotes prediletos, Marciano e Martírio (25 de outubro), padeceram logo após o Patriarca. 
* Constante foi o terceiro e mais jovem filho de Constantino e Fausta, segunda esposa de Constantino. A partir de 337, ele foi co-imperador com seus irmãos Constâncio II e Constantino II. Na divisão administrativa do Império ocorrida após a morte de Constantino, coube a ele a Itália, Ilíria e a África.

Comemoração do Santo Monge Varlaam 
O monge Varlaam de Khutynsk viveu no século XII, filho de um ilustre Novgorodiano, e viveu seus anos de infância em Novgorod. Retirando-se em tenra idade para o mosteiro de Lisich, perto da cidade, o monge Varlaam aceitou a tonsura. Mais tarde, ele se estabeleceu em uma colina solitária abaixo de Volkhov, em um local chamado Khutyn', a 10 versts de Novgorod. Na solidão, o monge Varlaam levou uma vida rigorosa, fazendo orações incessantes e mantendo-se muito rigoroso em jejum. Ele era um asceta zeloso em suas tarefas - ele mesmo cortou madeira na floresta, cortou lenha e lavourou o solo, cumprindo as palavras da Sagrada Escritura: "Se alguém não trabalhar, nem comerá" (2 Thess. 3: 10). Alguns dos habitantes de Novgorod se reuniram com ele, querendo compartilhar obras e ações monásticas. Instruindo aqueles que vieram, o monge Varlaam disse: "Meus filhos, sejam atentos contra toda injustiça, e nem inveja nem calúnia. Abstenha-se da raiva e não dê dinheiro por usura. Cuidado para julgar injustamente. Não jure falsamente fazendo um juramento, mas cumpra-o. Não seja indulgente com os apetites corporais. Seja sempre manso e suporte todas as coisas com amor. Esta virtude - é o começo e a raiz de todo o bem".

Logo foi erguida uma igreja em homenagem à Transfiguração do Senhor e um mosteiro foi fundado. O Senhor enviou sobre o monge, por seu serviço aos outros, os dons de maravilhas e perspicácia. Quando seus dias se aproximaram do fim, por Vontade Divina veio de Constantinopla o sacerdote-monge Antonii - da mesma idade e amigo do monge Varlaam. O santo abençoado, ao se voltar para ele, disse: "Meu amado irmão! A bênção de Deus descansa sobre este mosteiro. E agora na sua mão eu transfiro este mosteiro. Cuide e se preocupe com isso. Eu expiro para o Rei do Céu. Mas não fique confuso sobre isso: enquanto ainda no corpo eu te deixo, ainda em espírito estarei sempre com você". Tendo a melhor orientação aos irmãos, com o comando de preservar a fé ortodoxa e habitar constantemente na humildade, o monge Varlaam descansou para o Senhor em 6 de novembro de 1192. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (2)

Marcos 16:1-8

Fragmento 70 - Naquela época, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-Lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida; e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; Ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galileia; ali O vereis, como Ele vos disse. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Pela Cruz venceste a morte / e abriste o Paraíso ao ladrão arrependido. / Converteste em alegria a lamentação das mirróforas / e ordenaste a Teus Apóstolos que anunciassem / a Tua Ressurreição, Ó Cristo nosso Deus, // Tu Que concedes ao mundo a Tua infinita misericórdia.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Kondákion da Ressurreição
O poder da morte não é mais suficientemente forte / para manter presos os homens mortais. / Pois Cristo desceu, despedaçando e destruindo esse poder. / O inferno agora está atado, e os Profetas rejubilam, dizendo: / “O Salvador veio àqueles em Fé. // Vinde, todos Fiéis, para a Sua Ressurreição”.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo....

Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hino à Vigem
Ó admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nós, pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, / tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. O Senhor dará força ao Seu povo; 
O Senhor abençoará o Seu povo com paz. (Sl. 27:11)

V. Tributai ao Senhor, ó filhos dos poderosos,
Tributai ao Senhor glória e força. (Sl. 27:1)

Efésios 2:14-22

Fragmento 221 - Irmãos, Cristo é a nossa paz, o Qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na Sua carne desfez a inimizade, isto é, a Lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz; e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, Ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por Ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no Qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No Qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

É bom exaltar o Senhor
E cantar louvores ao Teu Nome, ó Altíssimo. (Sl 91:1)

Proclamar pela manhã o Teu amor,
E a Tua fidelidade pela noite. (Sl 91:2)

Lucas 8:41-56

Fragmento 39 -
Naquela época, eis que chegou um homem de nome Jairo, que era príncipe da sinagoga; e, prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-Lhe que entrasse em sua casa; Porque tinha uma filha única, quase de doze anos, que estava à morte. E indo Ele, apertava-O a multidão. E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada; chegando por detrás d’Ele, tocou na orla do Seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que Me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão Te aperta e Te oprime, e dizes: Quem é que Me tocou? E disse Jesus: Alguém Me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude. Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante Ele, declarou-Lhe diante de todo o povo a causa porque Lhe havia tocado, e como logo sarara. E Ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz. Estando Ele ainda falando, chegou um dos príncipes da sinagoga, dizendo: A tua filha já está morta, não incomodes o Mestre. Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe, dizendo: Não temas; crê somente, e será salva. E, entrando em casa, a ninguém deixou entrar, senão a Pedro, e a Tiago, e a João, e ao pai e a mãe da menina. E todos choravam, e a pranteavam; e Ele disse: Não choreis; não está morta, mas dorme. E riam-se d’Ele, sabendo que estava morta. Mas Ele, pondo-os todos fora, e pegando-Lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou; e Jesus mandou que lhe dessem de comer. E seus pais ficaram maravilhados; e Ele lhes mandou que a ninguém dissessem o que havia sucedido.

HOMILIA

A Lei estigmatizava a mulher na qual houvesse fluxo de sangue desordenado, classificando-a como “imunda” (Lv. 15:25) e condenava também à imundície todo objeto que fosse tocado por ela: a cama onde dormia, a cadeira onde se sentava, etc; mas, não somente os objetos, também qualquer pessoa que os tocasse se tornaria imunda (Lv. 15:26) Assim, uma mulher que padecia de um mal hemorrágico sofria quase que o mesmo ostracismo dos leprosos: a diferença entre um e outro é que a hemorrágica podia disfarçar temporariamente o seu mal.

A mulher se aproveitou da multidão para se acobertar e tocar em Cristo sem que Este pudesse notar. Mas Jesus a surpreende: “Quem me tocou?”, pergunta o Mestre, distinguindo o seu toque do aperto que sofria da multidão. Ele distinguiu o toque porque sentira do Seu corpo sair poder. Quando aquilo que era “imundo” tocara O que É Santo, o Santo não se tornara imundo – como prescrevia a Lei – antes, o Santo purificou o que é imundo. No entanto, muitos corpos pecadores tocavam e até comprimiam o Corpo Santo, mas nenhum desses atraiu para si a Virtude do Santo. Só o desta mulher – que pela Lei era mais indigna do que os demais – alcançou tal graça. O que tinha este toque de distinto dos demais?

Se o corpo do Santo comunicara virtude à mulher imunda, é porque o toque da imunda comunicava ao Santo a fé que habitava no corpo imundo. E a fé é o único instrumento que atrai a Graça (Ef. 2:9). Esta fé que se apresenta quando todos os pilares da existência desmoronam. A mulher gastara todo seu dinheiro com o seu tratamento, sem obter resultado; sua dignidade e honra estavam dilaceradas pelo estigma social que a doença provocara. O tempo da enfermidade (12 anos) lhe torturara o suficiente para destruir todas as certezas ilusórias da sua vida. Algo no seu íntimo a fazia intuir que Aquele homem da Galileia era Depositário da graça que ela necessitava.

