segunda-feira, 2 de outubro de 2023

18ª Segunda-feira Depois de Pentecostes


02 de Outubro de 2023 (CC) / 19 de Setembro (CE)
Pós-festa da Exaltação da Cruz
Ss.Trófimo, Sabácio e Dorimedonte, mártires († 277)
Tom 8


Estes mártires viveram por volta do ano 278, na época do Governador de Antioquia, Heliodoro. Quando Trófimo e Sabácio se encontravam em Antioquia, vendo que aquela gente  levava uma vida de licensiosidade e pecado, prestando culto a Apolo, de pronto passaram a mostrar o quanto aquilo tudo era pecaminoso.  Por causa disso foram presos e logo conduzidos ao tribunal para serem julgados. Lá professaram corajosamente a sua fé cristã. O Governador, tendo ouvido tais declarações de fé, ordenou que os santos fossem açoitados.  
Tal execução se deu com tamanha crueldade que os carnífices chegavam a cortar em pedaços os corpos dos santos. Sabácio não resisitiu aos muitos ferimentos e entregou seu espírito a Deus. Piores sofrimentos esperavam por Trófimo que, tendo suportado todos os martírios, foi depois jogado na prisão, onde recebeu a visita de Dorimedon, um homem público que, presenciando os seus sofrimentos, acabou por converter-se também à Fé Cristã. Quando o Governador tomou conhecimento do fato, ordenou que as torturas fossem aplicadas ainda com maior rigor. Mais tarde, os dois foram jogados aos animais famintos que se encontravam no anfiteatro. No entanto, os animais permaneceram tranquilos como cordeiros, cumprindo-se assim o que dizem as Escrituras: 
"Pela fé conquistaram reinos, fizeram justiça e alcançaram o prometido; fecharam a boca de leões" (Hb 11,33). 
Os carnífices, vendo que as feras não se moviam, decidiram decapitar Trófimo e Dorimedonte. 

Efésios 4:25-32

Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira; nem deis lugar ao Diabo. Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.

Lucas 3:19-22

Naquela época, Herodes, o Tetrarca, tendo sido repreendido por João, por causa de Herodias, esposa de seu irmão, e por todas as perversidades que ele praticou, acrescentou ainda mais esta: a de mandar aprisionar João. E na ocasião em que o povo era batizado, Jesus também foi batizado, e ao orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu em forma corporal, como uma pomba, sobre Ele, e uma voz do céu soou: “Tu És o meu Filho Amado, em Ti Eu tenho contentamento.”

ENSINO DOS SANTOS PADRES

“Minhas lágrimas e minha penitência têm sido para mim como o batismo”

A sogra de Pedro estava recostada com febre. Oxalá venha e entre em nossa casa o Senhor e com uma ordem sua cure as febres de nossos pecados! Porque todos nós temos febre. Tenho febre, por exemplo, quando me deixo levar pela ira. Existem tantas febres como vícios. Por isso, peçamos aos apóstolos que intercedam frente a Jesus, para que venha a nós e segure nossa mão, porque se ele segura a nossa mão, a febre foge em um instante. Ele é um médico nobre, o verdadeiro protomédico. Médico foi Moisés, médico Isaías, médicos todos os santos, mas este é o protomédico. Sabe tocar sabiamente as veias e perscrutar os segredos das enfermidades.

Ele não toca o ouvido, não toca a fronte, não toca nenhuma outra parte do corpo, mas a mão. Tinha a febre, porque não possuía boas obras. Em primeiro lugar, portanto, tem que curar as obras, e logo remover a febre. A febre não pode fugir se não são curadas as obras. Quando nossa mão possui más obras, jazemos no leito, sem podermos levantar, sem poder andar, pois estamos totalmente consumidos na enfermidade.

E aproximando-se daquela que estava enferma. Ela mesma não pôde levantar-se, pois jazia no leito, e, portanto, não pôde sair ao encontro do que vinha. Porém, este médico misericordioso, ele mesmo acode ao leito; aquele que tinha levado sob os seus ombros a ovelhinha enferma, ele mesmo acorre ao leito. E aproximando-se... Sobretudo se aproxima, e o faz para curá-la. E aproximando-se... Observa o que ele diz. É como dizer: seria suficiente sair-me ao encontro, achegar-te à porta e receber-me, para que tua saúde não fosse somente obra de minha misericórdia, mas também de tua vontade. Porém, já que te encontras oprimida pelas altas febres e não pode levantar-se, eu mesmo venho a ti.

