domingo, 18 de fevereiro de 2024

37º Domingo Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DO ENCONTRO
18 de Fevereiro de 2024 (CC) - 05 de Fevereiro (CE)
Santa Ágata (Águeda), virgem, mártir, (†251)
São Theodósio, Arcebispo de Chernigov
Tom 4



Santa Ágata nasceu em Palermo, na Sicilia, na época do imperador Décio (251). Nascida em família cristã, de boa situação econômica, a menina cresceu sendo educada nas virtudes cristãs. Desde criança demonstrou inteligência e era considerada uma das mulheres mais belas de sua época. Porém, era mais destacada ainda por sua vida virtuosa. Desde menina fez votos de virgindade e de não ter outro esposo senão Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos cavalheiros nobres que admiravam sua beleza, pediam-na em casamento. Encontrando-se Ágata em Catânia, Quinciano, governador da Cicília, ouviu falar de suas qualidades e de sua intenção de se tornar serva de Cristo; quis vê-la e tomá-la por esposa, a ponto de ir pessoalmente ao seu encontro. Vendo-se perseguida, Ágata orou fervorosamente e, terminando a oração, levantou-se animada, partindo para Catânia. O governador Quinciano ordenou que fosse entregue a Afrodisia, mulher perversa que com suas seis filhas mantinha uma casa de má fama. Nesse lugar, Ágata sofreu varias tentativas contra sua honra, o que para ela foi mais terrível que os tormentos ou a morte, mas se manteve firme. Depois de um mês, Quinciano a assustava com ameaças, mas ela permanecia firme e declarava que “ser serva de Cristo, na verdade era ser livre”. O juiz descontente com suas respostas, ordenou que fosse presa e açoitada. No dia seguinte, Ágata novamente foi interrogada por Quinciano: “Como, tendo nascida livre e em uma casa tão ilustre, te conformas com a miserável condição de ser escrava?” Ágata respondeu: “Se ser serva de Deus é ser escrava, faço nobre esta escravidão porque não conheço nem maior e nem mais verdadeira nobreza que a de servir a este Senhor”.

O Governador então insistiu que ela oferecesse sacrifícios aos deuses do império, dizendo que se não o fizesse espontaneamente, faria pela força e rigor dos tormentos. Como mantivesse a firmeza da fé, foi submetida a cruéis torturas: desconjuntamento dos ossos, dilaceramento dos seios. Foi arrastada por sobre cacos de vidros e carvões em brasa. Porém, nem as ameaças, nem as promessas a fizeram sucumbir, já que, para ela, aqueles ídolos nada significavam. Ao ver que tudo sofria com serenidade, o governador ficou ainda mais enfurecido e ordenou que fosse levada à prisão sem alimento nem cuidados médicos. Deus, porém, a confortava; apareceu-lhe São Pedro em uma visão que iluminou com uma luz celestial todo o calabouço, consolando-a e sarando seus ferimentos. Na prisão, Ágata dirigiu ao Senhor a seguinte oração: “Deus poderoso e eterno, que por puro afeto e misericórdia quiseste tomar sob tua proteção esta humilde serva, e que desde cedo preservaste do amor do mundo para que meu coração ardesse unicamente em teu amor: meu Salvador Jesus Cristo, que quiseste conservar em meio a tantos tormentos, para maior gloria de teu nome e para a confusão do poder das trevas, digna-te receber minha alma em tua eterna morada, a dos bem-aventurados; esta é a última graça que te peço e que espero de tua infinita bondade. Sua morte aconteceu dia 05 de fevereiro de 251 sendo sepultada em Catânia com toda veneração, à altura de tão ilustre martírio.
Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (IV)

Lucas 24:1-12

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // concedendo ao mundo a Sua infinita misericórdia”.

