domingo, 22 de setembro de 2024

13º Domingos Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
03 de Setembro de 2024 (CC) / 21 de Agosto (CE)
Santos e Justos Avós do Senhor, Joaquim e Anna
Tom 4


No dia após o nascimento da Puríssima Virgem Maria, a Igreja comemora os Justos Joaquim e Ana. No Proto-Evangelho de Tiago, o irmão do Senhor informa que os pais da Santíssima Mãe de Deus, e avós de Jesus, chamavam-se Joaquim e Ana. Joaquim provêm da descendência do rei Davi. Muitos descendentes de Davi nutriam a esperança de que, de sua família, nasceria o Messias, porque Deus havia prometido a Davi que de sua geração nasceria o Salvador do mundo. Ana descendia, por parte de pai, de Aarão, o Sacerdote, e do lado de sua mãe, da estirpe de Judá.

Joaquim e Ana viveram a maior parte de suas vidas na cidade da Galileia, Nazaré. Destacavam-se por suas virtudes e boas obras. Mas, viviam humilhados porque não tinham filhos. Eram estéreis. Joaquim foi ao templo de Jerusalém para levar suas ofertas, mas o Sumo Sacerdote se recusou a recebê-las, justificando que a Lei proíbe receber oferendas de pessoas que não deixassem descendência em Israel. Foi muito duro para o casal suportar, no templo, esse insulto, onde esperavam encontrar alívio para os seus sofrimentos. Mas, apesar da idade avançada de ambos, sem rancor, continuavam rogando a Deus que lhes desse um filho. Joaquim dirigiu-se então para o deserto, e ali passou, 40 dias em jejum e oração.

Finalmente, o Senhor ouviu as suas orações e enviou o Arcanjo Gabriel avisar a Ana que ela iria conceber um filho. E logo Ana concebeu, nascendo uma menina. Cheios de alegria, os pais a chamaram MARIA. Assim, a generosidade de Deus recompensou a fé e a paciência do casal, dando-lhes uma filha que trouxe a bênção para toda a humanidade.

Durante três anos educaram em sua casa a pequena Maria e, cumprindo a promessa de oferecê-la a Deus, enviaram-na ao templo de Jerusalém. Ali havia uma casa para crianças órfãs, onde a menina foi deixada para viver e estudar. Aos 80 anos faleceu Joaquim. Ana passou a morar próxima ao templo e visitava sua filha continuamente durante uns dois anos.

A devoção de Santa Ana ou Sant’Ana remonta ao século VI, no Oriente. No Ocidente data do século X. A devoção a São Joaquim é mais recente.
 
 
Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (II)

Marcos 16:1-8

Fragmento 70 - Naquela época, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-Lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida; e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; Ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a Seus discípulos, e a Pedro, que Ele vai adiante de vós para a Galileia; ali O vereis, como Ele vos disse. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição, no 4º Tom: As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // concedendo ao mundo a Sua infinita misericórdia”.

Tropárion da Festa, Tom 1: Em tua maternidade conservaste a virgindade / e em tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. / Foste levada para a vida sendo a Mãe da Vida, // e por tuas orações resgatas nossas almas da morte.

Tropárion de São Mateus, no 3º Tom (Santo Patrono): Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion dos Santos Joaquim e Ana, Tom 1
Os justos segundo a lei da graça, Joaquim e Ana, / geraram um bebê dado por Deus. / Por isto, a Divina Igreja preserva uma esplendorosa festa, / celebrando, hoje, suas honoráveis memórias com alegria, / glorificando a Deus que para nós // ergueu tão grande salvação na casa de Davi.

Kondákion da Ressurreição, no 4º Tom: Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascidos na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono): Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion dos Santos Joaquim e Ana, Tom 2: Libertada dos laços da esterilidade, / Ana agora se regozija. / E ao ver que nutria a Toda Pura, / a todos convida cantar Ao que por seu ventre nos concedeu // a Única Mãe que não conheceu homem algum.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tom 4: Joaquim e Ana foram libertados da reprovação da esterilidade / e Adão e Eva da corrupção da morte, por tua santa natividade, ó imaculada, / que teu povo, redimido da culpa das ofensas, / celebra, clamando a ti: // A mulher estéril dá à luz a Theotokos, a nutridora de nossa vida.

Prokímenon, no 6º Tom

R. Salva, Senhor o Teu Povo e abençoa a Tua Herança.

V. A Ti, ó Senhor, Clamarei; Ó meu Deus, não Te cales para mim.

No 4º Tom:

R. Maravilhoso é Deus em Seus santos, o Deus de Israel.

Epístola: [Gl 6,11-18 (§215); I Co 16,13-24 (§166); Gl 4,22-31 (§210 mid)]

Aleluia, no 1º Tom

Eu levantei um escolhido do Meu povo; com Meu óleo santo eu o ungi.

Aleluia, aleluia, aleluia! 

