05 de Fevereiro de 2024 (CC) - 23 de Janeiro (CE)
Santo Mártir Clemente, Bispo de Ankara;Santo Mártir Agatângelos Dionisio de
Monte AthosS; Genádios, Monge de Kostroma
Tom 2
O Hieromártir Clemente nasceu na cidade Galaciana de Ancira no ano 258, filho de um pai pagão e de uma mãe cristã. Na infância Clemente perdeu seu pai, e aos doze anos de idade também sua mãe, que previu para ele a morte de um mártir por crer em Cristo. Uma mulher que o adoptou, chamada Sofia, criou-o com medo de Deus. Durante o tempo de uma terrível fome na Galácia, vários pagãos expulsaram seus próprios filhos, não tendo os meios para alimentá-los, e Sofia reuniu também estes pobres, alimentou-os e vestiu-os, e São Clemente a ajudou nisso. Ele ensinou as crianças e as preparou para o Santo Batismo. Muitos deles morreram como mártires pela fé em Cristo.
Por sua vida virtuosa, São Clemente foi feito Leitor, e mais tarde Diácono, e aos dezoito anos recebeu a dignidade de Presbítero, e aos vinte anos foi ordenado Bispo de Ancira. Logo depois, a perseguição aos cristãos começou sob Diocleciano (284-305). O bispo Clemente foi preso sob denúncia e também teve que responder por si mesmo. O Governador de Galácia, Dometian, tentou convencer o Santo a adorar os deuses pagãos, mas São Clemente confessou firmemente a sua fé e suportou corajosamente todas as torturas às quais o cruel oficial o sujeitou. Eles o suspenderam em uma árvore, e rasgaram seu corpo de modo que os ossos pudessem ser vistos; e também o golpearam ferozmente com paus e pedras, e o viraram sobre uma roda e queimaram-no com um fogo baixo. O Senhor preservou o seu sofredor e curou o seu corpo lacerado. Em seguida, Domécio enviou o Santo para Roma para o próprio imperador Diocleciano, com um relatório de que o Bispo Clemente tinha sido ferozmente torturado, mas tinha se mostrado inflexível. Diocleciano, vendo o mártir completamente saudável, não acreditou no relatório e sujeitou-o a torturas ainda mais cruéis, e, em seguida, trancou-o na prisão.
Muitos dos pagãos, vendo a bravura do Santo e a milagrosa cura de suas feridas, creram em Cristo. As pessoas na prisão se reunião a São Clemente em busca de orientação, cura e batismo, de modo que a prisão foi literalmente transformada em uma igreja. Muitas dessas pessoas, quando denunciadas, foram executadas pelo Imperador. Diocleciano, impressionado com a incrível resistência de São Clemente, o enviou para Nicomédia para seu Co-Imperador Maximiano.
No navio ao longo do caminho, o Santo foi acompanhado por seu discípulo Agatângelo, que tinha escapado ser executado com os outros confessores, e que agora queria sofrer e morrer por Cristo juntamente com o Bispo Clemente.
O Imperador Maximiano, por sua vez, enviou São Clemente e Agatângelo para o Governador Agripina, que os sujeitou a tais tormentos desumanos, que mesmo entre os espectadores pagãos havia uma sensação de pena para com os mártires, que eles começaram a apedrejar os torturadores.
Tendo sido libertados, os santos curaram um habitante da cidade com uma imposição de mãos e batizaram e instruíram as pessoas, unindo-se a eles em multidões. Preso novamente por ordem de Maximiano, foram enviados para casa para a cidade de Ancira, onde o Príncipe Ancira Cyrenius os mandou torturar, e então os despachou para a cidade de Amásia para o oficial Domécio, conhecido por sua crueldade especial.
Santo Agatângelos
Na Amásia, os mártires foram atirados em cal derretida, passaram um dia inteiro nela e permaneceram ilesos. Esfolaram a pele, espancaram-nos com varetas de ferro, puseram-nos em camas quentes e derramaram enxofre. Tudo isso falhou em prejudicar os santos, e eles foram enviados para Társis para novas torturas. No deserto, ao longo do caminho, São Clemente na oração teve a revelação de que sofreria ainda por mais 28 anos pelo nome de Cristo. E depois, tendo sofrido uma multidão de torturas, os santos foram encerrados na prisão.
