domingo, 30 de junho de 2024

O Domingo de Todos os Santos

1º Domingo Depois de Pentecostes 
30 de Junho de 2024 (CC) / 17 de Junho (CE)
Santos Mártires Manuel, Sabel e Ishmael, da Pérsia († 362); 
Ss. Hipácio, Abade; Aetius, o eunuco batizado por S.  Felipe, Diácono (Séc. I)).
Tom 8


Manuel, Sabel e Ismael eram irmãos nascidos na Pérsia, de um pai pagão e de uma mãe cristã. Eles foram batizados e educados no espírito do cristianismo. Como cristãos, eram altos funcionários da corte do rei Alamundar. Foram enviados ao Imperador juliano, o Apóstata para realizar negociações e confirmar a paz entre os Impérios Persa e Grego-romano. O Imperador apóstata organizou uma celebração blasfema em homenagem aos ídolos,  em Calcedônia. Nesta celebração, o Imperador, com seus nobres, ofereceu sacrifícios aos ídolos. Os emissários persas se abstiveram desta celebração. O Imperador convocou-os e ordenou que eles também participem da celebração e ofereçam sacrifícios aos deuses. Eles declararam que eram cidadãos estrangeiros e que eles vieram como emissários do Rei persa por causa do estabelecimento da paz entre os dois impérios, e não por mais nada; Que eram cristãos e que consideravam indigno adorar ídolos mortos e oferecer-lhes sacrifícios. O Imperador se enfureceu e os lançou na prisão. No dia seguinte, ele os tirou e novamente começou a discutir com eles sobre a Fé, mas os santos irmãos foram inflexíveis e inabaláveis. Eles foram então amarrados nus às árvores, espancados e raspados com uma escova de ferro. Durante sua tortura, eles oraram a Deus com ação de graças por suas torturas:   

"Ó doce Jesus, esses tormentos são bons por causa do Teu amor!". 
Um anjo de Deus apareceu a eles, os consolou e removeu cada dor deles. Contrariamente a todas as regras das relações internacionais, o perverso Imperador Juliano finalmente pronunciou a sentença condenando os três irmãos à decapitação. Quando foram decapitados, houve um grande terremoto. A terra se separou e recebeu os corpos dos santos mártires, para que os pagãos não pudessem queimar seus corpos, conforme indicado pelo Imperador. A Terra devolveu mais tarde os corpos desses mártires para que os cristãos pudessem encontrá-los e honrá-los. Sobre suas relíquias, ocorreram muitos milagres e muitos pagãos se converteram à fé cristã. Quando o Rei persa ouviu como Juliano violentara seus emissários, preparou um exército para marchar contra ele. Convencido da vitória, Juliano partiu contra o Império Persa, mas ele sofreu uma esmagadora derrota e pereceu com vergonha, tornando-se objeto de piada e galhofaria do mundo inteiro. 
Comemoração de Santo Hipácio 
No subúrbio de Calcedônia, conhecido como «La Encina», que deu seu nome ao infame pseudo-sínodo que condenou São João Crisóstomo, certo funcionário consular, de nome Rufino, construiu uma igreja dedicada a São Pedro e São Paulo e, junto dela, um monastério. A comunidade monástica que ali viveu e que dava assistência à igreja, teve o seu período de prosperidade, mas a morte do fundador causou a dispersão dos monges ficando, tanto o monastério como a igreja, abandonados e, logo conhecidos popularmente como abrigo de fantasmas e almas penadas. Como ninguém se atrevesse a entrar lá, os edifícios permaneceram abandonados por muitos anos, até que um santo asceta chamado Hipácio e seus dois companheiros, Timóteo e Mosquion, decidissem ocupá-los, depois de uma viagem a Bithynia que fizeram em busca de um lugar onde pudessem viver retirados. Habitando aquelas ruínas, em pouco tempo começou a chegar os discípulos, reunindo muito rapidamente uma grande comunidade que empreendeu a recuperação da igreja e do monastério. 
Hipácio governou o monastério por muitos anos e, depois de sua morte, o local recebeu o seu nome. A vida de Santo Hipácio chegou até nossos dias sob a forma de uma biografia escrita por Callinicos. Segundo o biógrafo, São Hipácio nasceu em Frigia, tendo sido educado por seu pai que pretendia que seu filho seguisse os seus passos. No entanto, Hipácio sempre se mostrou inclinado para a vida religiosa. Com dezoito anos de idade, depois de uma impiedosa surra que recebeu de seu pai, fugiu de casa indo para a Trácia. Lá trabalhou como pastor de ovelhas por um longo tempo. Um sacerdote que o ouviu cantar ficou impressionado com ele e passou a ensiná-lo os Salmos e Cânticos. Aconselhado por aquele sacerdote, ao que parece, Hipácio juntou-se a um solitário ex-soldado chamado Jonas, com quem viveu entregue a oração e a penitência tão rigorosa que, segundo se conta, algumas vezes os dois se abstinham de comer ou beber durante quarenta dias consecutivos. 
Mais tarde, Jonas e Hipácio se transferiram para Constantinopla, onde Jonas passou a viver. Hipácio atravessou mais uma vez o Estreito, em direção a Ásia Menor e, instalado nas ruínas do monastério de Rufino, empreendeu uma missão para fazer reviver a prática da religião. Lá, chegou a dirigir uma grande comunidade de monges, tendo sido um grande defensor da Ortodoxia. Ainda antes que os erros de Nestório fossem condenados pela Igreja o abade ordenou que o nome daquele hierarca fosse apagado dos livros oficiais de sua igreja, sob os protestos do bispo Eulálio de Calcedônia. Quando Santo Alexandre Akimetes e seus monges fugiram de Constantinopla para Bithynia, foi Hipácio quem lhes deu generosa hospitalidade em seu monastério. Santo Hipácio, conhecido como «o estudioso de Cristo», ficou famoso por seus milagres e profecias. Morreu, segundo consta, em meados do V século, com a idade de oitenta anos.` 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (I)

