segunda-feira, 16 de setembro de 2024

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

16 de Setembro de 2024 (CC) / 03 de Setembro (CE)
Hieromártir Anthymos, Bispo de Nicomedia e todos seus companheiros de martírio: 
Ss. Mártires Theophilus, diácono, Dorotheos, Mardonius, Migdonius, Pedro, Indes, Gorgonius, Zeno, a Virgem Domna e Euthymius († 302).
S. Eumênio, bispo de Gortina (séc. II ou III).
Tom 3



O Sacerdote Mártir Anthymos, Bispo de Nicomédia, e os Mártires com ele padeceram durante o tempo da perseguição contra os cristãos sob os Imperadores Diocleciano (284-305) e Maximiano (284-305).
 
A perseguição aos cristãos tornou-se particularmente intensa após a ocorrência de uma conflagração na corte imperial em Nicomédia. Os pagãos acusaram os cristãos de atearem fogo e reagiram contra eles com terrível ferocidade. Assim, somente em Nicomédia, no dia da Natividade de Cristo, em uma igreja, cerca de vinte mil cristãos foram queimados. 
Mas essa monstruosa desumanidade não assustou os cristãos; eles confessaram firmemente sua fé e aceitaram a morte de um mártir por Cristo. E assim, durante esse período de sofrimentos, morreram os Santos Doroteu, Mardônio, Migdônio, Pedro, Índiso e Gorgônio. Um deles foi decapitado pela espada, outros pereceram queimando, outros enterrados vivos ou foram afogados no mar. Zinon, um soldado, por sua ousada denúncia do Imperador Maximiano foi apedrejado e depois decapitado. Também pereceu nas mãos dos pagãos a santa Virgem-Mártir Domna – uma ex-sacerdotisa pagã, e também Santo Eutímio, por causa de sua preocupação de que os corpos dos santos mártires fossem enterrados. 
O bispo Anthymos, que chefiava a Igreja de Nicomédia, a pedido de seu rebanho, se escondeu em uma aldeia não muito longe de Nicomédia. De lá, ele enviou missivas aos cristãos, instando-os a se apegarem firmemente à santa fé e a não temerem torturas. Uma de suas cartas, despachada com o Diácono Teófilo, foi interceptada e entregue ao Imperador Maximiano. Teófilo foi submetido a interrogatório e morreu sob tortura, sem revelar aos seus torturadores o paradeiro do bispo Anthymos. Mas depois de um certo tempo Maximiano conseguiu descobrir onde Santo Anthymos estava situado e enviou um destacamento de soldados atrás dele. O próprio Bispo os encontrou ao longo do caminho. Os soldados não reconheceram a identidade do santo. Ele os convidou para se juntarem a ele e lhes ofereceu uma refeição, após o que revelou que era ele quem eles estavam procurando. Os soldados não sabiam o que fazer neste caso; na verdade, eles queriam deixá-lo em paz e dizer ao imperador que não o haviam encontrado. O bispo Anthymos não era de tolerar mentiras, e por isso ele não consentiria com isso. Os próprios soldados passaram a acreditar em Cristo e aceitaram o santo Batismo. Mas em meio a tudo isso, o santo, no entanto, exigiu que eles cumprissem as ordens do Imperador. Quando o bispo Anthymos foi levado perante o imperador, o imperador deu ordens para que os instrumentos de execução fossem trazidos e colocados diante dele. 
"Para que me mostras estes instrumentos de tormentos, para me atemorizar?" Perguntou o Santo. "Que os temam aqueles para quem a vida é só prazer, e que veem a privação como uma grande perda. Para mim, porém, e para os cristãos, isto não representa nenhuma dificuldade. Meu corpo é precário, provisório e grotesco; só tem valor se é santificado por Cristo e quando dá sua vida por Cristo". 
O Imperador então ordenou que o santo fosse ferozmente torturado e decapitado pela espada. O bispo Anthymos até seu último suspiro com alegria glorificou a Deus, por Quem ele havia sido dignado a sofrer (†302). Outro relato dos Mártires de Nicomédia o situa em 28 de dezembro. 
Tropárion do Hieromártir Anthymos, no 4º Tom: Assim como compartilhaste os caminhos dos apóstolos / e ocupaste o trono deles, / encontraste tua atividade como uma passagem para a visão divina, / ó divinamente inspirado. / Portanto, ordenando a palavra da verdade, / sofreste pela Fé até o derramamento de teu sangue. // Ó hieromártir Anthimus, implora a Cristo Deus, que nossas almas sejam salvas. 
Kondákion do Hieromártir no 4º Tom: Tendo vivido piedosamente entre os sacerdotes e terminado o caminho do martírio,/ extinguiste as imolações dos idólatras,/ sendo um campeão para teu rebanho, ó divinamente sábio./ Portanto, agora te honra, clamando misticamente: // Por tuas súplicas livra-nos dos infortúnios, ó sempre memorável Anthimus. 
Leituras Bíblicas
Hebreus 13:7-16
João 10:9-16

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 8:7-15

7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis. 8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos. 10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; 11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. 12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. 13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, 14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; 15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.

Marcos 3:6-12

6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. 7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia, 8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. 9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; 10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. 12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 

† † †

COMENTÁRIO

A caridade é a mais preciosa das virtudes cristãs: “Se eu não tiver amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13). Caridade não é esmola, é doação de si. É a palavra portuguesa que mais se aproxima da ideia do termo grego “ágape” (amor). Ela não é apenas um sentimento, é uma ação. Paulo estimula a Igreja de Corinto à prática da caridade, que deverá ser abundante naquela Igreja tanto quanto estava sendo abundante a fé e a ciência deles. Cristo é o maior exemplo de caridade: sendo rico se fez pobre por amor de nós.

Assim, São Marcos nesta passagem nos mostra o quanto ele se doou para os portadores de todos os tipos de necessidades. O Reino de Deus não é um mistério restrito à interioridade do ser, encerrado na oração e na adoração interior. Se o coração ímpio exterioriza seu interior (maledicências, impurezas, avarezas, cobiças e etc), também o coração justo exterioriza sua justiça, pois cada árvore produz fruto de acordo com sua natureza. Os santos Padres do deserto para lá se retiraram em busca da cura de suas almas, e por isto menos, não negligenciavam os pobres e desvalidos. Sendo pobres, enriqueciam a muitos com seus conhecimentos, e com seus trabalhos manuais ajudavam os famintos e doentes.

