segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

32ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA NATIVIDADE
11 de Janeiro de 2021 (CC) 29 de Dezembro de 2020 (CE)
Ss. Mártires Inocentes; S. Marcelo, o Acemeta, mon. († 470).
Tom 6



A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: “Quem perder a vida por amor a mim há-de encontrará-la”. 
Herodes, chamado "o Grande", governava o povo judeu, dominado por Roma, na época do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Herodes era idumeo, isto é, não era um judeu pertencente à casa de David e Aarão, mas descendia de um povo que foi forçado a abraçar o judaísmo por um tal de João Hyrcan. Ocupava o trono da Judéia por um favor especial da casa Imperial de Roma. Portanto, desde que ouviu dizer que já estava no mundo um ser nascido como «rei dos judeus», a quem os três sábios magos do Oriente vieram adorar, Herodes ficou perturbado e vivia com medo de perder sua coroa. 
Assim, ele convocou os sacerdotes e escribas para sondar-lhes sobre o lugar preciso onde deveria nascer o Messias. A resposta unânime foi: "Em Belém da Judéia". Mais assustado do que nunca, ordenou todo o tipo de diligências para encontrar os magos que vieram do Oriente em busca do "rei" para lhe prestarem homenagens. Tendo encontrado os magos, interrogou-lhes secretamente sobre seus conhecimentos, os motivos da viagem, suas esperanças, até que, por fim, recomendou-lhes que fossem a Belém e os despediu dizendo: 
"Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore" Mt 12,8. 
E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, depois de prestarem suas homenagens ao menino, partiram para a sua terra por outro caminho. 
"E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: `Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar". 
O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, em Quem se realizaram as antigas profecias: 
“Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganadom ficou furioso, Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor, É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem”. 
Esta festa dos Santos Meninos é celebrada pela Igreja desde o V século, que os venera como mártires que não apenas morreram por Cristo, mas também no lugar de Cristo.


Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Tiago 2:14-26

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

Marcos 10:46-52

E depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim. E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

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REFLEXÃO

“Está Evidente Que Este Cego É Todo O Gênero Humano”

Nosso Redentor, conhecendo que os corações de seus discípulos haviam de ser gravemente perturbados em sua sagrada paixão, muito antes que essa acontecesse, deu-lhes notícia sobre ela e da ressurreição: para que ao verem-lhe morrer, como ele tinha dito, estivessem certos de que haveria de ressuscitar. Porém, sabendo o Senhor que os discípulos enquanto carnais não podiam compreender as palavras deste mistério, quis realizar em sua presença um milagre, e então deu visão para um cego, para levá-los à firmeza da fé com obras extraordinárias, já que não conseguiam compreender bem as palavras. Mas os milagres de nosso Redentor devem se ouvir de modo que creiais que aconteceram assim como são referidos, e juntamente com isso haveis de crer que possuem em seu interior outro simbolismo. Suas obras são tão cheias de surpresas, que por uma parte mostram exteriormente seu maravilhoso poder, e por outra encerram interiormente um mistério divino.

Não sabemos, na verdade, quem era este cego, porém sabemos no mistério a quem representa. Está evidente que este cego é todo o gênero humano: o qual em nosso primeiro pai foi lançado das alegrias do paraíso, e sendo ignorante e privado da claridade da luz soberana, padece as trevas à qual foi condenado; porém, é iluminado com a presença do Salvador, para que ao menos dentro da alma sinta luz para desejar o bem, e com este desejo comece a caminhar pelo caminho das boas obras para alcançar-lhe.

Mas haveis de notar que o cego é iluminado quando Jesus Cristo nosso Salvador chega a Jericó: Jericó em nossa língua quer dizer “lua”! A lua na Sagrada Escritura denota a deficiência da natureza humana, porque, alterando-se e diminuindo-se de hora em hora, assinala os defeitos e mudanças que em nós se encontram. Chegando, pois, nosso Senhor a Jericó, o cego recupera a vista, porque é manifesto que, quando Deus uniu consigo a fraqueza de nossa humanidade, a linhagem humana recobrou a vista que tinha perdido: porque abaixando-se Deus a sofrer coisas de homem, foi elevado o homem a degustar coisas de Deus.

E vem muito a propósito dizer que este cego estava sentado à beira do caminho e mendigando, porque a própria verdade Cristo nosso Redentor falando de si diz: Eu sou o caminho. É claro que é cego aquele que não sente em si a claridade da luz soberana; mas quando já tem o princípio, que é crer em seu Redentor, podemos dizer que está sentado junto do caminho. E se havendo crido, silencia e não pede misericórdia para ver a luz eterna, e cessa de pedir esta graça, diremos que o cego está junto ao caminho, mas que não pede esmola; mas se junto com o ato de crer pede graça a Deus, diremos que o cego está junto ao caminho, e que está pedindo.

Olhem, portanto, meus irmãos! Quem quer que conheça as trevas de sua cegueira, quem quer que entenda que lhe falta a luz soberana, arranque o clamor do coração, e com verdadeiro grito da alma diga: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. Mas, vejamos, que acontece a este cego que grita tantas vezes? Muitos o repreendiam para que se calasse. Quem pensais que são estes, que, vindo nosso Redentor, vão à frente gritando? Sabei que são os desejos carnais, e os esquadrões dos vícios, para impedir que Deus nos ouça e que o chamemos com atenção, dissipam nossos bons pensamentos, desordenam com suas tentações qualquer boa deliberação que nossa alma faz, e quando o coração quer estar mais atento na oração, ali o procuram para lhe perturbar.

Este é o artifício de nosso inimigo, que, quando queremos deixar os pecados e voltar a Deus – e para isto nos coloquemos em oração pedindo que sua majestade nos ajude –, então se declaram por sua artimanha ao nosso coração as visões assustadoras dos pecados que temos cometido, e querem ofuscar “a nossa alma, confundir o nosso coração, e tirar-nos a fala. Diz, portanto, que aqueles que iam à frente o repreendiam, dizendo que se calasse: Porque, para impedir que Deus venha a nossa alma, os pecados passados interrompem os pensamentos, procurando perturbar nossa oração. Porém, saibamos o que fez o cego contra tudo isso para ser iluminado: mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim".

São Gregório, o Grande
Papa de Roma (Séc. VI)

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