Mateus 28:16-20


Fragmento 116 - Naquela época, os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Tu desceste do alto dos Céus, Ó Deus misericordioso, / e aceitaste estar sepultado durante três dias, / afim de nos libertares de nossas paixões. // Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a Ti!

Tropárion da Festa Tom 4
Revestida, como de púrpura e de linho fino, / do sangue de todos aqueles que, no mundo inteiro, foram Tuas testemunhas, / Tua Igreja, por eles, Te clama: / mostra ao Teu povo a Tua compaixão; / concede a paz à nossa pátria // e tem misericórdia das nossas almas”.

Kondákion da Ressurreição
Ressuscitando do túmulo, Tu acordaste os mortos / e levantaste Adão, e Eva dançou de alegria na Tua Ressurreição, / e os confins da terra mantiveram festas triunfais // na Tua Ressurreição dentre os mortos, Ó Tu Que És misericordiosíssimo.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Kondákion da Festa de Todos os Santos Tom 8
A Ti, ó Senhor e Autor da Criação, / o universo Te oferta os Teóforos Mártires como primícias da natureza. / E por suas súplicas e intercessão da Theotókos, // guarda a Tua Igreja sempre em paz, ó Bondoso!

Prokímenon

R. Fazei votos, e pagai-os
ao Senhor vosso Deus. (Sl. 75:11)


V. Conhecido É Deus em Judá,
Grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

Hebreus 11:33-12:2

Fragmento 330 - Irmãos, todos os santos, por meio da fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda cadeias e prisões. Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno); errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo, não alcançaram a promessa; visto que Deus provera alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados. Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentemo-nos diante d'Ele com louvor,
e celebremo-lo com salmos!

Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 10:32-33, 37-38; 19:27-30

Fragmento 38A - O Senhor disse aos seus discípulos: Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós? Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.

Canto da Comunhão
Louvai ao Senhor, vós, cidadãos dos céus,
Louvai-O no mais alto dos Céus! (Sl. 148:1)

Exultai no Senhor, ó vós que sois Justos;
Pois, aos Retos convém o louvor! (Sl 32:1)

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

† † †

O DOMINGO DE TODOS OS SANTOS


O primeiro domingo após a Festa do Santo Pentecostes é observado pela Igreja Ortodoxa como o Domingo de Todos os Santos. Este dia foi designado como uma comemoração de todos os santos, todos os justos: Profetas, Apóstolos, Mártires, Confessores, Pastores, Professores e Santos Monásticos; igualmente a homens e mulheres – quer conhecidos ou desconhecidos – que foram adicionados aos coros dos santos, desde o tempo de Adão até o fim do mundo; que foram aperfeiçoados em piedade e glorificavam a Deus por suas vidas santas.