Devemos vigiar o nosso coração para que a fé que alimentamos e desenvolvemos não se transforme numa ação egoísta, espiritualmente confortável e socialmente agradável.

Com o frenesi da vida hodierna, onde o stress parece carcomer nossa existência, estas palavras podem soar como um sobrepeso, como mais uma responsabilidade que se acrescenta às demais para aumentar as pressões que vivemos. A caridade não se apresenta como um peso, pois o santo Apóstolo sabiamente observa que as ações caritativas devem ser “segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem"(v.12). Não devemos entender a caridade como messianismo de nossa parte, uma vocação para heróis. Esta é uma dimensão egóica, fruto de vaidade e do desejo de reconhecimento e de se destacar dos demais.

Quando a Fé nos estimula à solidariedade, não está falando do distante, do que temos acesso somente de maneira virtual, do pobre idealizado, das vítimas distantes de catástrofes, de aldeias longínquas ou de culturas inóspitas, pois isto faria da caridade um ato circunstancial e dissociado.  Há pessoas com todos os tipos de necessidades bem próximas de nós e que muitas vezes não demanda tantos esforços para lhes sermos propícios. A caridade nada mais é do que solidariedade, se por no lugar do outro que está diante de nós. Para que a caridade de Cristo seja manifesta em nós, basta pormos toda a diligência em cumprir seu ensinamento que nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12).

Padre Mateus (Antonio Eça)

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ORAÇÃO

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer! A sua descendência será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Bens e riquezas há na sua casa; e a sua justiça permanece para sempre. Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo. Ditoso é o homem que se compadece, e empresta, que conduz os seus negócios com justiça; pois ele nunca será abalado; o justo ficará em memória eterna. Ele não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversários. Espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça subsiste para sempre; o seu poder será exaltado em honra. O ímpio vê isto e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos ímpios perecerá.

Salmo 111(112)

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domingo, 15 de setembro de 2024

12º Domingo Depois de Pentecostes

15 de Setembro de 2024(CC) / 02 de Setembro (CE)
S. Mártir Mamas de Cesárea na Capadócia († 275), 
e seus pais, Ss. Mártires Theodotus e Rufina (Séc. III.).
Venerável João, o Jejuador, Patriarca de Constantinopla (595).
Venerável Antônio (1073) e Theodosius (1074) da Caverna de Kiev Caves.
Tom 3



Mamas (Mamede) nasceu de pais cristãos no ano 260. Seus pais, Teodoro e Rufina estavam na prisão quando de seu nascimento, e na prisão morreram em oração quando Mamas era ainda pequeno. O santo, tendo ficado órfão ainda muito cedo, foi adotado por uma mulher cristã de nome Amia que  lhe proporcionou uma boa educação e amor maternal. Aos 15 anos, discutindo com idólatras, Mamas declarou publicamente a sua fé em Cristo sendo, por isso, cruelmente espancado. Depois, uma pedra foi atada ao seu pescoço e ele foi jogado ao mar. Mas, por intervenção Divina, Mamas foi salvo. Novamente foi apanhado e jogado ao fogo e depois às feras famintas, e de todas estas torturas foi milagrosamente preservado vivo. São Mamas morreu mais tarde, tendo seu abdômen sido traspassado por um tridente. A vida deste mártir recorda-nos as palavras evangélicas: «Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus» (Mt 18,4). 

Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS (1)

Mateus 28:16-20

Fragmento 116 - Naquela época, os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte onde Jesus os havia ordenado. Quando O viram, prostraram-se em adoração, mas, duvidaram. Então, Jesus aproximou-Se deles e disse: “Toda a autoridade Me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar todas as coisas que vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Amém!

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição, Tom 3
Rejubilem-se os Céus! / E exulte a terra, / pois o Senhor mostrou a força de Seu braço, / vencendo a morte pela morte. / Ele Que é o Primogênito dentre os mortos / arrancou-nos das profundezas do Inferno, / e concedeu ao mundo // a Sua infinita misericórdia.

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion dos Santos Mártires, Tom 4
Em seu sofrimento, ó Senhor, / Teu mártir Mamas recebeu de Ti, ó nosso Deus, uma coroa imperecível, / pois, tomado de Teu poder, / aviltou os torturadores e esmagou a débil ousadia dos demônios. / Por suas súplicas, salva, Senhor, as nossas almas.

Tropárion do Hierarca João,Tom 4
A verdade dos fatos te revelou ao teu rebanho / como uma regra de fé, um ícone de mansidão e um mestre da temperança; / portanto, alcançaste as alturas pela humildade, / riquezas pela pobreza. / Ó Pai e Hierarca João, / interceda junto a Cristo Deus // para que nossas almas sejam salvas.

Kondákion da Ressurreição, Tom 3
Hoje, Tu, ó Compassivo, ressuscitaste do túmulo, / e nos conduziste para fora dos portões da morte. / Hoje Adão festeja e Eva rejubila, / e com eles os Profetas e os Patriarcas, // sem cessar, louvam o divino poder de Tua autoridade.

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Tom 3: Com o cajado que te foi dado por Deus, ó santo, / tu pastoreaste teu povo em pastos geradores de vida; / e esmagaste as invisíveis e indomáveis feras selvagens ​​/ sob os pés daqueles que te louvam. / E todos os que se encontram em meio a infortúnios // te têm como seu fervoroso intercessor, ó Mamas.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Tom 6: Ó Admirável Protetora dos cristãos e nossa Medianeira ante o Criador, / não desprezes as súplicas de nós, pecadores, / mas apressa-te a auxiliar-nos, como bondosa que és; / pois, te suplicamos com fé: / Roga por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

R. Cantai louvores ao nosso Deus, cantai louvores!
Cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores! (Sl. 46:6) 

V. Aplaudi com as mãos, todos os povos;
cantai a Deus com voz de triunfo (Sl. 46:1)

No 7º Tom: 

O homem justo se alegrará no Senhor e n'Ele esperará.

1 Coríntios 15:1-11

Fragmento 158 - Irmão, eu vos lembro o Evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: Que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram;  depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.

