20 de Fevereiro de 2024 (CC) - 07 de Fevereiro (CE)
São Partênio Bispo de Lampsaco; Venerável Lucas de Stryon († 953);
1003 Mártires de Nicomedia.; Aule, Eremita. Teopemptos e seus companheiros Mártires; George, o Novo Mártir de Creta; Ricardo, Rei de Wessex.
Tom 4
São Partênio, filho de um bom homem chamado Cristódulo, era originário de Melitópolis. Pouco conhecedor das letras humanas, era, em compensação, versadíssimo nas Escrituras Santas. Condoído com a sorte dos pobres, ainda jovem se fez pescador. Toda a tarde, religiosamente, era visto pela cidade a vender o produto do trabalho diário, cujo apurado, totalmente, distribuía à pobreza.
Deus principiou a operar milagres por intermédio daquela santa alma, quando Partênio completou dezoito anos. Livrando do espírito impuro muitos possuídos pelo demônio, Partênio foi chamado pelo bispo de Melitópolis e feito sacerdote. Ordenado padre, ficou encarregado de visitar as ovelhas do rebanho do bom bispo. Foi numa dessas visitas que, encontrando-se com um cão raivoso, o matou tão somente, fazendo o sinal da cruz, diante do animal que lhe saltava ao pescoço, selvagemente. O bispo de Cízica, Áscolo, fê-lo bispo de Lâmpsaco, lugar em que a população era quase totalmente pagã. Pelas orações e instruções, principalmente pelos milagres ali operados, o santo converteu a cidade inteira.
Um dia, determinando usar uma grande pedra que pertencera a um dos templos dos idólatras de Lâmpsaco, ordenou a transportassem para a igreja que fervorosamente levantava na cidade. Entre os homens que se incumbiram da remoção da enorme peça estava um operário chamado Eutiquiano. Esse Eutiquiano, posta a pedra no carro, foi, em dado momento, escorregando, por-se debaixo das rodas. Amassado, morreu na hora. Quando Partênio soube do sucedido, ficou emocionadíssimo, e, atribuindo-o a uma investida do demônio, correu ao local do acidente, encontrando o homem morto. Ajoelhando-se-lhe ao lado, ergeu os olhos para o céu e dirigiu, a chorar, uma fervente prece ao Senhor. Terminada a oração, Eutiquiano voltou à vida. Sentado, olhava para um e para outro, sem saber o que lhe havia sucedido.
Conta-se também de São Partênio que, em Hecléia, metrópole da Trácia, ao visitar o bispo Hipatiano, encontrou-o gravemente doente. No mesmo instante, por revelação divina, descobriu a causa do mal do prelado: a avareza.
«Tua doença, disse a Hipatiano, não te vem do corpo, mas da alma».
«Da alma»? Pergunta o prelado debilmente. «Mas, como»?
«Sim», confirmou Partênio. «É a avareza que te corrói, pouco a pouco. E, se quiseres recuperar a saúde toda ela, restituiu a Deus todos os bens dos pobres, que conservas».
O bispo, chamado o ecônomo, deu-lhe ordens para distribuir à pobreza tudo o que ferrenhamente guardava.
«Não, tornou o Santo. Tu mesmo é que deverás fazê-lo».
«Mas», tornou o doente prelado, sinto-me sem forças. «Como deixarei este leito, tão fraco estou»?
«Não te sentirás fraco amanhã», sentenciou São Partênio, convictamente. «Manda que, amanhã de manhã, toda a pobreza se reúna na igreja de Santa Glicéria e vai cumprir o dever».
Hipatiano, no dia seguinte, fez-se transportar para a igreja. E, à medida que se livrava dos bens que conservava, ia recuperando, milagrosamente, as forças que o haviam abandonado. Três dias depois, estava toda a saúde de outrora. Quando São Partênio morreu, aquele bispo, em companhia doutros prelados, prestou-lhes os últimos deveres.
Comemoração de São Lucas
São Lucas nasceu no verão do ano 896. Seus pais, Estevão e Efrosina, eram naturais de Egina, mudando-se logo depois para Foquita, na Tessália. Lucas era o terceiro de sete irmãos. Foi um menino piedoso e obediente e, desde muito cedo, recebeu o encargo de cuidar das ovelhas e cultivar o campo. Ainda criança, deixava de comer para alimentar os famintos e, algumas vezes, chegou a tirar suas próprias roupas para vestir os mendigos. Em época de semear os campos, espalhava boa parte das sementes nas terras dos pobres. Era notório que Deus abençoava a colheita de seu pai com a abundância.
Depois da morte de Estevão, seu pai, Lucas deixou seu trabalho nos campos e, por algum tempo, dedicou-se à contemplação. Sentia-se chamado à vida religiosa e, numa certa ocasião, partiu de Tessália em busca de um monastério onde pudesse viver. No entanto, foi capturado por soldados que o confundiram com um escravo fugitivo. Tendo sido interrogado, disse que era um servo de Cristo e que havia empreendido aquela viagem por devoção. Mas os soldados não deram crédito às suas palavras e o levaram para a prisão, tratando-o com muita crueldade.
