sexta-feira, 8 de março de 2024

Sexta-feira do Filho Pródigo

08 de Março de 2024 (CC) / 24 de Fevereiro (CE)
Primeiro (Séc. 4) e Segundo (452) Encontros da Preciosa Cabeça do Precursor João Batista
Jejum (Peixe é permitido)
Tom 6



Primeira Descoberta da Cabeça do Profeta, Precursor e Batista, João
Após a decapitação do Profeta, Precursor e João Batista (Com. 29 de agosto), seu corpo foi enterrado por discípulos na cidade samaritana de Sebasteia, e a venerável cabeça foi escondida por Herodias em um lugar impuro. A piedosa Joana, esposa do mordomo do Rei Herodes, Chuza (dela fala o Santo Evangelista Lucas – Lc 8:3), secretamente tomou a santa cabeça e a colocou em um vaso e a enterrou no Monte das Oliveiras, em uma das propriedades de Herodes. Depois de muitos anos, essa propriedade passou para a posse do dignitário Inocêncio, que começou a construir uma Igreja lá. Quando cavaram uma vala para a fundação, o vaso com a venerável cabeça de João Batista foi descoberto. Inocêncio reconheceu a grande santidade dela pelos sinais de graça que ocorreram a partir dela. Assim se deu a Primeira Descoberta da Cabeça. Inocêncio a preservou com grande piedade, mas antes de sua própria morte, temendo que a santa relíquia não fosse abusada pelos incrédulos, ele novamente a escondeu no mesmo lugar onde foi encontrada.

Segunda Descoberta da Cabeça do Profeta, Precursor e Batista, João

Durante os dias de Constantino, o Grande, Igual aos Apóstolos (+ 337, Com. 21 de maio), quando a Fé Cristã começou a florescer, o próprio santo Precursor apareceu duas vezes a dois monges que viajavam a Jerusalém em peregrinação aos lugares sagrados, e ele revelou a localização de sua venerável cabeça. Os monges descobriram a relíquia sagrada e, colocando-a em um saco de pêlo de camelo, voltaram para casa. Ao longo do caminho eles encontraram um oleiro sem nome e o deram para carregar o precioso fardo. Sem saber o que estava carregando, o oleiro continuou seu caminho. Mas o próprio santo Precursor apareceu para ele e ordenou que ele fugisse dos monges descuidados e preguiçosos, junto com o que estava em suas mãos. O oleiro escondeu-se dos monges e em casa preservou com reverência a venerável cabeça. Antes de sua morte, ele a selou em um recipiente de transporte de água e a entregou à sua irmã. A partir desse momento a venerável cabeça foi sucessivamente preservada por cristãos piedosos, até que o Padre Eustácio, infectado com a heresia ariana, passou a possuí-la. Ele seduziu uma multidão de enfermos que foram curados pela santa cabeça, acrescentando abundância à heresia. Quando sua blasfêmia foi descoberta, ele foi obrigado a fugir. Tendo enterrado a relíquia sagrada em uma caverna, perto de Emessus, o herege pretendia depois retornar e novamente tomar posse dela para disseminar falsidade. Mas Deus não permitiu isso. Monges piedosos se estabeleceram na caverna e, neste local, surgiu um mosteiro. No ano 452 São João Batista em uma visão ao Arquimandrita deste mosteiro, Marcelo, indicou o local de ocultação de sua cabeça. este episódio é comemorado como a Segunda Descoberta. A relíquia sagrada foi transferida para Emessus e depois para Constantinopla.
Tropárion da 1ª e 2ª Descoberta da Preciosa Cabeça do Precursor Tom 4
A cabeça do Precursor resplandeceu da terra, / trazendo raios de incorrupção e cura sobre os fiéis. / No alto, reúne-se a Assembleia dos Anjos, / e, com a raça humana na Terra / à uma só voz dão glória a Cristo Deus.