Romanos 8:28-39

Fragmento 99 - Irmãos, sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. Porque aqueles que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, para que seja o Primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. Que diremos então a estas coisas? Se Deus é por nós, quem poderá ser contra nós? Aquele que não poupou a Seu próprio Filho, antes O entregou por todos nós, como não nos dará também com Ele gratuitamente todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem justifica. Quem é aquele que condena? É Cristo que morreu e, além disso, também ressuscitou, que está até à direita de Deus, que também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito:

“Por Tua causa somos mortos o dia todo;
Somos considerados ovelhas para o matadouro.”

Contudo, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio d’Aquele que nos amou. Pois estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem as coisas presentes, nem as coisas futuras, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa criada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Aleluia

Junto a Ti, Senhor, me refugiei; 
não seja eu confundido para sempre,
por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!


Sê para mim um Deus protetor 
e uma casa de refúgio que me abrigue. 

Aleluia, aleluia, aleluia!

No 4º Tom: 

O homem justo florescerá como uma palmeira, e como um
cedro do Líbano será plantado.

Aleluia, aleluia, aleluia!!

Mateus 19:16-26


Fragmento em 79 - Naquela época, certo jovem se aproximou de Jesus e disse: Mestre, que posso fazer de bom para receber a vida eterna? Mas, Ele lhe disse: Por que Me perguntas sobre o que fazer de bom? Existe apenas um Bom. Se queres entrar na vida, guarde os mandamentos. Então, disse-Lhe: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não adulterarás, não furtarás e, não darás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. O jovem diz-lhe: Tudo isto tenho rigorosamente guardado; o que mais me falta? Jesus disse-lhe: Se queres ser perfeito, vai, vende a tua propriedade e dá-a aos pobres; e terás um tesouro no céu, e venha e siga-Me. Ao ouvir isso, o jovem partiu triste, pois era dono de uma grande propriedade. Jesus disse aos Seus discípulos: Em verdade vos digo que será difícil para um rico entrar no Reino dos Céus. E repito: É mais fácil um camelo entrar no fundo de uma agulha do que um rico no Reino de Deus. Ouvindo, os discípulos em grande espanto disseram: Se é assim, quem pode ser salvo? E Jesus olhando para eles, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.

João 15,1-7

Fragmento 50 - O Senhor disse aos Seus Discípulos: “Eu Sou a videira verdadeira e Meu Pai é o Viticultor. Todo ramo em Mim que não dá fruto, Ele o corta; e todo ramo que dá fruto, Ele poda, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos por causa da palavra que lhes falei. Permanecei em Mim e Eu em vós. Assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podeis dar fruto, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu nele, dá muito fruto; pois sem Mim não podeis fazer nada. Se alguém não permanecer em Mim, será lançado fora como um ramo e secará; e eles o colhe e o lança no fogo, e é queimado. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e isso vos será feito. Nisto é glorificado Meu Pai: Que deis muito fruto; então sereis Meus discípulos”.

Verso da Comunhão
Louvai ao Senhor desde os céus, louvai-O nas alturas! 
Alegrai-vos no Senhor, ó justos;
pois aos retos convém o louvor. 
Aleluia, aleluia, aleluia!

COMENTÁRIO

Por dar ouvidos a um “evangelho” diferente daquele que nos foi anunciado e transmitido pelos Apóstolos de Cristo, preservado e transmitido pelos Pais da Igreja, é que muitos hoje concebem o Evangelho do Reino na perspectiva da moral e dos bons costumes, semelhantemente ao jovem da narrativo - rico e moralmente virtuoso - que interroga o Senhor acerca da vida eterna.

Antes de ser uma “reforma de caráter e da moral pessoal”, o Evangelho se dirige ao coração – lugar das entranhas mais profundas do ser; fonte dos desejos, propósitos, decisões e escolhas. É fácil pintar um túmulo, mas difícil é fazer reviver o corpo apodrecido que nele jaz. O Evangelho transmitido pelos Pais não se preocupa primariamente com a moral ou a ética social e nem com nada que diz respeito à exterioridade da vida cristã, mas, sim, com a interioridade. Para os Pais, todo esforço e labuta da fé tem como objetivo a purificação do coração, pois só os que purificam o coração é que verão a Deus (Mt 5:8).

Tudo que acontece no interior se projeta para o exterior; mas julgar alguém como sendo bom apenas pelos atos externos - ainda que estes se mostrem justos e louváveis – é muito temerário, pois tal aparência pode ser produto de narcisismos e hipocrisias. Por isto, sabiamente advertia São Paulo: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá” (1 Cor. 13:8).

As nossas “bondades” externas - sem a vigilância do coração - são nossas inimigas, pois se prestam a nos enganar e criar uma falsa imagem de justiça que acabará nos convencendo de nossa retidão.

Cristo não contradiz a palavra daquele jovem, mas questiona o seu propósito dizendo-lhe: “Se queres ser perfeito...” Que desejos e que propósitos se escondiam por trás de todas aquelas virtudes? Se quisermos ser perfeitos, questionemos o nosso coração e estejamos prontos para amputar o que nos impede de caminhar rumo à perfeição (Mt 18:8,9). Este é o grande e único propósito da vida cristã: “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:48).

Por isto, todo o labor dos Pais do deserto era encontrar a maneira de como cumprir eficazmente esta exigência de Cristo, como combater e vencer a vontade enfraquecida e enferma pelo pecado que habita em nós, enfim, como tornar puro o coração. Qualquer um que foge deste propósito não agrada a Cristo e engana a si mesmo (2 Tim. 3:13).

O Jovem rico e “virtuoso”, queria agradar a si e a Deus, amar a presente vida e ganhar a vida eterna. E isto é impossível!

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus caminhos. Vê se há alguma forma de iniquidade em mim e conduz-me pelo caminho eterno. Senhor, quem pode discernir suas próprias transgressões? Purifica-me dos meus pecados que me são ocultos!

Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão.

Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!

