segunda-feira, 8 de julho de 2019

4ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

08 de Julho de 2019 (CC) / 25 de Junho (CE)
Pós-festa da Natividade do Glorioso e Precursor, João Batista;
Santa Mártir Febrônia, de Nisibis († 304)
Jejum dos Apóstolos (peixe, azeite e vinho permitidos)
Tom 2


A Santa virgem e mártir Febronia sofreu o martírio em Nísibis, na Mesopotâmia, por volta do ano 304, durante a perseguição de Diocleciano.

Quando Febronia contava apenas dois anos de idade, seus pais a deixaram aos cuidados de sua tia Briene, que dirigia um monastério em Nísibis. Ali ela cresceu, tornando-se uma bela jovem de alma tão cândida que ignorava por completo o mundo exterior, preocupando-se apenas em adornar-se com as virtudes que a tornassem digna da promessa celestial. A tia Briene cuidou com escrupuloso esmero de sua educação, preparando-a para as tentações que, necessariamente a assaltariam, não permitindo que a sobrinha comesse senão de três em três dias, e obrigando-a dormir sobre uma estreita prancha de madeira.

Febronia era uma menina inteligente, e soube aproveitar muito bem os ensinamentos que lhe eram ministrados, a tal ponto que, com idade de dezoito anos, recebeu a tarefa de ler e explicar as Escrituras para as monjas todas as sextas-feiras. As mais nobres e destacadas damas da cidade assistiam a estas leituras, mas a tia Briene tinha tomado a precaução de manter sob um véu o belo rosto de Febronia, para que as senhoras não a advertissem de sua extraordinária beleza e, ao mesmo tempo, para não perturbar a menina que, ao longo de sua vida, não tinha visto a ninguém, a não ser as outras monjas.

A pacífica existência no convento foi brutalmente interrompida pela perseguição. Os cruéis editais de Diocleciano foram aplicados com especial ferocidade em Nisibis, pelo prefeito Seleno. Os clérigos, juntamente com o bispo, saíram rapidamente em fuga, e todos os monges seguiram o exemplo; permaneceram no claustro apenas Briene, sua sobrinha Febronia, que estava se recuperando de uma grave doença, e Tomáis. Quando os oficiais chegaram para fazer um registro no convento, não se preocuparam em prender as duas monjas mais idosas, mas apenas levaram Febronia.

No dia seguinte, ela foi levada ao tribunal, diante do prefeito Seleno. O prefeito, por sua vez, encarregou a seu sobrinho Lisímaco a tarefa de interrogá-la. O jovem começou a fazê-lo com cortesia e até com certa condescendência, pois sua mãe era cristã e assim, não continha a sua simpatia pela prisioneira. Mas, Seleno interveio intempestivamente e, com certa malícia, prometeu a Febronia a sua liberdade e grande riqueza se, renunciando sua fé, consentisse em se casar com Lisímaco. A bela jovem respondeu simplesmente que não desejava riquezas, pois que já possuía um grande tesouro no céu; e que não estava à procura de um marido, já que desposava seu Imortal Prometido, que lhe dava como dote o Reino dos Céus.

Furioso por tal resposta, Seleno ordenou que a jovem fosse despida, pendurada pelos braços sobre brasas e açoitada. Os soldados, executando a ordem, arrancando-lhe dezessete dentes e cortando os seus seios. Entre os indignados protestos da multidão que lotavam a sala, os torturadores foram ainda mais cruéis com sua vítima; fizeram-lhe em pedaços os seus membros e, finalmente, vendo que a santa ainda vivia, puseram fim à sua vida a golpes de machado. Pouco depois, Seleno recebeu a retribuição pela atrocidade de suas ações: um ataque súbito de loucura o levou a voltar-se contra si próprio e, arremessando-se de cabeça contra as colunas de mármore de seu palácio, morreu ao ter o próprio crânio destroçado pelos impactos.

