sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

33ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

22 de Janeiro de 2021 (CC) 09 de Janeiro (CE)
São Polieutkos (259); São Pedro, Bispo de Sebaste (395)
Tom 7
Jejum
(Peixe é permitido)



São Polieuktos foi o primeiro mártir na cidade armênia de Melitene. Ele era um soldado sob o Imperador Decius (249-251), e mais tarde padeceu por Cristo sob o Imperador Valeriano (253-259). O santo era também amigo de Nearchos, um companheiro de farda e cristão firme, mas, Polyeutos, conquanto levasse uma vida virtuosa, permanecia um pagão.

Quando a perseguição contra os cristãos começou, Nearchos disse a Polyeuktos: 
"Amigo, logo estaremos separados de ti, porque eles me levarão a torturar, e tu terás que renunciar à amizade comigo". 
Polieuktos respondeu-lhe que, num sonho, tinha visto a Cristo, que lhe tirou o manto e o vestiu de outro traje brilhante. "A partir daquele momento", disse ele, "estou preparado para servir ao Senhor Jesus Cristo".

Tomado de um ardente zelo em seu espírito, Santo Polyeuktos saiu para a praça da cidade, rasgou o edito imperial pendurado sobre o dever de adorar ídolos, e tomou os ídolos das mãos dos sacerdotes pagãos e os destroçou, impedindo a procissão idólatra.

São Pedro, bispo de Sebaste
 
Pedro e seus Irmãos
São Pedro pertencia a uma antiga e ilustre família. O nome de seus antepassados ficou no esquecimento, enquanto que a memória deste santo que seus pais deram à Igreja foi imortalizada nos anais da fé. Três membros desta família foram santos e bispos: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Pedro de Sebaste. Sua irmã mais velha, Santa Macrina, foi mãe espiritual de muitos santos e grandes doutores. Seus pais, São Basílio, o Velho, e Santa Emélia foram desterrados por causa da fé no tempo do imperador Valério Maximiano, e fugiram ao deserto do Ponto. A avó de nosso santo foi a célebre Santa Macrina a quem São Gregório instruiu na fé. Pedro era o mais jovem dos dez filhos e perdeu seu pai antes ainda de começar a dar os primeiros passos. Assim, sua irmã, Macrina, teve de encarregar-se de sua educação. Macrina ocupou-se de instruí-lo, sobretudo, na religião. Os estudos profanos interessavam muito pouco a quem tinha os olhos fixos no céu. Pedro, que aspirava a vida monástica, nenhuma restrição viu nela. Sua mãe havia fundado dois monastérios, um masculino e outro feminino. O primeiro tinha confiado a direção ao seu filho Basílio e o segundo à Macrina. Pedro ingressou no monastério que era dirigido por seu irmão e que estava situado às margens do rio Íris. Quando São Basílio se viu obrigado a deixar seu cargo, no ano 362, nomeou Pedro como seu sucessor, quem desempenhou por muitos anos o ofício de superior, com grande prudência e virtude. 
Quando eclodiu a fome nas províncias do Ponto e da Capadócia, Pedro mostrou a sua grande caridade. A prudência humana o teria aconselhado a não exagerar nas esmolas aos pobres, antes de ter garantido o sustento aos seus monges. Pedro havia aprendido em outra escola a caridade cristã e dispunha com liberalidade do que possuía o monastério para ajudar os necessitados que vinham diariamente durante a carestia bater no monastério. Ao ser nomeado bispo de Cesárea, na Capadócia, São Basílio ordenou Pedro sacerdote. Basílio morreu em 1° de Janeiro e 379, e Macrina em novembro daquele mesmo ano. Eustásio, bispo de Sebaste na Armênia, que tinha sido ariano e perseguido São Basílio, parece ter morrido logo depois, já que Pedro foi nomeado bispo desta diocese em 380, para erradicar a heresia ariana. O demônio tinha se apoderado tão profundamente dessa região, quer o céu precisava de um santo para arrojá-lo fora.

São Pedro é contado entre os eclesiásticos, graças a uma carta incluída nos livros de São Gregório de Nissa contra Eunomius, pela qual demonstra que, se bem que São Pedro havia se dedicado exclusivamente aos estudos eclesiásticos, a sua leitura e seu talento natural em eloqüência não eram inferiores aos do seu irmão Basílio, nem as do seu colega, São Gregório Nazianzeno. Em 381 Pedro participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla. Não apenas seu irmão, São Gregório de Nissa, mas Teodoreto e toda a antiguidade testemunham a sua santidade, prudência e zelo. Sua morte ocorreu por volta do ano 391, durante o verão. São Gregório de Nissa faz notar que Sebaste lhe honrou com uma solene celebração (provavelmente no ano seguinte ao de sua morte), juntamente com alguns outros mártires da mesma cidade.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Pedro 1:1-10

1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor. 3 Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo autêntico conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; 4 pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 5 E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude; e à virtude o conhecimento; 6 e ao conhecimento, o domínio próprio; e ao domínio próprio a perseverança; e à perseverança a piedade; 7 e à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. 8 Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Pois, aquele em quem não há estas coisas é cego, míope, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora. 10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, jamais tropeçareis.