E aproximando-se, a levantou. Visto que ela mesma não podia levantar-se, é segurada pelo Senhor. Ele a levantou, tomando-a na mão. Segurou-a precisamente na mão. Também Pedro, quando perigava no mar e afundava, foi agarrado na mão e erguido. E levantou-a tomando-a pela mão. Com sua mão o Senhor tomou a mão dela. Ó feliz amizade, ó formoso afago! Levantou-a segurando-a na mão: com sua mão curou a mão dela. Segurou sua mão como um médico, tomou o pulso, comprovou a intensidade das febres, ele mesmo, que é médico e medicina ao mesmo tempo.

Jesus a toca e a febre foge. Que ele toque também a nossa mão, para que nossas obras sejam purificadas, que ele entre em nossa casa: por fim, levantemo-nos do leito, não permaneçamos abatidos. Jesus está de pé frente ao nosso leito, e nós permanecemos deitados? Levantemo-nos e fiquemos de pé: é para nós uma vergonha que estejamos recostados diante de Jesus. Alguém poderá dizer: Onde está Jesus? Jesus está aqui agora. No meio de vós, diz o Evangelho, está alguém a quem não conheceis. O Reino de Deus está no meio de vós. Creiamos e vejamos que Jesus está presente. Se não podemos tocar sua mão, prostremo-nos aos seus pés. Se não podemos chegar a sua cabeça, ao menos lavemos seus pés com nossas lágrimas. Nossa penitência é unguento do Salvador. Vede quão grande é a sua misericórdia. Nossos pecados fedem, são podridão e, contudo, se fazemos penitência pelos pecados, se os choramos, nossos pútridos pecados se convertem em unguento do Senhor. Peçamos, portanto, ao Senhor, que nos tome pela mão. 

E no mesmo instante, afirma, a febre a deixou. Apenas a segura pela mão e a febre a deixa. Observa o que segue: No mesmo instante a febre a deixou. Tem esperança, pecador, contanto que te levantes do leito. O mesmo ocorreu com o santo Davi, que tinha pecado, deitado na cama com a mulher de Urias o hitita, sentindo a febre do adultério, depois que o Senhor o curou, depois de ter dito: Tem piedade de mim, ó Deus, por tua grande misericórdia, assim como: Contra ti, só contra ti pequei, cometi o mal aos teus olhos. Livra-me do sangue, ó Deus, Deus meu... Porque ele tinha derramado o sangue de Urias, ao ter ordenado derramá-lo. Disse: livra-me do sangue, ó Deus, Deus meu, e renova o meu espírito em meu interior. Observa o que diz: Renova. Porque no tempo em que cometi o adultério e perpetrei o adultério e o homicídio, o Espírito Santo envelheceu em mim. E o que mais ele diz? Lava-me e ficarei mais branco do que a neve. Porque me lavaste com minhas lágrimas. Minhas lágrimas e minha penitência têm sido para mim como o batismo. Observa, então, de então, de penitente em que se converte. Fez penitência e chorou, por isso foi purificado. O que acontece em seguida? Ensinarei aos iníquos teus caminhos e os pecadores voltarão a ti. De penitente se tornou mestre.

Por que disse tudo isto? Porque aqui está escrito: E no mesmo instante a febre a deixou e se pôs a servir-lhes. Não basta que a febre a deixasse, mas também se levanta para o serviço de Cristo. E se pôs a servir-lhes. Servia-lhes com os pés, com as mãos, corria de um lugar ao outro, venerava ao que lhe tinha curado. Sirvamos também nós a Jesus. Ele acolhe com gosto o nosso serviço, mesmo que tenhamos as mãos manchadas: ele se digna olhar aquele que curou, porque ele mesmo o curou. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

São Jerônimo, doutor da Igreja (séc. V)

Fonte: Lecionário Patrístico

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