quinta-feira, 2 de novembro de 2023

22ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

02 de Novembro de 2023 (CC) / 20 de Outubro (CE)
S. Megalomártir Artemio; S. Gerásimo, o Anacoreta do Monte Athos; 
S. Gerásimo da Cefalônia e S. Matrona
Tom 4



Artêmio era um distinto político bizantino e fiel cristão. Constantino, o Grande, reconhecendo seus talentos morais e políticos, o nomeou Duque de Alexandria. Quando Artêmio soube que Juliano torturava os cristãos em Antioquia, lembrou-se do salmo de Davi:
 
«Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça». (Salmo 50:14). 
Assim foi que Artêmio, com a força que Deus lhe concedeu, foi para Antioquia e, ao chegar, pode comprovar pessoalmente as perseguições ilegais aos cristãos, censurando a atitude de Juliano. Este, não esperando por uma reação como esta de um alto dignitário, ordena então que seja aprisionado e açoitado, o que o fazem com toda a crueldade. Depois disso, Artêmio foi apedrejado, o que lhe resultou na fratura de vários ossos. Finalmente, decapitado, entregou seu espírito a Deus. As relíquias de Santo Artêmio foram guardadas por uma piedosa senhora de nome Aristi que, mais tarde, as transferiu para a Igreja do Santo Profeta e Precursor João Batista, em Constantinopla. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Colossenses 4:2-9

Fragmento 260A -
Irmãos, sede constantes na oração, nela velando com ação de graças; orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo Qual estou também preso; para que O manifeste, como me convém falar. Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um. Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado; o qual vos enviei para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console os vossos corações; juntamente com Onésimo, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa.

Lucas 9:49-56

Fragmento 48 -
Naquela ocasião, João disse a Jesus: Mestre, vimos um que em Teu Mome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não Te segue conosco. E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós. E aconteceu que, completando-se os dias para a Sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de Si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, mas não o receberam, porque o Seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os Seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-Se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.

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COMENTÁRIOS

“Em Nome de Cristo”

João diz a Jesus: 
"Mestre, vimos um homem que expulsava demônios em teu nome, e não o permitimos porque não é dos nossos". 
João que amava com extraordinário fervor ao Senhor, e por isso era digno de ser amado por ele, pensava que devia ser privado do benefício aquele que não tinha o ofício. Porém, o Senhor lhe ensinou que ninguém deve ser afastado do bem que em parte possui, mas deve ser convidado para aquilo que ainda não possui. E prossegue dizendo:
“Não o proibais. Ninguém que realize milagres em meu nome falará mal de mim. Quem não é contra nós, está a nosso favor”. 
O mesmo afirma o sábio apóstolo: 
"Contanto que Cristo seja anunciado, como pretexto ou como fidelidade, disso me alegro e me alegrarei."
Porém, ainda que se alegre por aqueles que anunciam a Cristo de forma não sincera, e se inclusive algumas vezes fazem milagres pela salvação de outros, aconselhando que não sejam impedidos, contudo, não podem ser justificados por tais milagres.

Ainda mais, naquele dia dirão: Senhor, Senhor, acaso não profetizamos em teu nome, e não expulsamos demônios em teu nome, e não realizamos milagres em teu nome?, e receberão esta resposta: Não vos conheço, apartai-vos de mim, vós que operais a iniquidade! Portanto, a respeito dos hereges e maus católicos devemos solenemente rejeitar não aquelas crenças e aqueles sacramentos que têm em comum conosco, não contra nós, mas as divisões que se opõem à paz e à verdade, pelas quais estão contra nós e não se mantêm em unidade com o Senhor.
"Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa." 
Lemos no Profeta Davi que muitos, como desculpa de seus pecados, pretendem que são justos os estímulos que os movem a pecar; de modo que, enquanto pecam voluntariamente, iludem-se de atuar por necessidade. O Senhor, que perscruta os corações e os rins, pode ver os pensamentos de cada um.