Por ordem de Lisímaco, os restos mortais de Febronia foram reunidos e levados a um digno e magnífico funeral. O espantoso martírio de Febronia fez com que um grande número de pagãos pedisse o batismo. Lisímaco foi um dos primeiros e mais tarde, no tempo do imperador Constantino, tomou o hábito monástico.
 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Romanos 9:18-33

18 Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece. 19 Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade? 20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? 22 E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, 24 os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? 25 Como diz ele também em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada. 26 E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo. 27 Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 Porque o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando-a. 29 E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra. 30 Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça, mas a justiça que vem da fé. 31 Mas Israel, buscando a lei da justiça, não atingiu esta lei. 32 Por que? Porque não a buscavam pela fé, mas como que pelas obras; e tropeçaram na pedra de tropeço; 33 como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço; e uma rocha de escândalo; e quem nela crer não será confundido.

Mateus 11:2-15

2 Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:    3 És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro? 4 Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: 5 os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim. 7 Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento? 8 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis. 9 Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. 10 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho. 11 Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. 13 Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. 14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça.

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COMENTÁRIOS

“És Tu O Que Virá ou Devemos Esperar a Outro?”

João enviou dois dos seus discípulos para perguntar a Jesus: És tu aquele que virá ou devemos esperar a outro? Não é fácil a compreensão destas palavras simples, ou, do contrário, este texto estaria em desacordo com o que foi dito anteriormente. Na realidade, como João pôde afirmar aqui que desconhece a quem anteriormente havia reconhecido por revelação de Deus Pai? Como é que naquela ocasião conheceu o que previamente desconhecia, enquanto que agora parece desconhecer ao que já conhecia antes? Eu – disse ele – não o conhecia, porém aquele que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires baixar o Espírito Santo... E João acreditou no oráculo, reconheceu aquele que foi revelado, adorou o que foi batizado e profetizou sobre o enviado dizendo: E eu o vi e dou testemunho de que este é o escolhido de Deus. Portanto, como aceitar sequer a possibilidade de que tão grande profeta tenha se equivocado, até o ponto de não considerar como Filho de Deus àquele de quem tinha afirmado: Este é o que tira o pecado do mundo?

Por conseguinte, já que a interpretação literal é contraditória, busquemos o seu sentido espiritual. João, como já afirmamos, era tipo da lei precursora de Cristo. E é correto afirmar que a lei – acorrentada materialmente como estava nos corações dos que não têm fé, como em cárceres privados da luz eterna, e constrangida por entranhas fecundas em sofrimentos e insensatez –, era incapaz de levar a pleno cumprimento o testemunho da divina economia sem a garantia do Evangelho. Por isso João envia a Cristo dois de seus discípulos, para conseguir um complemento de sabedoria, visto que Cristo é a plenitude da lei.

Além do mais, sabendo o Senhor que ninguém consegue ter uma fé plena sem o Evangelho – sendo que a fé começa no Antigo Testamento, mas não se consuma senão no Novo –, da pergunta sobre sua própria identidade, responde não com palavras, mas com fatos: Ide, disse ele, anunciar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos veem e os paralíticos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres lhes é anunciado a boa notícia. Contudo, estes exemplos mencionados pelo Senhor ainda não são os definitivos: A plenificação da fé é a cruz do Senhor, sua morte e sua sepultura. Por isso, completa suas afirmações anteriores dizendo: E feliz é aquele que não se escandaliza por causa de mim!

É verdade que a cruz se apresenta como motivo de escândalo inclusive para os escolhidos, porém, também é verdade que não existe maior testemunho de uma pessoa divina, nada há mais sublime que a total oblação de um só pela salvação do mundo. Só este fato o corrobora plenamente como Senhor. Dizendo de outra forma, é assim que João o designa: Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, esta resposta não está dirigida apenas para aqueles homens, discípulos de João: vai dirigida a todos nós, para que creiamos no Cristo baseados nos fatos.

Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e alguém que é mais do que profeta. Porém, como é que queriam ver a João no deserto, se estava preso na cadeia? O Senhor nos propõe como modelo aquele que lhe havia preparado o caminho, não só precedendo-o por seu nascimento segundo a carne e anunciando-o com a fé, mas também lhe antecipando com sua gloriosa paixão. Sim, mais que um profeta, já que é ele quem encerra a sucessão dos profetas; mais do que um profeta, já que muitos desejaram ver a quem ele profetizou, a quem ele contemplou, a quem ele batizou.

Santo Ambrósio, bispo de Milão (séc. IV)

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