Salmo 138(139):23; Salmo 18(19):12-14

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sábado, 14 de setembro de 2024

12º Sábado Depois de Pentecostes

14 de Setembro 2024 (CC) / 01 de Setembro (CE)
Ano Novo Eclesiástico
São Simeão, o Estilita (459 dC), e sua irmã Santa Marta (428 d.C)
Tom 2

Neste dia, quando os judeus celebravam o novo verão, o Salvador veio a Nazaré, onde foi criado e entrou na sinagoga no dia de sábado, como era Seu costume, e leu estas palavras do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu ... para proclamar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4, 18:19). No dia primeiro de setembro de 312, o imperador Constantino, o Grande, obteve uma vitória sobre Maxêncio. Depois disso, os cristãos receberam total liberdade para confessar sua fé. Em comemoração a esses dois eventos, os pais do Primeiro Concílio Ecumênico decidiram começar o Ano Novo no dia primeiro de setembro (veja 1º de janeiro, 1º de março e a Paschalia). Em seus hinos para este dia, a Santa Igreja reza "Criador e Modelador de todas as coisas visíveis e invisíveis", "abençoa a coroa do ano", "concede estações frutíferas e chuvas do céu para aqueles na terra", "abençoa nossas idas e vindas, dirige as obras de nossas mãos e concede-nos o perdão das ofensas", "concede paz às Tuas igrejas", "derruba as heresias", "protege nossas cidades sem cerco, alegra nossos fiéis Soberanos com Teu poder, dando-lhes vitórias contra os inimigos".
O Primeiro Concílio Ecumênico (Nicéia, 325) decretou que o ano eclesial começasse em 1º. de setembro. Para os antigos hebreus, o mês de setembro era o início do ano civil (Êxodo 23:16), mês de realizar-se a colheita e de ofertar ações de graças a Deus. Foi na ocasião desta festa em que o Senhor Jesus entrou numa sinagoga em Nazaré (Lucas 4: 16-21), abriu o livro do Profeta Isaías e leu as palavras: 
"O Espírito do Senhor repousa sobre Mim para pregar boas-novas aos humildes; enviou-me para reerguer o angustiado, proclamar a liberdade aos cativos, abrir a prisão aos aprisionados e proclamar um ano da graça do Senhor, o dia da vingança de nosso Deus e confortar todos os aflitos" (Isaías 61: 1-2).

O mês de setembro também é de suma importância para a história do Cristianismo, porque o Imperador Constantino, o Grande, derrotou Maxêncio, inimigo da fé cristã, em setembro. Após a vitória, Constantino conferiu liberdade de confissão à Fé Cristã em todo o Império Romano. Por muito tempo, o ano civil do mundo cristão seguia o ano eclesial com o início em 1º de setembro. Mais tarde, o ano civil foi modificado, transferindo seu começo para 1º de janeiro. Primeiramente, a mudança ocorreu na Europa Ocidental e, tempos mais tarde, na Rússia, sob Pedro, o Grande. 
Em comemoração a este dia, a Santa Igreja reza: 
"Ó Criador e Artífice de todas as coisas visíveis e invisíveis", abençoe esta coroação do ano, conceda estações frutíferas e chuvas do céu para os que estão na terra; abençoe nossas idas e vindas, dirija as obras das nossas mãos e concede-nos o perdão das ofensas; outorgue a paz às Tuas Igrejas, derrube as heresias, preserve invictas as nossas cidades; alegre os nossos Soberanos fiéis pelo Teu poder, dando-lhes vitórias contra os inimigos".
Leituras Comemorativas
1 Timóteo 2:1-7
Lucas 4:16-22
São Simeão, o Estilita

Simeão, de santa e famosa memória, deu origem ao costume de ficar em pé no topo de uma coluna, ocupando um lugar pequeno de apenas dois cúbitos de circunferência. Domnus, que era Bispo de Antioquia, ao visitar Simeão, ficou estupefato com a singularidade de sua posição e de seu modo de vida, ficando desejo em possuir em sua vida uma maior interação mística. Eles combinaram de se encontrarem para juntos celebrarem os Divinos Mistérios, e tendo consagrado os santos dons, ministraram um ao outro a comunhão vivificante.
 
Este homem, querendo viver na carne a natureza das hostes celestes, elevou-se acima das preocupações mundanas, e, sobrepujando a tendência da natureza humana para a decadência, dirigiu sua intenção para as coisas do alto; colocado entre a terra e os Céus, entrou em comunhão com Deus, e se uniu com os anjos na adoração a Ele. Da terra, oferecia suas intercessões por toda a humanidade, e dos Céus, se derramava sobre eles o favor Divino. 
Um relato de seus milagres foi escrito por um daqueles que os testemunharam, e um registro eloquente por Teodoreto, Bispo de Chipre, apesar de ambos terem omitido um episódio particular, cuja lembrança é ainda viva nos habitantes do santo deserto, dos quais aprendi o que se segue:
"Quando Simeão, esse anjo sobre a terra, esse cidadão da Jerusalém Celeste ainda em carne, inventou esse estranho e até então desconhecido caminho, os habitantes do santo deserto enviaram uma pessoa até ele, levando com um pedido para que desse uma razão para hábito tão singular, a saber, o porquê, abandonando o caminho trilhado pelos santos, ele perseguia outro ignorado pela humanidade; e, mais ainda, para que ele descesse [do pilar] e percorresse o caminho dos Padres. Eles, ao mesmo tempo, deram ordens para que se ele manifestasse prontidão em descer, que ficasse livre para percorrer o caminho que escolhesse, já que sua obediência seria prova suficiente que perseverou guiado por Deus: mas que ele fosse retirado pela força caso manifestasse repúdio ou, se seduzido por sua própria vontade, recusasse ser guiado implicitamente pelo pedido. 
Quando a pessoa delegada chegou e anunciou o pedido dos Padres, Simeão, seguindo a injunção, deu imediatamente um passo para a frente. Então o delegado o declarou livre par seguir seu próprio caminho, dizendo, 'seja corajoso e continue; o lugar que você escolheu é de Deus'. 
Esta circunstância, que é omitida por aqueles que escreveram sobre ele, é, segundo penso, digna de ser lembrada. Em tão grande medida ele foi tomado pela graça divina, que, quando Teodósio proclamou uma lei de que as sinagogas que foram tomadas pelos cristãos fossem restauradas aos judeus de Antioquia, ele escreveu ao Imperador com censura tão veemente e livre, como se não se subordinasse a ninguém senão a seu soberano imediato, que Teodósio reviu sua ordem, e favoreceu aos cristãos em todos os aspectos, depondo, inclusive, o prefeito que havia sugerido a medida. 
[...] Simeão prosseguiu nesse modo de vida por cinquenta e seis anos, nove dos quais ele passou no primeiro mosteiro, onde foi instruído no conhecimento divino, e quarenta e sete em Mandra[...].'' 
O MONGE SIMEÃO, O ESTILITA