Pois Minha mão será para ele uma aliada, e Meu braço o fortalecerá.

Aleluia, aleluia, aleluia! 

A salvação dos justos vem do Senhor, e ele é seu defensor em tempos de aflição.

Aleluia, aleluia, aleluia! 

Evangelho [João 3:13-17 (§9); Mateus 21:33-42 (§87); Lucas 8:16-21 (§36)]

Zadostoinik

Em vez de “É verdadeiramente adequado…” cantamos o Irmos da 9ª Ode do Segundo Cânone da festa, no Oitavo Tom:

Refrão: Magnifica, ó minha alma, / a esplendorosa natividade da Mãe de Deus.

Irmos: A maternidade é própria às mães, / e absurdo é o parto às virgens; / todavia, em ti, ó Mãe de Deus, as duas coisas se realizaram. // Por isto, todas as gerações, conosco, te magnificam

Canto da Comunhão
Louvai o Senhor desde os céus,
Louvai-O nas alturas.
Louvai ao Senhor, ó justos,
Pois, aos retos convém o louvor.
Aleluia, aleluia, aleluia!

† † †
HOMILIA

A PARÁBOLA DA VINHA

A quem se destina esta parábola? Os seus personagens e paisagens a quem ou o que simbolizam? A vinha que o Senhor plantou é Israel, simbolizado pelo Proprietário. Jesus reproduz aqui as palavras do Profeta Isaías (5: 1-7):
"Agora cantarei ao meu amado um cântico do meu amado a respeito da minha vinha. O meu amado possuía uma vinha numa colina alta, em um lugar fértil. Fiz eu uma sebe em volta dela, cavei-lhe uma vala e plantei nela uma videira seleta; construí uma torre no seu meio, e escavei nela um lugar para o lagar. Então esperei que ela me produzisse uvas; porém, produziu espinhos. E agora, ó moradores de Jerusalém e todos os homens de Judá, julgai entre mim e a minha vinha.  O que devo fazer mais para a minha vinha, que não lhe tenha feito? Considerando que eu esperava que me produzisse uvas, todavia, produziu-me espinhos. Portanto, dir-lhes-ei o que farei à minha vinha: tirarei a sua sebe e será por despojo; derrubarei os seus muros, e ela será deixada para ser pisada. Abandonarei a minha vinha: não será podada nem escavada, e crescerão espinhos sobre ela, como numa terra estéril. E às nuvens darei ordem para que não derramem chuva sobre ela. Pois a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá a sua planta amada. Eu esperava que exercesse juízo, todavia produziu a iniquidade; não a justiça, mas um clamor."
A sebe que a cercava, a torre edificada e o lagar cavado simbolizam todos os prodígios e benefícios que Deus operou para proteger Israel e dele fazer uma grande nação.

Os arrendatários são os sacerdotes, aos quais Deus confiou o cuidado de sua vinha. Estes se apossaram da vinha e converteram-se em infiéis administradores.

Os emissários que o Proprietário envia para colher os frutos são os profetas, sempre rejeitados e banidos na história da nação. Por fim, chega o Próprio Filho, aos quais não respeitam e, querendo usurpar-Lhe a herança, formam conselho e O matam.

«Que fará o Senhor da vinha àqueles lavradores?» Indaga Jesus aos sacerdotes induzindo-os a com suas próprias bocas pronunciarem a sentença que lhes cabe. «Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que há seu tempo lhe entreguem os frutos», respondem. Assim, é que a Antiga Aliança (a Deus com as 12 Tribos de Israel) ficou anulada e uma Nova e Eterna Aliança se estabelece com todas as nações por meio dos 12 Apóstolos [o novo Israel, o remanescente fiel do qual falara o Profeta Isaías (1: 9)]. Por isto eles são enviados a todas as nações, os gentios que acolhem a Deus e dão frutos.

Todavia, pensar nos sacerdotes judeus como pessoas perversas desde o ventre materno ou simplesmente endurecidos por um decreto Divino, é limitar nosso olhar é abrir brecha para que o destino infeliz deles se torne também o nosso destino. É preciso identificar e avaliar o processo que os levou a serem endurecidos por Deus.

Os sacerdotes, como acontece com muitos na Igreja, abraçaram suas vocações cheios de ideais e de pureza (como foi o caso de Saulo, de Tarso); porém, sem vigiar a porta do coração, permitiram que projetos e perspectivas egocêntricas e narcisistas – que na existência sempre se apresentam diante de nós para nos provar - se apropriassem de suas metas, negligenciando e secundarizando a Voz que lhes fala no íntimo, a qual paulatinamente vai sendo sufocada pelo barulho das vozes estranhas que permitiram ecoar dentro de si. Assim, esta Voz deixa de lhes falar, e se cumpre o que diz o Senhor Jesus: 

«Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado» (Mt 25:29).

Padre Mateus (Antonio Eça)

† † † 


Nenhum comentário:

Postar um comentário