sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

30ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

 
01 de Janeiro de 2021 (CC) 19 de Dezembro de 2020 (CE)
Ss. Bonifácio, Mártir e Aglaya (séc. IV); Milagroso Elias de Murom de Pechersk.
Jejum da Natividade  
Tom 4



Bonifácio era servo de Aglaya, uma mulher rica e imoral que vivia em Roma, e que com esta, apesar de escravo, mantinha relações sexuais impuras e ilícitas. Ambos eram pagãos. Aglaya confiava a Bonifácio a administração de sua fortuna, pois este, apesar de inclinado à embriaguez, também era um homem generoso e hospitaleiro, pronto para ajudar os que viviam infortúnios.  
Aglaya apreciava ouvir as histórias dos Mártires, e cria de todo o seu coração no poder de suas intercessões para a obtenção da misericórdia de Deus. Assim,desejando obter as relíquias de um mártir em sua casa, enviou seu servo e amante para a Ásia para encontrar e comprar o que ela desejara. Bonifácio levou consigo vários escravos e uma grande quantidade de dinheiro. Antes de partir, Bonifácio, porém disse-lhe, em tom de brincadeira: 
"Se eu não puder encontrar um mártir, mas ao invés disso lhe trouxer de volta  o meu próprio corpo martirizado por Cristo, você vai recebê-lo com honra, minha senhora?" 
Aglaya riu e o chamou de bêbado e pecador, então se despediram. 
Chegando à cidade de Tarso, Bonifácio viu muitos cristãos torturados: alguns com as pernas cortadas, outros com as mãos decepadas, outros com os olhos arrancados, outros ainda na forca, e assim por diante. O coração de Bonifácio foi mudado, e ele se arrependeu de sua vida pecaminosa e chorou.  
Bonifácio passou a estar entre os cristãos, visitando os presos, incentivando-os e fortalecendo-os a suportar a dor por amor a Cristo. Sendo descoberto e preso pelo governador, após também padecer terríveis torturas, foi martirizado no ano de 290, confessando sua fé em Cristo. E o que, em tom de brincadeira, havia dito a sua amante, se cumpriu: seu corpo fora tomado como relíquias sagradas por seus servos e companheiros e trazido de volta para Roma. Um anjo de Deus apareceu a Aglaya e disse: 
"Recebei àquele que já foi teu escravo, mas agora é nosso irmão, servo e companheiro; ele é o guardião de tua alma e o protetor de tua vida."  
Aglaya recebeu o corpo de Bonifácio, construiu uma igreja, e nela colocou as relíquias do mártir. Arrependida dos seus pecados, distribuiu seus bens entre os pobres, retirou-se do mundo para se dedicar à oração e ao alívio do sofrimento dos pobres. 
São Bonifácio é conhecido, sobretudo, por interceder a Deus para a libertação do alcoolismo. 
Venerável Elías de Murom 
Elias fora um monge do Mosteiro das Grutas de Kiev. Morreu no ano de 1188, e suas relíquias incorruptas operam milagres até hoje.  
Os três dedos da mão direita permanecem colocados juntos em oração, mostrando que ele morreu em oração, fazendo o sinal da cruz. 
Isto é uma vergonha para aqueles que não fazem o sinal da cruz com três dedos.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Hebreus 11:8, 11-16

8 Pela fé Abraão, quando foi chamado a ir para um lugar que havia de receber posteriormente por herança, obedeceu e saiu, sem saber para onde ia. 11 Pela fé também a própria Sara recebeu vigor para conceber descendência, e deu à luz uma criança quando já de idade avançada; porquanto teve por fiel aquele que havia prometido. 12 Por isso também de um, e esse já considerado como quase morto, descenderam tantos como as estrelas do céu em multidão, e como a areia inumerável da praia. 13 Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, foram persuadidos a respeito delas, e abraçaram-nas, e confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. 14 Porque aqueles que dizem tais coisas declaram abertamente que procuram por um país. 15 E verdadeiramente, se lembrassem daquele país de onde haviam saído, teriam tido a oportunidade de retornar. 16 Mas agora eles desejam um país melhor, isto é, um celestial. Por isso também Deus não se envergonha de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. 

Marcos 10:11-16

11 E ele lhes disse: Qualquer que despedir a sua esposa e casar com outra, comete adultério contra ela. 12 E, se a mulher despedir a seu marido, e casar com outro, ela comete adultério. 13 E lhe traziam criancinhas, para que as tocasse; e os seus discípulos repreendiam aos que as traziam. 14 Mas Jesus, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais; porque de tais é o reino de Deus. 15 Na verdade eu vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele. 16 E ele, tomando-as nos seus braços, impôs suas mãos sobre elas, e as abençoou.     