Após a morte de Maximiano, Santo Agatângelo foi decapitado com a espada. Os cristãos de Ancira libertaram São Clemente da prisão e levaram-no para uma igreja das cavernas. Ali, depois de celebrar a Liturgia, o Santo anunciou aos fiéis o fim iminente da perseguição e o seu próprio fim que se aproximava. O santo mártir logo foi morto por soldados da cidade, que invadiram a Igreja. Eles decapitaram o santo enquanto este ofertava a Deus a santa oblação, no ano 312.
São Genádios
São Genádios, da cidade de Kostroma, foi batizado com o nome de Gregório. Nasceu na cidade de Mogilev, na Lituânia em uma família russo-lituana muito rica. Desde sua juventude se distinguia por sua devoção. Gostava de ir à Igreja e cumpria rigorosamente os tempos de jejum; por isso seus amigos riam dele.
Desejando dedicar sua vida exclusivamente a Deus, deixou secretamente a casa de seus pais e, vestido como um pobre foi para Rússia onde visitou Moscou e Novgorod, mas não encontrou um monastério de acordo com suas necessidades espirituais. Foi então para o rio Svir onde se encontrava o venerável Alexandre, o qual lhe recomendou que fosse ao bosque de Vologodsk onde vivia o venerável Cornélio de Comel. Lá, após algum tempo, recebeu o hábito monástico de Cornélio, adquirindo o nome de Genádios.
Algum tempo depois, os veneráveis Cornélio e Genádios partiram para o lago Surskoe, próximo do rio Kostroma. Ali fundaram um monastério com duas igrejas. Mais tarde, este monastério passou a se chamar Monastério de Genádios. São Genádios trabalhava incansavelmente, fazendo os pães (Prósforas) para a Liturgia, cortando lenha, cavando lagos com a irmandade etc. Para crescer espiritualmente, sempre usava as correntes de asceta. Gostava muito de escrever ícones com os quais adornava as paredes das igrejas de seu monastério. Por sua vida devota, recebeu de Deus o dom da profecia e da cura.
Estando em Moscou, profetizou que a filha de Boyardo Roman Zajarin, Anastácia Romanov, seria czarina. Tempos depois, Anastácia tornou-se esposa do czar João, o Terrível. O mesmo czar João, o Terrível pediu ao venerado Genádios que fosse padrinho de sua filha. Genádios também curou o Bispo Cipriano de Vologda de uma doença mortal. Faleceu no ano de 1565 e no a no de 1644 foram encontradas suas relíquias que foram trasladadas para a Igreja da Transfiguração de seu monastério. O Venerável Gennádios escreveu «Instruções de um pai espiritual a um monge recém ordenado» e «Testamento espiritual».
O Sexto Concílio Ecumênico
O sexto Concílio Ecumênico foi convocado pelo Imperador Constantino Pogonato (668-685) em Constantinopla no ano 681 para tratar da heresia Monotelita. Estavam presentes 171 Santos Padres, que afirmaram a confissão de fé a respeito das duas vontades em Jesus Cristo – a Divina e a humana.
Dando continuidade ao trabalho deste Concílio um outro Concílio foi realizado no ano de 691, nos palácios imperiais, chamado de Concílio de Trullo. O Concílio também decretou 102 cânones sobre a ordem e a disciplina do clero.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Tiago 2:14-26
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
Marcos 10:46-52
E depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim. E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.
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A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ NO ENSINO ORTODOXO
Para a maior parte da história da Igreja, a salvação foi vista como compreendendo toda a vida: os cristãos creram em Cristo, foram batizados e foram nutridos em sua salvação na Igreja. A chave para a compreensão dos ensinamentos sobre a Fé, está centrada em torno da Santíssima Trindade, da Encarnação do Filho de Deus e da expiação.
Leão X, Papa de Roma |
Reformadores |
Na Europa Ocidental, durante o século XVI e, até mesmo antes, no entanto, uma justificável preocupação surgiu entre os Reformadores acerca da compreensão predominante de que a salvação dependia de obras humanas meritórias, e não da graça e piedade de Deus. A redescoberta deles de Romanos 5, os levou a adotar o slogan Sola Fides: justificação apenas pela fé.