Comemorado em 1º de setembro

O monge Simeão, o Estilita, nasceu na vila de Sisan, na Capadócia, na família cristã de Susotian e Martha. Aos 13 anos de idade, ele começou a cuidar do rebanho de ovelhas de seu pai. Para esta sua primeira obediência, ele se preocupou com atenção e amor. Uma vez, tendo ouvido na igreja os mandamentos do Evangelho das Bem-aventuranças, ele ficou impressionado com sua profundidade. Não confiando em seu próprio julgamento imaturo, ele se voltou, portanto, com suas perguntas para um ancião experiente. O ancião prontamente explicou ao rapaz o significado do que ele tinha ouvido e isso fortaleceu nele finalmente a determinação de seguir o caminho do Evangelho. Em vez de voltar para casa, Simeão partiu para o mosteiro mais próximo e, após lágrimas de súplica, foi aceito após uma semana no número dos irmãos. Quando Simeão completou 18 anos, ele fez votos monásticos e se dedicou a feitos da mais estrita abstinência e de oração incessante. Seu zelo – além da força dos outros irmãos monásticos – alarmou tanto o hegúmeno (abade) que ele sugeriu ao monge que moderasse seus atos ascéticos ou deixasse o mosteiro. O monge Simeão então se retirou do mosteiro e se estabeleceu durante o dia em uma coluna muito alta, onde ele foi capaz de cumprir seus votos austeros sem impedimentos. Depois de algum tempo, anjos apareceram em uma visão de sonho para o hegúmeno, que ordenou que ele trouxesse Simeão de volta ao mosteiro. O monge, no entanto, não permaneceu muito tempo no mosteiro. Depois de um curto período, ele se estabeleceu em uma caverna de pedra, situada não muito longe da vila de Galanissa, e morou lá por três anos, ao mesmo tempo se aperfeiçoando em feitos monásticos. Uma vez, ele decidiu passar toda a Quaresma de Quarenta dias sem comida e bebida. Com a ajuda de Deus, o monge suportou esse jejum rigoroso. Daquele momento em diante, ele sempre se absteve completamente durante todo o período da Grande Quaresma, até mesmo de pão e água – vinte dias ele orou em pé, e vinte dias sentado – para não permitir que os poderes corpóreos relaxassem. Uma multidão inteira de pessoas começou a se aglomerar no local de seus esforços, querendo receber cura de doenças e ouvir uma palavra de edificação cristã. Evitando a glória mundana e se esforçando novamente para encontrar sua solidão perdida, o monge escolheu um modo ainda desconhecido de ascetismo. Ele subiu em um pilar de 4 metros de altura e se instalou nele em uma pequena cela, dedicando-se à oração intensa e ao jejum. Relatos sobre o monge Simeão chegaram à mais alta hierarquia da igreja e à corte imperial. O Patriarca de Antioquia Domninos II ((441-448) visitou o monge, fez a Divina Liturgia no pilar e comungou o asceta com os Santos Mistérios. Os padres que buscavam o ascetismo no deserto ouviram falar do Monge Simeão, que havia escolhido uma forma tão difícil de esforço ascético. Querendo testar o novo asceta e determinar se seus feitos ascéticos extremos eram agradáveis ​​a Deus, eles enviaram mensageiros a ele, que em nome desses padres do deserto deveriam pedir ao Monge Simeão que descesse do pilar. No caso de desobediência, eles deveriam arrastá-lo à força para o chão. Mas se ele oferecesse obediência, eles eram incumbidos em nome dos padres do deserto de abençoar seus feitos ascéticos contínuos. O monge demonstrou obediência completa e profunda humildade cristã.
O monge Simeão foi levado a suportar muitas tentações, e ele invariavelmente obteve a vitória sobre elas — confiando não em seus próprios poderes fracos, mas no próprio Senhor, que sempre vinha a ele para ajudá-lo. O monge gradualmente aumentou a altura do pilar em que estava. Seu último pilar tinha 40 côvados de altura. Ao redor dele foi erguido um muro duplo, que impedia a multidão indisciplinada de pessoas de chegar muito perto e perturbar sua concentração orante. Mulheres em geral não eram permitidas além da cerca. Nisso o monge não fez exceção nem mesmo para sua própria mãe, que após longas e malsucedidas buscas finalmente conseguiu encontrar seu filho perdido. Não tendo se despedido, ela morreu, aninhada na cerca que circundava o pilar. O monge então pediu que seu caixão fosse trazido a ele; ele reverentemente se despediu de sua mãe morta — e seu rosto morto então se iluminou com um sorriso feliz.
O monge Simeão passou 80 anos em árduos feitos monásticos — 47 dos quais ele ficou em pé no pilar. Deus lhe concedeu realizar em tais condições incomuns um serviço de fato apostólico – muitos pagãos aceitaram o Batismo, impressionados pela firmeza moral e resistência física que o Senhor concedeu a Seu servo.
O primeiro a saber do fim do monge foi seu aluno próximo Anthony. Preocupado que seu professor não tivesse aparecido ao povo ao longo de 3 dias, ele subiu no pilar e encontrou o corpo morto curvado em oração (+ 459). O Patriarca de Antioquia Martyrios realizou o funeral do monge diante de uma enorme multidão de clérigos e pessoas. Eles o enterraram não muito longe do pilar. No local de seus feitos ascéticos, Anthony estabeleceu um mosteiro, sobre o qual repousava uma bênção especial do Monge Simeão.
AS 40 VIRGENS SAGRADAS E SÃO AMMUNOS, O DIÁCONO

Comemorado em 1º de setembro

As 40 Virgens Santas e Santo Ammunos, o Diácono, que as iluminou com a luz da fé cristã, morreram como mártires por Cristo sob o imperador romano Licínio no início do século IV na cidade macedônia de Adrianópolis. O governador Babdos sujeitou os santos mártires a muitos tormentos, para forçá-los a renunciar a Cristo e adorar ídolos. Após torturas cruéis, todos foram enviados para Herakleia para outro torturador, diante do qual também confessaram firmemente sua fé em Cristo e se recusaram a adorar ídolos. Por ordem do torturador, Santo Ammunos e 8 virgens com ele foram decapitados, 10 virgens foram queimadas, seis delas morreram depois que ferro em brasa foi colocado em suas bocas, seis foram esfaqueadas com facas e o resto foi morto com espadas.
Leituras Comemorativas
Colossenses 3:12-16
Mateus 11:27-30

 


Oração Antes de Ler as Escrituras

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

1 Coríntios 1:26-29

Fragmento 125C - Irmãos, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus.