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


Receber o Reino Como Criança

Quando os três magos foram conduzidos pelo esplendor de uma nova estrela para virem adorar a Jesus, eles não o viram expulsando a demônios, ressuscitando aos mortos, dando vista aos cegos, curando os aleijados, dando a faculdade de falar aos mudos, ou qualquer outro ato que revelava seu poder divino; mas viram a um menino que guardava silêncio, tranquilo, confiado aos cuidados de sua mãe. Não aparecia nele nenhum sinal de seu poder, mas lhes ofereceu a visão de um grande espetáculo: sua humildade. Por isso, o espetáculo deste santo menino, o Filho de Deus, apresentava aos seus olhares um ensinamento que mais tarde devia ser proclamado, e o que ainda não proferia o som de sua voz, o simples fato de ver-lhe fazia já que ele o ensinasse.

Toda a vitória do Salvador, que subjugou o diabo e ao mundo, começou pela humildade e se consumou pela humildade. Começou na perseguição seus dias assinalados, e também os terminou na perseguição. Ao menino não lhe tem faltado o sofrimento, e ao que fora chamado a sofrer não lhe faltou a simplicidade da infância, pois o Unigênito de Deus aceitou, só pela humilhação de sua majestade, nascer voluntariamente homem e poder ser morto pelos homens.

Se, pelo privilégio de sua humildade, Deus onipotente tem tornado boa nossa causa tão má, e se destruiu a morte e ao autor da morte, não repelindo o que lhe faziam sofrer os perseguidores, mas suportando com grande brandura e por obediência a seu Pai as crueldades dos que se levantavam contra ele, quanto mais nós temos de ser humildes e pacientes, visto que, se nos advém alguma provação, isto nunca acontece sem tê-la merecido? Quem se gloriará de ter um coração casto e de estar limpo de pecado? E, como disse São João, se disser-mos que não temos pecado nos enganaríamos a nós mesmos e a verdade não estaria conosco. Quem se encontrará livre de falta, de modo que a justiça nada tenha de que reprovar-lhe ou a misericórdia divina que perdoar-lhe?

Por isso, amadíssimos, a prática da sabedoria cristã não consiste nem na abundância de palavras, nem na habilidade para discutir, nem no desejo de louvor e de glória, mas na sincera e voluntária humildade, que o Senhor Jesus Cristo tem escolhido e ensinado como verdadeira força desde o seio de sua mãe até o suplício da cruz. Pois quando seus discípulos disputaram entre si, como narra o evangelista, quem será o maior no Reino dos Céus, ele, chamando para junto de si um menino, colocou-o no meio deles e disse: em verdade vos digo, se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Pois o que se humilhar até fazer-se semelhante a uma destas crianças, este será grande no Reino dos Céus.

Cristo ama a infância, que ele mesmo viveu ao princípio em sua alma e em seu corpo. Cristo ama a infância, mestra da humildade, regra da inocência, modelo de simplicidade. Cristo ama a infância; para ela orienta os costumes dos maiores, para ela conduz a ancianidade. Aos que eleva ao reino eterno os atrai a seu próprio exemplo. Mas se quisermos ser capazes de compreender perfeitamente como é possível chegar a uma conversão tão admirável, e por qual transformação temos de ir à idade dos meninos, deixemos que São Paulo nos instrua e nos diga: Não sejais crianças quanto ao modo de julgar: na malícia, sim, sede crianças, porém adultos no juízo. Não se trata, pois, de voltar aos jogos da infância nem às imperfeições do começo, mas em tomar uma coisa que convém também aos anos da maturidade, ou seja, que nossas agitações interiores passem prontamente, que rapidamente encontremos a paz, não guardemos rancor pelas ofensas, nem cobicemos as honras, mas amemos estarmos unidos, e guardemos uma igualdade conforme a natureza. É um grande bem, de fato, que não saibamos alimentar nem ter gosto pelo mal, pois inferir e devolver injúria é própria da sabedoria deste mundo. Pelo contrário, não devolver mal por mal é próprio da infância espiritual, toda cheia de equanimidade cristã.

A esta semelhança com as crianças nos convida, amadíssimos, o mistério da festa de hoje. Essa “é a forma de humildade que nos ensina o Salvador menino adorado pelos magos.”

São Leão, o Grande, Papa de Roma (Séc. V) 


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