Kondákion da 1ª e 2ª Descoberta da Preciosa Cabeça do Precursor Tom 2
Ó Profeta de Deus e Precursor da graça, / ao recebermos a tua cabeça da terra como uma rosa sagrada, / desde, então, temos alcançado curas, / porque novamente, como outrora, / pregas o arrependimento ao mundo.
Leituras Comemorativas
Lucas 7:17-30 Matinas
2 Corinthians 4:6-15
Mateus11:2-15
1) Isaías 40:1-3,9; 41:17-18; 45:8; 48:20-21; 54:1 (Vésperas)
2) Malaquias 3:1-2,5-7,12,17; 4:4-6 (Vésperas)
3) Sabedoria de Salomão 4:7,16,17,19,20; 5:1-7 (Vésperas)

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 João 1:1-13

1 O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade, 2 por causa da verdade que permanece em nós, e para sempre estará conosco: 3 Graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor. 4 Muito me alegro por ter achado alguns de teus filhos andando na verdade, assim como recebemos mandamento do Pai. 5 E agora, senhora, rogo-te, não como te escrevendo um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros. 6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, para que nele andeis. 7 Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo. 8 Olhai por vós mesmos, para que não percais o fruto do nosso trabalho, antes recebeis plena recompensa. 9 Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. 10 Se alguém vem ter convosco, e não traz este ensino, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda participa de suas más obras. 12 Embora tenha eu muitas coisas para vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta; mas espero visitar-vos e falar face a face, para que o nosso gozo seja completo. 13 Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. 

Marcos 15:22-25, 33-41

22 Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira. 23 E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou. 24 Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria. 25 E era a hora terceira quando o crucificaram. 33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona. 34 E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. 36 Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo. 37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus. 40 Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; 41 as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém. 

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


“Suas cicatrizes nos curaram”

Nos conta São João que Jesus tinha dito: Destruí este templo e em três dias o erguerei. Mas ele – observa o evangelista – falava do templo do seu corpo. E se é verdade que o Pai fez tudo por sua Palavra, por seu Filho, não é menos evidente que a ressurreição de sua carne a consumou por seu próprio Filho. Portanto, por meio dele o ressuscita e por meio dele lhe dá a vida. Enquanto homem é ressuscitado segundo a carne, e enquanto homem recebe a vida, quem agiu como um homem qualquer.

Mas ele é ainda quem, em sua qualidade de Deus, levanta o seu próprio templo e comunica a vida a sua própria carne. Enquanto por um lado nos diz: Por eles me consagro para que também eles se consagrem na verdade. E quando diz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?, fala como nosso representante, já que assumiu a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E assim, encontrado com aspecto humano, se humilhou fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. E como disse Isaías: Ele suportou nossos sofrimentos e padeceu nossas dores.

Sendo assim, não foi vexado de dores por sua causa, mas pela nossa; nem foi abandonado por Deus, mas nós; e por nós, os abandonados, ele veio ao mundo. E quando diz: Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome, fala do templo de seu corpo.

Realmente, não é o Altíssimo quem é exaltado, mas a carne do Altíssimo; e é para a carne do altíssimo que se concedeu o “nome que está acima de todo nome”. E quando disse: o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus não havia sido glorificado, fala da carne de Cristo que ainda não estava glorificada. Pois não é o Senhor da glória que é glorificado, mas a carne do Senhor da glória; esta recebeu a glória junto com ele quando subiu ao céu. Por isso, o espírito de adoção ainda não fora dado aos homens, porque as primícias que o Verbo tinha assumido da natureza humana ainda não haviam subido ao céu.

Portanto, quando a Escritura utiliza expressões tais como: “o Filho recebeu”, ou “o Filho foi glorificado”, referem-se a sua humanidade, não a sua divindade. Assim, enquanto alguns textos dizem: Aquele que não poupou ao seu próprio Filho, mas que o entregou à morte por nós, outros afirmam: Como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela.

Deus, que é imortal, não veio para salvar-se a si mesmo, mas para libertar-nos, a nós que estávamos mortos; nem padeceu por si mesmo, mas por nós, e de tal forma ele assumiu nossa miséria e nossa pobreza, que foi com a finalidade de enriquecer-nos com a sua riqueza. Pois sua paixão é nossa alegria; sua sepultura, nossa ressurreição; e seu batismo, nossa santificação. De fato, ele afirma: Por eles me consagro, para que também eles se consagrem na verdade. E seus sofrimentos são nossa salvação, porque suas chagas nos curaram. O castigo suportado por ele é a nossa paz, já que nosso salutar “castigo recaiu sobre ele, isto é, foi castigado para merecermos a paz.

E quando na cruz exclama: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, encomenda ao Pai, nele mesmo, a todos os homens que nele são vivificados. Somos realmente seus membros, e ainda que sejam muitos os membros, formamos um só corpo, que é a Igreja. É o que diz São Paulo escrevendo aos gálatas: Porque todos vós sois um só em Cristo Jesus. Desta forma, nele, nos encomenda a todos.”

Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria, (séc. IV)

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