Origem da Festa 

Honrando os amigos de Deus com muita reverência, o Profeta e Rei Davi diz: "Mas, para mim, extremamente admiráveis são os Teus amigos, ó Senhor" (Sl 138:17 - Bíblia Septuaginta). E o apóstolo Paulo, contando as conquistas dos Santos, e estabelecendo o seu memorial como um exemplo para que possamos nos afastar das coisas terrenas e do pecado, e imitar suas paciência e coragem nas lutas pela virtude, diz: 

"Portanto vendo nós também que estamos rodeados por uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo fardo e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta" (Heb. 12: 1). 

Esta comemoração começou como o Domingo (Synaxis) de Todos os Mártires (palavra grega que quer dizer “testemunhas”); foram-lhes adicionados todos os escalões de santos que deram testemunho de Cristo em múltiplas formas, mesmo se a ocasião não exigia o derramamento de sangue. 

Portanto, guiados pelo ensino das Divinas Escrituras e da Tradição Apostólica, honramos todos os Santos, os amigos de Deus, pois eles são os detentores dos mandamentos de Deus, resplandecentes exemplos de virtude, e benfeitores da humanidade. Claro, que nós honramos os santos conhecidos - especialmente em seu próprio dia do ano - como é evidente no Menologion (Livro Litúrgico que contém a vida dos Santos e as datas de suas comemorações). Mas, uma vez que muitos santos são desconhecidos, e seu número tem aumentado com o tempo, e continuará a aumentar até o fim dos tempos, a Igreja designou que uma vez por ano uma comemoração comum de todos os Santos deve ser feita. E esta é a festa que hoje celebramos. É a colheita da vinda do Espírito Santo no mundo; é o "muito fruto" produzido pelo "Grão de trigo que caiu na terra e morreu"(João 12:24); é a glorificação dos Santos como "o fundamento da Igreja, a perfeição do Evangelho, eles que cumpriram em ação as palavras do Salvador"  (Doxastikon das Vésperas do Domingo de Todos os Santos,). 

Nesta celebração, então, nós reverentemente honramos e suplicamos as bênçãos de todos os justos: Profetas, Apóstolos, Mártires, Confessores, Pastores, Professores e Santos Monásticos; igualmente a homens e mulheres – quer conhecidos ou desconhecidos – que foram adicionados aos coros dos santos, desde o tempo de Adão até o fim do mundo; que foram aperfeiçoados em piedade e glorificavam a Deus por suas vidas santas. Todos estes, bem como às ordens dos Anjos, e especialmente a nossa santíssima Senhora e Rainha, Theotókos e sempre Virgem Maria, honramos neste dia, pondo a sua vida diante de nós como exemplo de virtude, e pedindo-lhes para intercederem junto a Deus em nosso favor, para que Sua graça e infinita misericórdia estejam sempre conosco. Amém. 

O Ícone Do Domingo De Todos Os Santos 

O Ícone do Domingo de Todos os Santos descreve nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo sentado sobre o trono do céu cercado pelos santos. As linhas dos Santos incluiu o Arcanjo Miguel e outros anjos, a Theotókos e João Batista, os Apóstolos, os Bispos, os grandes mártires, ascetas e monges. Ao lado do trono estão Adão e Eva, curvando-se em reverência a Cristo. Eles são unidos pelos santos, que estão levantando suas mãos em adoração ao Rei da Glória. Na parte inferior esquerda do ícone está o Patriarca Abraão, que tem uma alma justa no seu seio, como é dito pelo Evangelho na história de Lázaro e o homem rico. No centro mais abaixo está o Ladrão Arrependido (São Dimas) que foi crucificado com Cristo. No canto inferior direito está o Patriarca Jacó.

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