O debate da Reforma no Ocidente suscitou a seguinte questão para o Oriente Ortodoxo:
Que novidade é esta em polarizar a fé e as obras? Pois, é estabelecido desde a era apostólica que a salvação foi concedida pela misericórdia de Deus para homens e mulheres justos, ou seja, aqueles que são batizados em Cristo, são chamados a crer nele e a praticar boas obras (Efésios 2:8-10). Uma oposição entre a fé e obras é algo sem precedentes no pensamento Ortodoxo.
O ensino Ortodoxo da justificação difere do Protestante de várias maneiras:
1. A Justificação E A Nova Aliança.
Quando os Cristãos Ortodoxos abordam a doutrina da salvação, a discussão gira em torno da Nova Aliança. A Justificação (estar ou tornar-se Justo pela fé em Deus) é o primeiro fruto de quando se é trazido para uma relação de aliança com Ele.
Tal como Israel outrora estava sob a Antiga Aliança, na qual a salvação viria pela fé, como está revelado na Lei (Rm 3:21,31), assim, também, a Igreja está sob a Nova Aliança. A salvação vem pela fé em Cristo, que cumpre a Lei. Recebemos o Dom do Espírito Santo, que habita em nós, levando-nos para o conhecimento de Deus, o Pai (Rm 8:4,15). Em vez de justificação como uma absolvição legal perante Deus, os Fiéis Ortodoxos veem a justificação pela fé como um relacionamento de aliança com Ele, centrado em união com Cristo (Rom 6: 1-6).
2 A Justificação E A Misericórdia De Deus.
A Ortodoxia enfatiza primeiramente é a misericórdia de Deus – e não nossa fé - que nos salva.:
«Portanto, tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo, através do qual também temos acesso por fé a essa graça em que defendemos, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus» (Rom 5: 1, 2). É Deus Quem inicia ou faz a Nova Aliança conosco.
3 A Justificação Pela Fé É Dinâmica, Não Estática.
Para os Cristãos Ortodoxos, a fé é viva, dinâmica, contínua - nunca estática ou meramente pontuado no tempo. A fé não é algo que um cristão exerce apenas em um momento crítico (como no caso da conversão, esperando que ela cubra todo o resto de sua vida.
A verdadeira fé não é apenas uma decisão, é uma forma de vida. Assim, o Cristão Ortodoxo vê a salvação, em pelo menos três aspectos: (a) Eu fui salvo, juntando-me a Cristo no Santo Batismo, cf. Gálatas 3:27 e Rm 6:4; (b) eu Estou sendo salvo, crescendo em Cristo através da vida sacramental da Igreja, Cf João 6:54-57 e Efésios 4:1-13; e, (c) serei salvo, pela misericórdia de Deus no Juízo Final, Cf. 2 Timóteo 4:7,8.
A Justificação pela fé, embora não seja a principal doutrina do Novo Testamento para os Ortodoxos como o é para os Protestantes, não representa nenhum problema. Mas, a doutrina da justificação pela fé tem da nossa parte uma objeção, quando se diz que a salvação é somente pela fé, isto contradiz a Escritura, que diz:
«Vê então que um homem é justificado pelas obras, e não pela somente fé » (Tg 2:24).
Somos «justificados pela fé, sem as obras da lei» (Romanos 3:28); mas, em lugar algum a Escritura diz que somos justificados «somente» pela fé. Pelo contrário, a fé por si mesma, se não tem obras, está morta (Tg 2:17).
Como cristãos, não estamos mais sob as exigências da Lei do Antigo Testamento (Rm 3:20), porque Cristo cumpriu a Lei (Gálatas 2:21; 3:5,24). Pela misericórdia de Deus, somos trazidos para um novo relacionamento de aliança com Ele. Nós, os que cremos, recebemos entrada em Seu Reino por Sua graça. Através da Sua misericórdia, somos justificados pela fé e capacitados por Deus para as obras ou ações de justiça que lhe trazem glória:
«Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.» Tito 2:11-14
«Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.» Efésios 2:10
«Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.» Mateus 5:13-16
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