Mas Ele era um Rabi, um Homem Santo, que certamente a condenaria, visto que esta era a sentença da Lei. Por isto a estratégia de se dissimular por entre a multidão.

Sua estratégia dera certo. Ela estava curada. Uma alegria lhe toma o ser. Mas, parece que sua alegria teria duração curta. O Rabi interrompe sua caminhada e pergunta: “Quem me tocou?” Olhando em seguida para ela.

Pronto, agora fora descoberta. Seria humilhada e condenada. A cena do Éden parece se repetir. Eva tem que sair detrás da árvore e se apresentar nua perante o Seu Criador e Juiz. O que iria surpreender a mulher é que no roteiro do drama do Éden, o ato agora em cena, não era mais o da sentença de Eva, mas o da promessa: pois Quem aparece no palco do mundo é O Descendente nascido da semente da mulher que iria pisar a cabeça da serpente (e por esta ser ferido).

Podemos aqui fazer um aparte para que reflitamos na Graça que habitou na Mãe de Deus. Quando o Verbo foi Gerado em seu ventre para receber dela a sua carne, Ele teve seu Ser tocado pelos genes impuros de Eva que habitavam na Virgem, e assim como a mulher hemorrágica não pudera contaminar o Santo, antes recebendo dele a purificação da sua doença, assim também a Santa Virgem teve todo seu corpo purificado por Aquele que tudo plenifica.

Desprovida de seus disfarces, tiradas as máscaras do anonimato, desfeita a estratégia da dissimulação, a mulher se apresenta perante o Santo de Deus. Ela está prostrada perante o Santo e direciona o olhar do medo para o chão, porém os seus ouvidos não demoram a ouvir palavras de ternura:

“Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal”.

Pe. Mateus (Antonio Eça)


ORAÇÃO

Jesus dulcíssimo, glória dos apóstolos; meu Jesus, alegria dos mártires; Senhor onipotente, Jesus, meu Salvador, Jesus belíssimo, salva-me a mim que recorro a Ti. Salvador Jesus, tem piedade de mim, pela intercessão daquela que te trouxe ao mundo, e de todos, ó Jesus, os teus santos, e de todos os profetas; meu Salvador Jesus, torna-me também digno das delícias do paraíso, ó Jesus amigo dos homens.

Jesus dulcíssimo, orgulho dos monges; Jesus longânime, alimento e beleza dos ascetas, Jesus, salva-me; Jesus meu Salvador, Jesus meu boníssimo, arranca-me da mão do dragão, Salvador Jesus, e livra-me de seus laços, Salvador Jesus; e libertando-me do abismo, ó meu Salvador Jesus, faze-me sentar à tua direita com as outras ovelhas.

Senhor, Cristo Deus, que com a tua paixão curaste as minhas paixões e com as tuas feridas medicaste as minhas chagas, dá-me a mim, mísero pecador, lágrimas de compunção. Perfuma o meu corpo com a fragrância do teu corpo vivificante e oferece a doce bebida do teu precioso sangue para refazer-me da amargura com que o inimigo deu de beber à minha alma.

Ergue a Ti a minha mente atraída pelas baixezas terrenas e levanta-me do abismo da perdição. Ofusquei a minha mente com afeições terrenas e não consigo erguer os olhos para Ti; nem aquecer com lágrimas o meu amor por Ti.

Mas tu, Mestre, meu Senhor Jesus Cristo, tesouro de todos os bens, concede-me contrição perfeita e ardente desejo de lançar-me à tua procura. Dá-me a tua graça e renova em mim as feições da tua imagem. Eu te abandonei, não me pagues com o abandono. Vem em busca de mim, reconduze-me ao teu redil, e faze-me nutrir-me da relva dos divinos mistérios.

Pela intercessão da tua puríssima Mãe e de todos os teus santos. Amém.

Cânon A Jesus Dulcíssimo,
Teostericto, Monge - (séc. IX)

† † †

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