Marcos 13:1-8

1 Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios! 2 Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. 3 Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: 4 Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir? 5 Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane; 6 muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão. 7 Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim. 8 Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.

† † †

A DEIFICAÇÃO

“Deificação” é uma antiga palavra teológica, usada para descrever o processo pelo qual um cristão vai se tornando cada vez mais semelhante a Deus. São Pedro fala desse processo quando escreve:

"Visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade... para que por elas vos torneis participantes da natureza divina..." (2 Pd. 1: 3, 4).

O que significa participar da natureza divina, e como experimentamos isso? Antes de darmos uma resposta, vamos primeiro abordar o que deificação não é, e depois descrever o que é.

O Que A Deificação Não É. 

Quando somos chamados a buscar a piedade, a nos assemelhar mais a Deus, isso não significa que os seres humanos se tornem iguais a Deus. Não nos tornamos como Deus em Sua Essência. Isto não seria apenas heresia, como, também, impossível; pois, desde nossas origens somos humanos e sempre o seremos. Não podemos assumir a natureza (essência) de Deus.

São João de Damasco faz uma observação notável. A palavra "Deus" nas Escrituras não se refere à natureza divina enquanto essência, pois Sua Essência é incognoscível. "Deus" refere-se às Energias divinas - o poder e a graça de Deus que podemos perceber neste mundo. O termo grego para “Deus” (theos), vem de um verbo que significa "correr", "ver" ou "queimar". Estas palavras sugerem, por assim dizer, uma energia (ação, força dinâmica), e não “essência”.

Em João 10:34, Jesus, citando o Salmo 81:6: "Vós sois deuses". Ele estava falando com um grupo de líderes religiosos hipócritas que O acusavam de blasfêmia, dando um claro sentido duplo à tal afirmação. Ora, Jesus não está usando "deus" para se referir à “Essência” de Deus. Somos deuses na medida em que nós carregamos a Sua imagem, não a Sua Essência.

O Que É Deificação?

Deificação significa que devemos nos tornar mais semelhantes a Deus através da Sua graça ou energias divinas. Na criação, os seres humanos foram feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), de acordo com a natureza humana. Em outras palavras, a humanidade por é, por natureza, um ícone ou deidade. A imagem divina está em toda a humanidade. Por meio do pecado, porém, esta imagem de Deus foi borrada, e nós caímos.

Quando o Filho de Deus assumiu nossa humanidade no seio da bem-aventurada Virgem Maria, o processo de nosso ser, renovado à imagem e semelhança de Deus, foi reiniciado. Assim, aqueles que estão unidos a Cristo no Santo Batismo, através da fé, iniciam um processo de recriação, sendo renovados à imagem e semelhança de Deus. Nós nos tornamos, como escreve São Pedro, "participantes da natureza[1] divina" (1:4).

Por causa da Encarnação do Filho de Deus, e porque a plenitude de Deus habitou a carne humana, sendo unida a Cristo, significa que é novamente possível experimentar a deificação, a realização do nosso destino humano. Ou seja, através da união com Cristo, nos tornamos pela graça, o que Deus É por natureza (energia) - "nos tornamos filhos de Deus" (João 1:12). Sua divindade interpenetra nossa humanidade.

Historicamente, a deificação tem sido muitas vezes ilustrada pelo exemplo de uma espada no fogo. Uma espada em aço, que é submetida a um fogo quente até que a espada assuma um brilho vermelho. A energia do fogo interpenetra a espada. A espada nunca se torna fogo, mas pega as propriedades do fogo. Da mesma forma, as energias divinas interpenetram a natureza humana de Cristo. Quando estamos unidos a Cristo, nossa humanidade está interpenetrada com as energias de Deus através da Carne glorificada. Alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo, participamos da graça de Deus: Sua força, Sua justiça, Seu amor, e nos tornamos capacitados a servi-Lo.

Artigo extraído da “Orthodox Study Bible,
Adaptado pelo Pe. Mateus (Antonio Eça)




[1] Natureza (energia)

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