domingo, 29 de outubro de 2023

21º Domingo Depois de Pentecostes

29 de Outubro de 2023 (CC) / 16 de Outubro (CE)
Santo Mártir Longuinos, o Centurião e 2 Mártires com ele;
Mártir Eloef; Monge Gall; Longuino de Pechersk, o Porteiro;
Longuino de Yarengsk; Eufrásia, Princesa de Pskov.
Tom 4


O Santo Mártir Longuinos era um centurião, chefe de um regimento de soldados romanos, a quem havia sido ordenado levar a cabo a condenação à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Quando Pilatos emitiu a ordem de execução de Jesus por crucifixão, Longuinos desconhecia de quem se tratava, estando, por isso, presente durante toda esta tragédia. Em sua alma, no entanto, não havia lugar para a hipocrisia dos fariseus, tampouco para a frieza dos soldados romanos. Dirigiu um olhar em profundidade para a Vítima, observou a sua altivez,  a modéstia e a tranquilidade que dela emanava. Logo depois que o Senhor exalou seu último suspiro, viu a queda do templo que se partiu em dois, sentiu a terra tremer sob seus pés, as pedras se partirem, os sepulcros se abrirem, e tudo isto o iluminou ainda mais. Já não tinha nenhuma dúvida em seu interior, e com todas as suas forças, declarou o que todos os que possuem os olhos da alma limpos declaram: 
"Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus". 
Longuinos aderiu à fé cristã e, resistindo à pressão dos romanos para que a abjurasse, e acabou sendo martirizado, morrendo por decapitação.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (10)

João 21:1-14

Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

LITURGIA 

Tropárion da Ressurreição
As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // concedendo ao mundo a Sua infinita misericórdia”.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion de São Longuinos, Tom 4
Em seus sofrimentos, ó Senhor, / Teu mártir Longinus recebeu de Ti, nosso Deus, uma coroa imperecível; / pois, possuidor de Teu poder, / ele desprezou seus algozes e esmagou a débil audácia dos demônios. // Por suas súplicas salva as nossas almas.
 
Kondákion da Ressurreição
Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascidos na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Tom 4: A Igreja exultou de alegria / no dia da comemoração do sempre memorável atleta Longinus, clamando: // Tu és a minha força e confirmação, ó Cristo!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nós, pecadores, / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe Bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, / tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. Ó, Senhor, quão harmoniosas são as Tuas obras!
Feitas, todas, com sabedoria. (Sl. 103:24)

V. Bendiz ó minha alma ao Senhor, 
Senhor meu Deus, Tu És infinitamente grande! (Sl. 103:1)

Gálatas 2:16-20

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Cinge a Tua espada, com majestade e esplendor,
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 

Amaste a justiça e detestaste a iniquidade,
por isso Deus Te ungiu com o óleo da alegria.

Lucas 8:5-15

5 “Eis que um semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisoteada, e as aves do céu a devoraram. 6 Outra parte caiu sobre as rochas e, quando germinou, as plantas secaram, pois não havia umidade suficiente. 7 Outra parte ainda, caiu entre os espinhos, que com ela cresceram e sufocaram suas plantas. 8 Todavia, uma outra parte, caiu em boa terra. Germinou, cresceu e produziu grande colheita, a cem por um”. Tendo concluído esta parábola, exclamou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”.  9 Seus discípulos lhe perguntaram o que Ele queria comunicar com aquela parábola. 10 Ao que Ele lhes replicou: “A vós outros é concedido saber os mistérios do Reino de Deus; aos demais, contudo, anuncio através de parábolas, para que ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não compreendam’. 11 Eis, portanto, o esclarecimento desta parábola: A semente é a Palavra de Deus. 12 As que caíram à beira do caminho representam todos os que ouvem, mas então chega o Diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não venham a crer e não sejam salvos. 13 As que caíram sobre as rochas simbolizam os que recebem a Palavra com alegria assim que a ouvem, contudo não possuem raiz. Crêem por um período, mas desistem no tempo da provação. 14 As que caíram entre os espinhos, significam os que ouvem; todavia, ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas muitas ansiedades, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não conseguem amadurecer. 15 No entanto, as que caíram em boa terra, são os que, de bom coração e com sinceridade, ouvem a Palavra, a entesouram, e com perseverança, frutificam.