Mateus 20:29-34

Fragmento 82 - Na época em que Jesus estava saindo de Jericó, seguiu-O uma grande multidão; e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós. E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós. E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça? Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos. E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e O seguiram.

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

12ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

13 de Setembro de 2024 (CC) / 31 de Agosto (CE)
Deposição da Preciosa Cinta da SS. Mãe de Deus (395-408 d.C.); 
Hieromártir Cipriano, Bispo de Cartago († 258)
Pré-festa do Início do Ano Litúrgico
Jejum (Azeite é permitido)
Tom 2


A deposição da cinta da Venerável Santíssima Mãe de Deus na Igreja de Constantinopla Blakhernae se deu durante o reinado do Imperador Arcadius (395‑408). Antes disso, a santa relíquia, confiada ao apóstolo Tomé pela própria Mãe de Deus, foi, depois de sua Dormição, mantida em Jerusalém por cristãos piedosos. Após muitos anos, durante o reinado do Imperador Leão, o Sábio (886-911), a Cinta da Mãe de Deus operou uma cura milagrosa em sua esposa Zoa, que era atormentada por um espírito impuro. 
A imperatriz teve uma visão de que ela seria curada de sua enfermidade quando a Cinta da Mãe de Deus fosse colocada sobre ela. O Imperador, encaminhou o pedido ao Patriarca, para que este trouxeste a relíquia. O Patriarca removeu o selo e abriu o vaso em que a relíquia estava guardada: A Cinto da Mãe de Deus parecia perfeitamente preservada, sem sofrer dano algum. O Patriarca colocou a Cinta na Imperatriz doente, e ela imediatamente foi libertada de sua enfermidade. Eles serviram um solene Moleben (Oração) de ação de graças à Santíssima Mãe de Deus, e à venerável Cinta, a qual  logo depois, a colocaram de volta no vaso e puseram novamente um selo. 
Em comemoração do milagroso ocorrido e da dupla deposição da venerável Cinta, foi instituída a Festa da Deposição da Venerável Cinta da Santíssima Mãe de Deus. Partes da Cinta Sagrada, estão no mosteiro Batopedia, no Monte Athos, e no mosteiro Trier, em Gruzia (Geórgia).
Comemoração de São Cipriano  
O Hieromártir Cipriano, bispo de Cartago, nasceu por volta do ano 200, na cidade de Cartago (África do Norte), onde toda a sua vida e obra ocorreu. Thascius Cyprianus era o filho de um rico senador pagão, e recebeu uma educação secular fina, se tornou um esplêndido orador e professor de retórica e filosofia na escola de Cartago. Muitas vezes aparecia nos tribunais para defender os seus concidadãos. 
Cipriano depois lembrou que por um longo tempo tinha "permanecido em uma névoa escura profunda .., longe da luz da Verdade."A fortuna que acumulara, herança de seus pais e de seu trabalho, foi gasta em banquetes suntuosos que não foram capazes de saciar nele a sede de verdade. Cipriano, então, familiarizou-se com os escritos do Apologista Tertuliano, e tornou-se convencido da verdade do Cristianismo. O santo Bispo escreveu mais tarde que ele pensara que lhe era impossível alcançar a regeneração prometida pelo Salvador, por causa de seus hábitos.  
Cipriano foi ajudado por seu amigo e guia, o Presbítero Cecílio, que lhe garantiu o poder da graça de Deus. Aos 46 anos de idade, o ilustre pagão foi recebido na comunidade cristã como um catecúmeno. Antes de aceitar o batismo, distribuiu os seus bens aos pobres e se mudou para a casa do presbítero Cecílio. 
Quando São Cipriano foi finalmente batizado, escreveu em seu "Tratado Para Donatus": 
"Quando a água da regeneração limpou a impureza da minha antiga vida, uma luz do alto brilhou em meu coração ... e o Espírito me transformou em um novo homem por um segundo nascimento. Então, ao mesmo tempo, de uma maneira milagrosa, a certeza substituiu a dúvida, mistérios foram revelados, e as trevas tornaram-se luz .... Então era possível reconhecer que o que nasceu da carne e viveu para o pecado era terreno, mas o que o Espírito Santo havia vivificado começou a ser de Deus .... Em Deus e de Deus é toda a nossa força .... É por meio dEle que, enquanto vivermos sobre a terra, somos orientados para um futuro feliz."  
Dois anos depois de seu batismo, o santo foi ordenado ao sacerdócio. Quando o Bispo Dênatus, de Cartago, morreu, São Cipriano foi escolhido bispo por unanimidade. Atendendo ao pedido de seu Pai Espiritual, Cipriano aceitou a indicação, e foi consagrado bispo de Cartago no ano 248. 
O Santo antes de tudo se preocupou com o bem estar da Igreja e da erradicação de vícios do clero e do rebanho. A vida santa do Arquipastor despertava em todos um desejo de imitar a sua piedade, humildade e sabedoria. A atividade fecunda de São Cipriano ficou conhecida além dos limites da sua diocese. Bispos de diversas partes, muitas vezes, vieram lhe visitar para aconselhamento sobre como lidar com vários assuntos.  
A perseguição do Imperador Décio (249-251), revelada ao santo em uma visão, o obrigou a fugir e se esconder. Para o seu rebanho, era necessário que sua vida fosse preservada a fim de fortalecer a fé e coragem entre os perseguidos. Antes de deixar sua diocese, o santo distribuiu os fundos da igreja entre todos os clérigos para o auxílio dos necessitados, e, além disso, de seus próprios recursos enviou mais fundos.  
Cipriano manteve contato constante com os cartagineses cristãos através de suas epístolas, e escreveu cartas para presbíteros, confessores e mártires. Alguns cristãos, intimidados por tortura, ofereceu um sacrifício aos deuses pagãos. Estes cristãos traidores apelaram aos confessores, pedindo para dar-lhes o que era chamado de uma carta de reconciliação, ou seja, um certificado para aceitá-los de volta para a Igreja. São Cipriano escreveu uma carta geral para todos os cristãos cartagineses, afirmando que aqueles que traíram a Fé durante o tempo de perseguição poderia ser admitido na Igreja, mas tal aceitação deveria ser precedida de uma investigação das circunstâncias em que a apostasia surgiu. Isto era necessário para se poder determinar a sinceridade do arrependimento de tal infidelidade. Admiti-los só era possível após penitência, e com a permissão do bispo. Alguns dos apóstatas exigiram sua imediata readmissão na Igreja e isto causou agitação em toda a comunidade. São Cipriano escreveu aos bispos de outras dioceses pedindo opinião deles, e de todos recebeu total aprovação de suas diretrizes.  