Ele disse: 
"Quem recebe a um destes pequeninos em meu nome, recebe a mim." 
Alguém poderia polemizar dizendo: 
“A pobreza me impede, minha miséria me impossibilita de recebê-lo”. 
Porém, o Senhor anula esta desculpa com um suavíssimo mandamento, para induzir-nos a oferecer de todo o coração ao menos um copo de água, mesmo que seja fria, como disse Mateus. E diz um copo de água fria, não quente, a fim de que não se busque uma desculpa alegando miséria ou falta de lenha para esquentar a água.

São Beda (séc. VIII)

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“Não o Proibais”

Mestre, temos visto um homem que expulsava demônios em teu nome, e não o permitimos porque não é dos nossos. Este que fazia milagres em nome de Cristo e não estava no grupo dos discípulos de Jesus, na medida em que realizava milagres em seu nome, nessa mesma medida estava com eles e não contra eles; porém, na medida em que não aderia ao seu grupo, nessa mesma medida não estava com eles e estava contra eles. Mas como eles lhe proibiram de fazer aquilo no qual estava com eles, disse-lhes o Senhor: Não o proibais.

O que lhe deveriam proibir era o estar fora de sua companhia, para persuadir-lhe a unidade da Igreja, não aquilo em que estava com eles, valorizando o nome de seu Mestre e Senhor com a expulsão dos demônios. Assim atua a Igreja Católica ao não reprovar nos hereges os sacramentos comuns; no que a estes respeita, eles estão conosco e não contra nós. Porém, desaprova e proíbe a divisão e separação ou alguma sentença contrária à paz e à verdade; pois nisto estão contra nós nem recolhem conosco e, em consequência, dispersam...
"Porque quem não está contra nós, está a nosso favor. Quem vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa."
Com isto mostrou que tampouco aquele a quem João se referira, e de quem tomou origem este seu discurso, separava-se tanto do grupo dos discípulos que o censurasse, como fazem os hereges; o seu caso era frequente de homens que não se atrevem ainda a receber os sacramentos de Cristo e, contudo, favorecem ao nome cristão, até mesmo acolher a cristãos simplesmente porque são cristãos.

Deles diz que não perderão a sua recompensa; não porque já devam considerar-se seguros e protegidos pela benevolência que tem para com os cristãos, mesmo que não estejam lavados pelo batismo de Cristo nem estejam incorporados a sua unidade, mas porque já estão dirigidos pela misericórdia de Deus de tal maneira que chegam a essas obras e saem seguros deste mundo.

Realmente, estes, inclusive antes de unirem-se ao número dos cristãos, são mais úteis que aqueles outros que, já dizendo-se cristãos e imbuídos inclusive dos sacramentos cristãos, induzem tais coisas que arrastam consigo ao castigo eterno àqueles a quem desviam. A esses se dá o nome de “membros”; e, como se se tratasse de uma mão ou de um olho que é ocasião de pecado, manda arrancá-los do corpo, ou seja, da mesma sociedade da unidade, sendo melhor chegar à vida sem sua companhia que ir para a Geena com eles.

Separar-se deles consiste em não dar-lhes assentimento quando movem ao mal, isto é, quando são ocasião de pecado. E quando os bons com quem se relacionam chegam também a conhecer a dita perversidade, são afastados completamente da comum companhia e até da participação nos sacramentos divinos. Se, pelo contrário, apenas alguns a conhecem (a perversidade), enquanto que à maioria ainda é desconhecida esta maldade, hão de ser tolerados como se tolera a palha na eira antes do ancinho, de forma que nem se lhes dê assentimento, comungando assim em sua iniquidade, nem se abandone a sociedade por causa deles. Isto o fazem aqueles que têm sal em si mesmos e paz entre eles.

Bem-aventurado Agostinho, bispo de Hipona (séc. V)

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