† † †

HOMILIA


“Ao Homem Lhe Cabe Semear; a Deus, Dar o Crescimento”

Passava o Senhor por algumas sementeiras: o grão de trigo entre as messes; aquele grão de trigo espiritual, que caiu em um lugar determinado e ressuscitou fecundo no mundo inteiro. Ele disse de si mesmo: Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto.

Passava, portanto, Jesus por algumas sementeiras: aquele que um dia haveria de ser grão de trigo por sua virtude nutritiva, por enquanto é um semeador, conforme se diz nos evangelhos: o semeador saiu a semear. Jesus, é verdade, espalha a semente generosamente, mas a quantia do fruto depende da qualidade do terreno. Porque no terreno pedregoso facilmente a semente seca, e não por impotência da semente, mas por culpa da terra, pois enquanto a semente está cheia de vitalidade, a terra é estéril por falta de profundidade. Quando a terra não mantém a umidade, os raios solares penetrando com mais força ressecam a semente: certamente não por algum defeito na semente, mas por culpa do solo.

Se a semente cai em uma terra cheia de espinhos, a vitalidade da semente acaba sendo sufocada pelos espinhos, que não permitem que a virtualidade interior se desenvolva, devido a um condicionante exterior. Em vez disso, se a semente cai em terra boa nem sempre produz resultado idêntico, mas algumas vezes trinta, outras sessenta, e outras cem por um. A semente é a mesma, os frutos diversos, como diversos são também os resultados espirituais naqueles que são instruídos.

Saiu, pois, o semeador a semear: em parte o fez pessoalmente e em parte através de seus discípulos. Lemos nos Atos dos Apóstolos que, após o apedrejamento de Estêvão, todos – menos os apóstolos – se dispersaram, não que se desagregassem por causa de sua fragilidade; não se separaram por razões de fé, mas simplesmente se dispersaram. Convertidos em trigo por virtude do semeador e, transformados em pão celestial pela doutrina de vida, difundiram por toda parte sua eficácia.

Então, o semeador da doutrina, Jesus, Filho unigênito de Deus, passava por algumas sementeiras. Ele não é apenas semeador de sementes, mas também de ensinamentos densos de admirável doutrina, em conivência com o Pai. Este é o mesmo que passava por algumas sementeiras. Aquelas sementes eram certamente portadoras de grandes milagres.

Vejamos agora o que diz respeito à semente no momento da semeadura, e falemos dos brotos que a terra produz na primavera, não para abordar de forma técnica o tema, mas para adorar ao autor de tais maravilhas. Vão os homens e, conforme o seu leal saber e entender, atrelam os bois ao arado, lavram a terra, afofam as camadas superiores para que as chuvas não escorram, mas empapando profundamente a terra façam germinar um fruto copioso. A semente, lançada a uma terra bem afofada, possui uma dupla vantagem: primeiro, a profundidade e a frieza da terra; segundo, permanece oculta, resguardada da voracidade das aves. O homem certamente faz tudo o que está ao seu alcance; mas não está ao seu alcance o fazer frutificar. Ao homem lhe cabe semear; a Deus, dar o crescimento. Quando a semente começa a brotar e cresce, desprende-se da espiga e o fruto indica se si trata de trigo ou de joio.

Compreendestes o que acabo de dizer; agora devo dar um passo a mais e apontar para realidades mais espirituais. Mediante os apóstolos, Jesus semeou a palavra do Reino dos Céus por toda a terra. O ouvido que escutou a pregação a retém em seu interior; e ela brota na medida em que frequente assiduamente a Igreja. E nos reunimos em um mesmo local, tanto os produtores de trigo como de joio; assim o infiel como o hipócrita, para manifestar com maior realismo o que se prega. Nós, os agricultores da Igreja, vamos metendo pelo semeado o enxadão das palavras, para cultivar o campo de modo que dê fruto. Ainda desconhecemos as condições do terreno: a semelhança das folhas pode com frequência induzir ao erro aos que coordenam. Porém, quando a doutrina se traduz em obras e adquire consistência o fruto das fadigas, então se revela quem é fiel e quem é hipócrita.

Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria (séc. IV)


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