Durante sua ausência, o Santo autorizou a quatro sacerdotes para examinar a vida das pessoas que se preparam para a ordenação ao sacerdócio e ao diaconato. Este encontrou resistência do leigo Felicissimus e do Presbítero Novatus, despertando a indignação contra o seu bispo. São Cipriano excomungou Felicissimus e seis de seus seguidores. Em sua carta ao rebanho, o Santo mansamente admoestou todos a não quebrarem a unidade da Igreja, que se sujeitassem às decisões canônicas do bispo e aguardarem o seu retorno. Esta carta manteve a maioria dos cristãos cartagineses fiéis à Igreja.  
Em pouco tempo, São Cipriano voltou para o seu rebanho. A insubordinação de Felicissimus teve fim em um Concílio local no ano de 251. Este Concílio decretou que era possível receber novamente na Igreja os que haviam tropeçado depois de uma penitência, e confirmou a excomunhão de Felicissimus.  
Durante este tempo, ocorreu um novo cisma, liderada pelo presbítero romano Noviciano, e juntou-se ao presbítero cartaginês Novatus, um ex-adepto de Felicissimus. Novaciano afirmava que aqueles que cairam durante o tempo de perseguição não poderia ser readmitido, mesmo que se arrependessem dos seus pecados. Além disso, Novaciano com a ajuda de Novatus, convenceu três bispos italianos a depor o canônico Bispo de Roma, Celerinus, e eleger outro para ocupar a cátedra romana, uma vez que Celerinus apoiava Cipriano. Contra tal iniqüidade, o Santo escreveu uma série de encíclicas aos bispos africanos, e mais tarde um livro inteiro, sobre a unidade da Igreja. 
Quando a discórdia na igreja Cartaginense começou a se acalmar, uma nova calamidade começou: uma peste assolou os habitantes de Cartago. Centenas de pessoas fugiram da cidade, deixando os doentes sem ajuda, e os mortos sem sepultura. São Cipriano, proporcionando um exemplo pela sua firmeza e sua coragem, socorria os doentes e enterrava os mortos, não apenas cristãos, mas também os pagãos. A praga foi acompanhada por uma seca e pela fome. Uma horda de bárbaros númidas, aproveitando-se da desgraça, caiu sobre os habitantes, levando muitos em cativeiro. São Cipriano apelava ao cartagineses ricos para proverem meios para alimentar os prisioneiros famintos e pagar os seus resgates.  
Quando uma nova perseguição contra os cristãos foi deflagrada sob o Imperador Valeriano (253-259), o Procônsul cartaginês Paternus ordenou ao santo oferecer sacrifício aos ídolos. São Cipriano somente se recusou a praticar tal abominação, como também se recusou a dar os nomes e endereços dos presbíteros da igreja de Cartago. Eles enviaram o santo para a cidade de Curubis, e o Diácono Pontus voluntariamente seguiu seu bispo para o exílio.  
No dia em que o santo chegou ao local de exílio, teve uma visão, prevendo para si um rápido martírio muito próximo. Enquanto no exílio, São Cipriano escreveu muitas cartas e livros. Desejando padecer em Cartago, voltou para lá. Tendo comparecido ao tribunal, foi posto em liberdade até o ano seguinte. Quase todos os cristãos de Cartago foram se despedir de seu bispo e receber sua bênção.  
No julgamento, São Cipriano calma e firmemente, se recusou a oferecer sacrifícios aos ídolos, e foi condenado à decapitação com uma espada. Ao ouvir a sentença, São Cipriano disse: "Graças a Deus!" Todas as pessoas gritaram a uma só voz: "Vamos também ser decapitado com ele!"  
Chegando ao local da execução, o santo novamente deu sua bênção a todos e se dispôs a dar vinte e cinco moedas de ouro para o carrasco. Ele então amarrou um lenço sobre os olhos, e deu as mãos para ser amarradas ao Presbítero e ao Arquidiácono que estavam em pé ao seu lado, e baixou a cabeça. Os cristãos colocam suas toalhas e panoss na frente dele, a fim de coletar o sangue do mártir. São Cipriano foi executado no ano 258. O corpo do santo foi sepultado à noite em uma cripta particular do procurador Macrobius Candidianus. 
Alguns dizem que suas santas relíquias foram transferidas para a França, no tempo do rei Charles, o Grande (ou seja, Carlos Magno, 771-814).  
São Cipriano de Cartago deixou para a Igreja um precioso legado: seus escritos e 80 cartas. As obras de São Cipriano foram aceitas pela Igreja como um modelo de confissão Ortodoxa e lida em dois Concílios Ecumênicos (Éfeso e Calcedônia).  
Nos escritos de São Cipriano, o ensinamento Ortodoxo sobre a Igreja afirma: Ela tem o seu fundamento no Senhor Jesus Cristo, e foi proclamada e edificada pelos Apóstolos. A comunhão interior é expressa em uma unidade de fé e do amor, e da unidade externa é atualizada pela hierarquia e os sacramentos da Igreja.  
Na Igreja Cristo compreende toda a plenitude da vida e salvação. Aqueles que se separaram da unidade da Igreja não têm a verdadeira vida em si mesmos. O amor cristão é mostrado como o vínculo que mantém a Igreja juntos. "O amor é o fundamento de todas as virtudes, e conosco continua eternamente no Reino Celestial."
 
Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Coríntios 7:10-16

Fragmento 184 - Irmãos, a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. Pois vede quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! Sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes nesse negócio. Portanto, ainda que vos escrevi, não foi por causa do que fez o mal, nem por causa do que o sofreu, mas para que fosse manifesto, diante de Deus, o vosso grande cuidado por nós. Por isso temos sido consolados. E em nossa consolação nos alegramos ainda muito mais pela alegria de Tito, porque o seu espírito tem sido recreado por vós todos. Porque, se em alguma coisa me gloriei de vós para com ele, não fiquei envergonhado; mas como vos dissemos tudo com verdade, assim também o louvor que de vós fizemos a Tito se achou verdadeiro. E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor. Regozijo-me porque em tudo tenho confiança em vós.

