quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

34ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

28 de Janeiro de 2021 (CC) 15 de Janeiro (CE)
São Paulo de Tebas, no Egito (341), e São João Calabytes 
Tom 8


São Paulo nasceu no Egito, na baixa Tebaida, e perdeu seus pais quando tinha 14 anos. Distinguia-se por conhecer a língua grega e a cultura egípcia. Era bondoso, modesto e temente a Deus. A cruel perseguição do imperador Décio perturbou a Igreja no ano de 250. O demônio tratava de matar, com seus sutis artifícios, tanto os corpos quanto as almas. Durante estes dias, Paulo permaneceu escondido na casa de um amigo. Mas, ao saber que fora denunciado por um cunhado que cuidava de suas propriedades, fugiu para o deserto. Lá encontrou algumas cavernas que, segundo a tradição, serviram para cunhar moedas na época de Cleópatra, rainha do Egito. Escolheu para sua morada uma destas cavernas, próximo de uma fonte e de uma palmeira. Vestia-se com as folhas das palmeiras, seus frutos o alimentava e a água da fonte o saciava. 
Paulo tinha 22 anos quando chegou ao deserto. Seu primeiro propósito era gozar a liberdade para servir a Deus, durante as perseguições. Tendo gostado da doçura da contemplação, na solidão, resolveu não mais voltar a cidade e se esquecer totalmente do mundo. Paulo se alimentava do fruto da palmeira até seus 43 anos. Depois disso, até sua morte, assim como Elias, ele também era alimentado por um corvo que trazia pão no bico. Não se sabe de que forma viveu e com que se ocupava até morrer aos 90 anos quando Deus se deu a conhecer a seu servo. 
O Monge João, o Morador da Tenda

O Monge João, o morador das barracas, era filho de pais ricos e ilustres que viviam em Constantinopla durante o século V, e recebeu uma boa educação. Ele adorava ler livros espirituais, e tendo percebido a vaidade da vida secular, o preferiu "ao invés do caminho amplo, o que era estreito, frágil e extremamente rigoroso". Tendo persuadido seus pais a dar-lhe um evangelho, ele partiu secretamente para Bitínia. 
No mosteiro "vigilância Incessante" recebeu tonsura monástica. O jovem monge começou a sua ascese com extremo zelo, surpreendendo seus irmãos com oração incessante, obediência humilde, abstinência estrita e perseverança no trabalho. 
Depois de seis anos ele começou a passar por tentações: pensamentos sobre seus pais, sobre seu amor e carinho, sobre sua tristeza – tudo isso começou a perturbar o jovem asceta. 
São João revelou a sua situação ao higúmeno e pediu para ser liberado do mosteiro, e rogou aos irmãos para não esquecê-lo em suas orações, esperando que por suas orações ele iria, com a ajuda de Deus, tanto ver seus pais e superar também as armadilhas do diabo. O higúmeno deu-lhe a sua bênção. 
São João voltou para Constantinopla vestido de mendigo e não foi reconhecido por ninguém. Instalou-se às portas da casa dos pais. Os pais mandaram-lhe comida da mesa, por amor de Deus. Durante três anos, oprimido e insultado, viveu numa tenda (cabana), suportando frio e geada, conversando incessantemente com o Senhor e os Santos Anjos. Sempre com ele estava o Evangelho, dado por seus pais, e do qual ele incessantemente reunia palavras de vida eterna. Antes de sua morte, o Senhor apareceu em uma visão para o monge, revelando que o fim de suas dores estava se aproximando e que depois de três dias ele seria levado para o Reino Celestial.

Só, então, o Santo mostrou aos seus pais o evangelho que eles lhe tinham dado pouco antes de ele ter deixado a sua casa parental. Os pais reconheceram o filho. Com lágrimas de alegria abraçaram-no simultaneamente com lágrimas de tristeza, em que ele tinha sofrido privação por tanto tempo nas próprias portas de sua casa parental. São João deu instruções finais a seus pais para enterrá-lo no local onde estava sua tenda, e para colocar na sepultura os trapos do mendigo que ele usava durante a vida.  
O Santo morreu em meados do século V, quando ainda não tinha 25 anos de idade. No lugar de seu enterro os pais construíram uma igreja para Deus e ao lado dela uma casa de hospitalidade para estranhos. No século XII, uma parte das relíquias do Santo fora levada pelos cruzados para Besacon (na França), e as outras relíquias do santo foram levadas para Roma.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 10:35-11:7