Passado algum tempo, descobriram sua verdadeira identidade e o puseram em liberdade. Ao retornar para a sua casa, porém, foi recebido com escárnios e chacotas por sua fracassada fuga. Mesmo que conservasse sua decisão de consagrar-se a Deus, seus parentes não queriam deixá-lo ir. Uns monges que estavam à caminho da Terra Santa, vindos de Roma, tendo recebido hospitalidade de Eufrosina, conseguiram convencê-la a deixar seu filho acompanhá-los até Atenas. Lucas entrou então para um monastério, mas não permitiram que permanecesse muito tempo. Certo dia, o superior lhe chamou, dando-lhe a entender que sua mãe lhe havia aparecido numa visão e que precisava muito dele, recomendando-lhe então que fosse ao seu encontro. Assim, pois, Lucas voltou para casa e foi recebido com surpresa e alegria.
Passados 4 meses, Eufrosina se convenceu de que seu filho era verdadeiramente vocacionado à vida religiosa, e já não se opôs a que seguisse seu caminho. Lucas então construiu uma eremitério perto de Corinto onde passou a viver. Tinha apenas 18 anos de idade, e já levava uma vida de incrível austeridade; passava noites inteiras em oração privando-se quase por completo do sono. Mesmo assim, mostrava-se alegre e caridoso, ainda que, frequentemente, precisasse enfrentar com muita força as tentações. Foi abundantemente agraciado por Deus, e por suas orações de intercessão operavam-se verdadeiros milagres, tanto antes como depois de sua morte. Foi um dos primeiros santos de quem se conta que foi visto se elevando do chão enquanto orava. A cela de São Lucas foi transformada num oratório depois de sua morte, e a chamaram “Soteno o Sterion" (lugar de curas).
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
1 Pedro 3:10-22
10 Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; 11 aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. 12 Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. 13 Ora, quem é o que vos fará mal, se fordes zelosos do bem? 14 Mas também, se padecerdes por amor da justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as suas ameaças, nem vos turbeis; 15 antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós; 16 tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, fiquem confundidos os que vituperam o vosso bom procedimento em Cristo. 17 Porque melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o mal. 18 Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; 19 no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; 20 os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água, 21 que também agora, por uma verdadeira figura - o batismo, vos salva, o qual não é o despojamento da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo, 22 que está à destra de Deus, tendo subido ao céu; havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potestades.
Marcos 12:18-27
Naquela época, se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo: Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência; o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência. Depois de todos, morreu também a mulher. Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram? Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus? Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus. Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse:
"Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?"
Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
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ENSINO DOS SANTOS PADRES
Santo Irineu de Lião (séc. II)
Tratado Contra as Heresias: “Eu Sou a Ressurreição e a Vida”
Nosso Senhor e mestre, na resposta que deu aos saduceus que negam a ressurreição, e que ainda afrontam a Deus violando a lei, confirma a realidade da ressurreição e depõe em favor de Deus, dizendo-lhes: Estais muito equivocados por não compreender as Escrituras nem o poder de Deus. E a respeito da ressurreição – diz – dos mortos, não lestes o que Deus disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? E acrescentou: Não é Deus de mortos, mas de vivos: porque para ele estão todos vivos. Com estas palavras manifestou que aquele que falou com Moisés na sarça e declarou ser o Deus dos pais é o Deus dos vivos.
E quem é o Deus dos vivos a não ser o único Deus, acima do qual não existe outro Deus? É o mesmo Deus anunciado pelo Profeta Daniel, quando ao dizer-lhe Ciro, o persa: Por que não adoras a Bel?, respondeu-lhe: eu adoro o Senhor, meu Deus, que é o Deus vivo. Assim o Deus vivo adorado pelos profetas é o Deus dos vivos, e o é também a sua Palavra, que falou a Moisés, que refutou aos saduceus, que nos concedeu o dom da ressurreição, mostrando aos que estavam cegos estas duas verdades fundamentais: a ressurreição e Deus. Se Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, e, contudo, é chamado Deus dos pais que já morreram, é incontestável que estão vivos para Deus e não pereceram: são filhos de Deus, porque participam da ressurreição.
E a ressurreição é nosso Senhor em pessoa, como ele mesmo afirmou: Eu sou a ressurreição e a vida. E os pais são seus filhos; já o disse o profeta: em lugar de teus pais, são teus filhos. Portanto, o próprio Cristo é juntamente com o Pai o Deus dos vivos, que falou a Moisés e se manifestou aos pais.
Isto é o que, ensinando, dizia aos judeus: Abraão, vosso pai, pulava de alegria pensando em ver meu dia: o viu e se encheu de alegria. Como assim? Abraão creu em Deus e lhe foi creditado como justiça. Creu, em primeiro lugar, que ele é o Criador do céu e da terra, o único Deus, e em segundo lugar, que multiplicaria sua descendência como as estrelas do céu. É o mesmo vocabulário de Paulo: Como luzeiros do mundo. Com razão, pois, abandonando todos os seus parentes terrenos, seguia o Verbo de Deus, peregrinando com o Verbo, para morar com o Verbo. Com razão os apóstolos, descendentes de Abraão, deixando a barca e o pai, seguiam ao Verbo de Deus. Com razão também nós, abraçando a mesma fé que Abraão, carregando a cruz – como Isaac com a lenha – o seguimos.
Na verdade, em Abraão o homem aprendeu e se acostumou a seguir o Verbo de Deus. De fato, Abraão, favorecendo, em conformidade com a sua fé, o mandato do Verbo de Deus, consentiu oferecer em sacrifício a Deus seu unigênito e amado filho, para que também Deus concordasse no sacrifício de seu Filho unigênito em favor de toda a sua posteridade, ou seja, por nossa redenção. Por isso Abraão, profeta como era, vendo em espírito o dia da vinda do Senhor e a economia da paixão, pela qual ele mesmo e todos os que cressem como ele começariam a inaugurar a salvação, encheu-se de intensa alegria.
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