Marcos 2:18-22

Fragmento 9 - Naquela época, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-Lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os Teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar; dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar. Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.

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HOMILIAS

«ENTÃO JEJUARÃO»

«Dias virão em que o Esposo lhes será retirado; então jejuarão.» Pois que o Esposo nos foi retirado, é, para nós, tempo de tristeza e de lágrimas. Este Esposo «é mais belo que todos os filhos dos homens; a graça escorre nos seus lábios» (Sl 44,3) e, contudo na mão dos seus carrascos, perdeu todo o brilho, toda a beleza, e foi arrancado à terra dos vivos (Is 53, 2-8). Ora o nosso luto é justo se ardemos de desejo de O ver. Felizes dos que, antes da Sua Paixão, puderam gozar da Sua presença, interrogá-Lo como queriam e escutá-lo como se devia... Quanto a nós, assistimos agora ao cumprimento daquilo que Ele disse: «dias virão em que desejareis apenas ver um dos dias do Filho do homem, mas não o vereis» (Luc 17,22)...

«As minhas lágrimas tornaram-se o meu alimento, dia e noite, enquanto me diziam sem cessar: “onde está o teu Deus?"» (Sl 41,4).

Quem não diria com o rei profeta: Cremos n' Ele, sem dúvida, sentado já à direita do Pai, mas enquanto estivermos neste corpo, estamos longe d' Ele (2 Cor 5,6), e não podemos mostrá-Lo àqueles que duvidam da sua existência e, mesmo quem a nega dizendo: «Onde está o teu Deus?»...

«Um pouco mais de tempo ainda, dizia o Senhor aos Seus discípulos, e não me vereis mais» (João 16,19). Agora é a hora acerca da qual Ele disse: «Vós estareis na tristeza, mas o mundo estará na alegria»... Mas, acrescenta ele, «voltarei a ver-vos e o vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos retirará a vossa alegria» (v. 20). A esperança que nos dá assim, Aquele que É fiel nas suas promessas não nos deixa, desde agora, sem nenhuma alegria – até que venha a alegria sobreabundaste do dia em que nos tornaremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é (1Jo 3,2)... «Uma mulher que vai dar à luz (diz Nosso Senhor), sofre, porque chegou a sua hora, mas quando o filho nasce, experimenta uma grande alegria, porque um ser humano veio ao mundo» (João 16,21). É esta alegria que ninguém poderá tirar-nos, e da qual estaremos cheios, logo que passemos da concepção presente da fé à luz eterna. Jejuemos, pois, agora, e rezemos, porque estamos ainda no dia do parto.

Agostinho, Bispo de Hipona.

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QUANDO E COMO JEJUAR

Quando é que os discípulos de Cristo devem jejuar? Quando o Noivo estiver ausente. Embora realmente presente em Espírito entre nós, já por dois mil anos ausente fisicamente. O Noivo nos foi retirado, embora não nos tenha deixado órfãos.

O jejum, conforme ensina a Santa Tradição, além de simbolizar o luto ou arrependimento pelos pecados cometidos, também é um exercício de privação do apetite, dos desejos por saciedade e do prazer oral. Esta privação não é um exercício “de dor pela dor”, mas um treinamento de fortalecimento da nossa capacidade de resistir aos apelos do corpo, fortalecendo a nossa vontade em agradar a Deus, que se acha enfraquecida pelo pecado, o qual se apodera de nós por meio dos apelos da carne, ou seja, é um combate aos obstáculos que se interpõem em nossa jornada para Deus. Não é meritório, e sim, terapêutico; não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta em que nos torna aptos para sermos moldados pelo Espírito na imagem (semelhança), do Senhor (2 Cor. 3: 17-18).

Como deve ser praticado o jejum? Primeiramente, como nos ensina o Senhor Jesus Cristo, de forma oculta, usando toda discrição possível para que as pessoas não percebam que estamos jejuando.

Em segundo lugar praticando-o, conforme as nossas forças e de acordo com as circunstâncias. Existem três tipos de jejuns: o rigoroso, o estrito e o moderado. O jejum rigoroso diz respeito a uma total abstinência de comida e bebida, inclusive água. O jejum estrito corresponde à abstinência total de comidas e bebidas, podendo, no entanto, beber água.  E, por fim, o jejum moderado, que consiste numa abstinência de ingestão de produtos animais (carnes, lacticínios e derivados) como também de bebida forte.

Os dois primeiros tipos de jejuns são altamente impróprios para as pessoas desacostumadas a esta pratica, principalmente àquelas que habitam os grandes centros urbanos e necessitam empreender trabalhos diários, vivendo sob forte e constante tensão. Estes dois tipos de jejuns são próprios aos monges e monjas. O terceiro tipo de jejum - quando tiver de ser realizado por um longo período (tal como os períodos Quaresmais), deve ser feito sob a orientação de alguém já experiente. As pessoas com problemas de saúde ou sob tratamento médico devem se abster de jejuar, pois afinal de contas, não é a comida e nem a bebida que nos recomenda perante Deus (1 Cor. 8:8; Col. 2:16).

A Santa Tradição prescreve a todos os Cristãos Ortodoxos um jejum moderado (salvo em ocasiões especiais e próprias) duas vezes por semana (às quartas-feiras e às sextas-feiras); além de um jejum parcial a partir da meia noite do sábado até o final da Divina Liturgia (a qual é celebrada aos domingos pela manhã), a fim de que os preciosos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam as primícias de nossa alimentação.

Padre Mateus (Antonio Eça)

ORAÇÃO

Como a corça suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por ti, meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus? As lágrimas são meu pão, dia e noite, enquanto me repetem, todo o dia: “Onde está o teu Deus?” De dia o Senhor use de misericórdia! De noite cantarei uma prece a Deus, que é minha vida. Por que estás abatida, ó minha alma, e gemes dentro de mim? Espera em Deus! Ainda o aclamarei: “Salvação da minha face e meu Deus!”.

Salmo 41(42): 2-4,9,12

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