Tropárion da Festa Tom 1
Rejubila, Tu que és cheia de graça, Ó Virgem Mãe de Deus, / pois de Ti se levantou o Sol de Justiça, Cristo nosso Deus, / iluminando aqueles que estão nas trevas. / Rejubila também, justo Ancião, que recebeste em teus braços //o Redentor de nossas almas e que também nos concede a Ressurreição.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion de Santa Ágata, Tom 4
Tua cordeirinha Ágata Te clamou em alta voz, ó Jesus: / “Eu Te amo, ó meu Noivo, / e, buscando-Te, passo por muitas lutas; / no Teu batismo, sou crucificado e sepultado contigo, / e sofro por Ti, para que possa reinar contigo; / Morro por Ti, para que possa viver contigo. / Aceita-me como sacrifício imaculado, / que me sacrifico com amor por Ti.” // Pelas suas súplicas, salva as nossas almas, porque és misericordioso.

Kondákion da Ressurreição
Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascidos na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.
 
Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

Tom 4: Adornemos, hoje, a Igreja / com um glorioso manto púrpura tingido com o sangue puro da mártir Ágata, // clamando: Alegra-te, ó orgulho de Catânia!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Kondákion da Festa Tom 1
Tu que, pelo Teu nascimento, santificaste o seio virginal / e abençoaste como era necessário, as mãos de Simeão, / salvaste-nos agora ao preceder-nos, ó Cristo Deus. / Concede a paz às cidades ameaçadas pela guerra //e fortalece os Cristãos Ortodoxos que Tu amaste, ó único Amigo do homem.

Prokímenon 

Ó, Senhor, quão harmoniosas as Tuas obras!
Feitas, todas, com sabedoria. (Sl. 103:24)
 
Bendiz ó minha alma ao Senhor, Senhor meu Deus,
Tu És infinitamente grande! (Sl. 103:1)

No 3º Tom

A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.

1 Timóteo 4:9-15

Irmãos, esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação; porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis. Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.

Aleluia, 4º Tom

Cinge a Tua espada, com majestade e esplendor, 
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 
 
Aleluia, aleluia, aleluia! 

Amaste a justiça e detestaste a iniquidade. 
Aleluia, aleluia, aleluia!

No 8º Tom

Agora deixa Teu servo partir em paz, ó Mestre, de acordo com Tua palavra.
Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Lucas 19:1-10

Naquela época, Jesus entrou em Jericó. E havia um homem chamado Zaqueu, e ele era um coletor de impostos sênior e era rico. E ele tentou ver quem Jesus é, e não conseguiu por causa da multidão, porque ele era de pequena estatura. E cor-rendo na frente, ele subiu no sicômoro para vê-Lo, já que Ele tinha que ir por ali. E chegando a este lugar, Jesus olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; por hoje preciso estar na sua casa. E ele apressadamente chorou e o recebeu com alegria. E quando eles viram, todos começaram a murmurar e dizer: Ele ficou com o homem pecador. E Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: Eis que metade do que tenho, Senhor, dou aos pobres, e se alguma coisa forçada de alguém injusta-mente, vou compensar quatro vezes. E Jesus disse-lhe: Hoje a salvação veio a esta casa, porque ele também é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido.

Zadostoinik

Refrão: Ó Virgem Theotókos, tu, esperança dos cristãos: // Protege, preserva e salva aqueles que esperam em ti.

Irmos: Na sombra e na letra da Lei, / nós fiéis, discernimos uma figura: / todo menino que abre o útero / deve ser santificado para Deus. / Portanto, magnificamos o Verbo Primogênito / e o Filho do Pai sem princípio, // o Primogênito de uma mãe que não conhece homem.

Canto da Comunhão
Tomarei o cálice da salvação
E invocarei o Nome do Senhor.
Aleluia, aleluia, aleluia!

† † †

HOMILIA

Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.

Estas pulsões, nos ensinam também os Santos Padres, só podem ser vencidas pela Graça e a ascese, ou seja, o esforço espiritual, aquilo que São Paulo chama de “exercício da piedade”. As principais ferramentas deste combate são as orações, os jejuns, a caridade e as dignas participações da Eucaristia. Destes esforços e de seu fruto, assim nos diz São Pedro:

“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).

Sem este combate a alma não progride. E naquele no qual este combate ou esforços estão ausentes, nos diz o mesmo Apóstolo, que o tal é “ cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (2 Pedro 1:9).

O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.

No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.

A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada, como fruto de sua fé e esforço pessoal: Zaqueu (Lucas 19:8-10; Tiago 2:24). 

Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.

O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece nas duas margens do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).

Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão).

A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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