Não lanceis fora a vossa confiança, a qual tem uma grande recompensa. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque por mais um pouco de tempo, aquele que há de vir virá, e não tardará. Ora, o justo viverá pela fé; mas se algum homem recuar, a minha alma não terá prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a salvação da alma. Ora, a fé é a substância das coisas pelas quais esperamos, a evidência das coisas não vistas. Porque por ela os antigos obtiveram um bom testemunho. Através da fé entendemos que os mundos foram moldados pela palavra de Deus; de modo que as coisas que são vistas não foram feitas das coisas que aparecem. Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício mais excelente do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que ele era justo, testificando Deus sobre os seus dons, e através disso, depois de morto, ainda fala. Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; porque antes de sua trasladação ele tinha testemunho de que agradara a Deus. Porém, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus acredite que ele existe, e que é galardoador daqueles que diligentemente o buscam. Pela fé Noé, tendo sido avisado por Deus a respeito das coisas que ainda não se viam, comoveu-se com temor, preparou uma arca para salvação da sua casa, pela qual condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça, que é segundo a fé.

Marcos 9:10-36

E eles guardaram o que foi dito entre si, perguntando uns aos outros o que significava ressuscitar dentre os mortos. E eles o perguntam, dizendo: Por que dizem os escribas que Elias deveria vir primeiro? E, respondendo ele, disse-lhes: Na verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; e, como está escrito do Filho do homem, que ele deve sofrer muitas coisas, e ser reduzido a nada. Mas eu vos digo que Elias já veio, e eles fizeram-lhe tudo o que quiseram, como está escrito sobre ele.  E, ele aproximando-se dos seus discípulos, viu ao redor deles uma grande multidão, e os escribas interrogando a eles. E imediatamente toda a multidão, vendo-o, ficou grandemente surpreendida, e, correndo para ele, o saudaram. E ele perguntou aos escribas: O que interrogas com eles?

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REFLEXÃO

Os textos de hoje se revelam de difícil compreensão para o leitor que não está familiarizado com a teologia e a cultura oriental, que, principalmente à época dos Profetas e de Cristo, exerce uma maneira de raciocinar, muito distinta da cultura ocidental hodierna. O pensamento oriental, ao contrário do nosso, é simbólico e não analítico; cíclico e não-linear; místico e não-científico; contemplativo e litúrgico, e não pragmático.

Desconhecendo o caráter e a tradição do pensamento hebreu, surgiu no Brasil, por meio do Espiritismo Kardecista, a ideia de que João Batista seria a reencarnação do profeta Elias.

Ora, fora profetizado pelo Arcanjo Gabriel a Zacarias, que o menino João, seria "cheio do Espírito Santo desde o ventre materno e que iria adiante dele no espírito e virtude de Elias"; ou seja, o Espírito Santo iria atuar em João, da mesma forma como atuou em Elias; por isto o Senhor disse que Elias viria primeiro.

O fato do “espírito de Elias estar” em alguém já se deu em tempos anteriores a João Batista. Diz a Escritura acerca de Eliseu:
“Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O ESPÍRITO DE ELIAS REPOUSA SOBRE ELISEU. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra” (2 Reis 2:15).
Ora se a fala do Arcanjo de que o espírito de Elias estaria em João sugere uma “reencarnação”, a expressão  “o espírito de Elias repousa sobre Eliseu” também deve ser entendida neste sentido, o que se mostra um absurdo, porque, como poderia Eliseu ser a reencarnação de Elias, se ambos foram contemporâneos e amigos?

Portanto, a expressão “espírito de Elias” não dever ser entendida como se referindo à pessoa de Elias, mas, sim ao Espírito Santo que estava em Elias.

Elias prefigurava João Batista, assim como o Rei Davi, prefigurava o Cristo. Este tipo de raciocínio é peculiar aos Apóstolos, e disto temos o exemplo de São Pedro, no Pentecostes, quando interpreta para o povo a profecia de que Davi ressuscitaria, mostrando que não se tratava propriamente de Davi, mas, do Cristo, seu descendente e do qual Davi era ícone (Atos 2:29-31).
Pe. Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

"Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da Tua Lei".

Salmo 118(119):18

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